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domingo, 4 de novembro de 2018

MDIC, MINISTRO MARCOS JORGE LANÇA SEMANA NACIONAL DO CRÉDITO QUE DISPONIBILIZARÁ R$ 12 BILHÕES PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS


Mais de 500 ações estão programadas em todo o país.

Agenda pode ser acessada no hotsite www.semanadocredito.gov.br.

Recursos serão aportados por sete instituições bancárias. Empreendedores terão condições especiais para tomar empréstimos, regularizar atrasos e pagar impostos.

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, lançou hoje, no MDIC, em Brasília, a Semana Nacional do Crédito, com ações previstas durante todo o mês de novembro, em datas diferentes, em todo o país. Mais de 500 ações estão programadas e a agenda está disponível no hotsite www.semanadocredito.gov.br.

Os recursos serão aportados pelos maiores bancos públicos e privados do país:  Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Serão disponibilizados mais de R$ 12 bilhões para novos créditos, regularização de empréstimos e pagamentos de impostos.

“Houve um aumento da oferta de crédito em relação a 2017 da ordem de 33%. Foram R$ 9 bilhões no ano passado e, neste ano, estão sendo oferecidos R$ 12 bilhões, principalmente em créditos novos, além da regularização daqueles com algum tipo de pendência”, informou o ministro Marcos Jorge durante o lançamento da Semana Nacional do Crédito.

Os empreendedores terão acesso a condições especiais. Serão oferecidas taxas diferenciadas de juros e de tarifas de serviços, além de parcelamento estendido para até 120 meses nos débitos do FGTS – que, em condições normais, são divididos no máximo em até 90 meses.

O ministro Marcos Jorge destacou também as ações de estímulo ao crédito consciente. “Teremos mais de 500 eventos em todo o país organizados pelos nossos parceiros, que são os bancos, o Sebrae e a CNI. As atividades servirão para dar mais qualidade à tomada de crédito”, informou. Serão promovidos, gratuitamente, seminários, palestras, consultorias e atividades online, capacitação, rodadas de crédito, sessões de negócio, oficinas e orientações pré e pós-crédito, entre outras atividades.

Como explica o secretário Espacial da Micro e Pequena Empresa, José Ricardo da Veiga, a proposta é que as micro e pequenas empresas regularizem a sua situação junto aos bancos e possuam capital de giro para despesas de final de ano, como formação de estoques para as vendas de dezembro, pagamento de 13º salário, além de linhas para investimento.

A Semana Nacional do Crédito é coordenada pela Secretaria de Micro e Pequena Empresa do MDIC (Sempe) em parceria com os maiores bancos que atuam no Brasil, o Sebrae, a Confederação Nacional da Indústria, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e parceiros locais. 

Assessoria de Comunicação Social do MDIC



sábado, 3 de novembro de 2018

HEPATITE C - O IMBRÓGLIO DA AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS, MS REALIZOU AUDIÊNCIA PÚBLICA NO ÚLTIMO DIA 31 PARA ORGANIZAR O PROCESSO PARA FUTURO LEILÃO PRESENCIAL


No dia 31 de outubro, o Ministério da Saúde, realizou "Audiência Pública" para esclarecimentos e harmonização do futuro edital, a ser publicado dentro dos próximos 10 a 15 dias. O Edital deverá preconizar um pregão presencial para compra internacional de medicamentos, registrados e incorporados no SUS.  

Todos os fabricantes com produtos registrados e incorporados no SUS, compareceram acompanhados de seus advogados e da Equipe responsável pelo produto e pela elaboração das propostas. O MS já havia consultado, anteriormente, os fabricantes solicitando uma primeira cotação de preços (para efeitos  orçamentários), para os medicamentos que somente tratam o genótipo 1 (Harvoni® e Zepatier®) e os três que com maior ou menor eficácia podem ser utilizados em todos os genótipos (Epclusa®, Maviret® e a combinação do sofosbuvir com o daclatasvir).

Esclarecidas as perguntas que já tinham sido, previamente, formuladas pelos participantes, e, as novas questões colocadas durante a AP; algumas dúvidas permaneceram para posterior definição do MS, como: a equiparação da cadeia tributária entre o produto faturado localmente e o medicamentos importados diretamente pelo MS, a eventual possibilidade de aquisição por inexigibilidade ou por dispensa de licitação de parte da demanda, no caso de aquisição de laboratório público.
 
