Encontro reuniu representantes
de mais de 60 países. Ricardo Barros reforçou que o risco de infecção pelo Zika
é considerado mínimo durante o período dos jogos Olímpicos e Paralímpícos
O ministro da Saúde, Ricardo
Barros, se reuniu com embaixadores e representantes de mais de 60 países nesta
terça-feira (12), em Brasília, para apresentar as medidas adotadas pelo governo
brasileiro no combate ao mosquito Aedes Aegypti no contexto dos Jogos Olímpicos
e Paralímpicos. O ministrou aproveitou para reforçar que o risco de infecção
pelo vírus Zika a atletas e turistas será mínimo durante o período da
competição. Também participaram do evento ministro interino da Justiça, José
Levi; o ministro interino do Turismo, Alberto Alves; o secretário-executivo do
Ministério do Esporte, Fernando Avelino e o secretário-geral do Ministério das
Relações Exteriores, Marcos Abbott Bezerra Galvão.
Ricardo Barros explicou que a
intensificação das ações de controle e combate ao Aedes aegypti nos
últimos meses, aliada às condições climáticas dos meses de agosto e setembro,
resultam num risco muito baixo de propagação do vírus Zika. “Nesta reunião,
tivemos a oportunidade de esclarecer aos países todas as providências que foram
adotadas para os jogos. O nosso objetivo é que esses representantes recomendem
aos seus atletas, técnicos e turistas que compareçam aos Jogos Olímpicos do Rio
de Janeiro”, explicou o ministro, após o encontro.
O mês de agosto costuma ser de
baixa incidência das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Em
2015, por exemplo, foi o período com o menor número de casos de dengue em todo
o país. Esse comportamento se explica devido à sazonalidade da doença, cuja
maioria dos registros ocorre entre janeiro e maio, época de chuvas e
temperaturas mais elevadas, ideais para a proliferação das larvas do mosquito.
CONSENSO -
No mês passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, após a 3ª
reunião do Comitê de Emergência no marco do Regulamento Sanitário Internacional
(RSI) sobre Zika, que a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Brasil
não contribuirá, de forma significativa, para a disseminação do vírus Zika pelo
mundo. Para a OMS, os riscos individuais são os mesmos em todas as áreas onde há
transmissão do vírus, independente de ocorrer ou não um evento de massa.
Atualmente, o Zika está presente em 60 países.
O comunicado da OMS reafirmou
ainda as recomendações anteriores, ressaltando que não deve haver restrições
gerais sobre viagens e comércio regiões com a transmissão do vírus Zika,
incluindo as cidades do Brasil onde serão realizados os jogos.
Em relação à prevenção para
viajantes internacionais, as orientações às mulheres grávidas permanecem: a
recomendação é que elas não viajem para áreas com surto do Zika. Além disso, as
gestantes, cujos parceiros estiveram nesses locais, devem usar preservativo em
todas as relações sexuais.
INFORMAÇÕES -
Como continuidade às ações de enfrentamento ao Aedes aegypti, o
Ministério da Saúde lançou o novo portal Saúde do Viajante (www.saude.gov.br/viajante), para
auxiliar no planejamento de quem pretende acompanhar os Jogos Olímpicos no Rio
de Janeiro. Em três idiomas (português, inglês e espanhol), o portal apresenta
orientações para preparação, durante e pós-viagem, tanto para brasileiros
quanto a estrangeiros que viajam pelo Brasil ou ao exterior, e esclarece todas
as dúvidas em relação à prevenção do Zika, dengue e chikungunya. Além disso, o
portal traz informações importantes sobre vacinação, serviços de saúde e uso de
medicamentos.
CENTRO DE OPERAÇÕES -
As ocorrências de saúde envolvendo atletas, delegações e espectadores dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos serão monitoradas 24 horas por dia por centros de operações
instalados nas cidades que receberão as competições. Nesta terça-feira (12), o
Ministério da Saúde apresentou o Centro Integrado de Operações Conjuntas da
Saúde (CIOCS) que funcionará no Rio de Janeiro. Uma equipe do Ministério da
Saúde composta por 125 profissionais vai atuar, exclusivamente, na coordenação
do trabalho, realizado em parceria com os estados e municípios
envolvidos.
O Centro irá monitorar as
situações de risco, a demanda por atendimento, a vigilância epidemiológica e
sanitária, além de coordenar respostas diante de emergências em saúde pública.
As demais cidades que receberão os jogos (Brasília, São Paulo, Belo Horizonte,
Salvador e Manaus) adotarão o mesmo modelo, com a instalação de centros de
monitoramento. Este sistema é utilizado desde 2011 no país e já foi
ativado em eventos como a Copa do Mundo e Jornada Mundial da Juventude.
CASOS - Os
casos de dengue, em 2016, apresentaram queda antecipada em relação aos anos
anteriores. Historicamente, a redução no número de casos era observada a partir
do mês de junho. Levantamento do Ministério da Saúde aponta que, desde o mês de
março, o país apresenta tendência de redução, um comportamento diferente do
habitual. Os números dos casos de dengue já apresentaram redução de 99,2% no
comparativo entre fevereiro e maio deste ano.
O pico da doença também
ocorreu antes do previsto, em fevereiro, com 106.210 casos registrados na
última semana do mês. Em anos anteriores, a maior incidência de casos ocorria
nos meses de abril ou maio. Já na última semana de maio, os números caíram para
779 casos da doença em todo o país.
Nas cidades onde haverá os
jogos Olímpicos e Paralímpicos, o comportamento é semelhante ao nacional, com
pico da doença entre fevereiro, março ou abril, e queda expressiva nos meses
seguintes. O município do Rio de Janeiro, por exemplo, teve o maior registro de
casos prováveis de dengue na última semana de fevereiro, com 2.420 casos. Nas
semanas posteriores os dados caíram, chegando a 12 casos notificados na última
semana de maio, o que representa uma redução de 99,5%.
ZIKA – Os
casos de Zika continuam apresentando tendência de redução. Neste ano, o pico de
maior incidência de notificações da doença foi registrado na terceira semana de
fevereiro, com 16.059 casos. Na última semana de maio, os registros despencaram
para 12, uma queda de 99,9%.
Em relação aos números
acumulados, até o dia 28 de maio foram registrados 161.241 casos prováveis em
todos os estados brasileiros. A taxa de incidência, que considera a proporção
de casos, é de 78,5 casos para cada 100 mil habitantes.
CHIKUNGUNYA – Também
até o dia 28 de maio, foram registrados 122.762 casos prováveis de Chikugnunya.
A transmissão está presente em 24 estados e no Distrito Federal. No mesmo
período de 2015, foram 13.160 casos. Neste ano, foram registrados 17 óbitos
pela doença, que ainda precisam ser investigados com mais detalhadamente, para
que seja possível determinar se há outros fatores associados, como doenças
prévias, comorbidades, uso de medicamentos, entre outros.
Por Camila Bogaz, da
Agência Saúde