Nesta sexta-feira (28) a cobertura macro e análises políticas estão concentradas na nova equipe que comandará a Economia no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
As mudanças que deverão acontecer, as perspectivas em relação aos resultados de medidas que ontem mesmo já foram indicadas e os impactos dos discursos de Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central) estão em destaque (leia abaixo e em POLÍTICA e ECONOMIA).
BRASIL ECONÔMICO registra que, em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que "os novos ministros certamente atuarão de forma eficiente e eficaz para implementar as medidas capazes de elevar a competitividade da economia brasileira".
Também em nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) reforçou que a escolha "é uma prova auspiciosa e inequívoca de compromisso do segundo governo Dilma Rousseff com uma política focada na estabilidade", reproduz o BRASIL ECONÔMICO. Já Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp disse que os escolhidos "são pessoas sérias, preparadas e esperamos que consigam alcançar o melhor resultado".
Em outro texto, BRASIL ECONÔMICO destaca que havia a expectativa que também fossem oficializados ontem Armando Monteiro Neto, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior (Mdic) e Kátia Abreu, para a Agricultura.
Jornal informa que, segundo fonte da Esplanada, "houve o entendimento de que seria melhor anunciar primeiro a equipe econômica, responsável por uma área mais sensível e que no momento sofre mais pressão para que haja uma definição mais imediata". Reportagem completa que a nova data ainda está para ser definida.
CORREIO BRAZILIENSE destaca que os novos ministros da equipe econômica saberão hoje o tamanho do desafio que terão pela frente na dura tarefa de resgatar a confiança de empresários, investidores e famílias, além de recolocar o país nos trilhos do crescimento. Segundo o jornal do DF, as apostas são que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha registrado expansão de 0,1% a 0,2% no período entre julho e setembro.
Como ponto de atenção, o economista Eduardo Giannetti avalia, em sua coluna semanal na FOLHA DE S. PAULO, como compreensível a reação dos intelectuais petistas e os líderes de movimentos sociais com a escolha dos nomes da nova equipe econômica de Dilma Rousseff. "Salta aos olhos a discrepância entre o teor campanha - baseada na negação da necessidade de qualquer ajuste na economia e na mentira calculada sobre as intenções alegadamente conservadoras e excludentes de Aécio e Marina - e o perfil dos ministros indicados pela presidente: não só Levy, mas a ruralista Kátia Abreu, na Agricultura, e o ex-chefe da CNI Armando Monteiro no Desenvolvimento."
Também na FOLHA, coluna PAINEL informa que Armando Monteiro chamou Alessandro Teixeira para a secretaria-executiva do Desenvolvimento, cargo que ele já ocupou. O ex-presidente da Apex, porém, mira a presidência do BNDES.
Na agenda setorial, VALOR ECONÔMICO se diferencia e informa que a indústria brasileira pediu ao governo que efetive com urgência o acordo de facilitação de comércio, o chamado Pacote de Bali, que foi desbloqueado ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC), após meses de impasse provocado pela Índia.
Texto adverte que, para entrar em vigor, o acordo precisa ser ratificador por 107 países. Segundo o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, a economia mundial receberá injeção de até US$ 1 trilhão por ano quando o acordo for implementado.
VALOR relata que o embaixador brasileiro na OMC, Marcos Galvão, destacou, durante intervenção dirigida aos outros membros da entidade, que o governo e o setor privado brasileiros atribuem particular importância à implementação do acordo de facilitação de comércio. Conforme publicado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pediu para o Brasil ratificar rapidamente esse acordo "pelo potencial que tem de expandir o comércio internacional, reduzir o custo das exportações brasileiras e elevar o PIB brasileiro".
Mesma reportagem do VALOR cita um estudo conferido à CNI, que indica que com a implementação do Portal Único, um dos artigos do acordo, o PIB real do Brasil terá incremento de 2,03%, a corrente de comércio passaria de US$ 561 bilhões para US$ 611 bilhões, além de saldo comercial positivo de US$ 9 bilhões. Essas mudanças serão percebidas cinco anos após o Portal Único ser concluído, diz o estudo.
