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domingo, 10 de agosto de 2014

Análise de Mídia - REVISTAS

A percepção negativa atrelada aos indicadores econômicos revelados pelos jornais diários nesta semana contamina de forma decisiva o noticiário das revistas. Agenda de interesse da indústria acentua o tom pessimista e avança sobre a construção de cenários sombrios.

A queda da produção baliza uma parte da cobertura. Reflexos no mercado de trabalho e nas exportações também são abordados. O conceito de desindustrialização está presente em alguns textos, assim como a conjuntura pós-eleições.

  • CARTA CAPITAL registra como ponto de atenção que a queda da produção industrial é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo governo. Reportagem avalia que a economia não anda bem, mas não há uma “tragédia”. “As estimativas para a indústria pioraram, mas a produção automobilística, carro-chefe do setor, aumentou 8,6% em julho, após cair 21% em junho”, exemplifica.
  • Na mesma reportagem, CARTA CAPITAL explica que a queda da indústria arrasta para baixo o PIB e a balança comercial afunda puxada pela manufatura, único setor consistentemente deficitário. “O desprezo pela indústria no Brasil choca também por desconsiderar uma evidência consagrada em inúmeros trabalhos acadêmicos, empresariais e governamentais, inclusive de brasileiros, da dominância dos produtos industriais entre os mais dinâmicos no mundo”, indica a reportagem.
  • “Quase todos reconhecem entre as causas da débâcle da manufatura a valorização do real, mas não há uma soma de esforços para debelar o problema. A CNI e a Fiesp até lembram dos efeitos cambiais, mas se apegam muito mais à agenda do aumento da competitividade, da redução da carga tributária e dos gastos do Estado e da multiplicação de acordos comerciais internacionais”, afirma CARTA CAPITAL, em tom crítico.
  • CARTA CAPITAL lembra ainda o debate recente com candidatos na CNI, quando a presidente Dilma detalhou a pauta da política industrial do governo, mas não incluiu nenhuma palavra sobre câmbio e juros. “Feitas as contas, não é possível chamar de política industrial a lista de medidas específicas apresentada por Dilma”.
  • DINHEIRO DA REDAÇÃO, na ISTOÉ DINHEIRO, alerta para “sinais evidentes e preocupantes” de um processo de desindustrialização em curso no Brasil. “Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a produção industrial como um todo voltou aos níveis de 2009, período em que o mundo foi assolado pelo tsunami financeiro dos subprimes americanos”, adverte.
  • Ainda segundo DINHEIRO DA REDAÇÃO, “vários empresários começam a torcer pela definição rápida das eleições como único caminho capaz de reabilitar o ânimo geral e afastar a era de incertezas que trava investimentos, projetos e perspectivas de melhora”. Para eles, ainda falta “uma definição clara por parte dos presidenciáveis sobre como cada um deles pretende desatar o nó que sufoca hoje a produção”.
  • Como outro ponto de atenção, ISTOÉ DINHEIRO registra que o Fisco começou a sujar o nome de empresas que têm dívidas tributárias e que os empresários, irritados, já acionaram seus departamentos jurídicos e, em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), levaram a briga para a Justiça. “Protestos em cartório ganharam força em todos os níveis da Federação, nos últimos meses, e se transformaram em uma pedra no sapato da indústria, o que gerou uma reação da CNI”, situa a reportagem.
  • Também segundo ISTOÉ DINHEIRO, a CNI questiona a maneira como a nova norma foi aprovada e alerta para o risco de os protestos em cartório servirem de instrumento de pressão e de sanções políticas. De acordo com a indústria, os protestos afetam, sobretudo, as empresas de menor porte, sem acesso ao crédito. “O protesto é um meio coercitivo de cobrança, muito nefasto para o micro e pequeno empresário”, afirma Sérgio Campinho, advogado da CNI. Os especialistas ouvidos por ISTOÉ DINHEIRO divergem sobre as chances de vitória da indústria no processo contra a lei.
  • Em entrevista à ISTOÉ DINHEIRO, José Márcio Camargo, economista da Opus Investimentos e professor da PUC-RJ, adverte que muitas pessoas pararam de procurar empregos formais e passaram a viver de bico, pois o alto custo dos serviços e o tempo perdido no transporte não compensam a carteira de trabalho assinada.
  • Conforme a tese defendida pela revista, a consequência é uma economia em estado letárgico. Pela décima semana consecutiva, o Boletim Focus do Banco Central reduziu as projeções de crescimento para este ano. Na última semana de maio, a expectativa era de um PIB de 1,6%, que caiu para 0,86%.
  • “A economia cresceu 7,5% em 2010. Mas cresceu e simplesmente esgotou toda a sua capacidade ociosa. A taxa de desemprego caiu para menos de 5% da força de trabalho, a indústria ficou com ociosidade zero e, a partir daí, era preciso aumentar a produtividade da economia para que ela se tornasse competitiva, num momento em que os preços das commodities estavam caindo. Estava claro que ia haver problemas de competitividade, mas o governo não fez nada”, afirma Márcio Camargo.
