O Sistema de Saúde
Holográfica, desenvolvido por pesquisadores da UFF, levará acompanhamento
médico virtual para locais distantes e de difícil acesso. Através do Projeto
Telessaúde da UFF, moradores do interior do Acre, Amazonas e Pará, por exemplo,
poderão receber atendimento clínico ágil e de qualidade. A iniciativa, que visa
contribuir para a saúde e bem-estar da população, é uma parceria com o Exército
e a Marinha do Brasil e conta com suporte financeiro da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
O sistema permite que uma
junta médica acompanhe um atendimento clínico, mesmo a milhares de quilômetros
de distância. Os pacientes poderão ser observados numa imagem 3D em cores,
interagindo durante a consulta, ajudando no diagnóstico e, em casos específicos,
contribuindo na decisão por cirurgia ou transferência para outra localidade. O
consultório virtual é composto de maca, mesa, cadeira e tem equipamentos para
auxiliar a consulta pela internet, como webcam, microfone, computador para a
transmissão da imagem holográfica e iluminação especial para garantir a boa
visibilidade do doente. Dessa forma, o médico que está junto ao paciente recebe
em tempo real o apoio e a participação da equipe de especialistas de um centro
urbano melhor equipado.
Desenvolvido pelos
pesquisadores do Núcleo de Estudos de Tecnologias Avançadas da Escola de
Engenharia (Netav/UFF), em parceria com o Corpo de Saúde do Hospital
Universitário Antonio Pedro (Huap), o sistema foi testado pela Marinha na
operação do navio de apoio às atividades na Antártida e, também foi avaliado em
navios-hospitais que atendem populações ribeirinhas da Amazônia. Na UFF, o
consultório virtual contribuiu para a realização de testes psicológicos e
diagnósticos precoces de demência, No Hospital Central do Exército (HCE), está
sendo definido um protocolo que, no futuro, ajude a equipe médica a identificar
doenças de pele.
A assistência à saúde não deve
ter fronteiras, limites de territórios, municípios e estados. É necessário o
engajamento e cooperação de todos na busca pela integração nacional",
Antônio Claudio da Nóbrega.
A construção de um consultório
virtual tem custo estimado em menos de R$ 10 mil e utiliza equipamentos
simples, com baixo custo de manutenção. “A imagem refletida em uma tela fina,
posicionada à frente da junta médica, garante a sensação de conforto e
tridimensionalidade. Pelo sistema holográfico, é possível acompanhar a cena
completa. Os médicos podem observar o paciente dos pés à cabeça, seus gestos e
sinais de relaxamento ou tensão”, destaca o engenheiro de telecomunicações,
professor e coordenador geral do projeto, Julio Cesar Rodrigues Dal Bello. “O emprego
da holografia em shows já era conhecido, mas as imagens transmitidas não eram
feitas em tempo real”, explica a também engenheira, professora e coordenadora
científica do projeto, Natalia Castro Fernandes.
O projeto começou a ser
desenvolvido em 2012, no Centro de Referência em Assistência à Saúde do Idoso,
Serviço de Geriatria do Huap. Segundo a coordenadora da equipe de Saúde,
Yolanda Eliza Moreira Boechat, a ideia foi de uma ex-aluna da pós-graduação,
que queria promover a interiorização do serviço. A equipe de engenharia do
Netav/UFF foi, então, desafiada a dar uma solução tecnológica.
Segundo Dal Bello, o sistema
criado pela equipe da UFF garante a segurança no envio e compartilhamento de
dados dos pacientes, que são transmitidos dos consultórios virtuais até o
centro de saúde holográfico de forma criptografada, utilizando a rede de
telecomunicações terrestre ou satélite.
Para o vice-reitor, Antônio
Claudio da Nóbrega, a assistência à saúde não deve ter fronteiras, limites de
territórios, municípios e estados. É necessário o engajamento e cooperação de
todos na busca pela integração nacional, de modo que a população tenha um
atendimento de qualidade. “É o que a UFF vem fazendo com esse projeto, por
exemplo, contribuindo para o bem-estar de toda a sociedade: dos centros urbanos
até os que moram em localidades de difícil acesso. A partir de estudos e
profissionais qualificados da universidade e com o uso da tecnologia da
informação para a área da saúde vamos sempre buscar diminuir essas distâncias
continentais e tornar realidade um atendimento de excelência para todos os
cidadãos”, ressalta.
A professora Yolanda Boechat
anunciou que um projeto de extensão está sendo planejado para o curso de
Medicina em Oriximiná, no Pará, onde a UFF tem uma unidade avançada de
atendimento médico-ambulatorial à população local, de 50 mil habitantes. Além
de aperfeiçoar o sistema, com novas funcionalidades, o grupo pretende também
contribuir na implantação da tecnologia nas unidades de fronteira do Exército e
criar um banco de dados sobre doenças tropicais. “É preciso que toda a
sociedade não só conheça o potencial do projeto e de seus pesquisadores, mas
também saiba que é desenvolvido no Brasil. Essa é uma estratégia que vai além
da assistência à saúde, contribuindo para o ensino e a pesquisa científica”,
conclui.
Autor: Assessoria de Imprensa
SCS
Referências: UFF: http://www.uff.br/?q=noticias/25-10-2017/pesquisadores-da-uff-criam-tecnologia-para-diagnostico-medico-distancia



