A nova política econômica do governo Dilma Rousseff está no centro do noticiário das revistas que circulam neste fim de semana, identificando questões relevantes para o setor fabril. Edições trazem abordagens analíticas sobre o ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os reflexos no setor produtivo.
Semanários detalham que o pacote de medidas inclui o aumento de impostos sobre combustíveis, crédito ao consumidor e importações e mudanças no Imposto Sobre Produtos Industrializados para o setor de cosméticos. Em comum, textos advertem para os riscos de o Brasil entrar em “recessão”.
- Reportagem de capa da CARTA CAPITAL segue essa linha e alerta que o Brasil vive “um risco seriíssimo de recessão”. Para a revista, o complicador do quadro é o ajuste fiscal baixado pelo governo. “Ninguém discute a necessidade de um ajuste, mas esse pacote fiscal, especificamente, pode ter consequências graves para a sociedade”, adverte.
- Segundo a mesma reportagem, os apertos de crédito, acentuados pelo aumento da taxa de juros em meio ponto porcentual, para 12,25%, “agravam a situação periclitante da indústria instalada no País, desfigurada em 30 anos de crises, políticas equivocadas e desconhecimento quase absoluto, pelos diversos governos do período, do papel determinante do setor na trajetória dos países avançados ao Norte e dos emergentes bem-sucedidos no Oriente”.
- Ainda na reportagem, CARTA CAPITAL aponta que as crises nacionais da energia e da água, “geradoras de incertezas adicionais e da postergação de investimentos, agravam a situação do País e o tornam mais vulnerável a um ajuste fiscal que atinge em cheio as parcelas mais frágeis da sociedade”.
- MINO CARTA, em editorial na CARTA CAPITAL, sugere que “até setembro o empresariado vai pedir a Dilma que tire Joaquim Levy do Ministério da Fazenda”. “Falha gravíssima do primeiro mandato de Dilma Rousseff foi o descaso com que a indústria brasileira foi abandonada ao seu destino. Convém insistir no erro?”, questiona.
- Também sobre a nova política econômica, ANTONIO DELFIM NETTO, na CARTA CAPITAL, destaca a necessidade de restabelecer a confiança do setor empresarial privado para que o investimento cresça. Segundo ele, é preciso, no entanto, “compreensão, sangue frio e paciência”, porque levará algum tempo até que o investimento apareça.
- Abordagem da capa da ISTOÉ DINHEIRO aponta que “com o aumento de impostos e juros, apagões e ameaça de racionamento de água e energia, o Brasil toma um caminho delicado em busca da retomada do desenvolvimento”.
- Reportagem destaca que o objetivo, segundo o ministro, é aumentar a confiança na economia brasileira, com uma guinada na política de expansão de gastos públicos e estímulos setoriais aplicada nos últimos anos. “Na prática, o aumento de impostos pressiona a inflação, tira renda do consumidor, reduz as vendas no comércio e faz desabar a produção da indústria”, avalia DINHEIRO.
- Texto menciona ainda a “frustração de dezenas de empresários e dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com o cancelamento, em cima da hora, do primeiro encontro que o setor produtivo teria com o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy”.
- “Aumento de impostos, em todas as direções e graus de intensidade, para recompor o caixa que o próprio governo estourou. É o que resta aos brasileiros! A disciplina fiscal, o ajuste forçado, tem início, como não poderia deixar de ser, pela ponta da arrecadação”, posiciona ISTOÉ DINHEIRO, em DINHEIRO DA REDAÇÃO.
- Em entrevista à ISTOÉ DINHEIRO, o economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore afirma que os ajustes iniciados por Joaquim Levy em 2015 devem se prolongar até 2016 e há uma grande necessidade de melhorar a gestão pública para estimular os investimentos e elevar a produtividade da economia.
- “Está claro que em 2015 teremos uma contração do PIB em relação a 2014. A economia real vai se contrair. Com isso, a inflação cai e, se o governo não fizer mais nenhuma bobagem na política fiscal e na política monetária, a economia volta a crescer com uma inflação mais baixa. Mas não é para já. Esse ajuste vai tomar todo este ano e um pedaço de 2016”, afirma Pastore.
- Também sobre o pacote fiscal, ÉPOCA adverte que as medidas prometem fazer de 2015 “um ano duro, duríssimo. Será igual ou um pouco pior que 2014”. Reportagem posiciona que o pacote era esperado desde que Levy aceitou a missão inglória de equilibrar as finanças do governo, mas doloroso para os brasileiros.
- “Afetará o bolso de todos nós, sem discriminação de renda. Pobres, classe média, ricos: todo mundo pagará pelos equívocos da política econômica do primeiro governo Dilma. O pacotaço inclui o aumento dos impostos de produtos importados, cosméticos e financiamentos e deverá puxar a alta dos juros do cartão de crédito e do cheque especial”, sinaliza a revista.
