Com foco dividido entre temas internacionais, relacionados aos recentes ataques ocorridos na França, e contas públicas no cenário doméstico, jornais de circulação nacional reduzem, neste sábado (10), espaço para temas de interesse do setor manufatureiro.
Assuntos econômicos com impacto na indústria e reportagens pontuais de setores fabris específicos, no entanto, mantém a agenda do interesse na pauta de hoje.
De maneira qualificada, O ESTADO DE S. PAULO faz uma análise do que chama "Plano Levy", ou seja, as medidas do novo ministro da Fazenda para garantir a retomada do crescimento brasileiro. Na leitura do jornal, o ministro deu um sinal claro ao governo de que sua estratégia deve ser seguida à risca para que funcione, o que implicará em "ajuste" (com atenção especial a cortes de gastos e aumento de receita) e "retomada".
A reportagem menciona como primeiras ações, tomadas ainda no ano passado, a revisão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e o aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
ESTADÃO acrescenta que a fase de ajustes continuará com medidas tributárias previstas para as próximas semanas e terminará com o corte no Orçamento para 2015. Chama a atenção na reportagem a informação de que Levy defende a Cide como um "imposto do bem", que onera o custo da gasolina para dar recursos à infraestrutura logística do país.
ESTADÃO se debruça também sobre o decreto do governo que restringe os gastos mensais dos ministérios a um / dezoito avos do orçamento. Segundo o jornal, o comunicado garante que essa restrição de custeio preserva áreas prioritárias da educação e da saúde e explica que no anexo III do decreto está listado o que escapa da limitação de empenho.
Os investimentos, segundo o Planejamento, não serão afetados por esse decreto, assim como não atinge benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada à Pessoa Idosa e o Bolsa Família, publica o jornal paulista.
Como ponto de atenção, reportagem do CORREIO BRAZILIENSE aborda as declarações feitas pelo ministro Joaquim Levy, ontem em bate-papo com internautas na página governamental Portal Brasil no Facebook, e registra que as “desonerações dadas pelo Ministério da Fazenda ao longo dos últimos anos na tentativa de estimular o consumo estão com os dias contados”. Segundo o texto, Levy afirmou, a internautas, que "essa receita está fazendo falta" para os cofres públicos.
Jornal do DF lembra que com as desonerações houve a renúncia de R$ 93 bilhões, até novembro de 2014. “Os especialistas apostam que, além do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o governo deve mexer no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre os combustíveis e está zerada desde 2012.”
De interesse do setor automobilístico, ESTADÃO registra que funcionários demitidos pela fabricante de caminhões e ônibus Mercedes-Benz realizaram na manhã de ontem um protesto em frente à fábrica, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo o jornal, eles reforçaram o pedido para que a empresa reveja corte de 260 trabalhadores.
Reportagem acrescenta que no meio da tarde, representantes da empresa se reuniram com dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mas não chegaram a um acordo. Não foi agendada, por enquanto, nova reunião entre as partes. Na quarta-feira, os cerca de 11 mil trabalhadores da unidade fizeram greve de 24 horas.
Segundo reportagem da FOLHA DE S.PAULO, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou ontem que "não há necessidade de ajuda do governo" para estancar o processo de demissão de trabalhadores nas montadoras. Para o ministro, cabe à pasta tentar acompanhar as discussões e se manter informada sobre a decisão da empresa e dos sindicatos.
Com apuração de bastidor, FOLHA DE S.PAULO afirma que Luciano Coutinho deverá ser mantido na presidência do BNDES até que o governo encontre um substituto de prestígio com bom trânsito no mercado de capitais. Segundo o jornal, a presidenta Dilma Rousseff e a Casa Civil queriam que Paulo Rogério Caffarelli, número dois do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda), assumisse o comando do banco estatal. Mas Caffarelli prefere a presidência do Banco do Brasil, onde fez carreira.
