quinta-feira, 2 de junho de 2016
Risco de contrair Zika durante as Olimpíadas divide especialistas
"Se você não estiver grávida e decidir evitar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro por medo de contrair Zika, pode encontrar um motivo melhor; há muitos outros.”
A afirmação foi feita pelos pesquisadores Eduardo Massad, Francisco Coutinho (ambos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP) e Annelies Wilder-Smith (Lee Kong School of Medicine, de Cingapura) em carta submetida nesta terça-feira (31/05) à revista The Lancet. Massad é membro da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika), apoiada pela FAPESP.
No texto, que ainda será avaliado pelo periódico, os especialistas em modelagem matemática e epidemiologia comparam o risco de infecção pelo vírus Zika durante as Olimpíadas – em agosto – com o risco de contrair dengue, que é considerado baixo no período de inverno.
O objetivo foi responder a uma carta aberta endereçada à diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, pedindo o adiamento das Olimpíadas do Rio de Janeiro ou sua transferência para outro local. O documento foi assinado por 150 especialistas em saúde e bioética de diversos países, entre eles a brasileira Débora Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo os signatários da carta enviada à OMS, o evento no Rio ajudaria a acelerar a disseminação do vírus pelo mundo e, diante das descobertas recentes, seria antiético manter os planos atuais.
Para Massad, no entanto, a afirmação não tem base em evidências científicas. “Nós calculamos o risco individual de infecção pelo vírus da dengue durante as Olimpíadas, que é de 0,0005 [5 casos a cada 10 mil pessoas]. O risco individual de contrair Zika é cerca de 15 vezes menor, ou seja, 0,00003 – algo em torno de 3 casos a cada 100 mil visitantes. Se são aguardados em torno de 500 mil turistas, teríamos aproximadamente 15 pessoas infectadas, sendo 10 casos assintomáticos e 5 com sintomas”, afirmou o pesquisador.
Segundo Massad, o cálculo tem como base o número estimado de casos de Zika no Brasil em 2015 – que seria entre 500 mil e 1,5 milhão.
“Como a notificação não é confiável, usamos meios indiretos para estimar. Sabemos, por exemplo, que, para cada caso clínico de Zika, existem outros cinco assintomáticos. Sabemos também que uma em cada cem grávidas infectadas pelo Zika vai ter filho com microcefalia. Como é conhecido o número de crianças que nasceram com microcefalia em decorrência da doença, podemos calcular o número de mulheres grávidas infectadas. Como sabemos a relação de mulheres grávidas infectadas com dengue em relação ao total de casos de dengue, podemos usar essa mesma relação para calcular o total de casos de Zika”, explicou Massad.
Já no caso da dengue, somente os casos notificados ultrapassaram 1,6 milhão em 2015, segundo relatório divulgado pelo Ministério da Saúde no início deste ano. Somam-se a esse número oficial os diversos casos assintomáticos e sintomáticos que não entraram nas estatísticas oficiais.
“Se a distribuição dos casos de Zika ao longo dos meses for igual à da dengue – e não tem por que ser diferente, pois a doença é transmitida pelo mesmo mosquito e é o vetor que determina a sazonalidade –, podemos afirmar que o risco de contrair Zika em agosto é 15 vezes menor que o de contrair dengue”, disse Massad.
No texto enviado à The Lancet, os cientistas afirmam que há aproximadamente dez vezes mais risco de uma mulher ser estuprada no Rio de Janeiro ou de um homem morrer após levar um tiro.
“Claro que tudo isso são estimativas muito cruas e, embora o risco seja muito baixo, nós recomendamos que as grávidas não venham para os jogos. Mas não é o caso de adiar ou transferir o evento”, opinou Massad.
Outra visão
Diniz disse ver com “espanto” a segurança com que o texto enviado à The Lancet apresenta números para prever o risco de infecção por um vírus sobre o qual ainda se sabe pouco. “Não sabemos sequer a taxa de ataque do Zika na população, por exemplo. Como a notificação compulsória dos casos de infecção pelo vírus só passou a existir em janeiro de 2016 no Brasil, tampouco sabemos a história da doença, crucial para poder traçar estimativa de risco futuro. Ou seja, esses números precisam ser acompanhados do alerta da dúvida”, avaliou a professora da UnB.
