terça-feira 29 de dezembro de 2015 - 7:30
Annyelle Bezerra - DIÁRIO do Amazonas / portal@d24am.com
Manaus - O presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Bernardino Albuquerque, disse que a adoção da vacina da dengue na rede pública de imunização do Amazonas vai depender do Ministério da Saúde (MS). A substância, de origem francesa, foi aprovada, nesta segunda-feira (28), no Brasil, pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“A baixa eficácia, o número excessivo de doses e a criação de uma falsa sensação de imunização” são alguns dos pontos fracos da primeira vacina contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, segundo Bernardino.
A vacina Dengvaxia, produzida pela empresa francesa Sanofi Pasteur, de acordo com Bernardino, é pouco eficiente quando comparada, por exemplo, à vacina contra a Febre Amarela. “A aquisição ou não da vacina no SUS deve ser uma definição do Ministério da Saúde e não a nível local. Mas se formos compará-la a outras, a eficácia dela é muito baixa”, afirma ao explicar que a adoção ou não impede os testes com a vacina produzida pelo Butantan.
A fabricante prevê uma proteção de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de 66% contra todos os tipos do vírus.
Diferente da vacina contra a febre amarela, a Dengvaxia necessita de três doses, com intervalos de seis meses, para conclusão do processo de imunização o que, segundo o presidente da FVS, além de impactar nos custos, levando em conta que cada dose custa 20 euros (em torno de R$ 84), pode contribuir para que a população desenvolva uma falsa sensação de imunização após a administração da primeira dose do medicamento.
“A vacina de três doses não imuniza na primeira aplicação, só sensibiliza. As pessoas podem considerar após a primeira aplicação que estão protegidas e deixar de tomar as demais. E um exemplo típico disso é a vacina contra o HPV que, é de três doses e que teve um índice nacional de abandono significativo”, afirmou.
Butantan
Apontada como outra alternativa contra o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan deve começar a ser testada, a partir do primeiro semestre de 2016, em mil voluntários de Manaus. A testagem corresponde à terceira e última etapa de desenvolvimento da vacina contra o vírus.
A zona que apresentar a maior incidência de casos de dengue deve ter os moradores selecionados para participar da testagem, pelos próximos cinco anos, segundo o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
Este ano, Manaus registrou 1.066 casos de dengue, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
Manaus tem 68 casos suspeitos de zika vírus
Também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, até o último domingo, 68 casos suspeitos de zika vírus foram registrados, em Manaus. Do total, dois foram confirmados, quatro descartados e 62 permanecem em investigação, destes 14 em grávidas. As informações são da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Segundo o levantamento da FVS, 35 municípios do Amazonas estão com infestação do Aedes aegypti. Destes, em três - Guajará, Lábrea e Tonantins - a infestação é considerada ‘alta’. Manaus e mais 20 cidades estão com infestação ‘média’ do mosquito. No restante, a infestação é ‘baixa’.
A situação de emergência em saúde vai abranger cidades em condição de vulnerabilidade às doenças, que registram altos índices de proliferação do mosquito e que possuem densidade vetorial elevada. Manaus será incluída pela vulnerabilidade. Guajará, Tonantins e Lábrea devem compor o grupo por conta do alto risco de contágio.