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domingo, 4 de outubro de 2015

Análise de Mídia - 04 de outubro de 2015

A presença da Indústria no noticiário deste domingo (04) qualifica e eleva o debate voltado a questões estratégicas para o setor produtivo.

Comércio exterior é uma das referências. Tema é abordado sob diversas frentes e abre perspectivas bastante relevantes.

No geral, a conjuntura macro determina o ritmo da pauta do dia, por isso também jornais privilegiam a cobertura associada a ações de governo.

Um dos destaques está em O ESTADO DE S.PAULO, que aborda a escalada do dólar como “alavanca” para as empresas brasileiras voltarem exportar.

Advertindo que “o caminho não tem sido fácil”, porém, ESTADÃO revela que muitas companhias estão sendo obrigadas a reestruturar departamentos que haviam sido praticamente extintos.

Dados da Fundação Centro de Estudo do Comércio Exterior (Funcex) e a opinião de analistas compõem a reportagem.

O papel dos chineses no contexto das vendas externas globais também é discutido pelo ESTADÃO, que relata: “a participação do Brasil na Argentina, por exemplo, era de 15,8% em 2005 e agora está em 10,6%. Nesse mesmo período, a fatia da China no país subiu de 7,2% para 18%, afirma o diretor de CNI, CARLOS ABIJAODI”.

Texto coordenado completa que “um dos grandes entraves à expansão das exportações é a ausência de acordos comerciais com grandes mercados”.

ESTADÃO critica a política externa brasileira e a opção por “voltar os olhos” para acordos envolvendo países da América do Sul e da África.

Como exemplo bem-sucedido, ESTADÃO ressalta a Colômbia, que tem 16 acordos com países que representam 55% do comércio mundial, “afirma CARLOS ABIJAODI”.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), opina e reforça que a tarefa do governo é reconquistar os mercados perdidos nos últimos anos.

Na FOLHA DE S.PAULO, reportagem especial revela que “a desvalorização cambial espremeu a indústria”.

Jornal chama a atenção para a pressão do câmbio sobre o custo da matéria-prima importada ou cotada em dólar e ressalta que a crise dificulta o reajuste no mercado interno.

FOLHA especula que o setor industrial espera transferir o maior custo de produção daqui a dois ou três meses, quando os estoques, hoje altos, acabarem.

Na mesma reportagem, justifica ainda que, “outra saída para o aumento de custo é reduzi-lo, por meio da substituição de insumos importados por nacionais, quando for possível”.

Humberto Barbato, presidente da Abinee, afirma à FOLHA que reúne a indústria eletroeletrônica, diz que o setor vive um impasse: "O empresário sabe que, no momento em que sobe preço, perde mercado. Ninguém quer tomar o primeiro passo. Mas, por outro lado, não há como absorver custos."

Em tom de alerta, FOLHA pondera que, “além da possibilidade de perder mercado para o concorrente, o temor de que o consumidor desista da compra inibe a alta de preço.

Jornal reproduz a seguinte frase atribuída a RENATO DA FONSECA, gerente CNI: “Se você repassar tudo, mesmo sem concorrência, a pessoa adia ou desiste da compra".

De forma coordenada, FOLHA revela que “setores com mais dificuldade para repassar o aumento de custos buscam fornecedores locais para trocar os insumos importados pelos fabricados aqui”.

Na interpretação do jornal, a estratégia pode favorecer a indústria nacional, mas ainda ocorre em ritmo lento.

Conforme a FOLHA, as empresas de componentes elétricos podem se beneficiar da desvalorização do real, avalia a Abinee. "Esse movimento pode gerar uma reindustrialização. Alguns componentes que haviam sido substituídos por outros importados já voltam a ser comprados no Brasil", diz Barbato, presidente da associação.

Também na FOLHA DE S.PAULO, reportagem exclusiva informa que “o governo e a indústria apostam no mercado norte-americano para que o valor das exportações brasileiras, há quatro anos em queda, volte a crescer em 2016”.

Jornal afirma que este é o único grande parceiro comercial do Brasil com potencial de aumentar de forma mais expressiva sua demanda no médio prazo.

"Os EUA têm sido nossa salvação", resume ABIJAODI, conforme reproduz a FOLHA, que na mesma reportagem destaca, entre os produtos que têm ganhado espaço, as máquinas e equipamentos, peças automotivas e produtos químicos.

“Para ABIJAODI, o fôlego é importante porque, apesar do ganho de competitividade obtido pelo país com a desvalorização do real – que reduz o valor em dólares dos produtos brasileiros –, o cenário internacional e doméstico é desfavorável”, resume a FOLHA.

Jornal avança e na mesma reportagem relata que o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) diz não ter dúvidas de que as exportações brasileiras crescerão em valor em 2016.

Como ponto de atenção – e complementando o dia – registra-se na FOLHA DE S.PAULO artigo assinado por Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) no Rio de Janeiro.

Sob o título ‘Um tiro no SISTEMA S’, Niskier afirma em tom irônico: “Só um gênio do mal para mexer no sistema”.

“É conhecida a dificuldade do governo federal para fazer o seu ajuste fiscal. Em meio a essa confusão toda, até propostas estapafúrdias acabam sendo feitas, como é o caso de sequestrar os recursos financeiros do SISTEMA S, o conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais”, reforça Niskier.

“Retirar R$ 8 milhões do SISTEMA S e colocar nas contas baleadas do governo é condenar entidades beneméritas como o Senac, o SENAI, o Senar, o Sesc, o SESI, o Sebrae, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Exportação e Investimentos) a praticamente fechar as portas, como algumas chegaram mesmo a anunciar”, completa Niskier (retransmito a integra abaixo).



FOLHA DE S.PAULO
Controle de agrotóxicos em alimento é quase nulo

O ESTADO DE S.PAULO
PMDB passa a controlar orçamento maior que PT

O GLOBO
Crise obriga empresas a vender R$ 150 bi em ativos



O deslocamento da pauta econômica deixa poucos espaços disponíveis para que a agenda setorial se apresente.

Apesar do baixo volume, porém, alguns itens se sobressaem.

Dando continuidade à expressiva cobertura centrada em comércio exterior – sobretudo nos jornais paulistas – breve reportagem na FOLHA DE S.PAULO relata que, “apesar do otimismo com o dólar mais favorável aos exportadores, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), alerta para as dificuldades à frente”.

José Augusto de Castro, presidente da entidade, afirma à FOLHA que os exportadores enfrentam escassez de crédito e terão o desafio de disputar espaço com outras economias que também passaram a ter uma moeda mais competitiva, como os países da zona do euro.

Já a coluna MERCADO ABERTO, também na FOLHA DE S.PAULO, informa que "a indústria plástica prevê uma retração mais acentuada em seu faturamento nos próximos meses. No acumulado do ano até agosto, a queda foi de 4%. A projeção, no entanto, é que 2015 termine com um recuo de 10%".

"O segundo semestre deverá ser pior", afirma à coluna da FOLHA, o presidente da Abiplast (associação brasileira do setor), José Ricardo Roriz Coelho.

Sobre o assunto, MERCADO ABERTO ainda relata que, "nos primeiros sete meses de 2015, a indústria fechou cerca de 13,4 mil postos de trabalho -o que equivale a 3,8% do total de empregados no setor. Durante todo o ano passado, 3.000 vagas haviam sido eliminadas".

Finalizando o dia, registra-se artigo assinado por PAUL SINGER, secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, na FOLHA DE S.PAULO.

Segundo SINGER, "chegou a hora de o Brasil lançar mão dessa experiência histórica e organizar um movimento do governo em parceria com a sociedade civil para o resgate humana das vítimas do desemprego".



O ESTADO DE S. PAULO opina de forma bastante crítica sobre a reforma ministerial e afirma: “a presidente petista não parece interessada em respeitar a inteligência alheia. Seu único objetivo é sobreviver. Por isso, ela deu ao PMDB nada menos que sete pastas em seu novo Ministério".

FOLHA DE S.PAULO interpreta de forma técnica a “medida corretiva” apresentada pelo governo na semana passada que evita, a parti de agora, as chamadas pedaladas fiscais. “A providência é bem-vinda, a despeito da escolha oportunista do momento. Trata-se de disciplinar, aliás com grande atraso, a prestação de serviços dos bancos federais ao Tesouro Nacional”, resume.

