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domingo, 11 de janeiro de 2015

Análise de Mídia - REVISTAS

Com abordagens que sinalizam para os desafios que os ajustes das contas públicas propostos pela nova equipe econômica do governo, revistas que circulam neste fim de semana reservam espaço para a conjuntura macroeconômica e insere o setor fabril entre os itens que merecem atenção.
 
Entre os temas em destaque na pauta dos semanários, há registro das 800 demissões na Volkswagen e 244 na Mercedes-Benz, nesta semana, seguidas de greves nas duas montadoras do ABC paulista. Textos avaliam o cenário para o setor. 

  • Com chamada de capa, reportagem da ÉPOCA adverte que a promessa da presidente Dilma Rousseff de ajustar as contas públicas de forma indolor é uma “tarefa impossível” e que “as demissões aumentarão e o governo terá de persistir e negociar”. “A queda de empregos na indústria é a que mais nos chama a atenção. Mas acredito que o nível de desemprego, em 2015, ficará em torno de 4,8%, como está hoje”, afirma à reportagem Manoel Dias, ministro do Trabalho e Emprego. 
  • Como ponto de atenção, mesma abordagem alerta: “Na indústria, a situação é mais clara e pior. O indicador de emprego da Confederação Nacional da Indústria (CNI) caiu continuamente de março a outubro, indicando, mês a mês, mais demissões. No Estado de São Paulo, onde há maior concentração de indústrias, ao longo de 2014, houve no setor 88 mil demissões a mais que admissões, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Não é razoável supor que os outros setores, como comércio e serviços, compensem indefinidamente essa perda”. 
  • Nessa mesma linha, ISTOÉ DINHEIRO registra que as demissões na indústria automotiva são reflexo da retração no mercado de veículos e da falta de perspectivas econômicas. Conforme a reportagem, “o cenário para 2015 é recheado de desafios diante do ajuste econômico que está sendo promovido pelo governo federal”. 
  • Já a ISTOÉ registra que por trás da greve na Volkswagen esconde-se a primeira batalha entre o governo e o movimento sindical, “que teme ver suas conquistas ameaçadas pela nova política econômica”. 
  • LEONARDO ATTUCH, na ISTOÉ, afirma que é praticamente um consenso, entre economistas, que o Brasil necessita de um ajuste fiscal e adverte que a “grande dificuldade é encontrar a dose certa do remédio, especialmente no momento em que a economia começa a emitir sinais de fragilidade no seu indicador mais importante, que é o emprego”. 
  • Segundo ATTUCH, ainda que os cortes resultem de problemas internos das empresas, “é inegável que as empresas são também afetadas pelo fim da política de desonerações fiscais – um regime de incentivos que, com Joaquim Levy e Nelson Barbosa na economia, não tem data para voltar”.
 
A posse dos novos ministros e a primeira semana de trabalho do novo governo é outro assunto que está em evidência na cobertura das revistas. 

