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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Setor nacional de dispositivos médicos investe 2,8% de seu faturamento em inovação

Realizado nessa terça-feira (4) em São José dos Campos (SP), o primeiro Warm up do CIMES (Congresso Nacional de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde) discutiu a importância da inovação na cadeia de saúde. Coordenado pelo professor doutor Renato Zângaro, responsável pelo gerenciamento das atividades do Centro Tecnológico em Saúde do Parque Tecnológico de São José dos Campos e pesquisador da Universidade Anhembi Morumbi na área de Engenharia Biomédica, o evento contou com a presença de importantes nomes da academia e também da indústria nacionais.

O encontro objetivava incentivar o desenvolvimento tecnológico da indústria da saúde, fomentando as atividades na região metropolitana do Vale do Paraíba. Essa decisão foi elogiada pelo secretário de inovação e desenvolvimento de São José, Alberto ‘Mano’ Marques. “A estratégia da cidade é ser inovadora. São décadas de trabalho, e estamos discutindo a gestão do parque tecnológico para os próximos cinco anos tendo ciência da importância do cluster da saúde dentro da área médica”, comenta e também reconhece como fundamental a ajuda do poder público para que a inovação do setor de saúde ocorra.
Durante toda a manhã, juntamente com Zângaro, Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO; Gelson Campanatti Júnior, gerente de pesquisa e inovação da Siemens Healthcare; Ivan Hong Jun Koh, professor da Unifesp; e Domingo Braile, presidente do conselho da Braile Biomédica, debateram questões relacionadas aos principais gargalos da inovação no Brasil e da atenção à busca por inovação não só de produtos mas também de processos, além de reforçar a importância do investimento público nos setores de pesquisa e desenvolvimento.

“Acordamos e vivemos inovação”, declarou Campanatti, cuja empresa acredita que um dos pontos principais é ouvir e atender às demandas locais. “Temos que trazer a inovação e temos que escutar o mercado. E este é o nosso lema: escutar mais do que falamos para entender como podemos melhorar os processos, os problemas, e como trazer produtos robustos que possam chegar ao mercado com segurança”, disse.

Considerando o impacto que a inovação tem na indústria, a Braile Biomédica abriu um dado interessante: investe cerca de 3,1% de seu faturamento em P&D. Número superior aos 2,8% investidos pelo setor nacional que fabrica instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e artigos ópticos (dados da Pesquisa de Inovação Pintec, emitidos em 2014 pelo IBGE). “Inovação é uma busca constante, principalmente na área da saúde, que tem tempo de prateleira extremamente curto. Sempre tem alguém fazendo melhor ou mais barato”, diz Braile.

Concordando que inovar é uma característica que não deve ser encarada como um momento pontual, mas sim vivenciada e estimulada constantemente, Fraccaro declarou: “A inovação tem de ser um bichinho que toda hora está te coçando para sair do lugar comum e do comodismo. Se fizermos tudo igual, a nossa chance será igual a de todo mundo”.

Entre as dificuldades enfrentadas por quem quer inovar no país estão a falta de incentivos governamentais, que direcionam a indústria a empréstimos em bancos privados; a carência de profissionais com conhecimentos multidisciplinares para ofertar visões mais amplas ao setor; e os entraves relacionados à propriedade intelectual das inovações – “Sempre haverá a discussão sobre quem é o dono da ideia”, declara Fraccaro.

Linhas de investimento
Em continuidade à sessão de painéis, no período da tarde o evento recebeu uma mesa-redonda com o tema “Linhas de Investimento para Inovação no Segmento da Saúde”. A mesa foi composta pelo diretor da Investe São Paulo (Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade), Sergio Costa; pelo diretor-presidente da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), Jorge Guimarães; e pelo professor da Universidade Anhembi Morumbi, Marcos Tadeu Pacheco.

O professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Fabiano Paixão, foi o moderador do evento e destacou os órgãos de fomento à inovação por meio de pesquisa básica e pesquisa tecnológica. Foram citadas entidades investidoras como a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Paixão evidenciou ainda algumas alternativas vigentes para transformar projetos e pesquisas em dispositivos para o mercado consumidor. “Nesse sentido a própria Fapesp tem um programa de apoio ao financiamento, e temos os incentivos da Lei de Informática, que permite às empresas investirem nas universidades para colocar as tecnologias desenvolvidas durante a formação no mercado consumidor”, explica. O moderador citou ainda a Lei do Bem, que cria a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizarem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica.