O GLOBO trata da Lava Jato e afirma que “foi uma derrota indiscutível” do juiz Sérgio Moro, dos procuradores do MP e dos policiais federais a decisão do STF de transferir para um juiz em São Paulo processo sobre a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).


DORA KRAMER, em O ESTADO DE S.PAULO, registra em tom crítico: "O afastamento de Aloizio Mercadante da Casa Civil é um ato que não soluciona. A saída dele não resolve (...) O problema é que na Casa Civil ou na Educação, Dilma vai continuar ouvindo Aloizio Mercadante, seu pior conselheiro".

ELIANE CANTANHÊDE, em O ESTADO DE S.PAULO, afirma que "a próxima etapa da 'reforma ministerial' do Lula é limar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Lula demorou a exercer seu domínio sobre a pupila Dilma Rousseff, que esperneou o quanto pôde, mas, agora, ele não vai parar mais. A intervenção no governo, ou o impeachment branco, vai longe".

O ex-presidente do Banco Central, HENRIQUE MEIRELLES, escreve na FOLHA DE S. PAULO que "a expressiva alta do dólar reanimou a discussão sobre intervenções nos mercados de câmbio". Segundo ele, "o BC, por sua vez, deve estar preparado para controlar as expectativas e os efeitos inflacionários das flutuações da moeda. E o governo precisa manter uma política econômica sustentável que não gere volatilidade excessiva não só no dólar, mas nos mercados como um todo".

PAINEL, na FOLHA DE S. PAULO, informa que “os sindicatos da indústria de construção civil planejam aprovar uma paralisação geral nacional na sexta (9). Há queixas de atraso nos pagamentos do Minha Casa Minha Vida no valor de R$ 1,5 bilhão”.

De acordo com PAINEL, “ setor havia fechado acordo para reduzir o ritmo das obras em troca da pontualidade nos pagamentos, mas diz que o trato foi desrespeitado. Os empresários são os mesmos que vaiaram o ministro Gilberto Kassab (Cidades) em evento em setembro”.

MIRIAM LEITÃO, em O GLOBO, reproduz trechos de uma entrevista exclusiva com o ministro da Fazenda Joaquim Levy. Foco está no ajuste e nas perspectivas de crescimento do PIB.

Conforme MIRIAM LEITÃO, Levy acha o Brasil precisa discutir agora questões que aumentarão a competitividade e eficiência da economia.

"A inclusão social que aconteceu no Brasil precisa ser protegida. Vou dar um exemplo: triplicou o número de passageiros do transporte aéreo no Brasil. Agora empresas aéreas estão preocupadas com a queda do consumo. Para aumentar a eficiência e reduzir custos, elas precisam de querosene mais barato", diz Levy.

O ministro da Fazenda ainda explica à colunista de O GLOBO: "E isso não se fará com subsídio, nem com baixa de tributo temporário, mas sim com uma reforma do ICMS que acabe com uma contradição no setor. O imposto em São Paulo é 20%, em alguns estados do Nordeste, é 7% ou menos. Empresas vão abastecer lá e voltam com o avião com tanque cheio. Como a gente vai evitar essas viagens? Com a reforma do ICMS".

PANORAMA POLÍTICO, em O GLOBO: "Os empresários já vinham perdendo sua força política. Mas agora, de acordo com analistas, foram feridos de morte com a decisão do STF, proibindo o financiamento eleitoral pelas empresas. O poder de barganha junto aos governos e ao Parlamento vai se reduzir. Suas teses ficarão submetidas ao pragmatismo dos políticos e à difusa sintonia com a opinião pública".

Também em PANORAMA POLÍTICO: "As centrais sindicais estão entre os derrotados pela reforma feita pela presidente Dilma. A CUT, a CTB, a UGT e a Força Sindical, que é oposição, se manifestaram contra a fusão dos ministérios do Trabalho e da Previdência Social".

VERTICAL S/A, em O POVO (CE): "A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – Paulo Skaf – diz ver com "extrema preocupação" os movimentos do presidente da CNI, o mineiro ROBSON ANDRADE, para aceitar supostos acordos com o Governo Dilma, no qual o SESI e o SENAI abririam mão de recursos que custeiam seus serviços. Em nota, a Fiesp usa o termo "repudiar" os supostos acordos e exorta demais federações que se alimentam do SISTEMA S”.


Editorial de O ESTADO DE S.PAULO afirma que “a indicação de um político profissional para o Ministério da Educação (MEC) (...) é mais um capítulo do teatro do absurdo em que se transformou o governo da presidente Dilma Rousseff numa área estratégica para o futuro do País”.

De forma crítica, jornal afirma que a presidente Dilma “conseguiu introduzir o caos no setor no curto período de nove meses” – texto menciona problemas no Ciência sem Fronteiras, no Pronatec e no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Reportagem diferenciada no caderno TRABALHO & FORMAÇÃO PROFISSIONAL do CORREIO BRAZILIENSE informa que “é graças à tecnologia que alunos do ensino médio do Serviço Social da Indústria (SESI) estão vivendo a experiência de um intercâmbio cultural diferente”.

Texto relata que, dividido em três etapas, o programa Conexão Mundo possibilita o aprendizado em contato direto com americanos.


RENATO CRUZ, em sua coluna em O ESTADO DE S.PAULO, informa que “45% dos projetos de inovação apoiados pelo SENAI se transformaram em produtos e serviços que chegaram ao mercado”.

Conforme o texto, “o levantamento leva em conta os editais SENAI/SESI de Inovação de 2005 a 2012. Durante esse período, foram investidos R$ 222,9 milhões. Dos 132 projetos no mercado, 19 são de indústrias de grande porte, 11 de empresas médias e 102 de micro e pequenas. Entre esses projetos estão um sistema de identificação e localização de equipamentos médicos e uma nova fórmula de adoçante dietético”.



A reconfiguração da Esplanada dos Ministérios faz o noticiário avançar sobre questões partidárias e da conjuntura política.

No geral, abordagens assumem perfis analíticos e exploram detalhes que, ao longo da semana passada, não despertaram tanto interesse.

Reportagens especiais, entrevistas exclusivas e artigos são as principais referências do dia.

Manchete de O ESTADO DE S.PAULO informa que o PMDB ficará responsável por administrar ao menos R$ 99 bilhões do Orçamento para 2016, enquanto que o PT, R$ 75,5 bilhões.

Levantamento do ESTADÃO expõe uma série de números e faz correlações entre as mudanças nos ministérios e a tentativa da presidente Dilma Rousseff de estancar a crise de governabilidade.

Questões partidárias associadas à reforma ministerial e, mais especificamente, especulações em torno dos próximos movimentos do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também se reposicionam.

Jornais voltam a discutir sob esse ponto de vista a abertura da discussão do processo de impeachment da presidente Dilma

FOLHA DE S.PAULO, em reportagem diferenciada, relata que “a presidente Dilma Rousseff mandou os auxiliares se prepararem para reagir se Cunha se movimentar para deflagrar o processo”.

Conforme FOLHA, o governo teme que o presidente da Câmara dê nas próximas semanas os passos necessários para pôr em marcha o impeachment, na tentativa de camuflar o desgaste que ele tem sofrido desde que se tornou alvo da operação Lava Jato.

A O ESTADO DE S.PAULO e FOLHA DE S. PAULO o economista Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, concede entrevistas exclusivas nas quais critica a política econômica e lança uma série de dúvidas sobre as ações do governo para contornar a crise por meio do ajuste econômico.

Pochmann afirma que o ajuste é um equívoco e chama a atenção para a estagnação econômica. O especialista propõe uma espécie de “virada à esquerda”.

Destaque ainda para artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em O GLOBO e em O ESTADO DE S.PAULO.

Analisando a conjuntura política, FHC afirma que “o povo não vê no ajuste financeiro a glória futura, mas sim o aperto cotidiano”.

Segundo ele, “os programas e promessas são palavras que a experiência mostrou natimortos pela inércia da administração ou por sua incompetência. Os políticos já não sabem quantos mais anéis pedir à presidente para cumprirem o que, em princípio, já lhes foi pago, pois querem mais. Para não falar nos mercados, que buscam refúgio no dólar, embora não se tenha crise cambial à vista”.

Em O GLOBO, outro ponto de atenção:  o juiz federal Sérgio Moro escreve em artigo que “a corrupção sistêmica não vai ceder facilmente”.

