Essa é a conclusão de um
estudo encomendado pela ANDEF e apresentado no Fórum Inovação para
Sustentabilidade na Agricultura
Atualmente, uma lista com 36
defensivos aguarda análise para obtenção de registro no Brasil. No entanto, 28
deles já têm registros em países como EUA, Japão, Canadá, Austrália e
Argentina. Isso porque o processo de avaliação e registro, que nesses países
costuma levar cerca de dois anos, no Brasil dura de 8 a 10 anos. Essa realidade
motivou o estudo “Defensivo: uma visão sobre inovação tecnológica e os impactos
na Economia”, realizado pela MBAgro a pedido da Associação Nacional de Defesa
Vegetal – ANDEF e apresentado no Fórum Inovação para Sustentabilidade na
Agricultura.
Durante o evento, ocorrido na
cidade de São Paulo, na última quinta-feira (14/06), o engenheiro agrônomo e
doutor em Economia Aplicada, Alexandre Mendonça de Barros, responsável pelo
estudo sobre defensivos e impactos econômicos, apresentou dados que mostram as
perdas financeiras decorrentes da morosidade na aprovação de tecnologias
agrícolas no Brasil. Uma simulação considerando ganhos relativamente pequenos
pelo uso de novos produtos para o controle de pragas, que permitiriam às
plantas atingir um potencial maior de produtividade da ordem de 5% a 10%,
mostra que as perdas para a economia nacional vão de 12 a 25 bilhões de reais.
Além desta queda no Produto Interno Bruto Agrícola, o Governo deixa de
arrecadar de 5 a 10 bilhões de reais e não são gerados entre 760 mil e 1,5
milhão postos de trabalho. A análise considera as principais culturas do
agronegócio brasileiro: algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, milho e soja.
“Quando falamos que é preciso
um programa de agricultura, estamos falando de um programa do País, pois a
continuidade da expansão agrícola brasileira, que tem sido fundamental para o
nosso desenvolvimento econômico, dependerá da incorporação da tecnologia. Não
dá para esperar oito anos para usar uma molécula nova que nossos concorrentes
já estão usando. Nós precisamos de um arranjo institucional que seja compatível
com a dimensão e posição estratégica que queremos no sistema de produção de
alimentos do mundo”, destacou Mendonça de Barros.
O Fórum contou também com a
participação do engenheiro agrônomo e doutor em Produção Vegetal, Edivaldo
Domingues Velini, da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, que abordou a
importância das inovações radicais e incrementais no cenário agropecuário
brasileiro. Durante a apresentação, o professor destacou dados da produção de
grãos no Brasil, mostrando que até 2006 a produção havia se estabilizado em 120
milhões de toneladas e, a partir de 2007, apresentou crescimento contínuo,
superando 200 milhões de toneladas. O avanço registrado é explicado,
principalmente, pela incorporação de inovações na agricultura, com destaque para
as fundamentadas na biotecnologia que sofreram avanços por conta de uma
modernização realizada em sua legislação. Nesse contexto, Velini defendeu a
modernização da legislação, que está em vigor há quase 30 anos, e a
incorporação da análise de riscos ao processo decisório. “A lei em vigor é
anterior à nanotecnologia, à revolução biotecnológica e à agricultura digital;
o Brasil precisa atualizar sua constituição buscando a convergência regulatória
e maior agilidade nas avaliações de registros”, defende. Em relação ao tempo
que leva para novos produtos serem avaliados no País, Velini destaca novamente
os benefícios das pesquisas recentes. “Os produtos que atualmente estão na fila
aguardando liberação são, em média, cerca de 30% mais favoráveis ao meio ambiente
e a saúde do que os que estão em uso”, complementa o docente.
O evento teve ainda
participação da deputada Tereza Cristina, presidente da Frente Parlamentar da
Agropecuária, que defendeu a importância da desburocratização da legislação
brasileira. Tereza destacou os avanços da agricultura brasileira e o
crescimento em produtividade alcançados nos últimos anos, sem a necessidade de
aumento em área plantada e comentar sobre a atual discussão em torno da
legislação dos defensivos agrícolas, frisando que as mudanças propostas têm o
objetivo de modernizar leis de quase 30 anos. Para a deputada, o poder
legislativo tem papel fundamental na agricultura brasileira. “Utilizamos apenas
9% do nosso território para plantar, gerar emprego e renda para o País. Buscar
inovação e segurança para nossa agricultura é o dever do legislador; além
disso, é importante que o debate seja científico e tratado sem paixão e com
embasamento técnico. O Brasil precisa assumir que é agropecuário e deve abraçar
a oportunidade que está aí para geração de riqueza, renda e qualidade de vida”,
afirmou a representante.
Assista a entrevista do Portal
Agrolink na íntegra: