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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Análise Especial - GUIDO MANTEGA

Ao VALOR ECONÔMICO, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, renova boa parte do discurso otimista do governo em relação à conjuntura e afirma que o segundo semestre já dá sinais de retomada do crescimento.

Para Mantega, 2015 trará também o aquecimento da indústria.

A entrevista exclusiva com o ministro é manchete do VALOR, que explora não só o discurso econômico encampado por ele, mas também seus reflexos políticos.

No texto de abertura, jornal especializado destaca, por exemplo, que Mantega recomenda para o próximo ano uma política fiscal mais apertada e uma monetária mais flexível, caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita.

Entre os temas abordados, destacam-se:

Reajuste dos combustíveis - "Não se pode automatizar porque não pode dar previsibilidade de aumento de preços. Isso influi no mercado. Nenhum governo fez isso. Agora, não tem um ano sem aumento".

Inflação - "O governo não brinca em serviço com inflação, mesmo num ano eleitoral. Agora que a inflação chegou em um ponto satisfatório...

Política fiscal em 2015 -"Estamos saindo da política anticíclica e passando para a normalização (...) No próximo ano não precisará ser assim. Basta uma política fiscal mais restritiva e uma política monetária mais expansiva. É claro que isso é uma decisão do Banco Central, é bom deixar claro. Mas o que eu estou dizendo é que as condições estabelecem isso".

Contas públicas - "As nossas contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer que há uma desorganização fiscal é um absurdo".

Indústria - "Um dos setores que está com mais dificuldades hoje é a indústria porque falta de mercado. O mercado interno não cresceu por causa da falta de crédito e o mercado externo também não está crescendo (...) A indústria levou um tombo em junho e em julho já voltou. Agora (com as medidas recentes) vai ter mais crédito, as vendas vão aumentar (...) Nós estamos fazendo um grande esforço. O problema é que o investimento tem muito a ver com a indústria (...) O consumidor estava com uma atitude mais prudente em relação ao crédito, talvez por causa da inflação. Agora vê a inflação sob controle e que pode voltar a comprar a crédito. A confiança da indústria vem depois. Essa questão de confiança é uma questão geral.

Recessão - "A economia é um conjunto de dados. Se você me disser que a economia está em crise com pleno emprego, é uma contradição. A economia está em crise com a bolsa subindo há vários meses consecutivos? A economia está em crise com grande fluxo de investimento externo direto? Bom, que raio de crise é essa? Ela poderia estar crescendo mais, mas isso não é tudo. É preciso olhar o conjunto da situação. Um dos pilares da economia é a demanda. Esse pilar está resguardado. A inadimplência foi saneada. A indústria automobilística está íntegra".

Crise na Petrobras - "A Graça Foster é uma excelente executiva, uma excelente presidente da Petrobras. A conduta dela sempre foi irreprovável. Em todas as empresas você pode ter um mal feito, não é? Em uma empresa desse tamanho não é diferente".

TJLP - "A TJLP não pode ser tratada que nem sanfona. A Selic é uma taxa de curto prazo e tem que ter flexibilidade por causa da política monetária. A TJLP é taxa de juros de longo prazo. Se você tratar a TJLP como uma taxa de curto prazo, você está perdido, porque aí o longo prazo ficará turbulento. Se a Selic ficar muito tempo num patamar elevado, aí sim teremos que ajustar a TJLP, como já fizemos em outras ocasiões".

Cenário eleitoral - "O meu trabalho é tentar deixar a economia fora da questão política. É trabalhar a economia de forma a deixá-la fora das interferências políticas, porque não é bom para a economia. A economia tem que seguir o seu curso e ter mais estabilidade que a política. O cenário político se move, mas a economia tem que ser estável".

Permanência no governo -"Não posso olhar também para um segundo mandato. Eu tenho que olhar para o presente e até o final deste mandato. A minha missão é conduzir a economia da melhor forma possível até o fim do mandato".

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