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sábado, 7 de dezembro de 2013

Embrapii deve abrir três editais e credenciar 20 unidades em 2014

A assinatura do contrato de gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) com o governo federal, nesta quinta-feira (5), é o ponto de partida para investimentos de R$ 4,5 bilhões nos próximos seis anos. Pela previsão do diretor-presidente da organização social, João Fernando de Oliveira, o sistema deve credenciar até 20 unidades em 2014.

“Nós temos R$ 270 milhões para iniciar a estruturação e a operação”, contou Oliveira. “Nessa primeira etapa, pretendemos abrir três editais, com objetivo de, no final do ano que vem, chegar a 23 unidades Embrapii, incluindo aí cinco polos de inovação relacionados a institutos federais e as três unidades do projeto piloto, que já foram testadas e têm projetos em andamento.”

Segundo o diretor-presidente, a intenção é que a Embrapii termine o primeiro termo do contrato, ao fim de seis anos, com 40 instituições de ciência e tecnologia credenciadas. “Isso se aproximaria do tamanho do sistema Fraunhofer, que hoje tem 66 unidades”, disse Oliveira, comparando a iniciativa brasileira à organização alemã que lhe serviu de referência.

Além de Oliveira, assinaram o contrato de gestão os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e da Educação, Aloizio Mercadante, o diretor de Articulação e Monitoramento da Embrapii, Roberto Vermulm, o presidente do Conselho de Administração da organização social, Pedro Wongtschowski, e o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Nelson Fujimoto.

Transformação

Raupp relatou conversa com a presidenta Dilma Rousseff durante a entrega do Prêmio Finep de Inovação, quarta-feira (4). “Satisfeita com o retrospecto da execução do Plano Inova Empresa, ela me pediu para transmitir a vocês que inovação é prioridade no governo”, afirmou. “A Embrapii tem um papel fundamental para viabilizar essa questão, porque o país investiu 50 anos na criação de uma estrutura acadêmica de ciência e tecnologia, e nossa indústria não pode começar a inovar do zero, tem que usar essa estrutura.”

Mercadante endossou o discurso de Raupp quanto à necessidade de mudar  hábitos da universidade brasileira, acostumada a atuar sem a demanda da indústria, mas enfatizou o baixo investimento privado em pesquisa e desenvolvimento, a partir de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Nós tivemos uma pequena melhora, de 0,62% em 2008 para 0,71% em 2011, muito pouco diante do desafio que temos pela frente.”

De acordo com a Pintec, o percentual de indústrias brasileiras que inovam caiu de 38,1%, em 2008, para 35,6%, em 2011. “Somos o 13º país quando se fala em produção científica, mas, em caráter de inovação, estamos em 64º lugar”, apontou Mercadante. “Pela importância de se criar uma cultura empresarial, o Estado tem uma política de indução para fortalecer essa parceria. E eu vejo que a Embrapii nasceu dentro dessa perspectiva do diálogo e do encontro entre esses dois universos da produção de conhecimento nacional.”

Cooperação

O modelo da organização social prevê o compartilhamento de recursos. Dessa forma, cada parte envolvida arca com um terço do investimento. A parceria envolve a empresa responsável pelo projeto, o governo federal e a instituição de pesquisa, que deve oferecer estrutura, máquinas e recursos humanos.

Wongtschowski destacou a ambição do governo, que prevê aporte de R$ 1,5 bilhão no período de seis anos. “Isso representa, portanto, um investimento total da ordem de R$ 4,5 bilhões”, revelou o presidente do Conselho de Administração. “Todas as iniciativas recentes, especialmente o Plano Inova Empresa, indicam que há demanda, sim, por financiamento à inovação.”

Na opinião de Wongtschowski, a “grande contrapartida” do Estado brasileiro e da unidade permitirá à empresa se lançar em projetos de maior risco. “A Embrapii não vai ter instalações de pesquisa e desenvolvimento, mas vai credenciar grupos de pesquisa existentes em ICTs [instituições de ciência e tecnologia], polos de inovação de universidades ou institutos Senai de inovação”, explicou. “Essas entidades vão receber recursos em troca da obrigação de atrair a empresa privada e ajudá-la a inovar.”

Operação

Previsto para fevereiro ou março, o primeiro edital de seleção de novas unidades deve estabelecer os critérios mínimos de elegibilidade para uma entidade se candidatar. “Depois, nós teremos um rigoroso processo de avaliação”, detalhou Oliveira, presidente da Embrapii. “Visitaremos as instituições, que terão que defender o seu plano de negócios e demonstrar que realmente serão capazes de atender demandas industriais.”

Como já passaram por um processo de validação, conforme explicou Oliveira, as três unidades do projeto piloto precisam apenas submeter planos atualizados à Embrapii. Desde 2011, operam a fase preliminar o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), de São Paulo, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), do Rio de Janeiro, e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Cimatec/Senai), da Bahia.

Para o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Alvaro Prata, a experiência ajudou a conceber o modelo da organização social. “O projeto piloto contempla três entidades muito diferentes na sua natureza: uma unidade do MCTI, uma instituição estadual e um laboratório do Senai”, observou. “Nós acompanhamos esse funcionamento inicial, aprendemos muito e percebemos, a partir daí, como a Embrapii deveria se estruturar.”

Também compareceram ao encontro que consolidou a criação da organização social o diretor de Prospecção e Articulação da Embrapii, José Luís Gordon, os secretários executivos do MCTI, Luiz Antonio Elias, e do Ministério da Educação (MEC), José Henrique Paim, os secretários de Política de Informática do MCTI, Virgilio Almeida, e de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Marco Antônio Oliveira, e o subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do MCTI, Arquimedes Ciloni, além do presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), Carlos Eduardo Calmanovici.

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