Como item de interesse da agenda econômica de janeiro, O ESTADO DE S. PAULO informa que a presidente Dilma Rousseff acertou sua ida ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, entre 21 e 24 de janeiro. De acordo com o jornal, a viagem marcará uma ofensiva do Palácio do Planalto para atrair mais investimentos, reconquistar a credibilidade da economia e evitar uma perda do grau de investimento concedido pelas agências internacionais de classificação de risco.
A reportagem informa ainda que a participação em Davos servirá para a presidente apresentar a nova equipe econômica à elite do empresariado mundial - o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deverá integrar a comitiva, além do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que a acompanhou em 2014.
ESTADÃO informa, na mesma reportagem que, em Davos, Dilma deve expor as linhas gerais de atuação do governo para garantir rigor fiscal e orçamentário, segundo auxiliares, além de vender o programa de concessões em portos, ferrovias e rodovias a investidores estrangeiros, ressaltando os esforços em reduzir os gargalos de infraestrutura no país. Conforme o jornal, ela deve mais uma vez reiterar o convite a empresas de outros países para investir no Brasil.
No cenário paulista, coluna DIRETO DA FONTE, do ESTADÃO, afirma que a equipe da Fazenda estadual concluirá até quinta-feira o balanço de arrecadação de 2014 e a expectativa não é das melhores. Um exemplo conseguido pela coluna é o do programa de parcelamento das dívidas de ICMS.
Segundo o jornal, foram recolhidos, entre março e dezembro de 2014, R$ 2,4 bilhões - contra 64 bilhões no mesmo período o ano anterior. A coluna explica que essa redução se explica, em parte, pela forte adesão ao parcelamento mais longo dessa dívida - entre 70 e 120 meses. Segundo o jornal, essa cota responde hoje por 73% do negociado.
A pauta internacional, a exemplo dos últimos dias, continua em destaque e gera o redimensionamento de espaços da cobertura. Manchetes dos principais jornais destacam a ação francesa que matou os dois responsáveis pelo ataque à redação do semanário Charlie Hebdo, os irmãos Said e Chérif Kouachi, e o cerco em um mercado judaico de Paris, ocorrido ontem, que terminou com a morte de um sequestrador e quatro reféns.
No noticiário político deste sábado, abordagens sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e reportagens pontuais sobre a reforma ministerial estão em evidência.
Sobre as investigações da Polícia Federal, O ESTADO DE S. PAULO publica que a Petrobras, em comunicado enviado no fim de dezembro, “pressiona 23 empreiteiras para que admitam corrupção”. Segundo o veículo, a estatal condicionou o “fim do bloqueio administrativo que impede a participação em novas licitações ao fechamento de termos de leniência, pelos quais reconheceriam irregularidades e repactuariam contratos em vigor”.
Já O GLOBO traz detalhes de uma proposta revelada pela Controladoria-Geral da União (CGU) ao jornal. O objetivo era fazer um “acordo com a força-tarefa do Ministério Público Federal encarregada da Operação Lava-Jato para limitar punições às empreiteiras envolvidas em fraudes na Petrobras, evitando que elas fossem declaradas inidôneas”. Mas o acordo foi rejeitado e, segundo o texto, “foi encarado pelos investigadores como uma tentativa do governo de salvar empresas que estão à frente de grandes obras públicas no país”.
Na pauta sobre a reforma ministerial, CORREIO BRAZILIENSE adianta que “aliados do governo receberam a sinalização de que a nomeação de cargos do segundo escalão” só deve ocorrer após a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. “O entendimento dentro do Planalto é que uma das prioridades do governo é conseguir domar o Congresso em 2015.”
O GLOBO, por sua vez, relata que a presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem com um restrito grupo de ministros, que forma a coordenação de seu governo. Dentre os temas tratados, o jornal indica que foi abordada “a conjuntura política e econômica, estratégia de trabalho e preenchimento das vagas que ainda precisam ser definidas no segundo escalão”. Segundo a reportagem, a primeira reunião ministerial foi marcada para o próximo dia 27.