- Segundo reportagem da VEJA, Levy afirmou que o país poderá ter uma recessão no início do ano e o crescimento em 2015 será próximo de zero e lembrou, contudo, que os ajustes são vitais para a retomada.
- Nesse contexto, SUSTENTABILIDADE, na ISTOÉ DINHEIRO, afirma que o ano de 2015 não deverá ser dos mais fáceis para o setor produtivo, “afinal, as recentes medidas adotadas pelo governo federal deverão ter impacto direto no ritmo de crescimento do País”.
Entre outras abordagens com foco econômico, destaque está na ISTOÉ DINHEIRO, que publica entrevista com Armando Monteiro Neto, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
- Na entrevista, Monteiro Neto, que assumiu neste mês o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), explica como pretende espantar a crise e estimular as exportações.
- “Se vamos ter um ano de baixo crescimento no mercado interno, a exportação tem de ser prioridade. Assim, sustentamos a atividade industrial, mantendo a produção das empresas. Vamos lançar até fevereiro um plano tratando de questões como financiamento, equalização de juros, seguros e garantias. Temos de estimular a participação dos bancos privados no financiamento”, pontua Monteiro Neto.
- Com foco no aumento de impostos, ISTOÉ DINHEIRO publica ainda reportagem indicando que “inovar para ganhar fatia de mercado dos concorrentes virou questão de sobrevivência para as empresas brasileiras”. O semanário traz depoimento conferido ao diretor do departamento de competitividade e tecnologia daFiesp, José Ricardo Roriz Coelho, afirmando que “os incentivos por parte do governo só serão eficazes se forem revisados” e que a “burocracia e a lentidão têm se tornado empecilho, e não solução para as empresas”.
- “Com dois anos seguidos de pibinho, a tendência inexorável é de aumento na taxa de desemprego. Na quinta-feira 15, o IBGE divulgou que o nível de emprego industrial caiu 0,4% em novembro, a oitava queda mensal consecutiva. Apenas em São Paulo, foram 128,5 mil demissões, segundo a Fiesp”, registra mesma reportagem da DINHEIRO.
- PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, pontua que "o vice-presidente Michel Temer prepara, ainda para este semestre, uma viagem à Rússia, que deve incluir também países do Leste Europeu, como a Polônia. O objetivo é abrir novos mercados para os produtos brasileiros".
- Como ponto de atenção, PODER posiciona que o balanço do mercado de trabalho formal em dezembro “foi tão ruim que o governo tentou esconder a informação”. Segundo a coluna, no mês passado, houve o fechamento de 555,5 mil postos de trabalho. “Em todo o ano passado, foram criadas apenas 396,9 mil vagas, muito menos do que nos anos anteriores. É o número mais baixo desde 1999, quando houve fechamentos de postos de trabalho”, enumera.
- Ainda conforme PODER, “a indústria e a construção civil já fecharam vagas no ano passado, e na agricultura, mesmo com o crescimento dez vezes superior ao do PIB, o emprego ficou praticamente estável. O fim da era do pleno emprego está chegando ao fim”.
- “Mesmo preocupados com o tamanho do ajuste fiscal, os empresários que vão se encontrar nesta semana, na sede da Fiesp, com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pretendem deixar as reclamações para depois. Eles combinaram ouvir o ministro e depois se reunir em separado para acertar a lista de reivindicações que irão levar ao governo”, afirma PODER.
- FELIPE PATURY, na ÉPOCA, registra que “o Planalto decidiu que, além da indústria de cosméticos, os atacadistas do setor também pagarão IPI. Os industriais estimam que, até 2016, o governo arrecadará R$ 680 milhões com essa cobrança extra do IPI. Eles dizem que o aumento de receita será anulado por outros efeitos da mesma medida. Para manter os lucros, os atacadistas aumentarão os preços dos produtos, o que deve reduzir o consumo. Um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Cosméticos mostra que 400 mil trabalhadores do setor perderão seus empregos”.
A falha no sistema elétrico nacional, que atingiu 11 estados e o Distrito Federal na última segunda-feira (19), e a falta de água em algumas regiões são itens que também ganham projeção na cobertura das revistas.
- Reportagem de capa da VEJA adverte que um novo racionamento, se vier, vai derrubar a economia e colocar o país em recessão. Conforme a revista, a indústria já faz seus cálculos contando como certo um aumento de até 50% nas tarifas de energia neste ano e “todos terão de torcer para que haja energia suficiente para atender à demanda”.
