O desenvolvimento de uma tecnologia limpa que trata o odor da fumaça de uma churrascaria rendeu ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) o Troféu Onda Verde, maior premiação ambiental do Sul do Brasil. Único a ser premiado na categoria “Tecnologia de Controle Ambiental”, o Tecpar recebeu a premiação no XXI Prêmio Expressão de Ecologia, entregue durante o Fórum de Gestão Sustentável, realizado pela Editora Expressão, na última sexta-feira (25), em Florianópolis.
O fórum é realizado anualmente na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). Quem representou o Tecpar na premiação foi o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do instituto, Guilherme Zemke, que recebeu o troféu das mãos do presidente da Câmara de Qualidade Ambiental da Fiesc, José Lourival Magri. Ao todo, 164 projetos foram inscritos para concorrer ao prêmio. Destes, 27 foram selecionados, em diversas categorias relacionadas ao meio ambiente, como reciclagem, água, fauna e flora. Entre os premiados estão institutos de pesquisa, prefeituras, ONGs, empresas privadas e órgãos públicos da Região Sul.
A tecnologia de purificação de chaminés foi desenvolvida pelo Tecpar em outubro de 2009, a partir de uma demanda de um empresário de Curitiba, pelos pesquisadores Alexandre Akira e Anderson Sakuma. O proprietário da Devon's Grill buscava uma solução para o problema de emissão de odor e fumaça liberada pela chaminé da sua churrascaria. Para se adequar à legislação ambiental aplicável ao negócio foi criada a tecnologia sustentável, a partir de uma parceria entre o Tecpar, a churrascaria e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Para o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Tecpar, Guilherme Zemke, o reconhecimento da premiação mostra que conhecer a demanda dos clientes e pensar em novas soluções pode gerar tecnologias altamente inovadoras. “Ser reconhecido com o Troféu Onda Verde demonstra a atitude pró-ativa dos pesquisadores, que ouviram a demanda da empresa e resolveram o seu problema. Não foi uma simples prestação de serviços, foi pesquisa e desenvolvimento para criar uma solução para o cliente”, salientou.
A tecnologia criada utiliza um sistema biológico automatizado de fotobiorreatores que contêm microalgas. Na presença da luz, esses micro-organismos retiram da fumaça seus nutrientes para realizar seu próprio metabolismo, diminuindo consideravelmente o odor da fumaça.
A proposta inicial previa que 10% do volume total da fumaça fosse tratado, mas, após o desenvolvimento da tecnologia, o sistema conseguiu tratar 35% do que era emitido. Além da redução das emissões, a tecnologia apresentou ainda um aumento na eficiência na geração da biomassa a partir das microalgas, melhorando assim a qualidade do óleo extraído desses micro-organismos. Esse óleo pode vir a ser utilizado na indústria, como a alimentícia e de cosméticos, e também na produção de biocombustível.
Devido aos resultados apresentados, a tecnologia teve o pedido de patente depositado e a inovação já foi tema de dez trabalhos de conclusão de curso e de três dissertações de mestrado.