Material de conscientização
foi apresentado pelo Ministério da Saúde e INCA nesta segunda-feira, Dia
Nacional de Combate ao Fumo (29). Estudo aponta queda na mortalidade por câncer
de pulmão entre homens no Brasil
Neste momento de grande
visibilidade do esporte no Brasil, com as Olimpíadas e as Paralimpíadas, o
Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva (INCA) lançaram, nesta segunda-feira (29), no Rio de Janeiro, a campanha “#MostreAtitude: sem o cigarro, sua vida ganha mais saúde”. O
lançamento, que marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto), teve
formato de talk show com a participação de atletas e
especialistas da área de saúde. O evento aconteceu no espaço Casa Brasil,
região portuária recém-renovada na capital carioca. Na ocasião, houve
apresentação da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais.
No evento, o INCA divulgou,
também, o estudo inédito que aponta diminuição da mortalidade por câncer de
pulmão entre os homens. A análise foi feita pela epidemiologista do INCA,
Mirian Carvalho de Souza, com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade
do Ministério da Saúde (SIM) e das populações estimadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento,
após décadas de elevação, a taxa padronizada (que elimina os efeitos do
envelhecimento populacional) de mortalidade por câncer de pulmão entre homens
caiu de 18,5 por 100 mil em 2005 para 16,3 por 100 mil em 2014. Em relação à
prevalência, o Brasil é reconhecido mundialmente pela significativa redução de
fumantes no total da população de 18 anos ou mais, de 34,6%, em 1989, para
14,7%, em 2013.
“Os resultados obtidos pela
pesquisa mostram que as ações para o combate ao uso do tabaco estão tendo
resultado com os homens. Mas isso também levanta um alerta de que as mulheres
estão consumindo e ainda não entraram nesta curva de decaimento. O câncer de
pulmão é extremamente letal e é importante observar que apenas cerca de 33% das
pessoas com câncer estarão vivas após o primeiro ano de diagnóstico, mesmo com
o tratamento adequado. Este número cai para 8% em cinco anos. O investimento
para este tipo de situação é a prevenção. E a prevenção vem da redução do uso
do tabaco”, explica o diretor-geral do INCA, Luis Fernando Bouzas.
Sabe-se que cerca de 90% dos
homens com câncer de pulmão fumaram em algum momento da vida e que o tempo que
um fumante demora para desenvolver um câncer de pulmão é de, pelo menos, 20
anos. A redução na prevalência de fumantes na população masculina brasileira,
desde o final da década de 80, reflete a atual queda da mortalidade por câncer
de pulmão entre os homens. A tendência é que a redução continue nos próximos
anos.
Entre as mulheres, a
mortalidade por câncer de pulmão ainda não diminuiu. A taxa padronizada era de
7,7 em 2005 e aumentou para 8,8 em 2014. Nota-se que as taxas são inferiores às
dos homens, mas a curva de mortalidade entre as mulheres ainda é ascendente,
enquanto a curva dos homens é descendente.
“No Brasil, as mulheres
começaram a fumar depois dos homens, com a popularização de marcas de cigarros
para o público feminino nas décadas de 70 e 80. A taxa de mortalidade entre as
mulheres continua subindo, mas nossa previsão é que, futuramente, começará a
cair, se mantivermos a tendência de queda no uso do tabaco no país” analisa a
médica, epidemiologista e gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA,
Liz Almeida.
De acordo com a gerente, esta
tendência já foi verificada nos países desenvolvidos, onde as taxas de
mortalidade entre os homens começaram a declinar em meados da década de 80 e
entre as mulheres só em 2010. “De qualquer forma, a redução da mortalidade
entre os homens no Brasil é uma excelente notícia e demonstra de que estamos no
caminho certo”, complementa Liz Almeida.
Para os especialistas do INCA,
o maior desafio do programa de tabagismo brasileiro é prevenir a iniciação de
jovens ao tabaco. Este grupo etário é o alvo principal da indústria do tabaco,
que oferece produtos customizados (cigarros mentolados e com outros sabores,
narguilé, entre outros) e posiciona os maços em embalagens chamativas ao lado
de balas e chocolates nos pontos de venda. O objetivo dos fabricantes, expresso
em memorandos internos tornados públicos, é fidelizar os consumidores jovens,
porque eles vão fumar durante décadas.
NOVA CAMPANHA –
Desta forma, a campanha “#MostreAtitude: sem o cigarro, sua vida ganha mais
saúde” tem como objetivo apontar para o jovem brasileiro um estilo de vida
saudável focado na prática esportiva, que é incompatível com o consumo de
cigarros. A prática esportiva é uma forma de sociabilidade importante e pode
substituir o cigarro como ferramenta de identificação e aceitação do jovem pelo
grupo de amigos.
A atividade física regular
também é associada com benefícios psicológicos, ao aumentar a capacidade de
crianças, adolescentes e jovens de controlar sintomas de ansiedade e depressão.
Do mesmo modo, contribui com o desenvolvimento ao criar oportunidades para que
eles se expressem e sejam mais autoconfiantes.
A campanha do Dia Nacional de
Combate ao Fumo conta com cartaz e folheto, distribuídos nacionalmente pelas
secretarias de saúde dos estados e disponíveis para download no hotsite www.inca.gov.br/wcm/dncf/2016,
onde estão informações detalhadas sobre o tema. A campanha foi amplamente
divulgada pelas mídias sociais do Ministério da Saúde.
ASSISTÊNCIA – Com
o intuito de reduzir o número de pessoas com câncer, entre outras doenças
crônicas não transmissíveis, o Ministério da Saúde vem investindo fortemente no
controle do tabagismo, tendo atualizado em 2013 as diretrizes de cuidado à
pessoa tabagista e ampliado o acesso ao tratamento. Além disso, foram criados
Centros de Referência em Abordagem e Tratamento dos Fumantes nas unidades de
saúde de maior densidade tecnológica e nos hospitais capacitados segundo o modelo
do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT).
São ofertados gratuitamente
medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de
nicotina) e bupropiona. O Ministério da Saúde destinou R$ 42,9 milhões para
compra dos produtos em 2015. Foram distribuídos 7,9 milhões de adesivos de
nicotina 7mg, 8,9 milhões de adesivos de nicotina 14mg, 11,04 milhões de
adesivos de nicotina 21mg, 1,6 milhão de gomas de nicotina 2mg e 33,05 milhões
de unidades de cloridrato bupropiona 150mg.
A priorização do atendimento
de quem deseja parar de fumar nas Unidades Básicas de Saúde pode ser mensurada
pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em
parceria com o IBGE. De acordo com a PNS, em 2013, 73,1% das pessoas que
tentaram parar de fumar conseguiram tratamento, um aumento importante em
relação a 2008, que era de 58,8%.
Agência Saúde com assessoria
de imprensa do Inca