De acordo com o VALOR, a indústria diz ter também expectativa do lançamento, ainda este ano, de outro artigo do acordo: o primeiro módulo do programa de Operador Econômico Autorizado (OEA), que considera uma ferramenta essencial para acelerar o despacho de mercadorias na aduana. "O OEA permitirá o despacho acelerado de mercadorias de empresas previamente cadastradas pela Receita, com impacto no prazo de permanência dos bens nos portos brasileiros", segundo a CNI.
VALOR acrescenta que o Acordo de Facilitação de Comércio tem regras sobre o tempo de despacho e trânsito de mercadorias, encargos e taxas incidentes no comércio exterior e transparência na publicação de normas, que foram elaboradas pela comunidade internacional na década de 20 e reformadas, pela última vez, na década de 50. "A atualização dessas regras reduz a burocracia no comércio exterior brasileiro, seja na aduana do Brasil, seja nas aduanas dos parceiros comerciais do país", diz a CNI.
Em outra reportagem, VALOR ECONÔMICO informa que cálculos feitos pelo economista Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP), indicam que o crescimento da demanda doméstica brasileira por produtos industrializados atendido pelas importações de produtos chineses na última década criou cerca de 1 milhão de empregos na indústria de transformação da China. A conclusão consta em um trabalho que tem como tema a desindustrialização brasileira, relata o jornal.
Na coluna MERCADO ABERTO, na FOLHA, registra-se a informação de que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a participação dos recursos privados no financiamento do setor produtivo nacional aumentou três pontos percentuais nos últimos dois anos. De 2012 a 2014, o percentual de capital de terceiros alocado em investimentos nas empresas industriais avançou de 34% para 37%.
MERCADO ABERTO reforça que a CNI não estimou o crescimento dos financiamentos em valores, mas espera que esse índice atinja 50% até 2022. "A alta dos recursos privados é um dos quatro índices (de um total de seis) do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 que melhoraram. O financiamento privado a longo prazo dividido pelo PIB é outro indicador com resultado positivo -registrou incremento de 1,4 ponto percentual neste ano na comparação com 2012".
MERCADO ABERTO relata que, entre os micros, pequenos e médios negócios da indústria, o peso do financiamento público ainda é dominante. Os desembolsos do BNDES saíram dos R$ 53 bilhões para R$ 63,5 bilhões no período. Texto reproduz declaração atribuída a FLÁVIO CASTELO BRANCO, gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI. "Uma taxa de 17,7% torna qualquer operação menos competitiva e também barra o crescimento do número de empresas na Bolsa."
Outros assuntos que interessam ao setor fabril ganham registros na cobertura desta sexta-feira, com destaque para a indústria automobilística e o custo da indústria de transformação.
Complementando a pauta do dia, O ESTADO DE S. PAULO publica entrevista com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Ao jornal paulista, afirma que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Tribunal de Justiça que autoriza o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 1,6 milhão de contribuintes em São Paulo.
O anúncio oficial da nova equipe econômica está nas primeiras páginas e ocupa as manchetes dos principais jornais do país. Noticiário se reajusta e coloca a reforma ministerial ao centro. Abordagens associadas ao caso Petrobras também estão em evidência, mas em menor proporção.
FOLHA DE S. PAULO registra que, “criticada por formar uma equipe econômica de perfil conservador e escolher uma representante do agronegócio para seu novo ministério, a presidente Dilma Rousseff planeja fazer acenos à esquerda do PT para tentar tranquilizar as bases de seu partido”. Texto adverte que Dilma participa hoje de um encontro do diretório nacional da legenda em Fortaleza e fará um discurso para “agradecer o apoio do PT e reafirmar seu compromisso com as políticas sociais adotadas durante os governos petistas”.
O ESTADO DE S. PAULO observa que o próximo desafio nas negociações sobre o futuro da Esplanada dos Ministérios será acomodar PMDB e outros aliados no segundo mandato. “E nenhum partido dará mais trabalho à petista que o PMDB”, pontua o jornal, lembrando que as bancadas do partido na Câmara dos Deputados e do Senado iniciaram uma disputa pelo lote de cada grupo. “Os deputados, liderados pelo líder Eduardo Cunha (RJ), atuam para impedir que cargos antes sob sua influência passem para as mãos dos senadores, que esperam ser recompensados por se considerarem mais fiéis ao Palácio do Planalto.”
