Pesquisadores
e especialistas do Brasil e de países europeus reunidos em Brasília para
debater formas de aprimorar e facilitar o envio, remessa e transporte
internacional de amostras do patrimônio genético e melhorar a rastreabilidade
de informações genéticas presentes em moléculas e substâncias retiradas de
organismos. O workshop internacional Diálogo entre o Brasil e a União Europeia
sobre o Protocolo de Nagoya – Construindo pontes para o intercâmbio de Recursos
Genéticos teve início nesta terça (8/6) e termina na sexta-feira (10/6).
O
evento é promovido pela Fundação Oswaldo Cruz, o Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, o Ministério do Meio Ambiente e a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Todos
os integrantes da mesa de abertura destacaram a importância da parceria entre o
Brasil e outros países da comunidade europeia para transporte e fluxo de
materiais. A assessora da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de
Referência da Fiocruz, Manuela da Silva, ressaltou que é preciso unir forças
com o intuito de trabalhar os procedimentos que envolvem o fluxo de materiais
biológicos entre os países e tentar fazer com que o processo seja mais fluido,
adaptando às legislações já existentes. Manuela da Silva falou também sobre a
importante atuação da Fiocruz na área de saúde pública que inclui pesquisas e
desenvolvimento tecnológico envolvendo patrimônio genético e conhecimento
tradicional associado, além de atuar como provedora de recursos genéticos por
meio de suas 30 coleções biológicas institucionais.
O
chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manoel Cabral,
observou que é um tema extremamente importante e que é preciso construir
pontes, estabelecer protocolos, regulamentos, em alguns casos, modificar a
legislação para uma ação efetiva de coleta, caracterização e preservação dos
recursos genéticos em benefício da sociedade e da humanidade.
Os
recursos genéticos podem ser vegetais, sementes, animais bovinos, equinos,
caprinos, suínos, ovinos e microrganismos, como vírus, bactérias, fungos e
ácaros. “Para nós é de fundamental importância entender e passar a praticar
essas convenções e o que está definido no Protocolo Nagoya, ao qual esperamos
que o Brasil seja signatário em breve”, afirmou José Manoel Cabral.
O
diretor do Departamento de Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente,
Rafael Marques, explicou que as políticas públicas precisam de recursos
financeiros e a repartição de benefícios é parte essencial desse processo.
Marques lembrou que as pesquisas indicam que os países estão perdendo, todos os
anos, patrimônio genético e biodiversidade. Espécies estão desaparecendo em uma
velocidade muito maior do que a natural. Para ele, é importante que tenhamos a
priorização de construção de pontes entre o Brasil e todos os países que
quiserem ajudar a pesquisar a biodiversidade do país. Alerta que para que isso
funcione bem, é preciso respeitar todas as regras e em especial aquelas que
permitem repartir os benefícios, inclusive para financiar essas pesquisas.
O
1º conselheiro da delegação da União Europeia no Brasil, Rui Ludovino, falou
sobre a parceria que existe desde 2007, com 36 diálogos políticos em todas as
áreas: agricultura, questão sanitária, transporte, clima, meio ambiente e
direitos humanos. Ele explicou que foi identificada a necessidade de um projeto
que possibilite a implementação desses diálogos políticos com ações práticas.
“O workshop vai gerar muitos frutos, trabalhos e resultados. A cooperação
internacional nessas questões globais é essencial. A União Europeia está
comprometida com esse trabalho e continuaremos a apoiar essas ações. ”
Participaram
também da mesa abertura do workshop o representante da Coordenação-geral de
Biodiversidade e Ecossistemas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicação, Ricardo Melamed e a representante do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Giovana Veloso. O evento continua até sexta-feira (10/6),
com grupos de trabalho, palestras, painel e seminário para apresentação dos
resultados.
Fonte:
Fiocruz