Diniz disse ainda que não são apenas as gestantes que estão em risco, mas todas as mulheres em idade reprodutiva, os homens que se relacionam com essas mulheres e seus planos reprodutivos conjuntos.
“A mais nova recomendação da OMS, por exemplo, sugere que homens com sintomas de Zika aguardem seis meses antes de planejar uma gravidez com uma parceira. É sobre a reprodução de uma população que estamos falando. Infelizmente, nos parecem vários bons motivos para decidir evitar os Jogos Olímpicos do Rio”, concluiu.
Karina Toledo | Agência FAPESP
Mário Sérgio Ramalho
Senado Convida - VIII Políticas de Saúde no Brasil - Doenças Raras
Convite
Com satisfação convidamos para participar do
“VIII Fórum Nacional de Políticas de Saúde no Brasil - Doenças Raras",
a acontecer no dia 30 de junho (5ª feira), das 9 às 14h,
no Senado Federal
“VIII Fórum Nacional de Políticas de Saúde no Brasil - Doenças Raras",
a acontecer no dia 30 de junho (5ª feira), das 9 às 14h,
no Senado Federal
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Sistema nacional para rastrear medicamentos deve sair só em 2021
Previsto inicialmente para ser implementado neste ano, o sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos, projeto que visa controlar o caminho dos remédios da indústria até o consumidor, deve ficar mais tempo no papel.
O novo prazo é estudado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Assim, a regra só teria início em 2021.
Até então, uma resolução anterior da agência definia que o sistema, conhecido como "RG" dos remédios, começasse a funcionar em dezembro deste ano. Agora, a agência prepara uma nova regulamentação do tema.
Criado por meio de uma lei federal de 2009, a rastreabilidade prevê que cada embalagem de remédio contenha um código bidimensional e um número único de identificação, próximos à data de fabricação e do número do lote, o que permite obter o monitoramento dos produtos.
A estimativa é que 3,9 bilhões de embalagens circulem por ano no país e sejam atingidas pela medida, que ajudará a evitar falsificação e contrabando, além de agilizar o recolhimento de produtos em caso de falhas.
novos prazos
O prazo inicial para o modelo operar, porém, tem sido questionado por parte das indústrias farmacêuticas, distribuidoras e farmácias.
Diante do impasse, a Anvisa pretende apresentar uma nova proposta para ser colocada em consulta pública. O tema será discutido em reunião da diretoria colegiada nesta quarta-feira (1º).
A nova proposta em estudo prevê três etapas. Na primeira delas, empresas teriam um ano para apresentar três lotes-piloto de medicamentos rastreáveis para testes.
Em seguida, a Anvisa teria oito meses para avaliação do processo e correção de impasses. Caberá também à agência reguladora criar um banco de dados para centralizar as informações e impedir o compartilhamento de dados.
Na terceira etapa, o setor teria três anos para a implementação do sistema.
Os prazos passam a valer assim que a regulamentação da Anvisa for aprovada –daí a estimativa que, se isso ocorrer ainda neste ano, o sistema pode ficar apenas para 2021. A proposta é semelhante a um projeto de lei do Senado, de 2015, e que hoje tramita na Câmara.
Essa não é a primeira vez que o sistema de rastreabilidade dos remédios é adiado. Inicialmente, a previsão era que fosse implementado três anos após a lei, mas o processo foi suspenso.
Em 2013, a agência editou uma nova resolução que definia que o sistema passaria por testes em 2015 e começaria a funcionar em 2016.
Após pressão do setor, a primeira etapa acabou suspensa. O prazo final, no entanto, ainda era mantido.
"Submeter isso a consulta pública é postergar um debate que já ocorre há sete anos. É absurdo continuar adiando", afirma o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto.