  • Nesse sentido, ISTOÉ DINHEIRO destaca que a nova equipe econômica do governo está afinada. Conforme a reportagem, no discurso de posse, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy disse à plateia empresarial que o início do segundo mandato da presidente Dilma será marcado por um ajuste das contas públicas. “O equilíbrio fiscal é a chave para a confiança e o desenvolvimento do crédito, que permite a mais empreendedores levarem à frente seus projetos e, com isso, contribuírem para a geração de emprego, o bem-estar geral e a riqueza da nação”, afirmou. 
  • Conforme a mesma reportagem, o novo ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, tomou posse prometendo retomar o diálogo com o setor privado e estimular as exportações brasileiras, especialmente do setor industrial. “O mercado internacional nos oferece mais oportunidades do que ameaças”, disse o ministro. Para DINHEIRO, trata-se de uma mudança de postura em relação ao primeiro mandato de Dilma, quando a ordem era proteger o mercado nacional. “Não há política industrial sem uma política ativa de comércio exterior”, afirmou o novo ministro, que presidiu a CNI (Confederação Nacional da Indústria). 
  • “Maior interlocução é tudo o que vinham pedindo os empresários, especialmente da indústria, que no ano passado teve queda de 3,2% na produção até novembro”, pontua DINHEIRO na mesma reportagem, que publica ainda declaração atribuída ao presidente da CNI, ROBSON BRAGA DE ANDRADE, sobre o novo ministro do Desenvolvimento: “Ele tem uma visão muito moderna do que o País e a indústria precisam, e saberá negociar no Congresso e dentro do governo”. 
  • PRIMEIRO PLANO, na ÉPOCA, posiciona que “começou bem o trabalho da nova equipe econômica do governo federal, em sua missão vital de reduzir o gasto público. Ao lado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o Executivo conta com técnicos competentes no comando do Tesouro Nacional (Marcelo Saintive) e da Receita Federal (Jorge Rachid)”. 
  • “O equilíbrio fiscal é indispensável para continuarmos no exitoso caminho de ampliar as oportunidades para nosso povo”, disse Levy, segundo a coluna. “Das palavras à ação, as medidas de contenção de gastos anunciadas até a quinta-feira passada demonstram sagacidade e não são exageradas”, avalia PRIMEIRO PLANO
  • PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, assinala que “o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, quer abrir novas frentes de comércio para os produtos brasileiros, especialmente os industrializados”. Segundo a coluna, “parece um pouco óbvio – afinal, o objetivo da pasta é justamente o de fomentar o comércio – mas difere radicalmente da postura adotada no primeiro da presidenta Dilma Rousseff”. 
  • “Monteiro, em seu primeiro discurso no cargo, deu sinais de que vai buscar qualificar a indústria brasileira para competir lá fora. ‘O mercado é o grande tribunal da competitividade’, afirmou. Prometeu também fortalecer os canais de representação empresarial junto ao governo e ouvir o setor privado”, registra PODER
  • Coluna lembra que Monteiro foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que anunciou, para as próximas semanas, um plano nacional de exportações, que será elaborado com participação do setor privado. “É preciso esperar a prática. Mas o discurso, pelo menos, já evoluiu”, avalia PODER
  • BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, registra que "será em março a estreia de Joaquim Levy num megaevento mundial. O ministro da Fazenda chefiará a delegação brasileira na Assembleia dos Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Busan, cidade onde fica o maior porto da Coreia do Sul". 
  • Em nota complementar, BRASIL CONFIDENCIAL assinala que "na Coreia, Joaquim Levy explicará a nova política monetária e fiscal do Brasil a colegas de 48 países membros da instituição e debaterá o relatório de final de ano do BID, que estimou em 2,2% o crescimento econômico da América Latina e do Caribe em 2015".
 
Em relação à nomeação dos demais ministros, tom das abordagens é crítico. Revistas avaliam as dissonâncias identificadas, logo nos primeiros dias, entre os discursos feitos pelos integrantes do novo governo. 