- Texto assinala o apagão de segunda-feira só não se repetiu nos dias seguintes porque o governo importou energia da Argentina. “As perdas para a economia de um eventual racionamento entram nos cálculos de bancos e consultorias. O PIB poderá encolher 1,5% neste ano se houver um corte obrigatório de 10% no consumo por causa de restrições na oferta”, alerta a VEJA. “A economia poderia ter crescido meio ponto porcentual a mais no ano passado se não fosse o custo mais alto da energia para o setor produtivo, estima a associação que reúne grandes consumidores industriais de energia, a Abrace.”
- Sobre o apagão, ISTOÉ DINHEIRO define que “o quadro é grave e a falta de energia em boa parte do Brasil mostra que só as chuvas podem salvar a economia”.
- Ainda na DINHEIRO, texto indica que a indústria têxtil eliminou 20 mil empregos, em 2015, e prevê mais quatro mil cortes para este ano. “O setor, portanto, demitiu mais do que as montadoras, que tiveram saldo negativo de 12.4 mil postos de trabalho em 2014 - a conta não inclui o efeito cascata na indústria de autopeças. A escassez de água e de energia, a alta dos juros e a desaceleração do consumo embasam a previsão de nova queda no estoque de mão de obra na cadeia de roupas e artefatos de tecidos.”
- Já a ISTOÉ sinaliza, em tom crítico, que o “desabastecimento de energia expôs a realidade até então encoberta pelo governo para evitar desgaste, principalmente, no período eleitoral”.
- "Relatórios de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e análises técnicas oficiais revelam as fragilidades energéticas do País. De 2011 a 2014, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) registrou mais de 180 lapsos de fornecimento em grande escala. No apagão da semana passada, que afetou mais de três milhões de pessoas, devido ao excesso de calor e das poucas chuvas, as usinas que abastecem as regiões de maior consumo doméstico e industrial simplesmente não tiveram musculatura para atender às necessidades do mercado brasileiro", afirma a reportagem. Segundo a ISTOÉ, o episódio mostra que "o sistema energético brasileiro opera hoje no limite de sua capacidade".
- Em entrevista à ISTOÉ, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, fala sobre os problemas do setor e aposta na modernização das redes de baixa tensão como uma das soluções para o País. "O que aconteceu foi consequência de um problema técnico em uma rede de transmissão e foram feitos desligamentos preventivos", afirma, sobre o apagão.
- Segundo A SEMANA, na CARTA CAPITAL, o ministro Eduardo Braga disse que um problema técnico em uma linha de transmissão entre as regiões Norte e Sudeste do País teria sido a verdadeira causa do corte. "Cada vez maior, a restrição hídrica no País tem afetado os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o que compromete o fornecimento e encarece as tarifas de luz. Na terça-feira 20, Braga anunciou que a Petrobras vai disponibilizar usinas térmicas que estavam em manutenção para cobrir parte do déficit", afirma a coluna.
- FELIPE PATURY, na ÉPOCA, indica que os apagões da semana passada adiantaram em dois meses a necessidade de respostas e medidas para o setor elétrico: “Dilma convocou Braga para uma conversa nesta segunda-feira, dia 26. A presidente quer resultados. Em busca de luz, Braga reuniu os principais técnicos de sua Pasta e, juntos, foram ao gabinete da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ficou acertado que a Agência Nacional de Águas entregará a Braga um mapa com os potenciais reservatórios que podem ser explorados para a geração de energia no país”.
- RICARDO BOECHAT, na ISTOÉ, assinala que “após a falta de luz em 11 Estados e no Distrito Federal na semana passada, natural que se aprofunde o diagnóstico do setor. Assusta a quantidade de sociedades de propósito específico estruturada por Furnas nos últimos anos -- mais de 60, segundo comenta-se no mercado. Muitas com empreiteiras arroladas na Operação Lava Jato. Consultada, a estatal não forneceu o número exato até o fechamento da edição, na quinta-feira 22. Na Eletronorte, as SPEs são várias também. Essa privatização disfarçada, combatida pelo TCU, não tem aumentado a oferta de energia no País, devido à lentidão desses arranjos”.
- A SEMANA, na CARTA CAPITAL, pontua que “enquanto o governo de São Paulo desdobra-se em busca de alguma solução mágica para evitar a catástrofe do desabastecimento, os vizinhos Rio de Janeiro e Minas Gerais: enfrentar a crise hídrica. Responsável pelo Paraibuna zerou na quarta-feira 21. O Santa Branca, o Jaguari e o Funil, os outros três integrantes do sistema de abastecimento fluminense, estão, respectivamente, com 0,6%, 2% e 4% da capacidade total”.
- SOBEDESCE, na VEJA, registra que “desce” o Itamaraty: “O risco de apagão alcançou as embaixadas brasileiras. Com o orçamento reduzido a metade em relação a 2003, algumas estão há meses sem pagar a conta da luz”.
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