Destaques

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Movimento Vacina Brasil


Sobre a vacinação de crianças menores de 1 ano

A efetividade das vacinas contendo o componente sarampo é influenciada pela idade à vacinação, de tal forma que crianças vacinadas em idade menor do que 12 meses apresenta efetividade de 84% e aos 12 meses 92,5% (1). No entanto doses adicionais da vacina induzem soro conversão em 95% dos previamente soronegativos (2). Em situações onde a circulação do vírus sarampo está controlada é desejável que a primeira dose da vacina seja administrada após os 12 meses de idade, no entanto em situações de risco essa dose deve ser antecipada. A Organização Mundial da Saúde recomenda a administração de uma dose adicional aos 6 meses de idade em situações de surto de sarampo (3).

O atual cenário epidemiológico brasileiro demonstra a ocorrência de uma grande quantidade de casos no estado de São Paulo, mais especificamente na grande São Paulo. Considerando o alto grau de conectividade dessa região com as demais regiões do pais a ocorrência desse surto implica em elevada força de infecção em todo o território nacional, em especial nos grandes centros urbanos do país.  Este fato é exemplificado claramente pela dispersão do vírus no país, tendo sido identificados até o momento casos confirmados em 19 Unidades da Federação (4).

As estimativas realizadas pelo Ministério da Saúde em relação a proporção da população vacinada no Distrito Federal, com base na série histórica dos dados administrativos desde 1995, sugerem a existência de 516.805 pessoas menores de 50 anos de idade não vacinadas. Esta estimativa indica uma imunidade populacional de 80,5%, sendo esta taxa significativamente inferior ao limiar necessário para evitar a circulação do vírus na região (>95%). Apesar de termos até o momento apenas 3 casos confirmados de sarampo no Distrito Federal, temos ainda 51 casos em investigação, sendo 47 desses temporalmente associados aos 3 primeiros casos.

Nos anos de 2014, 2015, 2018 e 2019 ocorreram no país 2.233 hospitalizações de pessoas por sarampo. O maior número de internações ocorreu nos menores de 1 ano, com  783 (35,1%) casos e entre crianças de 1 a 4 anos, com 429 (19,2%) casos (5). Tivemos ainda no ano de 2019 10 óbitos pelo sarampo, sendo que 5 destes foram em crianças menores de 12 meses de idade, 1 óbito ocorreu no estado do Pernambuco e os demais no estado de São Paulo (4). Considerando a velocidade da transmissão do vírus sarampo e o risco aumentado de adoecimento e óbito em crianças menores de 12 meses de idade, entende-se que estratégias direcionadas a essa faixa etária devam ser realizadas de maneira preventiva com base no risco epidemiológico apresentado. Considerando ainda o tamanho das populações envolvidas e a necessidade de racionalização dos recursos disponíveis, a estratégia de vacinar as crianças de 6 meses a 12 meses de idade é a forma mais efetiva de fornecer proteção a essa população em curto espaço de tempo.

Um estudo recente identificou que crianças vacinadas antes dos 12 meses de idade apresentaram menor produção de anticorpos neutralizantes após uma dose subsequente aos 14 meses de idade, quando comparadas com crianças que receberam a primeira dose aos 14 meses (6). Este dado levanta a preocupação referente a possibilidade de que a atual estratégia possa criar um pool de susceptíveis no futuro. No entanto, temos que considerar alguns outros fatores. Nossa atual estratégia de vacinação indica vacinação com duas doses após a dose zero, o que poderia reduzir esse impacto negativo na resposta imune. A fração da população que será vacinada com essa estratégia é pequena quando comparada a população total (cerca de 0,75%), levando a um impacto mínimo na imunidade de rebanho.

O Ministério da Saúde já tem planejado campanhas de vacinação para redução do pool de susceptíveis na população de 6 meses a menores de 5 anos e de 20 a 29 anos de idade nos próximos 2 meses, objetivando alcançar o limiar de imunidade de rebanho necessário para interrupção da circulação do vírus no país (4).

