Ricardo
Barros disse que o governo tenta melhorar a gestão para ampliar atendimentos
A
Câmara dos Deputados vai continuar a discutir a situação dos seis hospitais
federais existentes no Rio de Janeiro, ainda que o ministro da Saúde, Ricardo
Barros, tenha dito, nesta quarta-feira (6) na Casa, que o ministério vem
fazendo um esforço para melhorar a gestão dos estabelecimentos.
Em
audiência pública conjunta nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle
e de Finanças e Tributação, Ricardo Barros disse que o governo federal vem
investindo nos hospitais mais de R$ 3,5 bilhões por ano e aumentando os números
de consultas, de exames e de cirurgias.
Ele
informou ainda que o ministério contratou uma consultoria especializada do
hospital Sírio-Libanês para fazer a gestão integrada dos seis hospitais e três
institutos federais no Rio.
“O
nosso atendimento no Rio de Janeiro é crescente, embora haja uma crise no
sistema de saúde no estado. Estamos mantendo as estruturas lá definidas pela
responsabilidade da União, mas fazendo um esforço para melhorar a gestão e
poder atender mais com os mesmos recursos. A meta é ampliar em 20% o número de
atendimentos nos hospitais públicos federais sem precisar de novos
investimentos”, afirmou o ministro, em resposta ao deputado Alessandro Molon
(Rede-RJ), que havia sugerido o tema para audiência.
Molon
não se deu por satisfeito com a resposta do ministro e aguarda novas
informações sobre o assunto. Por isso, Barros se comprometeu a enviar novos
estudos ao gabinete do deputado.
“As
informações que nos chegam da Defensoria Pública da União e do Conselho Federal
de Medicina apontam para uma situação dramática na saúde do Rio de Janeiro.
O
que nos chega do Rio de Janeiro, de quem vistoriou o sistema e de quem usa, é o
contrário daquilo que o ministro disse. Não é uma situação que está melhorando.
É uma situação que está se tornando mais dramática, está pior”, disse Molon.
Ricardo
Barros argumentou que cada hospital tem autonomia de gestão e que se deve
cobrar do diretor do estabelecimento a eficiência nessa gestão.
Medicamento
Outro
assunto tratado na audiência foi a escolha da empresa cubana Cimab para
fabricação da alfaepoetina ou eritropoetina, medicamento indicado no tratamento
da anemia associada à insuficiência renal crônica. Essa parte do debate foi
sugerida pelo deputado Wilson Filho (PTB-PB), que é presidente da Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle.
O
parlamentar questionou a assinatura, em 2003, de um acordo para transferência
de tecnologia para produção do medicamento pela Bio-Manguinhos, a unidade da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) responsável pelo desenvolvimento tecnológico e
pela produção de vacinas, reativos para diagnóstico e biofármacos. Ocorre que
em 12 anos (2004-2016), conforme lembrou Wilson Filho, não houve transferência
de tecnologia, e o Brasil gastou mais de R$ 3,4 bilhões na compra do
medicamento, que vinha de Cuba e apenas era embalado no Brasil.
O
ministro confirmou que não houve a transferência de tecnologia, mas informou
que, após cancelar a compra da Fiocruz no ano passado, o governo abriu um
pregão neste ano e passou a comprar o medicamento por preços mais baixos de
laboratórios que produzem no Brasil. “Nós abrimos um pregão e compramos. Era R$
25 por ampola, depois reduziu para R$ 15 e agora para R$ 11”, afirmou Ricardo
Barros.
Considerando
o valor da última compra, por menos da metade do preço e com uma economia de R$
134 milhões, o ministro calculou que o Brasil pagou R$ 1,7 bilhão a mais pela
transferência que não ocorreu. “Foi uma falta do Poder Executivo [não] cobrar
que a Fiocruz fizesse de fato a transferência de tecnologia”, lamentou.
Reportagem
– Noéli Nobre, Edição - Sandra Crespo, Foto - Cleia Viana/Câmara dos Deputados