Moro defende sociedade civil e Poder Público sejam parceiros, mas adverte: “milhões já foram às ruas protestar contra a corrupção, mas não surgiram respostas institucionais relevantes”.

Em tom pessimista, Moro completa que “o tempo está passando e o momento, em parte, está sendo perdido”.

Complementando o dia, CORREIO BRAZILIENSE (DF) publica em manchete entrevista exclusiva com o ministro Edinho Silva.

Segundo o CORREIO, o ministro defende o modelo de coalizão definido pela reforma ministerial e fala sobre a investigação aberta contra ele no STF para apurar a doação de R$ 7,5 milhões supostamente desviados da Petrobras.

Edinho Silva ainda admite erros do PT e se queixa de que muitos dos ataques à presidente Dilma são decorrentes de machismo. "Ela é mulher honesta, íntegra e trabalhadora", diz.



Ações de governo inseridas no contexto da crise são passadas a limpo por reportagens que requalificam o foco no noticiário econômico.

Volume não é dos maiores, mas mesmo pontualmente essas abordagens se destacam entre as demais e merecem leitura.

Um dos destaques está em O ESTADO DE S.PAULO, que de forma exclusiva informa que o Palácio do Planalto “descarta” voltar com o programa Minha Casa Melhor.

Desde o início do ano, afirma o ESTADÃO, as contratações estão suspensas. “Faltam recursos no governo para bancar o programa, que é alvo de críticas da atual equipe econômica”, resume.

O Minha Casa Melhor concedia empréstimos em condições especiais para a compra de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis para os beneficiários do Minha Casa Minha Vida.

A agenda macroeconômica também está bem posicionada.

Ritmo do noticiário é garantido por opiniões e análises que tentam, de algum modo, explicar os rumos do país em meio a tantas incertezas domésticas e externas.

Como ponto de atenção, em O ESTADO DE S.PAULO, a economista Monica Baumgarten de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington, explica a proposta radical manifestada em artigo na semana passada no qual propôs que o Brasil abandone o regime de câmbio flutuante e adote bandas de flutuação para a moeda.

“Falta um plano fiscal, uma solução para as contas públicas. Isso não é simplesmente passar a CPMF e cortar uns gastos aqui e outros ali, mas pegar o sistema de Previdência e realmente acabar com as regras de indexação”, afirma.

“Os riscos que existem no cenário externo tornam mais urgente a gente sair da paralisia. Uma das coisas presentes em todos os círculos de conversa é a China”, completa Monica Baumgarten de Bolle.

Também em entrevista exclusiva, Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, afirma a O GLOBO que Brasil teria muito a ganhar com abordagem “robusta, estratégica e ambiciosa”, centrada no corte de despesas, garantindo crescimento e avanços sociais.

Manchete de O GLOBO informa ainda que empresas públicas e privadas estão “promovendo um verdadeiro saldão de ativos”.

Levantamento do jornal revela que em diferentes setores as companhias estão tentando se desfazer menos R$ 149,6 bilhões. “Na lista de empresas, estão Petrobras, Vale, Eletrobras e Infraero”, resume o texto.
ARNALDO NISKIER

Um tiro no Sistema S

Só um gênio do mal para mexer no sistema. Uma saída poderia ser cobrar pelos cursos, mas isso resultaria em um baque nas matrículas

É conhecida a dificuldade do governo federal para fazer o seu ajuste fiscal. Em meio a essa confusão toda, até propostas estapafúrdias acabam sendo feitas, como é o caso de sequestrar os recursos financeiros do Sistema S, o conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais.

Até há pouco, falava-se em prestigiar o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Anunciava-se um programa de 12 milhões de técnicos. Depois, o número baixou consideravelmente, mas com a política de despir um santo para vestir o outro.

Retirar R$ 8 milhões do Sistema S e colocar nas contas baleadas do governo é condenar entidades beneméritas como o Senac, o Senai, o Senar, o Sesc, o Sesi, o Sebrae, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Exportação e Investimentos) a praticamente fechar as portas, como algumas chegaram mesmo a anunciar.

Só o Sesc estima perder cerca de 27 mil funcionários, além de inviabilizar o atendimento de 200 mil alunos no Rio de Janeiro. No caso do Sebrae, o corte programado, se vier a ser confirmado, pode levar a entidade a cobrar pelos seus serviços ou reduzir o número de 8 milhões de microempresários atendidos por ano. É possível imaginar o tamanho desse prejuízo?

A se confirmar a crise, será a maior dos mais de 70 anos de existência do Sistema S, nascido na década de 1940, quando Gustavo Capanema era ministro da Educação. Foi autor das célebres e consagradas Leis Orgânicas do Ensino Industrial e do Ensino Comercial, até hoje vigentes.

A prova da competência do Senai, por exemplo, pode ser medida pelo fato de mais de 60% dos seus alunos estarem empregados, mesmo com a elevada retração do mercado. A entidade, nos 1.008 cursos que oferece, forma aproximadamente 90 mil alunos por ano em 30 segmentos industriais.

Só mesmo um gênio do mal para mexer no setor, provocando a reação indignada de dirigentes como Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Os números do Senai, por exemplo, são espetaculares: 3,64 milhões de matrículas no ano passado, dos quais 1 milhão ministrados na modalidade do ensino à distância. Já o Sesi formou 217 mil jovens e adultos.

Com essa absurda intervenção do governo federal, uma hipótese provável seria passar a cobrar pelos cursos, mas não há dúvida de que isso representaria um baque nas matrículas. É a fórmula encontrada de prestigiar o que entendemos por ensino profissional?

A se confirmar a pretensão oficial, haverá uma série de perdas nos programas hoje vigentes de educação –sobretudo a construção de creches–, saúde, cultura e esporte.

Haverá uma drástica redução de matrículas e a possível perda de gratuidade nos cursos profissionais do Senac. Enfim, uma queda considerável de substância, como se pudéssemos nos dar ao luxo dessa perda inoportuna.

ARNALDO NISKIER, 80, é membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) no Rio de Janeiro

 OS REIS TAMBÉM MORREM

O mandato de Dilma ainda dura três anos e pouco, e o tempo urge. Ou bem a presidente reage ou ela é 'renunciada; chegará a hora de acelerar decisões

Num dos sábados do mês de setembro encontrei tempo e motivação para escutar a Orquestra do Estado de São Paulo (Osesp), sob o comando do maestro Isaac Karabtchevsky, tocar os Gurre-Lieder de Arnold Schõnberg. Com a força expressiva do autor, os versos novecentistas do dinamarquês Jens Peter Jacobsen, traduzidos para o alemão por Robert Franz Arnold, ganham uma dramaticidade wagneriana. Dizem os entendidos que, ademais de Wagner, os acordes transpiram também a Mahler. Não saberia avaliar. O que senti, especialmente quando os instrumentos entoaram sons de uma marcha fúnebre, foi o inevitável da morte e a angústia dos próximos que ficam. Esta sensação talvez me viesse porque a última vez que fui à Osesp em sua companhia Ruth teve a crise cardíaca que, dias depois, terminou sendo fatal. Estive a recordar o tempo todo que em setembro ela faria 85 anos.

O rei Waldemar, no poema, chora a morte de sua amada e diz: "Mas, Tove está aqui e está lá, está tão perto e está tão longe". Revolta-se contra os próprios deuses e proclama: "Senhor Deus, teus exércitos de anjos cantam sempre tua glória; entretanto, o de que necessitarias era de um anjo que te soubesse censurar. Mas quem se atreveria?" Da angústia existencial da morte concreta, a dos mais próximos e a própria, passei a pensar na morte política para não me afligir ainda mais. Grave e grande problema: como passar de uma situação de poder a outra? Os reis podem abdicar e assim, sem morrer, renunciam ao poder. Penam em vida, eventualmente, a ausência do poder. Agora, até os papas renunciam; devem rezar na paz de Castel Gandolfo pelo êxito do sucessor. No parlamentarismo são os deputados que, formando uma nova maioria, ora ressuscitam o primeiro-ministro moribundo, ora simbolicamente o decapitam, escolhendo outro. No presidencialismo o eleito, em tese, deve esperar que o tempo se esvaia até que o povo escolha novamente um "rei". O anterior, bom grado, mau grado, sobrevive fisicamente, ora tentando voltar ao trono, ora conformado com o que já fez; ora ajudando o sucessor a governar, ora atrapalhando-o. Às vezes, entretanto, não há sucessão à vista e o rei já não governa. Quando o presidente, no caso de República democrática, agride a Constituição, ainda sobra o remédio do impedimento, uma espécie de morte assistida. Ou então ele abre mão voluntariamente do poder pela renúncia. O tema, na Ciência Política, sem ter a dramaticidade do Gurre-Lieder, é sempre tratado com circunspecção e interesse. Não por acaso voltou à baila em algumas repúblicas presidencialistas contemporâneas o discutível instituto do recall: a velocidade da vida e dos meios de comunicação tornam precocemente envelhecidos governos democraticamente eleitos. Estamos diante dessa encruzilhada. Trombetas, trompas e fagotes já entoam o final, falta apenas a percussão dos címbalos para que todos saibam que o rei morreu. Este, entretanto, detém o poder e não encontra alguém, como o anjo que Waldemar queria que se atrevesse diante do próprio Deus, para dizer-lhe: acabou!

