Revistas semanais deste fim de semana abordam de forma bastante negativa o cenário da indústria no país. Relações comerciais do Brasil com a Argentina também ganham destaque, com análises que giram em torno da dependência do País em relação ao vizinho portenho.
Em reportagem sobre o forte crescimento econômico da Colômbia, ISTOÉ DINHEIRO assinala que, para o Brasil, o país é apenas seu 29º parceiro, com fluxo comercial de US$ 1,53 bilhão entre janeiro e maio, enquanto a Argentina ocupa a terceira colocação, com US$ 12 bilhões. "Com a prosperidade econômica dos últimos anos, combinada com um rígido controle da inflação, a Colômbia passou a ganhar relevância nos planos das empresas brasileiras", destaca a revista. Reportagem indica que a Colômbia deve se tornar a segunda maior economia da América do Sul em 2015 e que esta é a chance de o Brasil reduzir a dependência da Argentina.
Em entrevista às páginas amarelas de VEJA, o economista Roberto Giannetti da Fonseca, ex-diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), analisa que a Argentina está à beira de um novo calote na dívida externa, e que isso evidencia o quanto o Brasil se arrisca em não reduzir essa dependência.
Em outro trecho da entrevista, Giannetti da Fonseca afirma que "os melhores empregos são os industriais, que exigem uma formação profissional". Segundo ele, anualmente, o Senai forma 3,5 milhões de técnicos no país. "A questão agora é: por que investir neles se depois não haverá emprego na indústria?", indaga. "Milhares de bons empregos desapareceram. As vagas que estão em ascensão são aquelas de meio período, de baixa qualidade, sem produtividade", adverte o economista.
ISTOÉ DINHEIRO publica editorial em tom bastante negativo que trata da "apatia industrial" no Brasil. Texto registra que "O inverno rigoroso dos resultados da indústria já ameaça quase todo o parque com os efeitos danosos de uma recessão. Pelo terceiro mês consecutivo o setor cravou uma queda na produção: 0,6% em maio e acumulado de 1,6% nos cinco primeiros meses do ano. Três meses consecutivos de índices negativos correspondem, pela definição clássica da economia, a um quadro recessivo. E nada indica que os números de junho, dada a quantidade de feriados e paralisações para a Copa, serão diferentes. É um desempenho que supera os mais sombrios prognósticos até aqui".
Revista acrescenta que a resposta do governo foi insuficiente: "numa tentativa de dar fôlego extra à produção, o governo prorrogou na semana passada o desconto do IPI de carros e móveis. É pouco para a resposta que se espera no chão de fábrica. São anos consecutivos de apatia acumulada. Mesmo a compra de máquinas e bens de capital maior sinal de que novos investimentos estão a caminho ou entraram na mira - encontra-se comprometida. Empregos, exportações, comércio e serviço seguem a mesma toada, como efeito cascata, contaminando toda a cadeia. E necessário notar que o ânimo do empresariado, frustrado com a ausência de regras estáveis e de incentivos ao crescimento, pesou decisiva mente no marasmo geral. Ele não se sente motivado a arriscar. Vigora a cautela, quando não o medo de maiores prejuízos".
Em reportagem sobre a decisão do governo de manter o desconto do IPI para impulsionar as vendas de automóveis, ISTO É reforça que a medida foi tomada para "evitar demissões num momento de baixa confiança dos empresários": "A decisão complementa o pacote de bondades anunciado em junho à indústria num momento em que o governo tenta se equilibrar em meio à baixa confiança dos empresários e aos fracos resultados de sua política econômica. O índice de confiança da indústria medido pela FGV para o mês de junho foi o mais baixo dos últimos seis anos e perde para 2009 -- quando o mundo enfrentava a crise econômica".