Já para Nelson Mussolini, do Sindusfarma, sindicato que reúne as principais empresas farmacêuticas do país, o prazo inicial era muito curto diante dos custos para adequação das empresas. "Os investimentos não são pequenos. A indústria quer fazer a rastreabilidade, mas queremos fazer da forma certa", afirma. A Anvisa não comentou os novos prazos
2 mil indianos são contaminados com HIV após transfusão
Reprodução Transfusão de sangue: o acesso a sangue não contaminado, especialmente nas zonas rurais, é limitado na Índia por conta da insuficiência dos aparelhos de detecção
da Afp
Mais de 2.000 indianos contraíram o vírus da Aids (HIV) 17 meses depois de uma transfusão sanguínea, revelaram dados da Agência Nacional de Controle da Aids (Naco).
Como resposta a uma demanda apresentada pelo ativista Chetan Kothari, o organismo informou que 2.234 pessoas foram infectadas pelo vírus entre outubro de 2014 e março de 2016.
Os números, que a AFP consultou nesta quarta-feira, foram revelados no mês passado a Kothari, após uma solicitação por este período em particular.
"Queria saber o que o governo estava fazendo para garantir que as pessoas têm acesso a sangue não contaminado", disse à AFP.
"Os dados mostram que o sangue não foi submetido a uma detecção de HIV, apesar dos riscos que eram conhecidos".
O acesso a sangue não contaminado, especialmente nas zonas rurais, é limitado na Índia por conta da insuficiência dos aparelhos de detecção, como admite a NACO em seu site.
O norte de Uttar Pradesh, estado de maior população da Índia, lidera a lista com 361 pacientes contaminados, seguido pelos estados da região oeste, Gujarat e Maharshtra, com 292 e 276, respectivamente.
Em Nova Délhi foram registrados 264 casos.
De acordo com as estatísticas oficiais, 2,5 milhões de indianos são portadores do HIV, em uma população de 1,25 bilhão de pessoas.
Um diretor da NACO afirmou que os dados não são "científicos", pois estão baseados nas respostas dos pacientes e refletem menos de 1% dos casos de HIV.
"Há ocasiões em que os pacientes não declaram a razão exata ou o meio de transmissão por causa da pressão social, a falta de consciência e inclusive por ignorância", disse a fonte, segundo o jornal Times of India.
"Desta maneira, os dados não podem ser considerados 100% precisos", completou.
Em seu site, a NACO, vinculada ao ministério da Saúde, afirma que o governo trabalha para melhorar a análise do sangue e as tecnologias para prevenir qualquer transmissão da Aids.
A lei indiana prevê que os hospitais devem examinar os doadores e seu sangue para evitar qualquer tipo de infecção, como Aids, malária e o vírus da hepatite B e C.
1.489 casos de microcefalia no país , são confirmados pelo Ministério da Saúde
Desde o início das
investigações, em outubro de 2015, foram notificados 7.723 casos suspeitos,
sendo que 3.072 foram descartados e 3.162 permanecem em investigação
O novo informe epidemiológico
divulgado, nesta quarta-feira (1º), pelo Ministério da Saúde confirma 1.489
casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de
infecção congênita em todo o país. O novo boletim é referente à semana
epidemiológico nº 20, que corresponde até o dia 28 de maio. O Informe reúne
informações encaminhadas semanalmente pelas secretarias estaduais de saúde.
No total, foram notificados
7.723 casos suspeitos desde o início das investigações, em outubro de 2015,
sendo que 3.162 permanecem em investigação. Outros 3.072 foram descartados por
apresentarem exames normais, ou por apresentarem microcefalia e ou malformações
confirmadas por causa não infecciosas ou não se enquadrarem na definição de
caso.
Os 1.489 casos confirmados em
todo o Brasil ocorreram em 539 municípios, localizados em 25 unidades da
federação. Desses casos, 223 tiveram confirmação por critério laboratorial
específico para o vírus Zika. O Ministério da Saúde, no entanto, ressalta que
esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos
relacionados ao vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior
parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.
Em relação aos óbitos, no
mesmo período, foram registrados 294 óbitos suspeitos de microcefalia e/ou
alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação
(abortamento ou natimorto) no país. Destes, 63 foram confirmados para
microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central. Outros 192 continuam em
investigação e 39 foram descartados.
O Ministério da Saúde ressalta
que está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do
sistema nervoso central, informados pelos estados, e a possível relação com o
vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa,
diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros
Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.