Sobre a transição do governo na área econômica, ESTADÃO registra que antes de anunciar a nova equipe econômica, a presidente se reuniu com os novos ministros da Fazenda e do Planejamento, e o presidente do Banco Central, que permanece no cargo, para acertar o “entrosamento” durante a transição. “No almoço de trabalho com Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, a presidente os instruiu a evitar ruídos e divergências com a equipe atual, chefiada pelo ministro Guido Mantega.”
Entre os desdobramentos da operação Lava Jato, informações do dia estão atreladas a novas investigações da Polícia Federal. Com destaque, O GLOBO reproduz as declarações feitas pelo proprietário da Sanko-Sider, Márcio Bonilho, em depoimento à CPI mista da Petrobras.
Bonilho admitiu ter pago R$ 37 milhões a empresas de fachada indicadas pelo doleiro Alberto Youssef como "comissão" pela celebração de 12 contratos. “O maior deles, com o consórcio CNCC, liderado pela Camargo Corrêa, que está à frente das obras de Abreu e Lima. Ele admitiu que fez pagamentos diretos a dois executivos da empreiteira.”
VALOR ECONÔMICO revela que as investigações da PF já levam os bancos a adotar maior cautela no crédito a empreiteiras e fornecedores da Petrobras. “Os financiamentos mais atingidos são aqueles em que não há um destino definido a priori para os recursos, como, por exemplo, capital de giro. Não há padrão para a mudança na forma de atuação dos bancos. Há desde instituições que simplesmente cortaram o crédito para as empresas até casos em que apenas têm sido exigidas mais informações para a liberação de recursos.”
O discurso de austeridade e os primeiros compromissos públicos firmados pelos novos ministros da área econômica estão em foco no noticiário. Jornais promovem hoje a cobertura mais ampla e detalhada sobre o tema, trazendo para o centro detalhes de como o governo pretende recuperar a confiança do setor financeiro e do empresariado.
Jornais publicam perfis de Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (que continua a frente do Banco Central), indicando o que cada um deles enfrentará em suas áreas. Em tom de preocupação, mídia adverte para os obstáculos que se impõem em 2014 e que serão fatores de risco para 2015.
Em primeiro plano estão questões como juros, inflação, contas públicas e crescimento. Nova equipe é vista pelos jornais como mais firme que a atual para impor ao país uma nova agenda.
Alguns veículos vão além e reforçam que o período será de mais rigor, reproduzindo nas reportagens expressões como “arrocho” e “aperto”.
Manchete do VALOR ECONÔMICO afirma que o governo mudou sua política econômica. A reportagem informa que o “governo confirmou que dará uma nova guinada na política que vigorou nos últimos quatro anos” e acrescenta que as linhas gerais da nova política fiscal têm o “claro objetivo de acalmar os mercados”.
FOLHA DE S. PAULO, na principal chamada de sua edição, detalha que a nova equipe econômica “deixou claro sua linha geral de trabalho: ajuste gradual e crível das contas, fim das transferências de recursos do Tesouro para bancos públicos, transparência e reequilíbrio da economia como condição para manutenção das políticas sociais”.
Em tom crítico, CORREIO BRAZILIENSE afirma que a nova equipe enterra promessas da presidente Dilma Rousseff.
Já O ESTADO DE S. PAULO resume que, durante a apresentação, os novos ministros afirmaram que a manutenção dos avanços sociais depende da estabilização da economia, e para um ajuste gradual das contas públicas, a meta do superávit primário para 2015 será de 1,2% do PIB, subindo para 2% em 2016 e 2017. “O objetivo é levar a inflação à meta de 4,5% ao ano. “As coisas estão sendo discutidas sem pacotes, sem grandes surpresas”, disse Levy.
