Destaques

sábado, 3 de novembro de 2018

HEPATITE C - O IMBRÓGLIO DA AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS, MS REALIZOU AUDIÊNCIA PÚBLICA NO ÚLTIMO DIA 31 PARA ORGANIZAR O PROCESSO PARA FUTURO LEILÃO PRESENCIAL


No dia 31 de outubro, o Ministério da Saúde, realizou "Audiência Pública" para esclarecimentos e harmonização do futuro edital, a ser publicado dentro dos próximos 10 a 15 dias. O Edital deverá preconizar um pregão presencial para compra internacional de medicamentos, registrados e incorporados no SUS.  

Todos os fabricantes com produtos registrados e incorporados no SUS, compareceram acompanhados de seus advogados e da Equipe responsável pelo produto e pela elaboração das propostas. O MS já havia consultado, anteriormente, os fabricantes solicitando uma primeira cotação de preços (para efeitos  orçamentários), para os medicamentos que somente tratam o genótipo 1 (Harvoni® e Zepatier®) e os três que com maior ou menor eficácia podem ser utilizados em todos os genótipos (Epclusa®, Maviret® e a combinação do sofosbuvir com o daclatasvir).

Esclarecidas as perguntas que já tinham sido, previamente, formuladas pelos participantes, e, as novas questões colocadas durante a AP; algumas dúvidas permaneceram para posterior definição do MS, como: a equiparação da cadeia tributária entre o produto faturado localmente e o medicamentos importados diretamente pelo MS, a eventual possibilidade de aquisição por inexigibilidade ou por dispensa de licitação de parte da demanda, no caso de aquisição de laboratório público.
 
Outro ponto que ficou no limbo no final da “AP” foi a participação ou não da Fiocruz – Farmanguinhos com o consórcio formado com parceiros locais, objetivando a produção do sofosbuvir, com transferência de tecnologia.

No Senado Federal, no dia anterior(30) a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um projeto de decreto legislativo para derrubar a patente ao medicamento Sofosbuvir, concedida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) à farmacêutica norte-americana Gilead. O texto aprovado segue com urgência para o Plenário.

Com a concessão da patente pelo INPI, em setembro, a o laboratório oficial fica impedido de produzir o Sofosbuvir genérico, já registrado pela Anvisa (lembrando que a eventual quebra da patente só se dará se Farmanguinhos comercializar o produto).

Os Senadores Eduardo Braga e Romero Jucá, ambos do MDB,  José Serra (PSDB-SP), Raimundo Lira (PSD-PB) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) com apoio de todos os parlamentares presentes à reunião da CAE, também, aprovaram a convocação do Ministro da Indústria, Marcos Jorge, a comparecer, na próxima terça-feira (6), à comissão para dar explicações sobre a concessão da patente. O INPI é subordinado ao Ministério da Indústria, Comercio Exterior e Serviços.

A questão da patente do sofosbuvir não é uma questão local, países como Egito, Argentina e China, também, não concederam a patente à Gilead e produzem os genéricos. Vários outros países, inclusive do Mercosul e o Chile, estudam quebrar a patente do Sofosbuvir.

O próximo passo, pelo rito formal do processo para a aquisição é a publicação da ATA da Audiência Pública, com os esclarecimentos que ficaram pendentes, a definição da(s) modalidade(s) de compra, e, a questão potencial de preços diferentes para o mesmo produto em cada bloco, da planilha, apresentada na AP, atualizando o edital para o “pregão presencial”, onde por leilão aberto os produtores poderão oferecer lances até que o pregoeiro “bata o martelo”, ao chegar ao menor preço ofertado.

Após o encerramento do “Pregão Presencial” será discutido com as empresas vencedoras os termos do contrato de compra e os prazos de entrega, cujo resultado deverá ser publicado no DOU com a modalidade de aquisição para cada medicamento. As entregas dos produtos passam a ser contadas a partir da assinatura do contrato. O cronograma do rito preconizado, prevê: 10 dias para a publicação da ATA, 30 dias para consulta pública, 15 a 20 dias, se não houver judicializações, para publicar o resultado no DOU e os contratos tem levado em média 90 dias para serem assinados.

São etapas burocráticas obrigatórias, e, se tudo correr bem, e se não acontecer qualquer interferência ou impugnação jurídica, os medicamentos poderão estar chegando ao almoxarifado do Ministério da Saúde, em São Paulo, no final do primeiro trimestre de 2019.

Os Paciente, Médicos e Gestores tratam o tema com grande preocupação, já que os tratamentos são eficazes, seguros e definitivos, cientificamente comprovado que cura a doença, mas que processos burocráticos e discussões intermináveis em diferentes fóruns paralisem ou retardem o processo de acesso do paciente aos medicamentos. Tais entraves não permitiram que, até o momento, os medicamentos fossem adquiridos, mesmo tendo orçamento.

Outra preocupação despertada entre os envolvidos, foi a apresentação do MS, em um dos slides sobre o programa, que evidência da redução dos recursos para aquisição de medicamentos de hepatites para 310 Milhões de Reais e, ainda, que com este valor estarão sendo adquiridos outros medicamentos, não estratégicos, para aids e para diversas doenças sexualmente transmissíveis, o tema veio a pauta na última reunião da Comissão de Intergestores Tripartites, realizada no dia 31 de outubro.

Em tempos de transição, com dificuldades orçamentárias conhecidas, doenças passiveis de cura ficam a reboque de um perverso sistema burocrático, entrando, agora, em mais um imbróglio legal com senadores interferindo em poderes técnicos concedidos a instituições de controle e regulação, baseados em informações incompletas de custo efetividade por paciente tratado, só leva a mais e mais postergações no processo, cujo único penalizado é o paciente que impotentemente fica à mercê desses intermináveis trâmites, sem qualquer governança, aguardando para receber o tratamento, cerceado de seu direito legal de acesso aos medicamentos.   



0 comentários:

Postar um comentário

Calendário Agenda