A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou
nesta terça-feira (27) a versão final do relatório “30 anos de SUS –Que SUS para 2030?”. A publicação sintetiza alguns dos maiores
conhecimentos e experiências acumuladas no Sistema Único de Saúde (SUS), com
perspectiva de contribuir para que o Brasil alcance as metas da Agenda 2030 das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
O documento apresenta uma série de evidências
científicas que mostram como o programa Mais Médicos, criado em 2013 pelo
governo do Brasil, aumentou o acesso da população brasileira à saúde. O impacto
positivo do provimento emergencial em curto prazo, alocando mais 18 mil
profissionais médicos em serviços da atenção primária de saúde (APS) em lugares
antes carentes ou deficitários, com tutoria acadêmica e supervisão para
qualificação profissional, foi visível já nos primeiros anos do programa.
Por exemplo, em 2012, a cobertura da Estratégia de
Saúde da Família era de 59,4%. No ano seguinte, passou para 59,6%. Já em 2014,
um ano após a criação do Mais Médicos, esse índice saltou para 66,9%. E
continuou crescendo até alcançar 70% em 2017.
Inclusive, o relatório aponta que a Estratégia de
Saúde da Família tem sido o principal mecanismo para induzir a expansão da
cobertura de APS. Esse modelo, quando comparado a outras formas de organização
de atenção primária de saúde existentes no país, apresenta melhores resultados
quanto à ampliação do acesso ao sistema de saúde e em indicadores como
diminuição de internações por condições sensíveis à APS (que são internações
evitáveis) e redução da mortalidade infantil, materna e por causas preveníveis.
A publicação “30 anos de SUS –
Que SUS para 2030?” também ressalta que transformar as posições de médicos
do Mais Médicos em postos permanentes de trabalho, mantendo a cobertura
alcançada pela Estratégia de Saúde da Família em todo o país, é indispensável.
Nesse sentido, uma das opções possíveis para concretizar essa transformação
envolve criar uma carreira nacional para a atenção primária de saúde no SUS,
com gestão tripartite, visando garantir a sustentabilidade financeira
necessária para dispor de médicos e equipes de Saúde da Família completas.
O conteúdo do documento foi elaborado antes
da decisão de Cuba de encerrar sua participação no
programa Mais Médicos.
Pesquisas
científicas
O relatório menciona ainda uma série de resultados alcançados graças ao programa Mais Médicos, entre os quais se destacam:
O relatório menciona ainda uma série de resultados alcançados graças ao programa Mais Médicos, entre os quais se destacam:
-Nos municípios que aderiram ao programa Mais
Médicos e obtiveram um número de médicos maior de 15%, a redução de internações
por condições sensíveis à APS foi de 8,3% no segundo ano programa e de 13,6% no
terceiro ano.
-Quando comparados aos municípios que não
participaram do Mais Médicos, os municípios que receberam médicos em 2013
apresentaram uma redução de 6,3% nesse tipo de internação no 1º ano, 8,2% no 2ª
e 15,8% no terceiro ano.
-Antes da implementação do programa Mais Médicos,
as taxas de internação por condições sensíveis à atenção primária já́ vinham
diminuindo no Brasil (em 7,9% de 2009 a 2012). No entanto, essa redução foi
mais importante após o programa (9,1% entre 2012 e 2015).
Financiamento
Na publicação, a OPAS também analisa uma série de experiências internacionais e simulações prospectivas, que alertam para os graves riscos que a política de austeridade apresenta para a saúde da população brasileira.
Na publicação, a OPAS também analisa uma série de experiências internacionais e simulações prospectivas, que alertam para os graves riscos que a política de austeridade apresenta para a saúde da população brasileira.
Essas evidências científicas apontam que a
combinação de subfinanciamento crônico, da crise econômica e da austeridade
apresentam um cenário em que o SUS, financeiramente esgotado, se concentrará no
atendimento aos pobres, enquanto os planos privados de saúde serão estendidos a
uma parcela maior da classe média, o que poderá ampliar as desigualdades em
saúde.
