Em
outubro de 2015, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recebeu
notificações do governo brasileiro sobre o aumento expressivo de casos de
microcefalia entre recém-nascidos. Um ano depois, 2.001 casos de microcefalia e
outras alterações do sistema nervoso já foram confirmados como sugestivos de
infecção congênita. Organismo regional da ONU se uniu às autoridades para
desenvolver políticas de assistência a profissionais de saúde e famílias
afetadas.
Em
25 de outubro de 2015, a Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS) começou a participar das
investigações conduzidas pelo governo do Brasil para esclarecer a associação
entre o surto de microcefalia e a epidemia de zika verificados no
país. Três dias antes, o organismo internacional havia sido informado
pelas autoridades sobre o aumento expressivo no número de casos da malformação
entre recém-nascidos.
Era
o início de uma parceria que confirmaria posteriormente o vínculo causal entre
a malformação congênita e o vírus. Um ano atrás, a relação entre a patologia e
a anomalia era apenas uma suspeita. Hoje, outros 22 países — a maioria
deles nas Américas — já reportaram casos de microcefalia e outras malformações
potencialmente associadas à infecção pelo zika.
Segundo
dados do Ministério da Saúde brasileiro, até 1º de outubro de 2016, haviam sido
confirmados 2.001 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso
que foram considerados sugestivos de infecção congênita.
Desse
conjunto, 343 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o
zika, mas esse dado, de acordo com a pasta federal, não representa todas as
ocorrências associadas ao vírus. O Ministério considera que a maioria das mães
que tiveram filhos diagnosticados com microcefalia foi infectada.
Pouco
mais de 3 mil ocorrências envolvendo alterações do sistema nervoso permanecem
sob investigação. Desde o início das investigações, em outubro de 2015, 9.711
casos foram notificados à pasta. Destes, 4.687 foram descartados por
apresentarem exames normais ou por terem sido confirmados como quadros de
microcefalia ou outras malformações provocadas por causas não infecciosas.
Resposta
da OPAS
A
OPAS e a Organização Mundial da Saúde lideram um processo de recolhimento e
avaliação de provas para definir claramente o alcance e diferentes
manifestações das consequências que a infecção pelo zika durante a gravidez
pode ter sobre os fetos.
Entre
os desdobramentos identificados pelas agências da ONU, estão a desproporção
craniofacial — indicação clínica de defeitos estruturais da cabeça devido ao
desenvolvimento anormal do feto —, a espasticidade — rigidez dos músculos que
afetam o movimento —, convulsões, irritabilidade, dificuldades de alimentação e
problemas de visão e audição.
As
complicações variam em gravidade e o escopo da síndrome, provavelmente, será
ainda maior quando a comunidade internacional obtiver mais informações e passar
mais tempo acompanhando as crianças afetadas.
Outra
contribuição da OPAS e da OMS tem sido a desmistificação de rumores que
começaram a circular na internet e confundir parte da população. Entre os
boatos difundidos, estavam os de que a microcefalia poderia estar sendo causada
por vacinas aplicadas em gestantes ou pelo inseticida pyriproxyfen,
utilizado para reduzir a população de mosquitos.
Nenhuma
das duas hipóteses é verdadeira. Sólidas evidências científicas confirmam a
relação de causalidade entre a infecção pelo vírus zika e a microcefalia.
A
OPAS também ajudou o Brasil a elaborar o “Protocolo de Vigilância e
Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central”,
documento adotado por diversas instituições nacionais de saúde.
Apoio
psicossocial
O
organismo regional das Nações Unidas foi responsável ainda pela publicação
“Apoio Psicossocial para mulheres grávidas e famílias com microcefalia e outras
complicações neurológicas no contexto do zika vírus”.
O
volume contém orientações para gestantes com suspeita ou confirmação de
infecção pelo vírus zika, bem como para cuidadores e familiares de uma criança
com microcefalia e também para grávidas cujos bebês apresentem indícios da
malformação congênita.
O
guia também cita exercícios para reduzir o estresse causado pela notícia de que
o filho pode ter distúrbios neurológicos e malformações neonatais, como dedicar
30 minutos ao dia para os chamados “períodos de preocupação”. O objetivo é
evitar que a pessoa fique 24 horas aflita.
Caso
as ações de apoio psicossocial básico não sejam suficientes, a OPAS recomenda
que o profissional de saúde encaminhe a mãe ou familiar/parceiro/amigo a um
serviço de atenção especializado.
A publicação
apresenta ainda dicas para promover o desenvolvimento da criança, de
recém-nascido a mais de dois anos. Atividades incluem olhar o bebê nos olhos e
conversar com ele, esconder o brinquedo favorito da criança debaixo de uma
caixa para ver se ela consegue encontrá-lo, ensinar a se comunicar com as mãos
e ajudar a criança a contar, nomear e comparar objetos.
Outra
orientação para médicos, enfermeiros e prestadores de cuidado é explicar que
muitos bebês com microcefalia não apresentam transtornos do desenvolvimento ou
outras complicações neurológicas graves.
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