Em alusão ao Dia Internacional
da Sanidade Vegetal, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas na
intensificação de pragas e doenças de plantas.
Estima-se que anualmente até 40%
das colheitas de alimentos já são perdidas por causa de pragas e doenças, cuja
disseminação em novas áreas do planeta deve aumentar com as mudanças
climáticas, levando à perda de biodiversidade, estragos nas colheitas e redução
dos rendimentos de agricultores.
Tais impactos devem ser
sentidos de forma desproporcional pelas comunidades mais pobres que dependem da
agricultura para sua subsistência.
Foto: © David Gough/IRIN
Durante todo o mês de maio a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
está publicando
uma série de conteúdos em alusão ao Dia Internacional da Sanidade
Vegetal, comemorado pela primeira vez no último dia 12 de maio. Na data, os
líderes da Organização defenderam em um comunicado que
proteger a sanidade vegetal é uma tarefa fundamental.
As plantas são responsáveis
por 98% do oxigênio que respiramos e fornecem 80% de nossa ingestão diária de
calorias. No entanto, todos os anos, até 40% das colheitas de alimentos são
perdidas por pragas e doenças de plantas. Essas perdas – tanto em rendimento
quanto em renda – têm um efeito devastador nas comunidades mais pobres que
dependem da agricultura para sua subsistência.
Para tentar reverter este
quadro, a FAO estabeleceu o dia internacional para conscientizar os governos
sobre a prioridade que deve ser dada à sanidade vegetal e sua gestão
sustentável ao formular políticas e legislação. A comemoração também visa
chamar atenção das instituições acadêmicas e de pesquisa para o desenvolvimento
de soluções baseadas em evidências e as organizações não governamentais e o
setor privado sobre a ajuda para capacitação e fornecimento de apoio técnico e
financeiro para as melhores práticas de prevenção e manejo de pragas e doenças
de plantas.
Outra ação feita pela FAO em
parceria com a secretaria da Convenção Internacional para Proteção das Plantas
(IPPC, na sigla em inglês) foi a publicação da “Revisão Científica
do Impacto das Mudanças Climáticas nas Pragas de Plantas”(disponível em
inglês). A publicação oferece informações abrangentes sobre o impacto das
mudanças climáticas na saúde de plantas e contém recomendações sobre medidas
para prevenir pragas e doenças de plantas.
Globalização - Pragas e
doenças de plantas não conhecem fronteiras. Em um mundo cada vez mais
globalizado e interconectado, não é surpresa que elas possam se deslocar e
colonizar novas áreas. As mudanças climáticas estão acentuando essa
disseminação ao criar condições favoráveis para essas pragas e para a
sobrevivência de certas doenças de plantas em novas áreas. Por exemplo, a
mudança climática já contribuiu para expandir a gama de pragas, como o
Gorgulho-da-palma-vermelha, a lagarta do cartucho, a mosca das frutas, o
gafanhoto-do-deserto e a broca cinza-esmeralda.
O aumento de pragas representa
uma grande ameaça ao meio ambiente, especialmente das pragas invasoras, que
podem causar perda de biodiversidade. As doenças de plantas são igualmente
devastadoras, causando estragos nas colheitas e reduzindo os rendimentos dos
agricultores.
Foto: © Petterik Wiggers/FAO
A FAO listou cinco doenças
cada vez mais perigosas que ameaçam a saúde das plantas e tornaram-se ameaças
ainda maiores devido à crise climática:
Requeima da batata - A
requeima é uma doença causada pelo fungo Phytophthora infestans que
prejudica o cultivo de batatas e tomates. Nos tomates, a doença causa lesões
nas folhas, pecíolos e caules, enquanto os tubérculos de batata desenvolvem uma
podridão de até 15 milímetros de profundidade. O fungo tem uma grande capacidade
de adaptação às mudanças de condições, preferindo estações quentes e úmidas. As
mudanças climáticas estão criando condições favoráveis para este fungo em
momentos e lugares diferentes do que os vistos anteriormente. Por exemplo, no
Egito, as condições climáticas, que são cada vez mais quentes e úmidas, estão
favorecendo as epidemias de requeima da batata, permitindo que o patógeno se
desenvolva mais cedo na estação agrícola.
Ferrugem do cafeeiro - Essa
doença fúngica, também conhecida como Hemileia vastatrix, afeta as
folhas do cafeeiro. Começa com manchas amarelas e depois se transforma em um pó
amarelo-alaranjado que contamina facilmente outras plantações de café. A
ferrugem do cafeeiro é um dos maiores desafios para a produção global de café
pois a doença é capaz de se adaptar a diferentes climas. O aquecimento global
parece ajudar a reduzir o período de incubação do patógeno, o que significa que
mais gerações do patógeno podem se desenvolver em uma temporada agrícola.
Murcha de Fusarium - É
uma doença fúngica letal causada pelo fungo do solo Fusarium oxysporum
TR4. Ao entrar na bananeira através das raízes, o fungo bloqueia o fluxo de
água e nutrientes para as células da planta, destruindo gradualmente suas
folhas. Por fim, esta doença leva à morte da planta. Altas temperaturas e
eventos climáticos extremos, como ciclones, ambos efeitos comuns das mudanças
climáticas, podem aumentar o risco de murcha de Fusarium na banana.
Xylella fastidiosa- A Xylella
fastidiosa é uma bactéria transmitida por várias espécies de insetos
sugadores de seiva, como a cigarrinha, que infecta diversas culturas de
importância econômica —como videiras, cítricos, oliveiras, amendoeiras,
pessegueiros e café—, plantas ornamentais e florestais. A bactéria bloqueia a
capacidade do hospedeiro de absorver água, causando uma seca interna. A Xylella
é predominante principalmente nas Américas, no sul da Europa e no Oriente
Próximo, mas tem potencial para se expandir além de sua distribuição atual. O aumento
das populações de insetos vetores pode levar a uma séria expansão desta
doença.
Míldio da videira - Causado
pelo fungo Plasmopara viticola, o míldio da videira é uma doença
fúngica extremamente grave das uvas que pode causar grandes perdas nas colheitas.
O patógeno ataca as partes verdes da videira, principalmente as folhas,
causando lesões angulares, amareladas e às vezes oleosas entre os nervos. O
aumento da temperatura do ar favorece o aparecimento da doença. O risco de
surtos graves de míldio da videira está aumentando à medida que as mudanças
climáticas alteram as temperaturas em muitas regiões.
Aline Czezacki Kravutschke
FAO
Aline.Czezacki@fao.org(61) 3038-2270
Entidades da ONU envolvidas
nesta atividade
FAO-Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura
Objetivos que apoiamos através
desta iniciativa