O
período de maior transmissão da febre amarela é de dezembro a março. Regiões
metropolitanas do RJ, MG e SP estão entre as áreas sob risco de infecção
A
população que mora em áreas recomendadas para a vacina da febre amarela deve
buscar a vacinação antes do início do verão, período de maior risco de
transmissão da doença. O alerta do Ministério da Saúde se dá porque áreas
recém-afetadas e com grande contingente populacional, como as regiões
metropolitanas do Rio de Janeiro, Minas Gerias e São Paulo, ainda possuem um
quantitativo elevado de pessoas não vacinadas, ou seja, que estão sob risco de
adoecer. A doença tem alta letalidade, em torno de 40%, o que torna a situação
mais grave.
Itens
relacionados
Desde
o surto registrado em dezembro de 2017, a vacinação para febre amarela foi
ampliada para 4.469 municípios. Isso se deu, a partir da inclusão de 940
cidades localizadas principalmente nas proximidades das capitais e áreas
metropolitanas das regiões Sudeste e Sul do Brasil, onde houve evidência da
circulação viral. A cobertura vacinal deve ser de, no mínimo, 95% da população.
“Precisamos
garantir que, principalmente nos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo,
onde aconteceram muitos casos nos dois últimos anos, haja uma vacinação
preventiva antecipando ao período de verão, quando tradicionalmente há uma
maior circulação do vírus”, explica Carla Domingues, coordenadora do Programa
Nacional de Imunizações.
A
vacina contra febre amarela é ofertada no Calendário Nacional de Vacinação e
distribuída mensalmente aos estados. Neste ano já foram enviados, para todo o
país, 30 milhões de doses da vacina de febre amarela. Apesar dessa
disponibilidade, há uma baixa procura da população pela vacinação. As pessoas
devem tomar a dose pelo menos 10 dias antes do deslocamento para as áreas
recomendadas.
“A
necessidade dessa vacinação preventiva é fundamental na febre amarela porque se
a maioria da população dessas áreas recomendadas estiver vacinada, quando
houver o pico da doença em dezembro, a necessidade será apenas de um bloqueio
vacinal e não veremos correria e enormes filas em busca da vacina”, afirma
Carla Domingues.
O
público-alvo para vacinação são pessoas a partir de nove meses de idade, que
não tenham comprovação de vacinação. “Convocamos a todos da faixa etária das
áreas recomendadas a buscarem as salas de vacinação. Não adianta vacinar um
grupo e outro não, já que a febre amarela é uma doença transmitida por um
mosquito infectado e ele pode picar qualquer pessoa. Não devemos esperar pelo
aparecimento da doença”, enfatiza Carla Domingues.
Desde
abril de 2017, o Brasil adota o esquema de dose única da vacina, conforme
recomendação da Organização Mundial de Saúde, respaldada em estudos que asseguram
que uma dose é suficiente para a proteção por toda a vida.
NÚMEROS
FEBRE AMARELA
Segundo
o novo boletim epidemiológico, de 1º de julho a 8 de novembro deste ano, foram
notificados 271 casos humanos suspeitos de febre amarela, dos quais 150 foram
descartados, 120 permanecem em investigação e 1 foi confirmado. Também neste
período, foram notificadas 1.079 epizootias em primatas não humanos. O novo
período de monitoramento é de 1º de julho de 2018 a 30 de junho de 2019. Os
dados evidenciam a manutenção da circulação viral no período de baixa
ocorrência (junho a setembro), quando as baixas temperaturas e pluviosidade
geralmente implicam em condições menos favoráveis à transmissão.
O
boletim ainda traz a confirmação do primeiro óbito por febre amarela no segundo
semestre deste ano. O caso foi registrado em São Paulo, com local provável de
infecção no município de Caraguatatuba, onde casos em macacos (epizootias)
haviam sido detectados meses antes da ocorrência do caso. Neste novo período de
monitoramento também foram registradas epizootias em macacos nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso, onde ações de vigilância
estão em curso.
Diante
disso, o Ministério da Saúde alerta a rede de serviços de saúde de vigilância
epidemiológica e ambiental para antecipar a resposta e prevenir a ocorrência da
doença em humanos. Entre as orientações para a intensificação da vigilância,
estão: avaliar as coberturas vacinais nos municípios da Área com recomendação
de Vacina (ACRV) e vacinar pessoas a partir de 9 meses de idade antes do
período sazonal da doença; orientar viajantes com destino à ACRV sobre a
importância da vacinação preventiva (pelo menos 10 dias antes da viagem),
sobretudo aqueles que pretendem realizar atividades em áreas silvestres ou
rurais; sensibilizar instituições e profissionais dos setores de saúde e extra
saúde (meio ambiente, agricultura/pecuária, entre outros) sobre a importância
da notificação e investigação da morte em macacos.
No
período de monitoramento anterior (de 1º de julho de 2017 a 30 de junho de
2018), foram confirmados 1.376 casos de febre amarela no país e 483 óbitos. Ao
todo, foram notificados, neste período, 7.518 casos suspeitos, sendo que 5.364
foram descartados e 778 continuam em investigação. Desde o início do ano (de 1º
de janeiro a 8 de novembro), foram confirmados 1.311 casos de febre amarela no
país e 450 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram notificados 795 casos
e 262 mortes.
Da Agência Saúde, Nivaldo Coelho