Por outro lado, experiências exitosas desenvolvidas
no Brasil, ao longo dos 30 anos de construção do SUS, internacionalmente
reconhecidas, podem indicar caminhos a serem trilhados para aumentar a
resiliência do sistema de saúde frente aos choques provocados pelo contexto de
crise, minimizando as consequências negativas para a saúde.
Por exemplo, a combinação de programas sociais,
como o Bolsa Família e a Estratégia Saúde da Família, mostrou-se um catalizador
importante para a redução da pobreza, a melhoria das condições de saúde e a
redução das desigualdades em saúde. Portanto, a recomendação é que esses
programas e o Mais Médicos sejam fortalecidos em tempos de crise.
Além disso, o relatório recomenda um investimento
público em saúde de, no mínimo, 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para
que se possa alcançar o acesso universal à saúde. Esse consenso foi firmado no 53º Conselho Diretor da OPAS, em 2014, quando
países das Américas concordaram que é necessário aumentar a eficiência e o
financiamento público em saúde, segundo apropriado, tomando em conta que na
maioria dos casos um gasto público de 6% do PIB é uma referência útil.
Canadá, Costa Rica e Uruguai já investem mais de 6%
de seu PIB nessa área. Já o gasto público em saúde do Brasil é de 3,8% do PIB.
Imunização
A publicação destaca ainda o internacionalmente reconhecido Programa Nacional de Imunizações do Brasil. O sucesso do programa favoreceu a redução das desigualdades sociais e a proteção contra uma série de doenças, diminuindo os índices de mortalidade em menores de cinco anos. Embora reconheça a necessidade de que todos os municípios brasileiros alcancem coberturas vacinais ideais (maiores ou iguais a 95%), o relatório ressalta que o Programa Nacional de Imunizações sempre buscou, e certamente continuará buscando, não deixar ninguém para trás.
A publicação destaca ainda o internacionalmente reconhecido Programa Nacional de Imunizações do Brasil. O sucesso do programa favoreceu a redução das desigualdades sociais e a proteção contra uma série de doenças, diminuindo os índices de mortalidade em menores de cinco anos. Embora reconheça a necessidade de que todos os municípios brasileiros alcancem coberturas vacinais ideais (maiores ou iguais a 95%), o relatório ressalta que o Programa Nacional de Imunizações sempre buscou, e certamente continuará buscando, não deixar ninguém para trás.
Além disso, são abordados no relatório “30 anos de
SUS – Que SUS para 2030?” questões relacionadas a trabalho e educação na saúde;
desafios da mortalidade infantil e na infância; política de medicamentos,
produtos e inovação tecnológica em saúde; resposta às doenças e agravos não
transmissíveis; desafios da saúde mental; resposta à epidemia de zika; e trajetórias
e horizontes da epidemia do HIV/Aids.
Revista
Pan-Americana de Saúde Pública
No evento, também foi lançado o “Número especial de atenção primária à saúde no Brasil: 40 anos de Alma-Ata” da Revista Pan-Americana de Saúde Pública. Esse periódico científico e técnico é publicado pela OPAS desde 1922. Nessa edição, são abordados temas como acesso à mamografia no Brasil, consultórios na rua, HIV/aids, atenção primária de saúde, interculturalidade e política de atenção às populações indígenas, entre outros.
Fonte: Portal OPAS/Brasil
No evento, também foi lançado o “Número especial de atenção primária à saúde no Brasil: 40 anos de Alma-Ata” da Revista Pan-Americana de Saúde Pública. Esse periódico científico e técnico é publicado pela OPAS desde 1922. Nessa edição, são abordados temas como acesso à mamografia no Brasil, consultórios na rua, HIV/aids, atenção primária de saúde, interculturalidade e política de atenção às populações indígenas, entre outros.
Fonte: Portal OPAS/Brasil
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