Os
povos da floresta relatam em conferência como deve ser a atenção diferenciada
Foto:
Luís Oliveira/Nucom Sesai
O
segundo momento das etapas da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (6ª
CNSI) do Controle Distrital de Saúde Indígena-CONDISI/Distrito Sanitário
Especial Indígena-DSEI Yanomami /Ye’kuana, foi realizado em Boa Vista-RR no
período de 22 a 24 de novembro de 2018, com 177 participantes.
Usuários
indígenas mais grupos de trabalhadores, gestores e convidados, debateram e
aperfeiçoaram as propostas elaboradas nas etapas locais. Tendo como destaque a
atenção diferenciada na saúde indígena para os 25.623 (Sesai 2017) indígenas
das etnias Yanomami, Sanumã, Ye’kuana e Bare, que habitam em 345 aldeias dentro
da “Urihi” (terra-floresta) Yanomami com 96.650 km2 de floresta
demarcada, situada na fronteira do Brasil com a Venezuela, sobrepondo os
territórios dos municípios de Barcelos, Staª Isabel do Rio Negro e São Gabriel
da Cachoeira no Amazonas e, Macajaí, Iracema, Caracaraí, Amajarí e Alto Alegre
em Roraima.
Os
grupos de trabalhos-GT foram formados em função de três tradutores presentes,
para os debates nas línguas nativas, yanomami, Sanumâ e ye`kuana. Das
discussões, algumas propostas se referem aos profissionais envolvidos na saúde
indígena, indicando que devem ser capacitados prioritariamente e previamente,
para conhecer as práticas de saúde tradicionais e modos de viver dos povos
originários. Como declarou o presidente do CONDISI Beto Yanomami “o napë (homem
branco) vem trabalhar em nossa Urihi com nossos parentes, não respeitam nossa
tradição. Ele tem que aprender pra trabalhar junto com o nosso “xapiripë” (chamã)
e melhorar a saúde do nosso povo (sic)”.
A
delegada Cynthia D. Macêdo, obstetra, representante do CRM de Roraima destaca a
importância da “inserção de tecnologias portáteis para serem utilizadas in loco
(nas aldeias) para o aperfeiçoamento diferenciado na saúde dessa população. E,
ainda, defendo a diminuição da prematuridade da desnutrição fetal, que na
criança indígena, começa intra-útero”.
Outros
focos foram a necessidade de garantir alimentação diferenciada, tradutores e
espaços apropriados para rituais nos estabelecimentos de acolhimento em unidades
de saúde na rede SUS e Casas de Saúde Indígena - CASAI.
Nas
palavras de Davi Kopenawa “Eu, um Yanomami, dou a vocês, os brancos, esta pele
de imagem que é minha” e, assim a Etapa Distrital Yanomami irá doar para a
comissão nacional da relatoria da 6ª CNSI, uma pele de imagem com 65 propostas,
7 diretrizes, uma moção de apoio ao DSEI Leste, cuja a sede foi totalmente
destruída pelo fogo e, os nomes dos 50 delegados que defenderão suas
proposições.
Etapas
Conferencistas
A
6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena-CNSI é realizada em momentos
distintos: o primeiro são as etapas locais (Aldeias) onde nascem todas as
propostas. O segundo momento as etapas distritais para o aperfeiçoamento das
proposições locais. E, o terceiro momento, a etapa nacional que irá
consolida-las como documento orientador da Politica nacional de atenção à saúde
dos povos indígenas – PNASPI.
A
6ª CNSI está prevista para ser realizada entre os dias 27 a 31 de maio de 2019
em Brasília-DF, com parcerias entre Secretaria Especial de Saúde
Indígena-SESAI/MS, o Conselho Nacional de Saúde/CNS e Fundação Nacional do
Índio/FUNAI, tendo como principais atores, os povos originários do
Brasil.
Por
Luís Oliveira, do Nucom SESAI
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