Por enquanto, falei no figurativo. Mas vamos aos fatos. O povo não vê no ajuste financeiro a glória futura, mas sim o aperto cotidiano. Os programas e promessas são palavras que a experiência mostrou natimortos pela inércia da administração ou por sua incompetência. Os políticos já não sabem quantos mais anéis pedir à presidente para cumprirem o que, em princípio, já lhes foi pago, pois querem mais. Para não falar nos mercados, que buscam refúgio no dólar, embora não se tenha crise cambial à vista.

Estamos assistindo a uma corrida contra o tempo. Repito o já sabido e dito: as forças dinâmicas do quadro brasileiro vêm sendo a crise econômica e a Operação Lava-Jato. Só que o desdobramento de uma, a judicial, independe da outra, que, entretanto, sofre suas consequências. Não obstante, as lideranças políticas, a começar pela maior da República, parecem assistir conformadas ao mergulho do país no poço fundo da crise pela falta de confiança.

Daí a angústia: há urgência para que as decisões políticas nos permitam enfrentar os desafios econômicos e sociais. Estes são de magnitude: os compromissos legais de financiamento a serem cumpridos pelo governo, seja por diretivas constitucionais, seja por mandamentos legais, seja por compromissos políticos assumidos, não cabem no Orçamento e o país não quer pagar mais impostos. Não quer porque não vê que deles resulte melhoria palpável para as contas públicas nem para a população, dadas a continuidade da gastança, a incompetência da gestão e a corrupção. A quadratura deste círculo exige a reconstrução da confiança perdida. Daí a corrida contra o tempo. O mandato ainda dura três anos e pouco e o tempo urge. Ou bem a presidente reage (e vê-se que não tem gás para tanto), ou ela é "renunciada". Mesmo que se cogite de impedimento, este está
limitado pelo decorrer de prazos legais. Haverá tempo? Como conciliar, sempre dentro da Constituição, as urgências da economia e da vida com a morosidade dos tempos políticos?

Não tenho a vara de condão para me levar ao futuro. Arrisco dizer, no entanto, que nessa pugna entre os meneios político-partidários e as necessidades concretas das pessoas e das empresas, chegará o momento de acelerar decisões. Talvez um anjo perverso aconselhe à presidente: entregue logo sua alma ao diabo, entre mais fundo no "toma lá dá cá" e salve seu mandato. Pode até conseguir, mas valerá a pena? E acaso isso modifica a dança do país à beira do abismo? Quanto antes os mais responsáveis percebam que ou agem ou serão tragados pela voragem da crise, melhor. Ainda há tempo. Pouco, contudo.

Fernando Henrique Cardoso, Ex-presidente do Brasil

Análise de Mídia - Revistas 03 de outubro de 2015

Assim como nos jornais diários, a reforma ministerial também está entre as prioridades das revistas que circulam neste fim de semana.

Os sinais emitidos pelo governo, o impacto das mudanças na base aliada e os cenários de curto prazo impulsionam o noticiário.

O ajuste na equipe e o futuro da era Dilma Rousseff respondem pelo maior volume entre as publicações.

Registra-se a elevada capacidade de análise. Em praticamente todos os textos há juízos de valor sobre “erros e acertos” da petista.

As reportagens de capa, no entanto, se diferenciam. Essa variedade ajuda a compor um mosaico mais abrangente do que na semana passada.

CARTA CAPITAL centra forças em supostas intrigas e nos ruídos que, segundo a revista, colocam em xeque a permanência do ministro da Fazenda Joaquim Levy. Texto atribuí a fragilidade à “obsessão” de Levy pelo ajuste fiscal e à falta de sustentação política.

ISTOÉ expõe os dilemas petistas que, depois de cortes profundos no Orçamento, têm prejudicado a manutenção dos programas sociais. “O discurso da inclusão, tão caro a Lula e Dilma, ficou sem sentido. Ele faz parte do passado. Acabou”, resume.

Em ISTOÉ DINHEIRO, reportagem especial narra histórias de sucesso e superação de pessoas comuns que, em meio a crises, conseguiram enriquecer mudando de vida e de carreira.

VEJA publica a reportagem mais editorializada entre todas sobre a reforma ministerial e seus efeitos. Texto é bastante crítico à presidente Dilma Rousseff e investiga em detalhes a influência do ex-presidente Lula a partir de agora (leia a integra abaixo).

Em ÉPOCA, destaque para nova denúncia exclusiva que acusa o ex-presidente Lula de ter feito lobby em nome de empresas privadas na África.

CNI NA MÍDIA

BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, adverte que “os Estados Unidos estão prestes a assinar um mega acordo comercial com outros 11 países. E o Brasil está ficando de fora”.

Texto ressalta que se trata da Parceria Transpacífica, grupo que reunirá em uma área de livre comércio 40% do PIB mundial e 805 milhões de habitantes.

BRASIL CONFIDENCIAL adverte que um “estudo da Confederação Nacional da Indústria – CNI mostra que esse acerto poderá derrubar 2,7% das exportações nacionais”.

Como ponto de atenção, coluna afirma que, “enquanto isso, industriais brasileiros pressionam para que o Brasil e o Mercosul acelerem suas negociações comerciais e lancem novas discussões sobre barreiras não-tarifárias, investimentos, serviços, propriedade intelectual e compras governamentais”.

ANÁLISE SETORIAL

Questões associadas às políticas fiscal e tributária voltam a chamar a atenção das revistas.

Parte desse noticiário está inserida na cobertura política e/ou com foco na agenda do Congresso Nacional.

Um dos destaques está em ISTOÉ, que revela: um estudo do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) mostra que o Brasil perderá mais de meio trilhão de reais por causa da sonegação de impostos só neste ano.

Na mesma reportagem, ISTOÉ lembra que, em um ato contra o aumento de impostos e a volta da CPMF, a Fiesp instalou um pato inflável de 12 metros de altura no canteiro central da Esplanada dos Ministérios e espalhou outros no espelho d’água.

Ainda em ISTOÉ, o anuário AS MELHORES CIDADES DO BRASIL antecipa que Manaus, Itajaí e Porto Nacional mobilizam-se para melhorar índices de saneamento básico, saúde e educação.

Sobre Porto Nacional (TO), texto menciona que “o município também doou área para a Federação das Indústrias do Tocantins construir uma escola profissionalizante do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)”.

Já a revista ÉPOCA, na seção DEBATES E PROVOCAÇÕES, afirma que o papel do Estado na retomada do crescimento continua a dividir liberais e desenvolvimentistas.

O economista Marcos Lisboa afirma em artigo relacionado à reportagem que “a maior transparência das políticas públicas e de instituições como FAT, FGTS, SISTEMA S e os sindicatos, patronais e dos trabalhadores, com a divulgação de balanços auditados de forma independente, colaboraria com a deliberação democrática sobre o uso de recursos arrecadados compulsoriamente e seus impactos sociais”.

Itens específicos atrelados à pauta estrutural da indústria ou com foco na conjuntura macroeconômica também chamam a atenção.

VEJA repercute a informação – amplamente divulgada pelos jornais – de que o Brasil perdeu 18 posições e ficou em 75º lugar entre 140 países no ranking de competitividade global, elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial.

Texto reforça que o Brasil melhorou em apenas três dos 12 pilares econômicos avaliados. “Houve avanço em infraestrutura, por causa da privatização de aeroportos”, pontua.

Entre os textos de opinião, registram-se dois em especial.