A pasta orienta as gestantes
adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a
eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter
portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e
utilizar repelentes permitidos para gestantes.
Distribuição dos casos
notificados de microcefalia por UF, até 28 de maio de 2016
Regiões e Unidades Federadas |
Casos
de Microcefalia e/ou malformações, sugestivos de infecção congênita
|
Total
acumulado1 de casos notificados de 2015 a 2016
|
||
Em
investigação
|
Confirmados
2,3
|
Descartados4
|
||
Brasil
|
3.162
|
1.489
|
3.072
|
7.723
|
Alagoas
|
63
|
72
|
165
|
300
|
Bahia
|
647
|
249
|
211
|
1.107
|
Ceará
|
186
|
110
|
194
|
490
|
Maranhão
|
80
|
126
|
55
|
261
|
Paraíba
|
311
|
129
|
442
|
882
|
Pernambuco
|
491
|
358
|
1.133
|
1.982
|
Piauí
|
11
|
85
|
71
|
167
|
Rio
Grande do Norte
|
253
|
113
|
62
|
428
|
Sergipe
|
114
|
77
|
43
|
234
|
Região
Nordeste
|
2.156
|
1.319
|
2.376
|
5.851
|
Espírito
Santo
|
88
|
12
|
49
|
149
|
Minas
Gerais
|
54
|
3
|
55
|
112
|
Rio
de Janeiro
|
275
|
64
|
116
|
455
|
São
Paulo
|
198a
|
8b
|
123
|
329
|
Região
Sudeste
|
615
|
87
|
343
|
1.045
|
Acre
|
21
|
0
|
17
|
38
|
Amapá
|
2
|
8
|
1
|
11
|
Amazonas
|
11
|
4
|
5
|
20
|
Pará
|
29
|
1
|
0
|
30
|
Rondônia
|
4
|
4
|
7
|
15
|
Roraima
|
9
|
8
|
7
|
24
|
Tocantins
|
93
|
11
|
33
|
137
|
Região
Norte
|
169
|
36
|
70
|
275
|
Distrito
Federal
|
4
|
5
|
35
|
44
|
Goiás
|
63
|
14
|
59
|
136
|
Mato
Grosso
|
118
|
16
|
93
|
227
|
Mato
Grosso do Sul
|
2
|
2
|
14
|
18
|
Região
Centro-Oeste
|
187
|
37
|
201
|
425
|
Paraná
|
6
|
4
|
27
|
37
|
Santa
Catarina
|
1
|
1
|
5
|
7
|
Rio
Grande do Sul
|
28
|
5
|
50
|
83
|
Região
Sul
|
35
|
10
|
82
|
127
|
Fonte: Secretarias
de Saúde dos Estados e Distrito Federal (dados atualizados até 28/05/2016).
1. Número cumulativo de casos
notificados que preenchiam a definição de caso operacional anterior (33 cm),
além das definições adotadas no Protocolo de Vigilância (a partir de
09/12/2015) que definiu o Perímetro Cefálico de 32 cm para recém-nascidos com
37 ou mais semanas de gestação e demais definições do protocolo.
2. Apresentam alterações
típicas: indicativas de infecção congênita, como calcificações intracranianas,
dilatação dos ventrículos cerebrais ou alterações de fossa posterior entre
outros sinais clínicos observados por qualquer método de imagem ou
identificação do vírus Zika em testes laboratoriais.
3. Foram confirmados 223 casos
por critério laboratorial específico para vírus Zika (técnica de PCR e
sorologia).
4. Descartados por apresentar
exames normais, por apresentar microcefalia e/ou malformações congênitas
confirmada por causas não infecciosas ou por não se enquadrar nas definições de
casos.
a) Conforme informado pelo Centro de
Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da Secretaria de Estado de
Saúde de São Paulo 198 casos se encontram em investigação para infecção
congênita. Desses, 39 são possivelmente associados com a infecção pelo vírus
Zika, porém ainda não foram finalizadas as investigações.
b) 01 caso confirmado de microcefalia por
Vírus Zika em recém-nascido com local provável de infecção em outra UF.
Da Agência Saúde