O Ministério da Saúde reforça que a estratégia de vacinação de crianças de 6 meses a 12 meses de idade é uma estratégia temporária considerando o atual risco epidemiológico do país, devendo essa estratégia ser revista assim que ocorrer a mudança do cenário epidemiológico.


Referências
1    Uzicanin, A.; Zimmerman, L. Field Effectiveness of Live Attenuated Measles-Containing Vaccines: A Review of Published Literature. The Journal of Infectious Diseases, v. 204, n. suppl_1, p. S133–S149, 2011.
2    Plotkin, S.A.; Orenstein, W.A.; et al. Plotkin’s Vaccines. Elsevier, 2017.
3    World Health Organitzation (WHO) Measles vaccines:WHO position paper-April 2017. Weekly epidemiological record, n. 17, p. 205–228, 2017.
4    Secretaria de Vigilância em Saúde; Ministério da Saúde Vigilância Epidemiológica do Sarampo no Brasil 2019: Semanas Epidemiológicas 27 a 38 de 2019. Boletim Epidemiológico, v. 50, n. 27, 2019.
5    Secretaria de vigilancia em Saúde; Ministério da Saúde Vigilância Epidemiológica do Sarampo no Brasil, 2019. Boletim Epidemiológico, v. 50, n. 23, 2019.
6    Brinkman, I.D.; Wit, J. de; et al. Early Measles Vaccination During an Outbreak in the Netherlands: Short-Term and Long-Term Decreases in Antibody Responses Among Children Vaccinated Before 12 Months of Age. The Journal of Infectious Diseases, v. 220, n. 4, p. 594–602, 2019.

Tecpar promove conferência sobre Ciência de Dados


Especialistas renomados participam da conferência organizada pelo Tecpar para debater sobre as principais técnicas, tecnologias e tendências em big data.

Nesta terça e quarta-feira (08 e 09), Curitiba será sede do Data Science Summit 2019, encontro anual que destaca os avanços na área da Ciência e Análise de Dados, organizado pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Especialistas reconhecidos participam da conferência, que acontece no auditório do Museu Oscar Niemeyer e vai debater as principais técnicas, tecnologias e tendências em big data.

As inscrições são limitadas e podem ser realizadas no site do evento www.datasciencesummit.com.br/.

O evento é direcionado a profissionais que trabalham com grande volume de dados, gestores que precisam entender cenários complexos antes de definir ações operacionais e especialistas que trabalham na implantação de recursos de Indústria 4.0, Smart Cities (cidades inteligentes) e Smart Things (objetos inteligentes).

O diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, destaca que o objetivo da conferência é fomentar o mercado de análise de dados e ajudar empresas dos mais diversos setores a conquistarem melhores resultados. “O Tecpar é o grande parceiro dos empresários que desejam inserir a inovação tecnológica em seus negócios. Para isso, está sempre promovendo a difusão de novos conhecimentos e ferramentas que auxiliem as empresas a reduzir custo, aumentar a produtividade e ter mais eficiência em negócios ”, afirma Callado.

TEMAS – Segundo Rogerio Moreira de Oliveira, gerente do Setor de Informação e Vigilância Tecnológica do Tecpar, a programação do evento contará com temas diversificados, como Proteção de Dados e o ETL (Extract, Transform, Load), que são ferramentas de software para extração, transformação e carregamento dos dados.

“A proposta da conferência é ofertar conteúdo na forma de experiências, sucessos e insucessos, com Data Science aplicada aos mais diversos setores. O objetivo é contribuir para que os participantes possam, com a análise de dados, solucionar problemas dos mais simples aos mais complexos", afirma Oliveira.

ESPECIALISTAS - Entre os palestrantes estão Jacson Fressatto, inventor do Robô Laura, a primeira plataforma de inteligência artificial que gerencia riscos do mundo; Leandro Cruz, sócio-fundador da Oystr, empresa referência na criação e desenvolvimento de robôs jurídicos; Denise Tsunoda, professora doutora do curso de Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Marcelo Manzano, engenheiro eletrônico, cientista da computação com MBA em Gestão Internacional de TI e professor de pós-graduação/MBA, entre outros.