O ex-ministro Antonio Delfim Netto, na CARTA CAPITAL, opina que “o comportamento da bancada do PSDB que, com uma única exceção, votou pela rejeição dos vetos que Dilma Rousseff aplicou, corajosamente, às maluquices aprovadas pelos deputados, foi uma enorme frustração para a sociedade brasileira e diminuiu a dignidade da atividade política!”.

Segundo Delfim, “na melhor das hipóteses, portanto, os votos foram dados por covardia. Na pior, por um indecente instinto ‘golpista’”.

Já o ex-ministro Maílson da Nóbrega, em VEJA, escreve sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) e como ponto de atenção afirma: “o desafio de melhorar a sua qualidade não está na falta de recursos, mas na forma como estes são utilizados”.

“É preciso repensar o PNE e a vinculação de recursos, uma forma errada de fixar prioridades. Os legisladores de hoje amarram os de amanhã”, completa Maílson da Nóbrega.

Destaque ainda para a agenda de infraestrutura. Tema – que nas últimas semanas não foi incorporado à pauta das revistas – volta a se impor e complementa o noticiário de interesse.

ISTOÉ DINHEIRO indica, por exemplo, que a operação Lava Jato está mudando o cenário competitivo no setor de infraestrutura do país e afirma que “estão surgindo oportunidades para outras companhias, como construtoras médias e grupos estrangeiros”.

“Para o governo, permitir a participação do maior número de interessados em projetos como os de rodovias e aeroportos é essencial para garantir que o novo plano de concessões, com investimentos previstos de mais de R$ 100 bilhões, saia do papel e contribua para deflagrar a recuperação da economia, relata ISTOÉ DINHEIRO.

 O golpe do 3º mandato
Ameaçada de impeachment, cercada por escândalo de corrupção e pressionada pela crise econômica que se agrava, Dilma se rende e entrega o governo ao ex-presidente Lula e seus aliados do PMDB
Daniel Pereira
QUANDO CONQUISTOU A PRESIDÊNCIA, Dilma Rousseff fixou como meta recuperar para as mãos do Estado pedaços da máquina pública que estavam sob o controle de ruidosas engrenagens partidárias. De forte apelo popular, essa estratégia de enfrentamento do fisiologismo começou a sair do papel em grande estilo. Ao montar sua equipe, em 2011, ela demitiu o PMDB do comando da Saúde, que tem o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios. A gerentona, valente e inabalável diante de pressões políticas, punha o maior partido do país em seu devido lugar. Tudo em nome do interesse nacional. Tudo ressaltado pela propaganda oficial. Em boa parte de seu primeiro mandato, Dilma exerceu o poder na plenitude. Chegou a sobrepor suas vontades às de próceres petistas em temas caros ao partido. Chegou a bater recorde de popularidade. Eram tempos de glória para ela. Tempos que não voltam mais. Na semana passada, a presidente - aprovada por apenas 10% da população, sem apoio parlamentar e ameaçada de impeachment - aceitou transferir a tarefa de governar a nomes escolhidos por Lula e caciques do PMDB.

Em troca de ajuda para completar seu segundo mandato, ela renunciou de fato e passou a batuta ao antecessor. Depois de meses de pressão, o criador, enfim, dobrou a criatura - e o terceiro mandato de Lula começou. A rendição foi consumada por meio de uma reforma administrativa que reduziu de 39 para 31 o número de ministérios, extinguiu 3000 cargos comissionados e prometeu economia com despesas de varejo, como diárias e passagens. Dilma tirou do Palácio do Planalto pessoas que eram de sua estrita confiança e formavam o coração de seu governo. Para substituí-las, escalou quadros leais a Lula. Seguindo recomendação do ex-presidente, ela também aumentou o número de ministérios controlados pelo PMDB, que recebeu de volta a pasta da Saúde, aquela que, de acordo com a Dilma destemida de 2011, jamais voltaria ao balcão de negócios montado pelo presidente de turno para comprar apoio no Congresso. "Os governos de coalizão, como é o caso do meu e de todos os governos depois da democratização, precisam de apoio no Congresso. Nós vivemos em uma democracia e temos de dialogar com o Congresso eleito pelo povo em favor da população", disse Dilma, convertida de novo ao pragmatismo sem limites.
A principal mudança realizada ocorreu na Casa Civil, com a saída de Aloizio Mercadante, que foi remanejado para a Educação, e a entrada de Jaques Wagner. Lula nunca gostou de Mercadante. Além de não esconder seu desapreço pessoal por ele, passou a responsabilizá-lo por quase tudo o que considera errado no governo, do bate-cabeça na condução da economia à demora da presidente em participar dos esforços destinados a barrar o avanço das investigações da Operação Lava-Jato. O PMDB também fustigava Mercadante, acusando-o de atrapalhar a relação do Executivo com o Legislativo e de sabotar a atuação do vice-presidente Michel Temer quando este coordenava a articulação política. Numa conversa recente, Temer perguntou a Dilma por que ela não substituía Mercadante. "Porque o Jaques Wagner ligará para o Lula de cinco em cinco minutos." O temor da presidente era claro. Nada que impedisse sua capitulação. A contragosto, Dilma transferiu Miguel Rossetto da Secretaria-Geral da Presidência, que foi extinta, para o Ministério do Trabalho e, agora, também da Previdência Social.

Rossetto era atacado sistematicamente por Lula, integrantes da corrente majoritária do PT e caciques peemedebistas. Em coro, eles diziam que o ministro não virava um mísero voto no plenário e, com um discurso de esquerdista que parou no tempo, não ajudava o governo a encontrar soluções para os graves problemas enfrentados. Rossetto seria tão amador quanto a presidente, de quem é amigo. Com a reforma, foi criada a Secretaria de Governo. Ela reunirá atribuições de órgãos extintos e será tocada por Ricardo Berzoini, que dava expediente no Ministério das Comunicações. Parece um mero rearranjo. Só parece. Como Wagner, Berzoini é petista histórico e milita nas hostes de Lula. Ele entrou na equipe de Dilma pelas mãos do ex-presidente e jamais foi considerado um soldado da mandatária. Muito pelo contrário. No primeiro mandato de Dilma, Berzoini ameaçou retaliar o governo depois que perdeu influência em fundos de pensão de estatais, área em que navegava com invejável desenvoltura e que foi transformada num manancial de negócios escusos do PT. O núcleo do novo governo contará ainda com Edinho Silva e José Eduardo Cardozo, que permanecem à frente da Secretaria de Comunicação Social e do Ministério da Justiça.

Edinho foi tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma, mas reza pela cartilha de Lula e é habitué do instituto do ex-presidente, considerado o QG de todas as grandes conspirações. Dilma só não está completamente sozinha porque resistiu à ofensiva do PT e do PMDB para substituir Cardozo. Lula, por exemplo, fez pressão para que o ministro fosse substituído pelo próprio Temer. Dilma barrou o lobby e marcou seu gol de honra contra o antecessor. Lula interveio na gestão da sucessora porque quer manter vivas as chances de disputar a Presidência em 2018 e afastar o risco de ser preso em razão do petrolão. Na seara política, sua meta era assumir o governo por meio de prepostos e fortalecer a aliança com o PMDB. Assim foi feito. Na reforma, Dilma deu sete ministérios aos peemedebistas, contemplando todas as alas do partido. Até o deputado Celso Pansera (RJ) - aquele chamado pelo doleiro Alberto Youssef de "pau-mandado" do presidente da Câmara, Eduardo Cunha - foi acomodado na Esplanada. Ele comandará a pasta de Ciência e Tecnologia. Por pouco 

Dilma não nomeou um deputado que defendera sua renúncia para a Saúde, que acabou nas mãos de Marcelo Castro (PI). O baixo clero do PMDB está em festa.