  • Em reportagem sobre o mercado de trabalho, ISTOÉ aponta para uma tendência cada vez mais presente nas empresas brasileiras: companhias de todos os portes reduzem o horário de trabalho dos empregados e recebem em troca o aumento da produtividade e melhores resultados para os balanços.
  • O ex-ministro Antonio Delfim Netto, em sua coluna na CARTA CAPITAL, aponta que há uma clara diferença de comportamento de “duas economias” no Brasil, separadas, “de um lado, pela bem-vinda política social inclusiva ajudada por um "bônus" externo transitório, e, de outro, pela míope política econômica que insiste em ignorar os efeitos deletérios no longo prazo da valorização da taxa de câmbio”.
  • Conforme Delfim Netto, “quando a autoridade monetária sugere cautela antes de apressar-se a aumentar a taxa de juro real, mas demonstra disposição de fazê-lo se necessário, ela está mais afinada com o mundo real do que seus críticos”.
  • Entre as abordagens relacionadas ao mercado e seus movimentos sobre o setor fabril, DINHEIRO NA SEMANA, na ISTOÉ DINHEIRO, ressalta que o setor automobilístico brasileiro não consegue avançar em 2014. “Em julho, a produção de veículos foi a menor desde 2006. As razões são a crise na Argentina, o nosso maior comprador, e o desaquecimento das vendas no mercado interno, que absorve 85% do que é produzido pelas montadoras. Com isso, o País foi ultrapassado pela Alemanha no ranking dos maiores mercados globais e agora ocupa o quinto lugar. Para completar, o México consolidou sua posição como maior produtor de carros da América Latina. Os mexicanos exportam mais de 80% dos veículos montados em suas fábricas, principalmente para os EUA e Canadá”.
  • FELIPE PATURY, em sua coluna na revista ÉPOCA, registra: “Roupas nacionais passarão a ter etiquetas idênticas às das vendidas nos Estados Unidos. As informações sobre composição de tecidos e forma de limpeza seguirão o padrão americano. Objetivo: facilitar as exportações brasileiras. As normas serão definidas por um acordo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil com o governo americano”.
  • Parte das revistas também destaca o debate eleitoral sob a ótica da indústria. No centro de algumas discussões estão a política econômica e a estratégia de comércio exterior. 
  • ÉPOCA registra que é Aécio Neves (PSDB), e não Dilma Rousseff (PT), quem lidera as arrecadações de empresários até o momento. Ele já amealhou R$ 11 milhões, contra R$ 10,1 milhões de Dilma, num cenário em que Dilma lidera os levantamentos, com 38% contra 23% das intenções de voto, segundo o Ibope.
  • Reportagem explica que, examinando os números, vê-se que o ritmo de arrecadação de Dilma não mudou muito na comparação entre 2010 e 2014. “A diferença está na oposição. O empresariado parece empolgado com a candidatura tucana como há muito tempo não estava”, assinala a revista.
  • No mesmo texto, ÉPOCA lista três motivos para esse novo cenário: o candidato Aécio, que tem excelente trânsito em diversos setores empresariais; o desejo de mudança na condução da política econômica do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e o entusiasmo com o possível retorno do ex- presidente do Banco Central Armínio Fraga ao comando da economia. 
  • Em entrevista à revista CARTA CAPITAL, Fernando Pimentel, candidato a governador de Minas Gerais pelo PT, compara a gestão tucana com a petista. Segundo ele, o Brasil melhorou nos governos do PT. “Esse clima do País, de alguma forma, foi apropriado pelo governo do estado. Na ausência de uma mídia mais crítica e com uma máquina publicitária muito bem organizada e bem administrada pelos governos tucanos aqui, esse sentimento de bem-estar foi apropriado”, afirma.
  • BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, informa: “O marqueteiro Duda Mendonça tem grande influência na resistência de Paulo Skaf em abrir seu palanque para Dilma. Como as últimas pesquisas mostraram a presidenta estagnada, Duda prefere esperar mais um pouco. A orientação pode mudar se a petista voltar a subir nas consultas”.
  • BRASIL CONFIDENCIAL: “Enquanto as confederações nacionais da indústria (CNI) e da Agricultura (CNA) ganham o noticiário com as sabatinas dos presidenciáveis, a do Comércio (CNC) parece alheia ao debate. Seus dirigentes estão mais preocupados com o processo eleitoral interno da entidade”.
  • Em VEJA, breve reportagem aborda a complexa discussão em torno da retomada da Rodada Doha de abertura do comércio internacional, emperrada desde 2009. Texto responsabiliza a Índia por mais um travamento nas negociações. “O primeiro-ministro indiano Narendra Modi, recém-eleito, negou-se a assinar o documento dentro do prazo estabelecido. Pelas regras da OMC, todas as decisões precisam ser tomadas em consenso”.

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