Em outra frente do noticiário, reportagem da FOLHA DE S. PAULO revela que oito governadores de oposição, que assumiram neste mês as administrações estaduais, “herdaram mais de R$ 7,4 bilhões em dívidas deixadas pelos antecessores”. Conforme o jornal, sem dinheiro em conta e pagamentos atrasados, “muitos terão que recorrer a repasses federais para honrar os primeiros compromissos”. Texto cita, entre os casos, as dificuldades enfrentadas no Distrito Federal, Maranhão e Rio Grande do Sul.
Jornais também reservam espaço para o protesto do Movimento Passo Livre, realizado ontem em São Paulo contra a alta da tarifa do transporte público, que terminou em confronto entre os manifestantes e a Polícia Militar, vandalismo e 51 pessoas detidas.
A inflação é o principal destaque na pauta econômica do dia. Com base nos dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reportagens pontuam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro avançou frente a novembro (de 0,51% para 0,78%), encerrando 2014 com alta acumulada de 6,41%.
Jornais observam que o indicador ficou um pouco abaixo do teto da meta inflacionária, de 6,5% estipulada pelo governo, e avaliam, citando análise do instituto, que mesmo dentro do limite esse percentual pressiona os preços da energia, serviços e alimentos, sendo o maior aumento anual desde 2011 (quando o IPCA ficou em 6,5%).
Dentro dessa cobertura, jornais destacam posicionamento feito pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Segundo a FOLHA DE S. PAULO, ele afirmou que vai fazer “o que for necessário” para que a taxa entre em “longo período de declínio”. Veículo acrescenta que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a inflação em janeiro deve ser mais alta do que em outros meses do ano, em razão dessas elevações sazonais.
Mídia nacional também destaca a participação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em um bate-papo com internautas, ontem, por meio do Portal Brasil, no Facebook, que teve duração de uma hora e meia.
O GLOBO descreve que Levy “admitiu ontem que os preços devem subir este ano devido a algumas ‘arrumações’ que o governo precisa fazer para a economia voltar a crescer, mas ressaltou que o Banco Central (BC) continuará trabalhando para baixar a inflação e fazer com que ela vá para o centro da meta, de 4,5%, em 2016”.
Já a FOLHA DE S. PAULO resume que o ministro “se concentrou nos temas corte de gastos e mudanças em benefícios sociais e driblou algumas perguntas”.
O ESTADO DE S. PAULO se debruça sobre o cenário macroeconômico brasileiro e atribui a combinação de inflação elevada e crescimento baixo a "uma incompetência hiperbólica" do governo. O jornal faz comparações com outros países, incluindo latino americanos, para demonstrar que a situação do Brasil é mais crítica. O texto cita dados de comércio exterior e critica a banda da meta de inflação ser tão ampla, fazendo com que, na visão do jornal, o governo persiga um número entre 5,5% e 6% de inflação - em vez da meta real, de 4,5%.
Outro texto editorial do ESTADÃO observa a preocupação do Senado em relação à Proposta de Súmula Vinculante nº 69 do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera inconstitucionais todos os incentivos tributários concedidos pelos governos estaduais sem a prévia aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e, por isso, acaba com a guerra fiscal entre os Estados. Segundo o jornal, ela resolve, em tese, uma questão que o Poder Legislativo deveria ter solucionado há muito tempo por meio da aprovação de legislação específica. Mas só agora, com grande atraso, o tema passou a ser examinado pelo Senado.
EDITORIAL ECONÔMICO do ESTADÃO informa que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou forte deterioração entre dezembro de 2013 e setembro de 2014, de 86,9 pontos para 71,6 pontos, e alguma recuperação nos últimos três meses, chegando a 76 pontos no mês passado. Segundo o jornal, o nível de emprego reflete a conjuntura. "Empresas contratam quando necessitam de mão de obra para produzir e vender, quando investem ou quando estão convencidas de que a pior política é perder pessoal qualificado e que dificilmente poderá ser substituído quando o ritmo econômico voltar a subir", afirma a publicação.