Outro ponto que ficou no limbo no final da “AP” foi a participação ou não da Fiocruz – Farmanguinhos com o consórcio formado com parceiros locais, objetivando a produção do sofosbuvir, com transferência de tecnologia.

No Senado Federal, no dia anterior(30) a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um projeto de decreto legislativo para derrubar a patente ao medicamento Sofosbuvir, concedida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) à farmacêutica norte-americana Gilead. O texto aprovado segue com urgência para o Plenário.

Com a concessão da patente pelo INPI, em setembro, a o laboratório oficial fica impedido de produzir o Sofosbuvir genérico, já registrado pela Anvisa (lembrando que a eventual quebra da patente só se dará se Farmanguinhos comercializar o produto).

Os Senadores Eduardo Braga e Romero Jucá, ambos do MDB,  José Serra (PSDB-SP), Raimundo Lira (PSD-PB) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) com apoio de todos os parlamentares presentes à reunião da CAE, também, aprovaram a convocação do Ministro da Indústria, Marcos Jorge, a comparecer, na próxima terça-feira (6), à comissão para dar explicações sobre a concessão da patente. O INPI é subordinado ao Ministério da Indústria, Comercio Exterior e Serviços.

A questão da patente do sofosbuvir não é uma questão local, países como Egito, Argentina e China, também, não concederam a patente à Gilead e produzem os genéricos. Vários outros países, inclusive do Mercosul e o Chile, estudam quebrar a patente do Sofosbuvir.

O próximo passo, pelo rito formal do processo para a aquisição é a publicação da ATA da Audiência Pública, com os esclarecimentos que ficaram pendentes, a definição da(s) modalidade(s) de compra, e, a questão potencial de preços diferentes para o mesmo produto em cada bloco, da planilha, apresentada na AP, atualizando o edital para o “pregão presencial”, onde por leilão aberto os produtores poderão oferecer lances até que o pregoeiro “bata o martelo”, ao chegar ao menor preço ofertado.

Após o encerramento do “Pregão Presencial” será discutido com as empresas vencedoras os termos do contrato de compra e os prazos de entrega, cujo resultado deverá ser publicado no DOU com a modalidade de aquisição para cada medicamento. As entregas dos produtos passam a ser contadas a partir da assinatura do contrato. O cronograma do rito preconizado, prevê: 10 dias para a publicação da ATA, 30 dias para consulta pública, 15 a 20 dias, se não houver judicializações, para publicar o resultado no DOU e os contratos tem levado em média 90 dias para serem assinados.

São etapas burocráticas obrigatórias, e, se tudo correr bem, e se não acontecer qualquer interferência ou impugnação jurídica, os medicamentos poderão estar chegando ao almoxarifado do Ministério da Saúde, em São Paulo, no final do primeiro trimestre de 2019.

Os Paciente, Médicos e Gestores tratam o tema com grande preocupação, já que os tratamentos são eficazes, seguros e definitivos, cientificamente comprovado que cura a doença, mas que processos burocráticos e discussões intermináveis em diferentes fóruns paralisem ou retardem o processo de acesso do paciente aos medicamentos. Tais entraves não permitiram que, até o momento, os medicamentos fossem adquiridos, mesmo tendo orçamento.

Outra preocupação despertada entre os envolvidos, foi a apresentação do MS, em um dos slides sobre o programa, que evidência da redução dos recursos para aquisição de medicamentos de hepatites para 310 Milhões de Reais e, ainda, que com este valor estarão sendo adquiridos outros medicamentos, não estratégicos, para aids e para diversas doenças sexualmente transmissíveis, o tema veio a pauta na última reunião da Comissão de Intergestores Tripartites, realizada no dia 31 de outubro.

Em tempos de transição, com dificuldades orçamentárias conhecidas, doenças passiveis de cura ficam a reboque de um perverso sistema burocrático, entrando, agora, em mais um imbróglio legal com senadores interferindo em poderes técnicos concedidos a instituições de controle e regulação, baseados em informações incompletas de custo efetividade por paciente tratado, só leva a mais e mais postergações no processo, cujo único penalizado é o paciente que impotentemente fica à mercê desses intermináveis trâmites, sem qualquer governança, aguardando para receber o tratamento, cerceado de seu direito legal de acesso aos medicamentos.   