A presidente se entregou gostosamente ao loteamento porque precisa de votos para aprovar o ajuste fiscal e se livrar de eventual processo de impeachment. Ao aceitar sete ministérios, o PMDB mercadejou seu apoio como sempre fez. Nem por isso entregará a mercadoria esperada. Como de costume, o partido está com um pé no governo e o outro na oposição. Caso perceba que a situação de Dilma é insustentável, não terá pudor de romper com ela e defender abertamente o seu impedimento. Hoje, a balança peemedebista ainda pende levemente para um apoio a Dilma. Vários fatores, no entanto, podem mudar essa situação. Por exemplo: a descoberta de uma prova de que a reeleição foi financiada com dinheiro desviado da Petrobras, ou o agravamento da crise econômica. Nos últimos meses, Lula criticou Dilma e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por falarem de ajuste fiscal sem prometer à população que, depois dele, haverá um período de bonança econômica. Afinado com economistas ligados ao PT como Mareio Pochmann, o ex-presidente queria a demissão de Levy. Agora, trabalha com um plano alternativo. A ideia é convencer Dilma a remanejar Levy para o Banco Central (BC), abrindo espaço para que Henrique Meirelles assuma a Fazenda. Respeitada pelo mercado, a dupla daria um choque de credibilidade ao governo. Meirelles, que comandou o BC no governo Lula, já repetiu mais de uma vez que não tem nenhuma intenção de pôr novamente os pés na nau petista.

Ao anunciar a mudança nos ministérios, Dilma também apresentou medidas simbólicas de contenção de despesas - entre elas, o corte de 10% em seu salário e no de seus ministros. "Isso (reforma administrativa) vai contribuir para que o país saia mais rapidamente da crise e vai ajudar as medidas de reequilíbrio fiscal e controle da inflação, além de consolidar a estabilidade macroeconômica, aumentando a confiança na economia", discursou a presidente, superestimando seu pacote. O novo desenho da Esplanada foi tratado por Dilma e Lula numa reunião, no Palácio da Alvorada. O ex-presidente é figura cada vez mais presente em Brasília. Longe dos holofotes, ele tem como prioridade convencer os ministros dos tribunais superiores a conter as investigações do petrolão. O escândalo está nos calcanhares do PT e do governo. Quando negociava seu acordo de delação premiada, Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse a interlocutores que havia financiado campanhas eleitorais de Jaques Wagner com dinheiro desviado da Petrobras, o que, pelo que se sabe, não foi confirmado em depoimento formal. Às autoridades. Pessoa declarou ter repassado 2,4 milhões de reais para a reeleição de Lula em 2006, via caixa dois, e ter sido coagido por Edinho a doar à campanha de Dilma de 2014, sob pena de perder contratos na Petrobras. Já Berzoini é apontado como parceiro de longas caminhadas de Cláudio Mente, um dos operadores do caixa alimentado com verba roubada da Petrobras.

Como fez no mensalão, Lula se lançou numa ofensiva, com a ajuda de advogados e ex-ministros, para que a cúpula do Judiciário coíba as supostas arbitrariedades cometidas pelo juiz Sérgio Moro, por procuradores e por policiais federais ao apurar o maior escândalo de corrupção da história do país. Na prática, ele trabalha pela absolvição dos petrogatunos. A estratégia do petista é fechar um grande acordo entre os presidentes dos três poderes que permita a condenação de políticos de baixo clero e o salvamento dos ocupantes dos cargos mais relevantes da República. Dilma relutou, mas aderiu a esse esforço. Numa visita recente a Portugal, encontrou-se fora da agenda com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para tratar do petrolão. Na semana passada, governistas de peso acompanharam a posse no Superior Tribunal de Justiça (STJ) de Marcelo Navarro, que integrará a turma responsável pelos processos relacionados à Lava-Jato. Navarro chegou ao tribunal sob a bênção de peemedebistas investigados no caso. Não são apenas as peças da política que se mexem no tabuleiro. Nos bastidores do Judiciário, a movimentação é intensa - e distante da necessária luz do dia. No começo de sua carreira política, o ex-presidente Getúlio Vargas renunciou a um mandato de deputado sob a alegação de que "quem se agacha demais perde com a indignidade do gesto o respeito que lhe é devido". Dilma não renunciou formalmente, mas, fragilizada e solitária, ajoelhou-se diante da turma do pixuleco, do PMDB e de seus bons contatos na Justiça.

COLABOROU HUGO MARQUES (VEJA)


sábado, 3 de outubro de 2015

Análise de Mídia - 03 de setembro de 2015

A conjuntura do setor fabril determina o ritmo do noticiário específico associado à Indústria neste sábado (03).

Informações que ajudam a consolidar a ideia de que o segmento passa por dificuldades se sobressaem. A percepção de que não há indicativos de melhora, também.

Um dos destaques está no editorial ‘Cadê o fundo do poço?’, de O ESTADO DE S.PAULO.

No texto, jornal menciona os números da produção de agosto divulgados ontem pelo IBGE (leia mais em ANÁLISE SETORIAL) e ressalta “a insegurança dos consumidores, o desemprego acima de 8% e a retração, já muito longa, das compras de máquinas e equipamentos”.

Editorial adverte que, “um dia antes do IBGE a CNI divulgava sua sondagem mensal. Segundo essa pesquisa, o uso da capacidade instalada em agosto, de 77,9%, foi o mais baixo da série estatística iniciada em 2003”.

Outro destaque, ainda em O ESTADO DE S.PAULO, é o EDITORIAL ECONÔMICO que afirma: “forçada a reconhecer como perdido este ano, a indústria continua pouco esperançosa”.

Texto alerta para questões bastante sensíveis e avalia o momento como delicado. “Só ‘numa visão otimista’ a CNI prevê recuperação em 2016, disse FLÁVIO CASTELO BRANCO, gerente de Política Econômica, ao divulgar os Indicadores Industriais de agosto, os piores desde 2003”.

Conforme o EDITORIAL ECONÔMICO, “é geral o entendimento de que a situação da indústria piorou muito neste ano e que nem a recuperação relativa das exportações de manufaturados bastará para tirar o setor da grave crise em que está”.

De maneira mais direta, no mesmo texto, O ESTADO DE S.PAULO afirma que “os indicadores de agosto da CNI retratam bem o quadro desanimador para a indústria”.

Também em O ESTADO DE S.PAULO, destaque para breve abordagem que reproduz alguns dos principais itens divulgados ontem pela CNI dentro do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec).

“Depois de dois meses de ligeira recuperação de confiança, o pessimismo dos consumidores brasileiros voltou a aumentar em setembro”, conclui o ESTADÃO – jornal lista os dados mais relevantes que comprovam a deterioração de cenário – ZERO HORA (RS), CORREIO DA BAHIA (BA) e DIÁRIO DO AMAZONAS (AM) também registram.

Já em O GLOBO, reportagem diferenciada avalia os números da produção industrial de agosto informada ontem pelo IBGE e faz uma série de correlações atreladas a análises de especialistas.

“O setor automotivo cresceu bastante até dois anos atrás, mas carro não é um bem que se compra todos os dias. Com os juros de financiamento mais caros, queda na renda e desemprego, se posterga a decisão de compra. Em razão da demanda insuficiente, a indústria automobilística está com os estoques além do desejado”, afirma FLÁVIO CASTELO BRANCO, gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, segundo reproduz O GLOBO.

Nos jornais regionais, registra-se no CORREIO BRAZILIENSE (DF) abordagem sobre a queda na produção industrial, mas um item inserido na mesma página merece atenção.

CORREIO relata que “a Fiesp divulgou nota ontem em que critica o presidente da CNI, ROBSON ANDRADE, por supostos acordos fechados com o governo em que a parte do SISTEMA S, ligada ao setor abriria mão de recursos”.

"Consideramos ser nossa obrigação defender nossos alunos, seus familiares, professores, funcionários, atletas e artistas do SESI e do SENAI, assim como os trabalhadores da indústria e os importantes serviços que essas entidades prestam à sociedade brasileira", resumiu o comunicado, segundo o CORREIO.

"Repudiamos supostos acordos e esperamos o apoio dos companheiros das federações da indústria, do comércio, do transporte e da agricultura de todo o país para manter a integridade dos importantes serviços que o SISTEMA S presta ao Brasil", finalizou a nota oficial.

Coluna ESPLANADA, no CORREIO DA PARAÍBA (PB), afirma que “a cúpula do SISTEMA S (Sesi, Sebrae, etc), da CNI e CNC, acredita que o Planalto vai recuar na tentativa de abocanhar 30% de sua Receita para a Previdência. Oficializou as ofertas de 'contribuição para o Orçamento da União”.

De volta ao CORREIO BRAZILIENSE (DF), e de forma breve, reportagem indica que “ROBSON ANDRADE, presidente CNI, não poupou críticas aos governos a partir de 1990 – governo Collor –, por causarem a perda de espaço do setor no cenário nacional e internacional, durante evento ‘Café com Política’, promovido pela Fundação João Mangabeira, do PSB, na quinta-feira”.