  • ISTOÉ aponta que o início do segundo governo de Dilma Rousseff foi marcado pela “falta de sintonia” entre integrantes do primeiro escalão. “Na primeira semana de trabalho, os ministros chamaram mais a atenção por brigas e divergências internas do que pela pauta de ações do novo governo”, afirma a reportagem. 
  • Texto exemplifica que “falta de sintonia” expôs o novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a um episódio constrangedor, que, “interpelado pela presidente, Barbosa teve que se desmentir”. Reportagem aponta também uma “colisão frontal” entre os novos ministros da Agricultura, Kátia Abreu, e do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, que “resolveram imprimir um tom ideológico ao discorrerem sobre as políticas e os objetivos de suas áreas e acabaram invadindo as atribuições da pasta coirmã”. 
  • Mesma reportagem acrescenta que, ao assumir a Cultura, Juca Ferreira teve de justificar a aliados o motivo de sua antecessora, a senadora Marta Suplicy, do mesmo partido que o seu (PT), ter feito críticas tão agressivas à sua indicação. 
  • Também nesse sentido, VEJA aponta que "os novos ministros de Dilma divergem em público, são renegados por seus partidos e levam pito da presidente, sem habilidade para conciliar diferenças". Na avaliação da revista, “à exceção do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, os notórios o são mais por fatos que gostariam de ver esquecidos do que pela excelência reconhecida em suas áreas”. 
  • “Menos de uma semana depois da posse, os novos ministros mostraram que: 1) têm divergências fundamentais entre si (além de Kátia Abreu, da Agricultura, x Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário, declararam suas discordâncias, em alto e bom som, Armando Monteiro, do Desenvolvimento, x Arthur Chioro, da Saúde, na questão da volta da CPMF); 2) não têm o apoio de sua própria sigla (Cid Gomes, da Educação, foi renegado pelo Pros, assim como Helder Barbalho, cujo partido, o PMDB, anunciou que não tem nada a ver com sua indicação); 3) não entendem de suas pastas (‘Mas entendo de gente’, tentou compensar o pastor evangélico e novo ministro do Esporte, George Hilton)”, indica VEJA
  • O cientista político Rubens Figueiredo afirma à reportagem que a falta de nomes de prestígio “é reflexo da estratégia de Dilma para tentar depender menos do PMDB, o maior partido do Congresso, e compor com as siglas menores”. 
  • MINO CARTA, em editorial na CARTA CAPITAL, avalia, em tom crítico, a nomeação de alguns ministros do segundo mandato de Dilma Rousseff. Ele menciona que “surgem sinais de que um dos trunfos brasileiros em meio à crise global, o baixo índice de desemprego, começa a ensaiar uma tendência de alta. Com Joaquim Levy na Economia, cabe o temor de que o esboço se torne obra feita e acabada, mais uma conspícua oferenda ao deus mercado”. 
  • Para o jornalista, a intenção do governo com as nomeações era “garantir um transcurso mais ou menos tranquilo ao segundo mandato de Dilma. Como se fazer mais ou menos o que a oposição faria, com o useiro apoio da mídia nativa, tivesse o condão de colocar a presidenta a salvo, ao menos em boa parte, da virulência dos ataques daquelas”. Ainda na avaliação de MINO CARTA, “Dilma precisa de melhores conselheiros”. 
  • ISTOÉ notícia que o corte de cerca de 30% nas despesas dos ministérios é apenas o primeiro passo para o ajuste fiscal anunciado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “O surpreendente foi a presença do Ministério da Educação no topo das pastas atingidas pelo bloqueio de recursos. Representa a antítese do que Dilma Rousseff prometeu em sua posse”, aponta a reportagem. “O corte mensal anunciado na pasta é de R$ 586 milhões, um valor quase quatro vezes maior do que o bloqueio no Ministério da Defesa, segundo colocado na lista, com R$ 157 milhões.”
 
O futuro da Petrobras também está em destaque em algumas abordagens e é assunto de capa da CARTA CAPITAL.  

  • Reportagem alerta para os riscos e ameaças que rondam a Petrobras e aponta como a "Guerra Fria" do petróleo afeta o futuro da estatal. Conforme a CARTA, “o abalo da estatal e da sua cadeia produtiva, responsáveis por 10% do PIB e 15% do investimento total do País, poderá provocar uma crise sistêmica de impacto considerável na economia se não for enfrentado apropriadamente”. 
  • Texto sugere também que “só a retomada urgente dos negócios entre a Petrobras, os fornecedores e demais integrantes da cadeia de negócios, acompanhada da punição dos responsáveis pelos desmandos nessas organizações, evitará o aumento da dificuldade de obtenção de crédito pelas empresas”. 
  • Em entrevista à CARTA CAPITAL, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli fala sobre o escândalo de corrupção na estatal e de como ele tem o poder de afetar a empresa e o Brasil. Segundo ele, o Brasil precisa recuperar o crescimento. “E isso em boa medida será feito com os investimentos em infraestrutura. {...} Essa retomada precisa ser realizada com a participação das empresas brasileiras, com conteúdo nacional. Para o Brasil crescer, ele precisa da Odebrecht, da Queiroz Galvão, da Camargo Corrêa, da OAS. Se essas empresas quebrarem, compromete-se essa retomada”, defende. 
  • Com foco econômico, VEJA adverte que o petróleo barato já estimula o consumo e acelera a economia global, mas o Brasil pode sofrer com os efeitos sobre a Petrobras. Reportagem aponta que o Brasil está, na teoria, do lado das economias que se beneficiam mais do que são prejudicadas, porque importa petróleo e derivados mais do que exporta. “Espremida pelo escândalo do petrolão e por uma dívida de 330 bilhões de reais, a Petrobras precisa bancar os investimentos para ampliar a exploração do pré-sal”, sugere.
O ataque ocorrido no semanário Charlie Hebdo, que vitimou 12 pessoas, em Paris, coloca em destaque a pauta internacional na cobertura das revistas. O atentado terrorista é assunto de capa da VEJA, ISTOÉ e ÉPOCA e também está em evidência na CARTA CAPITAL e ISTOÉ DINHEIRO. ÉPOCA é a revista que confere o maior peso e volume ao atentado, com reportagens especiais e uma série de artigos de opinião de seus colunistas.

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