O governo federal, por meio do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), utiliza esse mecanismo para fomentar investimentos em inovação por parte do setor privado. Com isso, busca aproximar as empresas de universidades e institutos de pesquisa, potencializando os resultados em P&D.

Jorge Guimarães ressaltou o trabalho desenvolvido pela Embrapii no estímulo à inovação. A empresa atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação. “Os principais objetivos da Embrapii são promover a inovação na indústria (diminuir risco e custo), além de dar agilidade e flexibilidade na contratação e execução de projetos de PD&I”, pontua Guimarães, que ainda acrescentou: “Oferecemos fluxo contínuo para contratação de projetos e atendemos às demandas das empresas por inovação. Fomentamos a colaboração entre empresas e ICTs e compartilhamos investimentos em PD&I com as empresas”.

Em seguida, Sergio Costa falou sobre a atuação da Investe São Paulo no apoio ao empreendedor para que ele identifique os melhores locais do estado de São Paulo para investir, de acordo com as necessidades de sua atividade: mão de obra, infraestrutura, logística, disponibilidade de fornecedores, mercado consumidor, meio ambiente, entre outros fatores.

Similarmente, a agência incentiva as exportações dos produtores paulistas, capacitando os potenciais exportadores, auxiliando também na interlocução com órgãos públicos, associações nacionais e internacionais, e iniciativa privada.

“Temos um esforço muito grande de prospecção de empresas. No ano passado, atingimos em média 2.900 empresas e, desse total, cerca de 600 já tinham projetos de investimentos em andamento. Desse montante, conseguimos trazer para nossa carteira 109 projetos de investimentos só no ano passado”, enfatizou. “O ano foi difícil para se falar em investimento, mas esse resultado foi 35% maior do que em 2015.”

A Investe São Paulo articula com entidades públicas e privadas relevantes para o processo de atração de investimentos e exportação, oferecendo suporte e capacitação às empresas na exportação de seus produtos, facilitando questões relativas à logística, atendimento aos padrões internacionais, infraestrutura e também dando auxílio na busca por mercados promissores.

“Somos educadores dos investidores, já que eles terão todos os recursos para tomada de decisão. Facilitamos ainda todas etapas para licenciamento ambiental junto à Cetesb. Antes o prazo para obter licenciamento ambiental levava cerca de dois anos. Fizemos um trabalho para otimizar esse licenciamento, e hoje com cerca de quatro meses as empresas já obtêm o licenciamento. ”

Pipe
Marcos Tadeu, professor da Anhembi Morumbi, apresentou o Pipe (Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), linha de financiamento que apoia a execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em micro, pequenas e médias empresas no estado de São Paulo.

O Pipe visa apoiar a pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento para promover a inovação tecnológica, promover o desenvolvimento empresarial e aumentar a competitividade das pequenas empresas. Podem apresentar propostas pesquisadores vinculados a empresas de pequeno porte (com até 250 empregados) com unidade de pesquisa e desenvolvimento no estado de São Paulo.

Estão reservados até R$ 15 milhões para atendimento às propostas selecionadas. Os planos de financiamento devem conter projetos de pesquisa que possam ser desenvolvidos em duas etapas: demonstração da viabilidade tecnológica de produto ou processo, com duração máxima de nove meses e recursos de até R$ 200 mil; e o desenvolvimento do produto ou processo inovador, com duração máxima de 24 meses e recursos de até R$ 1 milhão.

“O Pipe não exige nenhum tipo de titulação para o proponente. Se a pessoa não tiver concluído o segundo grau, mas tiver uma boa ideia e um bom projeto, deve encaminhá-lo ao programa, pois vai ser analisado e, caso seja concedido, o proponente terá 200 mil reais na fase I e R$ 1 milhão na fase II.”

O prazo para envio de projetos termina no dia 2 de maio. Os interessados podem consultar 


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