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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Seleção de Construtoras do Novo Acelerador de Partículas deve começar neste semestre

Projeção 3D das instalações do Sirius no terreno onde será construído.
Foto: Divulgação CNPEM
Até o final deste mês deverá estar pronta a terraplanagem e a drenagem do terreno de 150 mil metros quadrados (m²), ao lado do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), onde será erguido o novo acelerador de partículas brasileiro. A expectativa do diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), Antonio José Roque, é de que ainda neste semestre seja iniciado o processo de contratação das empresas responsáveis pela obra.

Considerado um dos maiores projetos da história da ciência no Brasil, orçado em R$ 650 milhões, o Sirius vai ocupar 67 mil m² desta área. O novo equipamento será cinco vezes maior que o atual, em operação desde 1997. De acordo com o diretor do LNLS, a nova fonte de luz síncrotron colocará o Brasil na fronteira do conhecimento das pesquisas com materiais. “A nossa fonte será de terceira geração. Semelhante ao projeto brasileiro há somente um que está sendo construído na Suécia. A obra, por si só, já é um desafio para a engenharia”, avalia Roque.

As paredes e os pisos, segundo o diretor do LNLS, serão reforçados para garantir estabilidade ao acelerador de partículas e atenuar vibrações. “O solo será uma camada de 90 centímetros de terra e concreto. Algumas paredes serão de concreto blindado para dar estabilidade térmica e impedir o vazamento de radiação.”

A luz síncrotron é uma radiação eletromagnética de amplo espectro, que abrange desde o infravermelho até os raios-x. Geradas a partir da aceleração de elétrons, que percorrerão o anel de 518 metros de circunferência em velocidades próximas às da luz, as radiações são usadas em diversos campos científicos como física, biologia, química, geologia, nanotecnologia, engenharia de materiais, entre outros.

O projeto do Sirius inclui também inovações tecnológicas que reduzirão os investimentos e o consumo de energia. O diretor do LNLS afirma que a meta do índice de nacionalização dos equipamentos é de 70%. “Muitas das peças que vamos usar não são compradas nas prateleiras. Estamos abrindo caminhos. Nossos pesquisadores vão desenvolver alguns equipamentos sozinhos e outros serão por empresas.”

Foi firmada uma parceria com WEG, empresa de Santa Cataria, que fornecerá os cerca de 1 mil imãs, usados para corrigir dispersões de energia e compactar e desviar o feixe dos elétrons. Empresas da Bahia, Minas Gerais e da região do ABC paulista já iniciaram discussões para desenvolver outros componentes que serão utilizados no Sirius.

Grandes companhias como a Petrobras, e outras do ramo petroleiro, já manifestaram interesse em apoiar a construção e utilizar a estrutura do acelerador de partículas para pesquisas.
A nova fonte de luz síncroton brasileira será milhões de vezes mais brilhante que a atual e terá baixa emitância, ou seja, chegará aos raios-x mais duros e poderá investigar materiais mais espessos e em escala nanométrica com alta resolução. “Poderemos estudar de rochas encontradas no pré-sal a materiais mais finos que um fio de cabelo”, destacou Antonio José Roque.

As pesquisas efetivamente ocorrem nas linhas de luz, locais para onde os feixes são desviados e apontados para os materiais a serem estudados. A primeira fase do Sirius contará com 13 linhas. O projeto de expansão prevê a construção de mais 27 delas.

Internacionalização

O diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) destacou que o Sirius terá um importante papel na internacionalização da ciência brasileira. “O LNLS está aberto a pesquisadores de todo mundo. Os interessados submetem seus projetos para, caso sejam selecionados, usarem nossos equipamentos”, explicou.

Na avaliação dele, com uma fonte de última geração no país, cientistas brasileiros poderão compartilhar estudos e trocar experiências com profissionais renomados. “Pesquisas com síncrotron já ganharam prêmio Nobel de Química em 2009 e 2012. Poderemos interagir com pesquisadores renomados e desenvolver pesquisas inéditas”, disse Roque.

Em 2013, o laboratório atendeu 375 propostas de pesquisas. A maioria dos 1.163 pesquisadores que utilizaram a infraestrutura do LNLS é de brasileiros, seguidos pelos argentinos, noruegueses, franceses e cubanos. O laboratório auxilia pesquisas que vão da busca por novos remédios contra o câncer ao desenvolvimento de materiais usados para extrair petróleo do pré-sal.

Sobre o CNPEM

Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Administra quatro laboratórios que são referências mundiais e abertos à comunidade científica e empresarial.

O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) opera a única fonte de luz síncrotron da América Latina; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) desenvolve pesquisas em áreas de fronteira da biociência, com foco em biotecnologia e fármacos; o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) investiga novas tecnologias para a produção de etanol celulósico; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas com materiais avançados, com grande potencial econômico para o país. 

Texto: Felipe Linhares - Ascom do MCTI

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