PESQUISAS EM HIV E HEPATITE C SÃO APRESENTADAS EM SEMINÁRIO


Cooperação Brasil e EUA entre Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia, CNPq e NIH apresentam os projetos científicos e tecnológicos em saúde


O Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde participou, nos dias 30 e 31 de outubro, do seminário final de avaliação de pesquisas científicas. O evento “Cooperação Brasil e Estados Unidos - Pesquisa Científica e Tecnológica em Saúde” reuniu cientistas brasileiros que apresentaram resultados de pesquisas apoiadas na Chamada NIH/MCTI-CNPq/MS-SCTIE-DECIT-SVS-DST-Aids n° 30/2014 em IST, HIV e Hepatite C, além de outras áreas da saúde.

Durante a cerimônia de abertura, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marcos Fireman, destacou a importância de pesquisas aplicadas que possam ser utilizadas na prática pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Avaliamos sempre a aplicabilidade e viabilidade dos projetos para a saúde pública. Estamos atrás de pesquisas que melhorem a gestão em saúde e que sejam efetivamente aplicados ao SUS. Por isso investimos em institutos de pesquisa e na comunidade científica e acadêmica”, afirma.

A consultora do DIAHV Cristina Pimenta ressaltou a importância de pesquisas voltadas para o HIV e Hepatite C realizadas em conjunto com entidades nacionais e internacionais. Além disso, enfatizou o fortalecimento das redes de pesquisa no Brasil por meio da colaboração com os pesquisadores dos Institutos de Saúde Americanos (NIH), gerando evidência científica e aplicação nas áreas de assistência e prevenção em IST/HIV/Aids do SUS.

A diretora substituta do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT) do Ministério da Saúde, Wanessa Tenório, lembrou que “o evento estimula a inovação para a incorporação de novas tecnologias em saúde. O seminário serve para conhecer pesquisas que contribuem para uma significativa melhora nos sistemas de saúde e afetam diretamente nosso maior interessado: o usuário do SUS”.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)  representado por  seu diretor Fábio Larotonda destacou a parceria realizada entre a pasta e o CNPq. “O MCTIC promove diálogo contínuo com o CNPq. Discutimos várias parcerias para a promoção de novas tecnologias em saúde, por isso atendemos diversas áreas – de modo transversal – e tentamos implementá-las”, diz.

No total foram apresentados 63 projetos dos quais 19 foram aprovados pelo CNPq e pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos da América (NIH). “Estes projetos receberam 12 milhões de reais e hoje estamos aqui atendendo a este chamado para ver os resultados destas pesquisas”, relata Marcelo Morales, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq.

Morales ainda relatou sobre o marco regulatório que rege os aprovados. Segundo ele, o foco é voltado para resultados práticos que “podem e devem virar política pública em saúde. Por isso, fazemos chamados nas etapas iniciais, intermediárias e finais para prestar uma consultoria permanente e avaliar suas viabilidades para implementação no SUS”.

Os resultados apresentados indicam uma parceria de sucesso entre o Brasil e os Estados Unidos. Prova disso foi a vinda do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos Alex Azar ao Brasil no início de outubro, onde visitou Fortaleza e São Paulo para discutir a colaboração entre os dois países na área de segurança da saúde global, parceria científica e reforma do setor de saúde.

“Em Fortaleza, Azar se encontrou com famílias locais para saber mais sobre o vírus da zika e microcefalia. Ele discutiu como as duas nações podem trabalhar juntas para melhorar e proteger nossos cidadãos contra ameaças globais à saúde. Em São Paulo, Azar e o ministro da Saúde Gilberto Occhi visitaram o Hospital Sírio-Libanês e o hospital municipal infantil Menino Jesus. Ele também visitou as instalações do Instituto Butantã. Durante a visita ao instituto, o secretário Azar e o ministro Occhi discutiram a cooperação duradoura entre os EUA e o Brasil na pesquisa em saúde, incluindo biotecnologia e produção de vacinas”, afirmou Amy DuBois, Adida de Saúde na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

Por fim, o diretor associado para Assuntos Internacionais de Pesquisa dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos Dr. Gray Handley reiterou a importância entre a colaboração dos países para a construção de pesquisas sólidas e aplicáveis nos sistemas de gestão em saúde. “É preciso melhorar e ampliar a destinação de recursos para pesquisas e investigações em saúde. Nossa contribuição é sempre com intuito de colaboração e intercâmbio entre Brasil e EUA. Basta ver o quão importante este investimento que, há décadas, o Brasil encontra-se em um patamar muito avançado em relação aos demais países em relação aos avanços na prevenção e tratamentos para o HIV. Isto é resultado de muito esforço aplicado em pesquisas e políticas públicas sérias para o enfrentamento desta epidemia”, conclui.