“ANDRADE criticou a falta de uma política industrial no país”, resume o texto. CORREIO reproduz a seguinte frase atribuída ao presidente da CNI: "A gente não consegue planejar o nosso futuro. Eu tenho a convicção de que só vamos ter, de novo, ambiente para desenvolver a indústria e trazer investimentos para o Brasil, se tivermos no país segurança jurídica e mudanças estruturais das nossas legislações".

Com foco na realidade local, CORREIO BRAZILIENSE (DF)avança e publica reportagem dedicada na qual discute os efeitos da crise econômica no Distrito Federal.

“Quando se trata da indústria local, ela se torna evidente, seja nos galpões vazios de mercadorias, na diminuição de postos de trabalho, seja na grande quantidade de lotes com promessas de virarem fábricas”, resume a reportagem.

“Segundo dados da CNI, a indústria local produz R$ 8,4 bilhões anuais, emprega 127 mil pessoas e contribui com 5,7% na produção de riquezas do DF, uma das menores participações entre as unidades da Federação”, informa o CORREIO.



FOLHA DE S.PAULO
Reforma de Dilma fortalece PMDB e ex-presidente Lula

O ESTADO DE S.PAULO
Dilma corta 8 ministérios e PMDB já apoia nova CPMF

O GLOBO
Dilma muda ministério para ganhar fôlego



Jornais registram com bastante destaque e em tom absolutamente pessimista dados divulgados ontem pelo IBGE sobre o comportamento da produção industrial em agosto.

O ESTADO DE S.PAULO resume que “a combinação perversa entre redução de investimentos pelos empresários e menor demanda das famílias levou a indústria ao pior agosto da história”.

A produção caiu 9% em relação a igual mês de 2014. Segundo o ESTADÃO, “poucos segmentos ficaram no azul, mesmo numa época que costuma ser favorável, por causa das encomendas para o fim de ano”.

Na comparação anual, a produção cai há 18 meses, a maior sequência apurada pelo IBGE, adverte o texto.

FOLHA DE S.PAULO alerta, por sua vez, que a produção industrial brasileira completou, em agosto, o terceiro mês seguido de retração.

“E ainda que a queda (1,2% no volume de produtos fabricados no país em relação ao mês anterior) tenha sido menor que a registrada em julho, 1,5%, não há sinais de melhora”, reforça.

No texto, FOLHA lembra que o principal setor a puxar para baixo a produção foi o de bens de capital, que fabrica as máquinas utilizadas pela indústria.

Especialistas analisam as possibilidades de algum tipo de retomada do setor fabril, mas consolidam a percepção geral de que não será possível.

Fatores como o câmbio e o baixo crescimento do PIB são apontados como obstáculos para a indústria.

Destaque ainda para a informação de que o BNDES informou que os desembolsos para financiamentos recuaram 25% no ano até agosto sobre o mesmo período do ano passado.

Os recursos somaram R$ 85 bilhões. O ESTADO DE S.PAULO, O GLOBO e FOLHA DE S.PAULO informam de maneira semelhante que o banco de fomento também afirmou que as consultas de interessados em obter financiamentos caíram 49% no mesmo período, enquanto as aprovações de empréstimos recuaram 45%.

O acesso mais restrito ao crédito tem prejudicado as empresas, principalmente as de pequeno porte, advertem os jornais.



O ESTADO DE S. PAULO analisa a situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no âmbito do que chama de “jogo político” e de denúncias que começam a se consolidar contra ele dentro da operação Lava Jato. “É uma daquelas questões que, quanto mais cedo for resolvida, maior contribuição dará para amenizar a crise política”, resume.

FOLHA DE S. PAULO opina sobre a reforma ministerial e reforça que a presidente Dilma Rousseff (PT) “rendeu-se, em um pragmatismo tardio e melancólico, à condição de refém do PMDB”.

O GLOBO também aborda a reforma ministerial e adverte que “a presidente procurou revestir o encolhimento da máquina burocrática com alguma pompa, ao lançar a Comissão Permanente de Reforma de Estado quase uma contradição em termos tratando-se de um governo lulopetista”.
COLUNAS
CELSO MING, em O ESTADO DE S. PAULO, opina sobre os mais recentes números da produção industrial e alerta: o setor segue “morro abaixo”. “Não dá para dizer que a recuperação está logo adiante, porque não há confiança e o rombo das contas públicas bloqueia qualquer iniciativa de avanço. A reforma ministerial que deveria dar força à presidente Dilma, para garantir as bases para uma virada, foi a decepção que se anunciava”, resume.

SÉRGIO VALE, economista-chefe da MB Associados, escreve em O ESTADO DE S. PAULO que “a indústria tem acumulado tantos recordes negativos que não caberiam todos nesse texto: desde fevereiro de 2014 não se vê expansão na comparação interanual; o pico de produção foi em junho de 2013 com queda acumulada nesse período do dado dessazonalizado de 15% e houve recorde de queda na produção de bens de capital de pouco mais de 33% no mês de agosto”.

“Enfim, poderia continuar listando mais dados negativos que vão se tornando comuns a cada nova divulgação do IBGE. Há perspectiva de melhora? Por enquanto, não”, afirma VALE, que aposta: 2016 continuará sendo ano de acumular quedas.

DIRETO DA FONTE, em O ESTADO DE S.PAULO: “Joaquim Levy descobriu que a CPMF está sendo chamada de "patinho feio" dos impostos. E, imaginem, gostou. Segundo se apurou, o ministro da Fazenda tem dito que, na fábula de Hans Christian Andersen, o patinho vira... um lindo cisne, para a alegria geral e irrestrita de todos”.

“E por falar em pato, tem curioso querendo saber onde Paulo Skaf, da Fiesp, comprou os bonecos amarelinhos infláveis postos do lado de fora do Congresso, em protesto contra aCPMF. Desconfia-se de produto chinês”, completa DIRETO DA FONTE.

PAINEL, na FOLHA DE S.PAULO, informa que, "ainda que a chegada da "turma do Lula" ao coração da articulação política do governo Dilma Rousseff tenha sido bem recebida no Congresso, ninguém acredita que a mexida na Esplanada garantirá ao Planalto a volta da CPMF".

"Agraciada com o maior naco de poder desde que se aliou ao PT, a cúpula do PMDB deixa claro que a proposta dificilmente supera, até o fim do ano, sequer o primeiro rito da tramitação, a apreciação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara", reforça PAINEL.

Sobre o mesmo assunto, PAINEL adverte que "o tema enfrenta forte resistência de empresários. E o governo tem ciência de sua fragilidade na bancada peemedebista, com declarados dissidentes".

MONICA BERGAMO, na FOLHA DE S.PAULO, antecipa que, "autor do perfil Dilma Bolada, Jeferson Monteiro quer conversar com Dilma Rousseff para explicar o fim de seu apoio ao governo federal. O publicitário diz que suas críticas não são à pessoa, mas à presidente da República". À coluna ele diz: "É uma linha muito tênue, mas espero que ela entenda".

PANORAMA POLÍTICO, em O GLOBO: "Ao reduzir o seu salário e o dos ministros em 10%, a presidente Dilma faz um contraponto com o Poder Judiciário. Para atendê-lo, o Congresso aprovou reajuste de 78%. Dilma vetou esse índice e propôs um aumento de 41,4%, escalonado até 2019. Os governistas avaliam que a redução salarial da presidente vai pressionar o Judiciário e a oposição, quando for votado o veto aos 78%".

MIRIAM LEITÃO, em O GLOBO: "O que faz a presidente cavar mais fundo no fosso onde já está? O que a faz organizar, sob a tutela do ex-presidente Lula, uma reforma ministerial na qual costura uma ligação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no momento em que ele está se desintegrando? O maior divórcio da presidente hoje é com a opinião pública, e ela é que a sustenta, e não meia dúzia de mal afamados (...)".

Em tom ainda mais crítico, MIRIAM LEITÃO completa: " (...) O que quer exatamente a presidente do Brasil? Seus truques que enganaram milhões miram, sua popularidade se transformou em alta rejeição, seu modelo econômico apresentado como nova ciência criou armadilhas que engolem o segundo mandato. Seu partido continua girando na órbita do ex-presidente Lula e não hesitará em rifá-la se for o interesse da primeira estrela. Sombras cercam seu mandato pelo lado das mentiras contábeis e pelas dúvidas razoáveis sobre o dinheiro que financiou sua campanha. Diante da lamentável cena nacional, ela chama seus tutores e reabre a barganha para garantir a permanência no cargo".