Ainda em ISTOÉ, artigo do economista RICARDO AMORIM também aponta que a economia brasileira vai mal e a indústria está estagnada. O economista, porém, faz uma abordagem positiva das perspectivas futuras: "nesses momentos, surgem as oportunidades. Quando o pessimismo reina, a maioria se retrai, a concorrência diminui e as grandes chances aparecem. A mãe das oportunidades são os problemas. A lagarta não escolhe virar borboleta. Ela se transforma porque não tem escolha. Além disso, mesmo em uma economia que vai mal, há setores e regiões que prosperam. Doze setores e regiões que devem crescer mais do que a economia nos próximos anos". Amorm relaciona os 12 setores e regiões que devem crescer mais do que a economia nos próximos anos, como infraestrutura, energia e o comércio. "2014 será o 11º ano consecutivo em que as vendas do varejo crescerão mais do que a produção da indústria", explica.
VEJA, em reportagem sobre a preparação da presidente Dilma Rousseff para as eleições deste ano e os desafios que terá de enfrentar, afirma que "pouca gente prestou atenção, mas enquanto ocorriam os duelos entre as seleções a economia brasileira colhia mais uma leva de dados ruins. A indústria recuou pelo terceiro mês consecutivo e vislumbra a recessão no horizonte. A geração de emprego, trunfo eleitoral de Dilma, perde fôlego. Um dos desafios da presidente será convencer os brasileiros a lhe dar mais um mandato mesmo com os sinais claros de desarranjo econômico". Segundo a revista, o maior desafio de Dilma será "convencer o eleitor a apostar mais quatro anos em uma economia que apresenta um desempenho sofrível".
Já a coluna PODER, da ISTOÉ DINHEIRO, assinala: "O aumento da dívida pública brasileira não preocupa o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, já que cresceu também a parcela em poder dos investidores estrangeiros. Para ele, esse é um sinal de confiança na economia brasileira. Em 2008, os estrangeiros detinham 5,3% da dívida pública. Agora, são credores de 17%".
Em reportagem, ISTO É DINHEIRO foca no setor de construção civil. Revista registra a declaração da presidente Dilma Rousseff durante a entrega de imóveis populares, no Paranoá: "Nosso objetivo é deixar claro que é possível contratar a construção de três milhões de moradias". Segundo a reportagem, em princípio, a declaração da presidente sobre a continuidade do programa agradou aos empresários do setor de construção civil. No entanto, a falta de detalhes gera dúvidas entre as construtoras. Uma pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBCI) aponta que o Minha Casa Minha Vida é considerado importante ou muito importante por mais de 70% das empresas do setor.
Coluna RADAR, na VEJA, assinala: "Perdeu fôlego a indústria de cimento, que nos últimos anos encorpava vigorosamente, independentemente do Pibinho. Em 2012, cresceu 6,7% sobre um PIB de 0,9%. No ano passado, o crescimento foi de 2,4%. Para 2014, a projeção é desalentadora: 1,5% de alta em relação a 2013".
Como ponto de atenção, ISTOÉ registra que a Polícia Federal encontrou indícios de que o Sistema S teria sido usado para abastecer o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro investigado pela Operação Ararath em Mato Grosso. Segundo a reportagem, em 2011, o Sesc Nacional comprou do empresário Rodolfo Aurélio Campos uma fazenda de 5 mil hectares, na região de Barra do Ribeiro Triste. Pagou pelo imóvel R$ 20 milhões, pelo menos dez vezes mais que o valor de mercado. A compra suspeita foi autorizada pelo então presidente do Sesc Nacional, Antônio José Domingues de Oliveira Santos. Mas quem assinou o contrato, como representante da entidade, foi o presidente da Fecomércio-MT, Pedro Jamil Nadaf. Tanto Nadaf como Silval e Rodolfo Campos são investigados na Operação Ararath.