Projetos apresentados no seminário com temáticas em IST, HIV e hepatite C
  • Células T CD4+ em infecção aguda versus infecção crônica pelo vírus da hepatite C, de Lia Laura Lewis Ximenez de Souza.
  • Efeito da infecção pelo HIV em desfechos de câncer entre mulheres com câncer cervical matriculadas no Instituto Nacional de Câncer (INCA), de Marcelo Alves Soares.
  • Uma estratégia baseada em RNAseq para quantificar a expressão de genes HLA: desenvolvimento e aplicação a estudos com doenças infecciosas, de Vitor Aguiar.
  • Identificação, caracterização e modelagem de peptóides mimetizando estruturas de epítopos com alta afinidade para anticorpos pan-neutralizantes de HIV-1: rumo ao desenvolvimento de uma nova classe de antígenos vacinais, de Roberto Dias Lins Neto.
  • Métodos Mistos para estudo da prevalência da infecção pelo HIV, do conhecimento, disposição para utilizar, aceitabilidade de barreiras para adoção e adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) entre travestis no Rio de Janeiro, Brasil, de Emília Jalil.
  • Reaquisição da resistência a Interferon tipo 1 durante a infecção pelo HIV-1 e progressão à doença, de Enrique Roberto Argañaraz.
  • Terapia Antirretroviral Precoce e Remissão da Infecção Perinatal do HIV, de Esaú Custódio João Filho.
  • Auto Coleta de teste de HPV em mulheres não rastreadas: estudo de viabilidade no Brasil, de Marcia Edilaine Lopes Consolaro.
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais


Morre o empresário Josimar Henrique da Silva fundador do Laboratório Hebron Farmaceutica



O empresário Josimar Henrique morreu de leucemia nesta sexta-feira (2), no Recife aos 68 anos. O velório acontece no domingo (4), a partir das 9h, na Primeira Igreja Presbiteriana, no bairro das Graças, na Zona Norte da capital pernambucana. O enterro dele está programado para ocorrer ao meio-dia do domingo no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.

Josimar Henrique da Silva, é natural de Palmares PE. Casado com Giseli de Matos Henrique, Três filhos e dez netos. Graduado em Marketing e Propaganda pela Escola de Marketing de Pernambuco. Presbítero há seis mandatos pela Primeira Igreja Presbiteriana do Recife. Último cargos ocupados na Igreja: Presidência do Sínodo de Pernambuco, Membro em dois mandatos do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie. No serviço público, foi Secretário de Desenvolvimento Econômico de Caruaru, no governo de Tony Gel. Na vida empresarial foi Presidente da Federação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas e Presidente do Grupo FarmaBrasil – Associação Brasileiras da Indústrias de Pesquisa. Também é Fundador e Diretor Presidente do grupo Empresarial Hebron Farmacêutica. 

História

Josimar Henrique da Silva fundou a indústria de medicamentos localizada em Caruaru em Janeiro de 1990. 

Por volta de 1989, José Soares Nuto, então presidente do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe), recebeu Josimar em seu gabinete, a pedido do jornalista Moisés Kertsman, para uma audiência. O empreendedor estava com o projeto da Hebron havia oito meses sendo analisado pelo banco. Logo na entrada, Nuto avisou: “Josimar, seja breve. Já analisei seu projeto e não vou aprová-lo. Não acredito em nordestino produzindo medicamentos em Caruaru e competindo com multinacionais!”

Esse episódio ilustra a dificuldade de Josimar Henrique da Silva para materializar sua empresa. José Nuto não foi a única autoridade a repetir-lhe que não acreditava na idéia. Felizmente ele não acreditou no que lhe diziam e em 2007 sua indústria, de gestão predominantemente familiar, superou os R$ 80 milhões em faturamento.

Josimar transformou sua capacidade de se relacionar no diferencial para crescer. Natural de Palmares, mudou-se criança para Caruaru por causa da asma. Aos 9 anos de idade trabalhava com o pai na feira da sulanca. Depois foi vendedor de tecidos das Casas Pessoa Filho, locutor esportivo da Rádio Liberdade e trabalhou no Banorte da capital do Agreste, de onde foi transferido para o Recife.