Análises sobre o que deve ser esperado da economia brasileira, frente às mudanças anunciadas ontem, estão em evidência. O jornalista VINICIUS TORRES FREIRE, em sua coluna na FOLHA DE S. PAULO, pontua que vai ocorrer “o desmanche da política econômica de curto prazo de Dilma 1” - gastos do governo, juros, inflação, crédito. “Note-se que política de curto prazo, de estabilização, é apenas uma parte e/ou um momento das políticas econômicas. De qualquer modo, os novos ministros fizeram um ‘manifesto dos economistas pela mudança’, que não será pequena, se levada a cabo”.
Também na FOLHA, o economista EDUARDO GIANNETTI, em sua coluna semanal, avalia as divergências que podem ocorrer entre o novo ministro Joaquim Levy e o atual governo, e dispara: “A esfinge desafia a argúcia dos analistas: até que ponto ele desfrutará de autonomia para pôr em prática suas ideias? Mudou o governo ou mudará ele? E se um não mudou nem mudará o outro, quantos meses dura o engodo?”
O colunista CELSO MING, em O ESTADO DE S. PAULO, destaca as mudanças em curso. “A presidente é a mesma, mas, decididamente, Dilma 1 não é igual à Dilma 2. As equipes econômicas bem diferentes uma da outra apontam para urna política econômica também diferente.”
Em O GLOBO, MÍRIAM LEITÃO escreve que o anúncio da nova equipe econômica seguiu um torturante roteiro. “A demora e a ausência da presidente mostram falta de noção do que é prioritário na reversão das expectativas. Esse formato para anúncio da equipe nunca havia sido pensado, principalmente o de manter ministros antigos fazendo transição no mesmo governante. Governo novo, ideias novas.”
Como ponto de atenção, FOLHA DE S. PAULO, O ESTADO DE S.PAULO e O GLOBO publicam entrevistas exclusivas com o economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller “O Capital no Século 21” – que está no Brasil para promover a obra. Piketty afirma considerar um erro pensar que o Brasil precisa de mais mercado e menos intervenção na economia. O francês não quis discutir especificamente a nova equipe econômica, mas afirmou que “seria um erro pensar que o Brasil fez demais na área social e para reduzir a desigualdade”.
Com foco no anúncio dos novos integrantes da equipe econômica, O ESTADO DE S.PAULO opina que “o Brasil terá pela primeira vez em muitos anos uma política de contas públicas de longo prazo, com maior esforço de poupança e transparência nos dados, segundo prometeu ontem o economista Joaquim Levy, escolhido pela presidente Dilma Rousseff para ser o próximo ministro da Fazenda. Será o oposto da política seguida nos últimos quatro anos, mas ele se absteve, naturalmente, desse comentário”.
Também em relação aos novos ministros, O GLOBO escreve que Joaquim Levy na Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e a manutenção de Tombini no Banco Central é um bom sinal. “Eles formam um trio qualificado a atacar os desequilíbrios que empurraram o país para o baixo crescimento, o risco de perda de controle da inflação e o balanço de pagamentos mais vulnerável”.
VALOR ECONÔMICO pondera que “a ausência da presidente Dilma na apresentação dos ministros nomeados não foi um bom sinal”. Texto adverte que, nos bastidores, “surgiram a todo momento insinuações sobre o desconforto de Dilma com a escolha de Levy e uma aberta rebelião de alas petistas contra sua indicação”. Em tom crítico, VALOR reforça que “em um momento em que há dúvidas sob o real envolvimento da presidente com uma mudança de rota econômica em relação a seu primeiro mandato, seu não comparecimento sugere o contrário, descompromisso”.
FOLHA DE S. PAULO trata do financiamento das campanhas eleitorais. "Custo cada vez mais elevado das campanhas, bancado sobretudo por empresas, torna urgente mudança no modelo de financiamento", avalia o jornal. FOLHA afirma que o melhor seria "fixar um limite absoluto às contribuições (o teto atual é proporcional à renda ou ao faturamento) e aperfeiçoar ferramentas de transparência e fiscalização em tempo real. Conhecer a prestação de contas um mês após o pleito não ajuda ninguém a decidir o voto; serve apenas para escandalizar".