A operação Lava Jato volta às páginas da revista ÉPOCA, com reportagem sobre o único empresário cujo contrato com a Petrobras, considerado suspeito pela Polícia Federal, foi cancelado: o engenheiro carioca Vladimir Magalhães, dono da Ecoglobal. Ele também foi o único que não fugiu nem se escondeu, de acordo com a revista. "Naqueles dias de abril, em que se descobriam evidências fortes de envolvimento de dezenas de empreiteiras e multinacionais no esquema de Paulo Roberto, o comportamento de Vladimir destoou. Ele não se escondeu. Não contratou advogados. Foi ao Jornal Nacional dizer que era honesto e nada fizera de errado. Nenhuma outra empresa ou executivo fizera algo semelhante. O comportamento da Petrobras com Vladimir também destoou. Há semanas, ela cancelou o contrato de R$ 443 milhões com a Ecoglobal, sem dar maiores explicações. Seria um exemplo de rigor diante das suspeitas da PF. Seria, não fosse um fato: a Petrobras cancelou apenas o contrato da Ecoglobal. Não cancelou os contratos das empreiteiras e gigantes do petróleo sobre as quais pesam evidências mais fortes de corrupção."
Em artigo sobre agricultura sustentável, ANTONIO DELFIM NETTO assinala na CARTA CAPITAL o setor agrícola brasileiro produziu este ano 193 milhões e 600 mil toneladas de grãos e que, apesar das dificuldades climáticas, a produção de grãos entre as safras 2011/2012 e 2013/2014 cresceu à taxa de 9% ao ano. Para ele, novas técnicas que integram lavoura, pecuária e floresta produzirão "uma revolução na estrutura agrícola do País".
No mesmo artigo, DELFIM NETTO opina: "O desenvolvimento da nossa agricultura é um exemplo claro de que, quando os governos reduzem a sua intervenção no sistema de preços e apoiam o setor privado com bons programas de pesquisa, como os da Embrapa, e com bons programas de crédito e assistência técnica eficiente, como nos últimos Planos de Safra, os produtores respondem aos estímulos, ao contrário do que acreditam alguns altruístas amadores que infestam a burocracia agrária que atrapalha a administração em várias partes do Brasil".
Reportagem da CARTA CAPITAL registra que a biblioteca da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) recebeu um acervo de 300 mil itens de Delfim Netto, reunidos durante 70 anos.
Em tom de curiosidade, CARTA CAPITAL relaciona verbetes que sintetizam os conceitos de economia e de finanças que contêm significados políticos invisíveis no material informativo difundido pela mídia. Conforme a reportagem, o renomado economista heterodoxo e ex-profissional do setor financeiro Michael Hudson considera muitas das definições e dos conceitos econômicos difundidos na comunicação de massa simplesmente como eufemismos. Do seu dicionário crítico de economia, reportagem explica verbetes como evasão de divisas, falência, inflação, juro, entre outros.
Entre as abordagens sobre as eleições, revistas destacam a candidatura e as alianças de Paulo Skaf (PMDB), presidente da Fiesp, na disputa ao governo paulista.
CARTA CAPITAL assinala que as alianças eleitorais firmadas nesta semana criam dúvidas sobre a força da campanha do petista Alexandre Padilha e assustam os tucanos envolvidos na campanha à reeleição de Geraldo Alckmin. Reportagem destaca debandada do Partido Progressista, de Paulo Maluf, para a campanha de Paulo Skaf, do PMDB.
De volta à VEJA, coluna RADAR registra: "Paulo Skaf subiu do traço para os 20% nas pesquisas martelando o discurso do 'novo'. Agora que tem ao seu lado Gilberto Kassab, Paulo Maluf e, em certa medida, Dilma Rousseff, que publicamente elogia sua candidatura, Skaf enfrenta o desafio de manter o discurso apesar dessa nova realidade. Na campanha, fugirá, por exemplo, de qualquer evento junto a Maluf – apertos de mão, nem pensar. Na TV, vai-se tentar o malabarismo de ligá-lo pouco a Kassab. Além disso, Skaf deixará claro que o PT está de um lado e ele de outro".