Na Veneza pernambucana se tornou representante farmacêutico do laboratório Aché, sua grande escola, e foi nessa condição durante 12 anos que preparou as bases para seu crescimento empresarial. Quando a Hebron começou a funcionar, em janeiro de 1990, num terreno de 22 mil m² (hoje com 4 mil m² construídos) com entrada pela BR-232, a pretensão inicial era atender a quatro Estados que representam 5% do mercado brasileiro de medicamentos: Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Decidiu desde o início que investiria forte em pesquisa e usaria como canal para esse trabalho as universidades, centros de inteligência científica que não eram acionados pela iniciativa privada. Naquela época, com a lei de patentes suspensa no Brasil (de 1970 a 1997), a prática comum dos laboratórios era copiar os medicamentos desenvolvidos pelas multinacionais.

Pelo relacionamento desenvolvido com os pesquisadores em todo o Brasil, Josimar sabia que os medicamentos fitoterápicos (à base de plantas) tinham grande potencial de mercado, demonstrada em países europeus como Alemanha e França, e, no entanto, recebiam tratamento da legislação como se fossem alimentos, produtos naturais ou simplesmente chás. Essa lacuna de informação era resultado da falta de estímulo para a pesquisa da indústria nacional. Era a “janela de oportunidade” para o crescimento da Hebron.

A expansão da empresa começou de forma involuntária, em função da rede de relacionamentos cultivada por Josimar durante sua trajetória no Aché. Eram amigos da indústria farmacêutica que ficavam sabendo da iniciativa e se ofereciam para representar a Hebron em outros Estados. Com um ano de funcionamento, já estava também no Maranhão, Piauí e Ceará. Em dois anos havia chegado a todo o Norte/Nordeste. 

Criando respeitabilidade

Com o know-how acumulado durante sua trajetória no Aché, o empreendedor entendeu que para ter representatividade e credibilidade na classe médica precisaria atingir o eixo Rio–São Paulo, que representa algo como 50% do mercado nacional de medicamentos. Em 1992, escolheu entrar pelo Rio de Janeiro, que responde por 15% do consumo de medicamentos no país.

Sua experiência demonstrava que a identificação do carioca com o pernambucano seria maior (e com menos preconceito) que começando por São Paulo, Estado que detém 35% do mercado brasileiro, onde só começou a atuar em 2006. Avançou para Minas e Espírito Santo, que juntos representam 23% do mercado nacional. O objetivo naquele momento era fazer a Hebron ser assimilada como uma marca de atuação nacional, minando a resistência que havia ao Nordeste. Para isso era necessário se apresentar de forma diferente.

E isso aconteceu. A Hebron se apresentava ao mercado como uma indústria farmacêutica nacional que estava disposta a investir na pesquisa de medicamentos genuinamente brasileiros se apoiando na biodiversidade e na capacidade científica das universidades. Estava disposta ainda a desenvolver produtos inéditos que atendiam a doenças negligenciadas pelos grandes laboratórios porque não tinham apelo comercial, como a leishmaniose. Com essa postura, o laboratório foi chamando a atenção e ganhando respeitabilidade. 

Estratégia

No lançamento do primeiro produto no Rio de Janeiro, em 1992, o Giamebil (medicamento fitoterápico extraído de um arbusto), desenvolvido pelo instituto de antibióticos da UFPE, a foto dos pesquisadores pernambucanos e seus currículos constavam na literatura médica entregue aos médicos. A idéia era mostrar que o nível dos profissionais que atuavam aqui se equiparava ao do Sudeste, aproximando-se assim de outros centros de pesquisa na região para produzir novos estudos.

O associativismo como trunfo

A indústria farmacêutica é extremamente regulada pelo governo. Atento a essa questão, Josimar começou a investir bastante tempo na Alanac, associação que representa os laboratórios nacionais, discutindo com as entidades de caráter técnico e político a legislação e as diretrizes setoriais, a partir das intervenções promovidas pelos Ministérios da Saúde e da Indústria e Comércio, pelas Secretarias de Saúde e Fazenda nos Estados e, a partir de 1999, pela Anvisa.

Ele começou a perceber a força da entidade na intermediação dos assuntos que tinham efeito na saúde dos brasileiros. Percebeu também que os órgãos que representavam a saúde simplesmente desconheciam a capacidade das drogas provenientes das plantas. Então traçou sua estratégia: conseguir que o Ministério da Saúde tratasse o medicamento fitoterápico com o mesmo rigor analítico com que eram tratados os produtos químicos.

