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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

6ª CNSI – Etapa Distrital CONDISI/DSEI Yanomami/Ye`kuana


Os povos da floresta relatam em conferência como deve ser a atenção diferenciada
Foto: Luís Oliveira/Nucom Sesai

O segundo momento das etapas da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (6ª CNSI) do Controle Distrital de Saúde Indígena-CONDISI/Distrito Sanitário Especial Indígena-DSEI Yanomami /Ye’kuana, foi realizado em Boa Vista-RR no período de 22 a 24 de novembro de 2018, com 177 participantes.

Usuários indígenas mais grupos de trabalhadores, gestores e convidados, debateram e aperfeiçoaram as propostas elaboradas nas etapas locais. Tendo como destaque a atenção diferenciada na saúde indígena para os 25.623 (Sesai 2017) indígenas das etnias Yanomami, Sanumã, Ye’kuana e Bare, que habitam em 345 aldeias dentro da “Urihi” (terra-floresta) Yanomami com 96.650 km2 de floresta demarcada, situada na fronteira do Brasil com a Venezuela, sobrepondo os territórios dos municípios de Barcelos, Staª Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira no Amazonas e, Macajaí, Iracema, Caracaraí, Amajarí e Alto Alegre em Roraima.

Os grupos de trabalhos-GT foram formados em função de três tradutores presentes, para os debates nas línguas nativas, yanomami, Sanumâ e ye`kuana. Das discussões, algumas propostas se referem aos profissionais envolvidos na saúde indígena, indicando que devem ser capacitados prioritariamente e previamente, para conhecer as práticas de saúde tradicionais e modos de viver dos povos originários. Como declarou o presidente do CONDISI Beto Yanomami “o napë (homem branco) vem trabalhar em nossa Urihi com nossos parentes, não respeitam nossa tradição. Ele tem que aprender pra trabalhar junto com o nosso “xapiripë” (chamã) e melhorar a saúde do nosso povo (sic)”.

A delegada Cynthia D. Macêdo, obstetra, representante do CRM de Roraima destaca a importância da “inserção de tecnologias portáteis para serem utilizadas in loco (nas aldeias) para o aperfeiçoamento diferenciado na saúde dessa população. E, ainda, defendo a diminuição da prematuridade da desnutrição fetal, que na criança indígena, começa intra-útero”.

Outros focos foram a necessidade de garantir alimentação diferenciada, tradutores e espaços apropriados para rituais nos estabelecimentos de acolhimento em unidades de saúde na rede SUS e Casas de Saúde Indígena - CASAI.

Nas palavras de Davi Kopenawa “Eu, um Yanomami, dou a vocês, os brancos, esta pele de imagem que é minha” e, assim a Etapa Distrital Yanomami irá doar para a comissão nacional da relatoria da 6ª CNSI, uma pele de imagem com 65 propostas, 7 diretrizes, uma moção de apoio ao DSEI Leste, cuja a sede foi totalmente destruída pelo fogo e, os nomes dos 50 delegados que defenderão  suas proposições.

Etapas Conferencistas
A 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena-CNSI é realizada em momentos distintos: o primeiro são as etapas locais (Aldeias) onde nascem todas as propostas. O segundo momento as etapas distritais para o aperfeiçoamento das proposições locais. E, o terceiro momento, a etapa nacional que irá consolida-las como documento orientador da Politica nacional de atenção à saúde dos povos indígenas – PNASPI.

A 6ª CNSI está prevista para ser realizada entre os dias 27 a 31 de maio de 2019 em Brasília-DF, com parcerias entre Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI/MS, o Conselho Nacional de Saúde/CNS e Fundação Nacional do Índio/FUNAI, tendo como principais atores, os povos originários do Brasil. 


Por Luís Oliveira, do Nucom SESAI


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