O objetivo é garantir que essa prática seja
ofertada aos pacientes desde o diagnóstico da doença até a fase terminal,
permitindo mais qualidade de vida aos pacientes, cuja doença não tem cura
O Ministério da Saúde publicou uma resolução que
normatiza a oferta de cuidados paliativos como parte dos cuidados continuados
integrados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de cuidados
destinados a toda pessoa afetada por uma doença que ameace a vida, seja aguda
ou crônica. Os cuidados paliativos são tomados a partir do diagnóstico de uma
enfermidade, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus
familiares. Por exemplo, um paciente que foi diagnosticado com câncer com metástase
em vários lugares do corpo, ele pode receber o cuidado junto à sua família,
para que tenha uma condição de conforto até o final da sua vida. Entre os
cuidados estão apoio psicológico e medicamentos para aliviar dores que ele
tenha. Outras doenças além do câncer, como doenças neurodegenerativas como as
demências (Alzheimer, Parkinson) também podem receber o cuidado.
O SUS já oferece Cuidados Paliativos, no entanto,
não havia nenhuma normativa definida para reconhecimento e organização da
oferta de cuidados paliativos. A partir da publicação dessa resolução será
possível definir diretrizes de cuidado e aprimorar a oferta do cuidado. No SUS,
entende-se que os cuidados paliativos devam ser oferecidos o mais cedo
possível, juntamente com o início do tratamento da doença. Estes englobam a
promoção do alívio da dor (com uso de analgésicos) e de outros sintomas
físicos, do sofrimento psicossocial com apoio psicológico, incluindo o cuidado
apropriado para familiares e cuidadores a lidar com a doença do paciente e o
luto.
“Essa normativa é um avanço, já que orienta sobre o
acesso aos cuidados paliativos nos serviços de saúde através do SUS. Os
cuidados paliativos envolvem um diálogo aberto com o paciente e família sobre
os objetivos do cuidado, voltados para preservar a qualidade de vida. A equipe
multidisciplinar tem o papel de colaborar no cuidado integral para
pessoas com doenças ou condições clínicas que ameacem a vida, desde o
momento do diagnóstico, para aliviar sintomas, e principalmente a dor
física”, explica o coordenador Geral de Atenção Especializada, Sandro Martins.
A resolução propõe que nas redes de atenção à
saúde, seja claramente identificada e observada as preferências da pessoa
doente quanto ao tipo de cuidado e tratamento médico que receberá. Na
perspectiva dos cuidados paliativos, trata-se também da aceitação da morte
como um processo natural, não a acelerando, nem a retardando (com uso de
equipamentos ou procedimentos), buscando sempre oferecer suporte que permita ao
paciente viver o mais autônomo e ativo possível.
Este trabalho deverá ser feito por equipe
multiprofissional e interdisciplinar. Os profissionais devem fazer uma
comunicação sensível ao paciente e empática, com respeito à verdade e à
honestidade em todas as questões que envolvam pacientes, familiares e
profissionais. A resolução define que os cuidados paliativos devam estar
disponíveis em todo ponto da rede, desde a atenção básica, domiciliar,
ambulatorial, hospitalar, urgência e emergência.
TRATAMENTO
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) já oferece
cuidados paliativos aos pacientes em suas Unidades Hospitalares no Rio de
Janeiro, por meio de Unidade Especializada denominada Hospital do Câncer IV.
O Hospital do Câncer IV é também espaço de ensino e
pesquisa sobre cuidados paliativos e promove debates e articulação em rede para
expansão desta área na política de saúde do Brasil.
Em Brasília, no Hospital de Apoio, também são oferecidos
cuidados paliativos para pacientes com câncer e para pacientes geriátricos. São
19 leitos para pacientes com câncer e 10 leitos para pacientes geriátricos. A
diretora de atenção à Saúde Cristina Scandiuzzi conta que o hospital tem uma
carta de direito do paciente. “O paciente tem o direito de decidir se ele quer
fazer determinado tratamento ou não, desde que ele tome uma decisão com base em
informações que ele recebeu da equipe”.
Nos casos de pacientes terminais, Cristina
Scandiuzzi diz que o paciente é olhado pela equipe mais pelo lado psicossocial
e menos pelo lado da doença. Para Cristina, a resolução é importante pois
reconhece o cuidado paliativo como uma política de saúde e estimula novos
serviços a implantarem os cuidados.
PorCarolina Valadares, da Agência Saúde
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