ORGANIZAÇÃO - O Data Sciencie Summit 2019 é organizado pelo Tecpar em parceria com a Paraná Metrologia e Universidade Federal do Paraná. As inscrições são limitadas e podem ser realizadas no site do evento www.datasciencesummit.com.br/.

SERVIÇO
Data Science Summit 2019
Data: 08 e 09 de outubro (terça e quarta-feira)
Horário: 8h às 18h
Local: Museu Oscar Niemayer (MON) – Auditório Poty Lazzarotto
Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico – Curitiba



PATOBIOMA - UMA NOVA COMPREENSÃO DA SAÚDE E DAS DOENÇAS


O patobioma explica que não somos seres individuais - somos condomínios de muitos seres, alguns benéficos, alguns maléficos e outros que mudam seu papel dependendo das circunstâncias ambientais.

Patobioma
Conheça o "patobioma", um conceito que promete nada menos do que uma nova compreensão das doenças.

O prefixo "pato" vem da palavra grega pathos, que significa "sofrimento ou doença" - patologia, patológico etc, derivam dele. Bioma é uma comunidade biológica estável.

Há muito se sabe que os organismos microbianos e vírus presentes em nosso corpo nem sempre causam doenças - eles também podem ajudar a nos proteger contra doenças, por exemplo, as comunidades complexas de micróbios no intestino humano, que são muito importantes para a nossa saúde.

No entanto, muito pouco se sabe sobre esses micróbios e como eles causam ou previnem doenças.
O conceito de patobioma abre uma porta para este mundo inexplorado de diversidade microbiana e como ele controla não apenas o nosso corpo, mas também todos os outros organismos do planeta.

Somos seres comunitários

As abordagens tradicionais para descrever doenças infecciosas em plantas, animais e humanos são baseadas no conceito de que patógenos únicos são responsáveis pelos sinais ou sintomas da doença observados nesses hospedeiros.

O conceito de patobioma explica que, na realidade, a ocorrência de doenças é muito mais complexa.

O conceito reconhece que todos os organismos - o ser humano, por exemplo - são de fato comunidades complexas de vírus, micróbios e outros pequenos organismos (por exemplo, parasitas) que podem interagir para afetar a saúde ou o status da doença a qualquer momento.

Essas comunidades complexas interagem continuamente com seus hospedeiros, às vezes conferindo benefícios (por exemplo, bactérias "boas" no microbioma intestinal humano) e outras vezes causando danos ao contribuir para a doença.

Quando essas comunidades se combinam para causar doenças, elas são denominadas "patobiomas" - um reconhecimento de sua mudança coletiva em relação ao "simbioma" do estado saudável.

Mesmo quando um único agente é implicado na doença, é provável que seus efeitos sejam modificados (reforçados ou mitigados) por outros agentes no patobioma e, portanto, não devem ser considerados isoladamente no processo da doença.

A influência do ambiente circundante na saúde animal e vegetal também é extremamente importante. Por exemplo, organismos aquáticos vivem em uma sopa microbiana - existem milhões de micróbios e vírus em cada gota de água doce e do mar. Alguns destes já são conhecidos por causar doenças em diferentes organismos. Em outros casos, micróbios que não se pensava serem patogênicos podem, de fato, tornar-se virulentos sob certas condições ambientais.

Saúde, doença e contexto

Como resultado dessa compreensão mais geral, pesquisadores estão propondo revisar o entendimento científico e médico do que realmente é um patógeno, reconhecendo que essa caracterização pode ser determinada pelo contexto em que um micróbio se encontra.

"A grande maioria das células do nosso corpo é bacteriana, não humana. Portanto, somos ecossistemas ambulantes - comunidades interagentes de muitos organismos diferentes. Isso também é verdade para todos os outros animais e plantas. Os organismos nessas comunidades complexas desempenham papéis-chave em determinar a saúde de seus animais e plantas hospedeiros. O conceito de patobioma levará a uma melhor compreensão dessas relações e nos ajudará a gerenciar doenças em plantas e animais, animais selvagens, animais de estimação e em nós mesmos," defende o professor David Bass, do Centro de Ambientes Pesqueiros e Ciências da Aquicultura do Reino Unido.