Dessa forma conseguiria quebrar a barreira da classe médica na prescrição de medicamentos fitoterápicos aos pacientes, considerados até então como pouco eficazes na cura de patologias, e assim fortalecer a atuação pioneira da Hebron no desenvolvimento de medicamentos à base de plantas com critérios e embasamento científicos.

Em 1994 Josimar participou, a convite do Ministério da Saúde, do grupo de trabalho montado para estudar e propor políticas de pesquisa e produção para produtos fitoterápicos no Brasil, comandado pela Fundação Oswaldo Cruz. Encontros assim mostravam o comprometimento do presidente da Hebron com os medicamentos fitoterápicos e proporcionavam a inserção dos conceitos defendidos pelo laboratório pernambucano nos centros de pesquisas, comunidades científicas e órgãos técnicos e políticos.

Em 2000, como conseqüência de seu envolvimento associativo, Josimar Henrique da Silva assumiu a presidência do Conselho Deliberativo da Alanac e entre 2002 e 2004 foi seu diretor-presidente. Em março de 2004, foi publicada a portaria definitiva da Anvisa que determinava tratamentos iguais aos produtos químicos e fitoterápicos. 

A internacionalização

A Alanac integra a Associação Latino-Americana de Indústrias Farmacêuticas (Alifar), composta por 16 países, que se reúnem anualmente em um dos países participantes. Assim, através dos contatos com membros da associação a partir de 2004, a Hebron decidiu entrar no Peru, pelo fato de o país integrar o Pacto Andino (Peru, Venezuela, Colômbia, Equador e Brasil), que permite que o registro sanitário dos integrantes seja válido entre eles. A operação peruana está baseada na remessa de produtos para os hospitais.

Seguindo a Rota Andina, até dezembro a operação começará a funcionar na Colômbia em parceria com o Laboratório Metlen Farma, que atuará como distribuidor e promoverá propaganda médica exclusiva. O interesse pelos Estados Unidos surgiu das visitas anuais de Josimar Henrique àquele país. Lá observou que é enorme a quantidade de medicamentos que não precisam de prescrição médica vendidos em supermercados e lojas de conveniência, os chamados OTCs.

Identificou também que, a exemplo do Brasil no passado, os EUA não reconhecem os produtos fitoterápicos como medicamentos, o que significa que o nível de exigência da US Food and Drug Administration (FDA) para o registro é infinitamente menor que no Brasil. Em seguida, procurou o escritório do agente que atua elaborando estudos de produtos para a FDA em Nova Iorque e contratou a elaboração de 16 dossiês, um para cada produto que colocará no mercado, onde deve começar a operar em março de 2009.

Para Josimar, a investida em solo americano pode representar um salto para a Hebron Farmacêutica, que hoje alcança quatro mil cidades brasileiras. “O mercado brasileiro consome US$ 12 bilhões, enquanto o americano chega a US$ 220 bilhões. Se acertarmos com um produto, podemos vender mais que no Brasil” , calcula ele, prevendo que daqui a três anos 20% do faturamento deverá vir das exportações.

A empresa conta com um Departamento de Comércio Exterior, encarregado de identificar oportunidades internacionais para os produtos fabricados, e deverá também em 2009 chegar ao mercado russo, visitado em 2006. Lá o maior impedimento é a enorme variação de temperatura, que pode chegar a 40º negativos.

Marketing e vendas

O marketing tem um papel importante na hierarquia da Hebron. Como representante farmacêutico do Aché, Josimar (que é formado em administração e marketing) avaliou a importância dessa ferramenta nas vendas de um produto. Assim, 6,5% do faturamento anual bruto estão destinados à área e entregues à responsabilidade da administradora de empresas e filha do presidente, Wedja Pires, que trabalha na empresa há 11 anos.

Hoje 80% das vendas do laboratório são medicamentos adquiridos nas farmácias, por recomendação médica ou influência do balconista. Wedja utiliza 65% de sua verba com amostras médicas e investe de forma prioritária na relação médico-propagandista. Admite, porém, que está tendo que dar crescente importância ao ponto-de-venda, a exemplo de outros segmentos varejistas, o que motivou inclusive outros laboratórios a montar setores de trade marketing.


Nesse sentido, seu foco parece estar no entendimento do comportamento do consumidor dos 65 produtos e 145 itens que formam o mix da Hebron. Por isso destina outra fatia de seu budget à realização de pesquisas e compra de estudos específicos, além de estar atenta às informações de seu SAC, formado por farmacêuticas profissionais que se comunicam por e-mail e telefone e produzem relatórios diários. “As informações nos levam a repensar uma embalagem, inserir informações nas bulas ou modificar o paladar dos medicamentos”, explica a diretora de marketing.

