De fevereiro até 2 de abril
deste ano, foram notificados 91,3 mil dos casos da doença no Brasil. Também
foram apresentados novos dados de dengue e chikungunya
O primeiro boletim
epidemiológico com dados registrados do vírus Zika aponta 91.387 casos prováveis
da doença em todos os estados brasileiros, até o dia 2 de abril. A taxa de
incidência, que considera a proporção de casos, é de 44,7 casos para cada 100
mil habitantes. A transmissão autóctone do vírus no país foi confirmada a
partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de
Camaçari (BA). O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos
de Zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham
preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao
Ministério da Saúde. Antes disso, o monitoramento do vírus Zika era realizado
por meio de vigilância sentinela.
A região Sudeste teve 35.505
casos prováveis da doença, seguida das regiões Nordeste (30.286); Centro-Oeste
(17.504); Norte (6.295) e Sul (1.797). Considerando a proporção de casos por
habitantes, a região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 113,4
casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (53,5); Sudeste (41,4); Norte
(36,0); Sul (6,1).
GESTANTES – Até o dia 2 de
abril, foram registrados 7.584 gestantes com casos suspeitos da doença, sendo
que 2.844 casos foram confirmados. Cabe esclarecer que, apesar de estar
confirmada a relação do vírus Zika com os casos de microcefalia, não significa
que toda mulher infectada pelo vírus durante a gravidez dará à luz um bebê com
microcefalia.
“Ainda não é possível se ter
ideia da proporção de gestantes, infectadas pelo vírus Zika, que terão bebês com microcefalia. Até o momento, o
maior número desses casos foi em mulheres que tiveram a doença no primeiro
trimestre de gestação.”, explicou o Diretor de Vigilância das Doenças
Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, em entrevista
realizada nesta terça-feira (26), no Ministério da Saúde Segundo ele, o mais
importante é realização adequada e o acompanhamento do pré-natal para
identificar se o bebê irá ou não nascer com algum tipo de malformação.
O Ministério da Saúde orienta
às gestantes que adotem medidas para reduzir a presença do mosquito Aedes
aegypti, com a eliminação de criadouros, e proteção contra a exposição de
mosquitos, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, uso de calça e camisa
de manga comprida, além de repelentes recomendados para grávidas.
DENGUE – O novo boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde mostra 140 morte óbitos pela doença neste
período, contra 427 em 2015. Também houve redução nos casos de dengue grave
(66%), que passou de 731 no ano passado para 244 este ano, e nos casos com
sinais de alarme (75%), que reduziu de 11.124 para 2.724.
Em 2016, até 2 de abril, foram
registrados 802.429 casos prováveis de dengue em todo o país. No mesmo período
do ano passado, foram 705.231 casos. Neste período, a região Sudeste registrou
o maior número de casos prováveis (463.807 casos; 57,8%) em relação ao total do
país, seguida das regiões Nordeste (158.235; 19,7%), Centro-Oeste (94.672;
11,8%), Sul (57.282; 7,1%) e Norte (28.433; 3,5%).
"A partir do final de
fevereiro, já começamos a observar uma redução dos casos semanais. A
expectativa é que o número continue caindo, expressando o resultado das nossas
ações, que foram intensificadas desde início do ano”, afirmou Cláudio
Maierovitch. Ele observou que a tendência é de desaceleração do número de casos
nas próximas semanas, visto que o período de maior infestação do mosquito Aedes
aegypti é na época de chuvas, entre os meses de dezembro e abril.
CHIKUNGUNYA - Até 2 de abril,
foram notificados 39.017 casos prováveis de Chikugnunya. Todos os estados do
país registraram casos suspeitos da doença. No mesmo período de 2015, foram
7.412 casos. Neste ano, foram registrados 15 óbitos pela doença, que ainda
precisam ser investigados com mais detalhadamente, para que seja possível
determinar se há outros fatores associados, como doenças prévias, comorbidades,
uso de medicamentos, entre outros. A transmissão da Febre Chikungunya foi
identificada pela primeira vez no Brasil no ano de 2014.
MOBILIZAÇÃO - O Ministério da
Saúde tem reunido esforços no combate ao Aedes aegypti, convocando o poder
público e a população. O governo federal mobilizou todos os órgãos federais
para atuar conjuntamente neste enfrentamento, além da participação dos governos
estaduais e municipais. Neste ano, diversas ações foram organizadas em parceria
com outros órgãos e entidades, como a mobilização que contou com 220 mil
militares das Forças Armadas; a mobilização nas escolas, que marcou o início do
ano letivo com instruções aos alunos de como prevenir as doenças transmitidas
pelo Aedes; além da faxina promovida pelo Governo Federal com servidores
públicos, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito
nos prédios públicos.
Além disso, estão em
funcionamento 1.094 salas municipais e 27 salas estaduais de controle, que são
coordenadas pela Sala Nacional de Coordenação e Controle (SNCC), instituída em
dezembro do ano passado pelo Governo Federal para organizar e coordenar as
estratégias de combate ao Aedes aegypti.
Nas duas primeiras semanas de
abril, terceiro ciclo da campanha contra o vetor, as equipes de combate ao
mosquito Aedes aegypti já alcançaram 8,49 milhões de imóveis brasileiros. Foram
6,9 milhões de domicílios, prédios públicos, comerciais e industriais
efetivamente vistoriados, além de 1,5 milhões de estabelecimentos que estavam
fechados ou houve a recusa para acesso. Em todo o país, as visitas aos imóveis
contam com a participação permanente de 266,2 mil agentes comunitários de saúde
e 49,2 mil agentes de controle de endemias, com apoio de aproximadamente 5 mil
militares das Forças Armadas. Juntam-se, ainda, profissionais de equipes
destacados pelos estados e municípios, como membros da Defesa Civil e do Corpo
de Bombeiros.
PREVENÇÃO - É importante
destacar que, para combater o Aedes aegypti e os possíveis criadouros, é
necessária a adoção de uma rotina com medidas simples para eliminar recipientes
que possam acumular água parada. Quinze minutos de vistoria são suficientes
para manter o ambiente limpo. Pratinhos com vasos de planta, lixeiras, baldes,
ralos, calhas, garrafas, pneus e até brinquedos podem ser os vilões e servir de
criadouros para as larvas do mosquito. Outras iniciativas de proteção
individual também podem complementar a prevenção das doenças, como o uso de
repelentes e inseticidas para o ambiente.
O Brasil tem um programa
permanente de prevenção e controle do mosquito Aedes aegypti, com ações
compartilhadas entre União, estados e municípios, durante todo o ano. Além do
desenvolvimento de ações de apoio a estados e municípios, responsáveis pela coordenação
e execução destas ações, o Ministério da Saúde realiza a aquisição de insumos
estratégicos, como inseticidas e kits de diagnósticos, para auxiliar os
gestores locais no combate ao mosquito. Os recursos federais destinados ao
combate ao mosquito Aedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015),
passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão neste ano. Para 2016, a
previsão é de um incremento de R$ 580 milhões, uma vez que o valor chegará a R$
1,87 bilhão. Além disso, foi aprovado no orçamento um adicional de R$ 500
milhões para o combate ao Aedes.
Por Camila Bogaz, da Agência
Saúde