"À medida que procuramos entender melhor como os patógenos causam doenças, cada vez mais reconhecemos que o ambiente, tanto do hospedeiro quanto do patógeno, desempenha um papel vital. O conceito de patobioma busca entender como as interações entre os organismos no hospedeiro, e imediatamente ao seu redor, juntamente com as físico-químicas associadas desses ambientes, habilitam ou inibem a capacidade de um organismo causar doenças. Como tal, isso apresenta uma abordagem mais holística e realista para entender o processo da doença," acrescentou o professor Charles Tyler, da Universidade de Exeter.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Pathobiome in Animal and Plant Diseases
Autores: David Bass, Grant D. Stentiford, Han-Ching Wang, Britt Koskella, Charles R. Tyler
Publicação: Trends in Ecology & Evolution


SIDNEY RICHARDSON DE ARAÚJO COSTA RORIZ ASSUME EM SUBSTITUIÇÃO DA ELMA MENDES RIBEIRO BOSI, QUE SE APOSENTA


SIDNEY RICHARDSON DE ARAÚJO COSTA RORIZ, é designado para exercer o encargo de substituto eventual do Coordenador-Geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos, do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, ficando dispensada, a contar de 30/09/2019, ELMA MENDES RIBEIRO BOSI, em virtude de sua aposentadoria.
ALEXANDRE POZZA URNAU SILVA


MS LANÇA AVISO DE LICITAÇÃO PARA FUTURA COMPRA DE KITS CALAMIDADES


AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 80/2019 - UASG 250005 Nº Processo: 25000079818201902.
Objeto: Registro de Preços para futura aquisição de kits Calamidade conforme descrito no Termo de Referência n°3820 CGAFB/DAF/SCTIE/MS . Total de Itens Licitados: 26. Edital: 08/10/2019 das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h59. Endereço: Esplanada Dos Ministérios, Bloco g Anexo, Ala a 4º Andar Sala 464, Setor de Administração Federal Asa Sul - BRASÍLIA/DF ou www.comprasgovernamentais.gov.br/edital/250005-5-00080-2019 . Entrega das Propostas: a partir de 08/10/2019 às 08h00 no site www.comprasnet.gov.br. Abertura das Propostas: 18/10/2019 às 08h30 no site www.comprasnet.gov.br . Informações Gerais:
PABLO GUEDES DE ANDRADE FENELON
Pregoeiro (SIASGnet - 07/10/2019) 250110-00001-2019NE800085

AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 82/2019 - UASG 250005 Nº Processo: 25000086356201971.
Objeto: Registro de preço para futura aquisição de KIT CALAMIDADE, composto por 18 itens, conforme descrições especificadas do Termo de Referência.. Total de Itens Licitados: 18. Edital: 08/10/2019 das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h59. Endereço: Esplanada Dos Ministérios, Bloco g Anexo, Ala a 4º Andar Sala 471, Sof Sul - BRASÍLIA/DF ou www.comprasgovernamentais.gov.br/edital/250005-5-00082-2019 . Entrega das Propostas: a partir de 08/10/2019 às 08h00 no site www.comprasnet.gov.br. Abertura das Propostas: 21/10/2019 às 08h30 no site www.comprasnet.gov.br . Informações Gerais:
GREGORIO BITTENCOURT FERREIRA SANTOS
Pregoeiro (SIASGnet - 07/10/2019) 250110-00001-2019NE800085



VACINA, HEPATITE A INATIVADA - MS LICITA EM PREGÃO ELETRÔNICO


AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 81/2019 - UASG 250005 Nº Processo: 25000146229201858.
Objeto: Registro de Preços para Futura Aquisição de Vacina, Hepatite A, inativada, suspensão injetável, conforme demais descrições constantes no Termo de Referência, Anexo I do Edital. . Total de Itens Licitados: 1. Edital: 08/10/2019 das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h59. Endereço: Esplanada Dos Ministérios, Bloco G, Ed. Anexo, Ala A, 4º Andar, Sala 464., St. Adm. Federal - Asa Sul - BRASÍLIA/DF ou www.comprasgovernamentais.gov.br/edital/250005-5-00081-2019 . Entrega das Propostas: a partir de 08/10/2019 às 08h00 no site www.comprasnet.gov.br . Abertura das Propostas: 18/10/2019 às 10h00 no site www.comprasnet.gov.br. Informações Gerais:
EDNALDO MANOEL DE SOUSA
Pregoeiro