A meta é começar a usar o módulo de CRM que integra a plataforma SAP, usada pela empresa desde 2006. Espera-se assim integrar as ações dirigidas à cadeia produtiva formada por médicos, pacientes, distribuidoras e farmácias. “Desejamos ampliar a participação da linha de perfumaria e cosméticos, que hoje representa menos de 5% do faturamento” , revela a executiva.

Uma empresa familiar

A Hebron Farmacêutica é mais um exemplo de que empresas familiares podem ser competitivas. No caso da família de Josimar, a preocupação dos executivos da segunda geração é criar um ambiente com regras claras que evitem turbulência para os filhos, que já são muitos.


Atualmente quatro diretores buscam o aperfeiçoamento em MBAs e a empresa vive um momento de adaptação as normas das ISO, antes utilizadas apenas no ambiente industrial. Somente neste semestre estão programados investimentos em infra-estrutura da ordem de R$ 7 milhões. A cultura da empresa respira vendas, fruto do exemplo profissional do empreendedor que reflete na trajetória da maior parte dos diretores.

Com cerca de 500 colaboradores e uma expectativa de faturamento para 2008 de R$ 100 milhões, Josimar olha para frente, “Temos que nos preparar para crescer, podemos dar um salto a qualquer momento e estamos trabalhando para isso”, diz com o olhar confiante de quem se lembra de forma detalhada o caminho que percorreu até aqui. 


Fonte: paulonailson.blogspot.com

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

ROMPER PATENTE DE DROGA DA HEPATITE AFRONTA DIREITO, DIZ DIRETOR DA GILEAD


Christian Schneider, diretor da farmacêutica no Brasil, afirma que a empresa está aberta a negociar um medicamento mais eficiente com o governo

Teste de hepatite C é realizado em um hospital (Francois Nascimbeni/AFP)

Desde que o Ministério da Saúde anunciou uma meta para eliminar a hepatite C no Brasil até 2030, veio à tona um debate sobre a quebra de patente de um medicamento que cura 95% dos casos da doença.


Com a decisão do INPI, a Farmaguinhos-Fiocruz ficou impedida de produzir um genérico do medicamento, que traria uma economia de 1 bilhão de reais para o Ministério da Saúde.
O tratamento pelo SUS com o sofosbuvir chega a custar 35 mil reais por paciente. No Brasil, o Ministério da Saúde calcula que há 700 mil pessoas com hepatite C.

A versão genérica do sofosbuvir já estava registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Na última terça-feira (30), em um novo capítulo da disputa pela patente, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou a apresentação do projeto que prevê a quebra de patente de um medicamento contra a hepatite C.

O ministro do INPI, Marco Jorge, foi convocado pela CAE para explicar a liberação da patente pelo instituto. A reunião está marcada para a próxima terça-feira (6).

Segundo Eric Bassetti, gerente médico da Gilead, o sofosbuvir sozinho não é capaz de curar a doença e precisa ser combinado com outro medicamento.

“Não tem tratamento para hepatite C só com uma droga. Eu tenho que juntar com duas ou três drogas com mecanismos de ações diferentes para dar certo”, diz.

Basseti afirma que a Gilead já tem medicamentos mais modernos que conseguem curar mais casos da doença em tratamentos de 12 semanas. A empresa afirma que está produzindo uma quarta geração de remédio contra a hepatite C, que contém a substância voxilaprevir, ainda não aprovada no Brasil.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Christian Schneider, diretor geral da Gilead no Brasil, afirma que fez uma proposta para o governo para oferecer o medicamento de terceira geração a um preço acessível.

Em um comprimido do Epclusa, há duas substâncias (sofosbuvir e velpastavir) que podem curar a doença em estágios mais avançados.

EXAME – Por que começou essa briga pela patente de um remédio de primeira geração (sofosbuvir)?
Christian Schneider – Começou porque nós vamos defender uma propriedade intelectual nossa. Alguém está dizendo que não existe inovação. Nós estamos mostrando a inovação que a gente acredita que existe. O processo de patente em si passa pelo INPI, é técnico. Neste ínterim, alguém está tentando lançar e é um direito de propriedade.

Para nós, é uma infração do direito de propriedade. Alguém está tentando entrar no mercado antes da decisão. Chegou a sair e foi revogada. Agora vamos esperar.