O ESTADO DE S.PAULO informa que a desaceleração econômica paralisou obras e arrefeceu o mercado de trabalho para os engenheiros.

“Depois de uma década de evolução favorável do emprego, o mercado de trabalho começou a desacelerar. Segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho, o saldo de postos de trabalho passou de 7 mil em 2012 para 2,8 mil em 2013”, resume o jornal.

ESTADÃO completa ainda que, “no ano passado, a conta ficou negativa, com perda de 3,1 mil postos de trabalho na engenharia. Em São Paulo, maior mercado da área, foram feitas, de janeiro a maio, 1,1 mil homologações de engenheiros - 58% mais do que no mesmo período do ano passado”.



As primeiras páginas dos principais jornais do país destacam o anúncio oficial da reforma administrativa e das mudanças nos ministérios.

A presidente Dilma Rousseff é uma das referências do noticiário, mas reportagens, editoriais e colunas destacam, sobretudo, o papel assumido pelo ex-presidente Lula durante o processo.

Na interpretação da mídia, Lula e o PMDB saem fortalecidos porque conseguiram impor a Dilma nomes e estratégias para o novo gabinete que tomará posse na próxima semana.

O ESTADO DE S.PAULO especula que Lula vai se movimentar agora para convencer a presidente Dilma Rousseff a substituir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por Henrique Meirelles.

Para Lula, Levy tem "prazo de validade", que vence quando o governo conseguir aprovar as principais medidas do ajuste fiscal no Congresso, resume o ESTADÃO.

O ex-presidente já conversou sobre o assunto com a própria Dilma, que, no entanto, não gosta de Meirelles. Os dois foram colegas no governo do petista e protagonizaram duros embates. Lula sugeriu Meirelles para Dilma antes mesmo da nomeação de Levy. Não emplacou. Agora, porém, avalia que a mudança na Fazenda não pode passar do primeiro semestre de 2016.

Manchete da FOLHA DE S.PAULO resume que as mudanças têm como um dos objetivos “assegurar o apoio de sua base no Congresso e os votos necessários para barrar um processo de impeachment”.

Jornais analisam as medidas de austeridade comunicadas ontem pela presidente Dilma, como a redução dos salários dela, do vice Michel Temer e dos ministros, o alcance dos cortes em cargos comissionados e a extinção/fusão de pastas.

A ideia de recriação da CPMF volta a impulsionar o noticiário de maneira determinante. No contexto da reforma ministerial – e principalmente diante de declarações atribuídas ao novo ministro da Saúde, Marcelo Castro –, o assunto se impõe.

Foco da cobertura também recai bastante sobre novos desdobramentos da operação Lava Jato.

Destaque para a informação de que o ministro Teori Zavascki, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, a Polícia Federal a colher depoimento do ex-presidente Lula como “informante” nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras.

O pedido para ouvir o ex-presidente foi feito pela PF e teve parecer favorável por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Lula será ouvido no inquérito que tramita no STF e investiga 39 pessoas por suposta construção de um esquema para distribuição dos recursos ilícitos a políticos de ao menos três partidos: PP, PMDB e PT.

Zavascki autorizou os depoimentos dos demais nomes apontados pela Polícia Federal e endossados pelo parecer da PGR, entre eles o dos ex-ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência, governo Dilma Rousseff), Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais, governo Dilma) e José Dirceu (Casa Civil, governo Lula).

Ainda entre os itens relacionados à Lava Jato, destaque também para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que reiterou, por meio de nota, depoimento prestado à CPI da Petrobras em que negou ter conta no exterior.

O peemedebista reafirmou, atacando o governo e o PT, que as denúncias divulgadas a seu respeito nos últimos dias são "seletivas".

Na FOLHA DE S.PAULO, breve registro avança sobre outras frentes da Lava Jato e revela que o ministro Teori Zavascki, do STF, decidiu ontem suspender o andamento, na Justiça do Paraná, do chamado eletrolão, que investiga esquema de corrupção na Eletronuclear e suposto pagamento de propina em contrato da obra da usina Angra 3.

A decisão foi tomada após o surgimento de indícios de envolvimento do senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia dos governos Lula e Dilma, reforça o jornal paulista.

Em outra frente, jornais registram de forma ampla que o ministro Augusto Nardes, do TCU, relator de processo que avalia o balanço da União, recomendou aos colegas da Corte que deem parecer pela rejeição das contas do governo da presidente Dilma Rousseff em 2014.

O TCU julgará o processo na próxima quarta-feira.

Como resposta às pressões do TCU e da sociedade, o governo baixou um decreto com regras para disciplinar a contratação de serviços de instituições financeiras pelos órgãos e entidades do Poder Executivo federal.

Publicado no Diário Oficial da União (DOU), a norma tem o objetivo de evitar o uso dos bancos públicos para pagar despesas públicas, sobretudo gastos sociais do governo, operação que ficou conhecida como "pedaladas" fiscais.



Assuntos de interesse se reposicionam, mas o que prevalece é a disposição dos jornais por avançar sobre a conjuntura macroeconômica.

Na FOLHA DE S.PAULO, por exemplo, informação é que os bancos públicos encerraram o primeiro semestre deste ano com estagnação nas operações para pequenas e médias empresas.

“Segundo o Banco Central, o comportamento reflete principalmente a alta da inadimplência entre pequenas e médias empresas. Desde agosto do ano passado, o atraso nos pagamentos das dívidas tem sido maior nas instituições estatais do que nas privadas”, resume.

Entre junho de 2014 e junho de 2015, a expansão anual do estoque de crédito para essas empresas nos bancos estatais passou de 13,4% para 0,03%. Nesse período, a parcela de dívidas atrasadas subiu de 3,6% para 5,1%, adverte a FOLHA.

Jornais também registram que os bancários prometem entrar em greve a partir do dia 6 de outubro em 20 estados (além do Distrito Federal).

Segundo a Febraban (federação dos bancos), o consumidor tem à disposição vários canais alternativos para realizar as transações. A categoria recebeu aumento real de 20,07% no período entre 2004 e 2014.

Complementando o dia, há ainda repercussões de mercado relacionadas aos impactos na Bolsa e no câmbio das mudanças nos ministérios confirmadas ontem pela presidente Dilma Rousseff.

O GLOBO relata que o dólar caiu a R$ 3,94, e a Bovespa registrou, ontem, a maior alta desde o ano passado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Segundo Diálogo Deliberativo nacional da EVIPNet Brasil discute sobre o uso de evidências científicas na tomada de decisão

A EVIPNet Brasil realizou, no dia 30/09/2015, em Brasília-DF, o Diálogo Deliberativo da síntese  Estimulando o uso de evidências científicas na tomada de decisão. Participaram da mesa de discussão 11 representantes da gestão, academia e sociedade civil, além de ouvintes dos grupos de trabalho da Rede para Políticas Informadas por Evidências.


Esse foi o segundo Diálogo Deliberativo nacional, com o objetivo de considerar as evidências à luz das visões e conhecimentos dos interessados ou afetados pelo tema. O diálogo seguiu a metodologia das ferramentas SUPPORT e foi regido pela regra de Chatham House, ou seja, as informações podem ser compartilhadas livremente, mas a identidade e afiliação dos participantes devem ser mantidas em sigilo.
Durante o diálogo, os participantes apontaram a necessidade de institucionalização do uso de evidências científicas e de maior transparência no processo de formulação de políticas como estratégias importantes na tomada de decisões em saúde. Consideraram também que a evidência não é neutra, pois a atividade de pesquisa também é permeada por interesses econômicos e sócio-políticos.
Com relação à tradução do conhecimento como forma de solucionar o problema do baixo uso de evidências na tomada de decisão, ressaltou-se a responsabilidade do jornalismo nesse processo. Também se apontou que é preciso diversificar linguagens e produtos para públicos-alvo diversos, para que se mantenha a equidade no acesso à informação.
Os participantes fizeram sugestões para expandir o alcance da síntese de evidências, sempre reforçando a importância da articulação entre pesquisadores e gestores num esforço de promoção da saúde global, não só no combate a problemas pontuais de saúde, de modo a alinhar o discurso com a prática.
O Diálogo Deliberativo terá um sumário, a ser divulgado futuramente.


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