Um dos argumentos a favor da quebra de patente é que o genérico traria uma economia de 1 bilhão de reais para o governo. Como vocês refutam isso?
Se você olhar o quanto o Ministério gastou ao longo dos três anos que tem esse produto no Brasil, eles nunca gastaram um bilhão de reais. Eles gastaram 900 milhões no primeiro ano com todos os medicamentos. No terceiro ano, gastaram 450 milhões.

Eles estão reduzindo um bilhão do que? Do que eles iriam tratar? As novas tecnologias que oferecemos são mais baratas, então eu também estou economizando um bilhão, só que com uma nova tecnologia.

Vocês fizeram alguma oferta para o governo?
Fizemos. Não posso detalhar, mas sairia mais barato. Oferecemos o medicamento da terceira geração. Estamos trazendo inovação, simplicidade para o governo e para o programa de eliminação a um custo mais barato. O genérico é só um pedaço da equação, você precisa da outra droga.

O sofosbuvir tem uma taxa de sucesso de 95%. Não é por isso que está tendo essa discussão pela quebra de patente?
Mas a gente pode ofertar, no caso de um medicamento de terceira geração, uma taxa de sucesso maior incluindo casos cirróticos [de 98%, segundo Bassetti]. A eficácia é maior, o custo é melhor, é um só comprimido, só tem benefícios. A inovação está nisso. O custo desse tratamento com o produto para os não cirróticos são 24 semanas de tratamento. É o dobro do que eles estão falando.

Por que é importante defender a patente?
Para a companhia, a propriedade intelectual é o nosso DNA. Mais do que a inovação, estamos falando de uma doença que não tinha cura e passou a ter cura. Dizer que não existe inovação aqui é complicado pra gente. Então a gente vai defender sim esse ponto.
Temos uma filosofia de que precisamos tratar mais gente e que a tecnologia não pode custar mais caro. Precisamos salvar mais vidas, sabemos que o preço tem que cair e estamos abertos a uma negociação com o Ministério da Saúde.

Existe uma preocupação com lucro?
O lucro não entra na questão. Não é uma exploração. Essa relação é complicada. Os preços têm caído todos os anos em todas as negociações. O Ministério tem buscado aumentar volume e o preço vai cair naturalmente. Nós estamos reduzindo para tratar mais gente.

O Ministério deu alguma resposta sobre a oferta?
O Ministério está se movimentando por causa de uma pressão da sociedade civil, sabemos que tem 12 mil pacientes esperando tratamento. Também temos que entender que está no final de um governo e vai entrar outro, então estão querendo deixar as coisas acertadas para o ano que vem.

O ano eleitoral atrasou as negociações?
A gente lamenta a exploração política e eleitoral que teve. Não contribuiu nada, não acelerou nada, só complicou. Venham entender o que está acontecendo. Nós estamos defendendo a propriedade intelectual do sofosbuvir, que é a primeira geração, mas tem uma terceira muito mais barata e muito melhor que ninguém está falando.

A quebra de patente do sofosbuvir impacta a produção do medicamento de terceira geração?
Não consigo te dizer o que ia impactar a terceira geração. A primeira geração traz uma segurança para eles. Mas, por exemplo, nós estamos em uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) no Brasil. Nós temos um projeto aprovado para produzir localmente. O problema não é esse.

Agora, o Brasil é um país de inovação e quebrar uma patente do jeito que está sendo feito, acho que não é incentivador para quem faz pesquisa e desenvolvimento. E, neste caso, a tecnologia e a inovação não custam mais caro, então o argumento de que estamos afetando o patriotismo e a indústria não é verdade. Nós estamos trazendo coisas melhores e mais baratas para os brasileiros.

Mas quebrar a patente não permitiria que mais pessoas tivessem acesso ao remédio?
Não. Esse é um argumento interessante, porque falam que a patente limita acesso. Para nós, patente não é restrição de acesso, é reconhecimento de inovação. Eu estou baixando o preço com tecnologias novas para tratar mais gente.

A quebra de patente do sofosbuvir permitiria que outras empresas produzissem o novos remédios?
Essa é a nossa propriedade intelectual. Nós pesquisamos e desenvolvemos. No Brasil, nós estamos trazendo a tecnologia e abaixando o preço. Não me importo de produzir localmente. Para o Brasil, estamos dispostos a desenvolver, mas a propriedade é nossa. Quebrar a patente é afrontar um direito nosso.

Por Letícia Naísa, more_horiz


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