NUSINERSENA É COMPRADO DA BIOGEN PELO MS POR INEXIGIBILIDADE NO VALOR GLOBAL DE R$ 233.094.000,00


COORDENAÇÃO-GERAL DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DE INSUMOS ESTRATÉGICOS PARA SAÚDE
EXTRATO DE INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO Nº 43/2019 - UASG 250005 Nº Processo: 25000147112201972 .
Objeto: Aquisição de NUSINERSENA 2,4 MG/ML SOLUÇÃO INJETÁVEL Total de Itens Licitados: 00001. Fundamento Legal: Art. 25º, Inciso I da Lei nº 8.666 de 21/06/1993.. Justificativa: Contratação direta frente a inviabilidade de competição do objeto contratado. Declaração de Inexigibilidade em 07/10/2019. MERI HELEM ROSA DE ABREU. Coordenadora Geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde. Ratificação em 07/10/2019. ROBERTO FERREIRA DIAS. Diretor do Departamento de Logística em Saúde.
Valor Global: R$ 233.094.000,00.
CNPJ CONTRATADA : Estrangeiro BIOGEN INTERNATIONAL GMBH. (SIDEC - 07/10/2019) 250110-00001-2019NE800085


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

BIOSSIMILARES E INTERCAMBIALIDADE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA - SBR EXPÕE SUA OPINIÃO DA NOTA TÉCNICA DO MS SOBRE ETANERCEPTE


A Sociedade Brasileira de Reumatologia, SBR - após consulta de sua diretoria às Comissões de Artrite Reumatoide, Espondiloartrites, Pediatria, Vasculites, Lúpus, Biotecnologia e a de Assuntos Governamentais, que já se posicionou oficialmente sobre Biossimilares e Intercambiabilidade em 21 de fevereiro de 2018 e também em 5 de agosto de 2019 (publicadas em nosso site), e ainda levando em consideração recente Posicionamento de Consenso do PANLAR, Liga Pan-americana contra o Reumatismo, publicado em 27 março de 2019 no Clinical Rheumatology e de diversas outras publicações sobre o tema, abaixo citadas - expõe sua opinião acerca da Nota Técnica 655/2019 CGCEAF/DAF/SCTIE/MS, divulgada recentemente pelo Ministério da Saúde, sobre a disponibilização no SUS de etanercepte.

Entendemos que esta NT 655/2019 promove a troca “não médica, isto é a substituição que ocorre sem razão clínica, de um biológico originador por um biossimilar, de maneira automática, na farmácia de dispensação.

.....

Em extenso documento, anexo, a SBR opina sobre a questão da intercambialidade, em especial do etanercepte, a seguir destacamos alguns pontos abordados:

......

Os biossimilares são muito bem vindos à prática médica e à economia do Brasil. Por conceito, os biossimilares não podem oferecer outro benefício, senão a competitividade de mercado, que pode gerar economia. O IQVIA Institute publicou, em 2018, um estudo demonstrando que os países que mantiveram a alta competitividade entre os produtos biológicos e biossimilares conseguiram atingir maiores descontos médios, quando evitaram permanência de apenas um produto, sejam originadores ou biossimilares. O estudo destaca que “trocas feitas por agentes pagadores podem até ajudar o orçamento em curto prazo, mas a longo-prazo, prejudicam a sustentabilidade”.

No Brasil, por conta da política de PDPs, está ocorrendo justamente essa ruptura das forças de mercado citadas pelo estudo, com inversão da lógica econômica de competitividade. Já existe pelo menos um caso prático no SUS, em que o biológico originador de etanercepte custa 8% menos que o biossimilar. Tal fato ocorre, provavelmente, porque a PDP tem garantia de fixação de preço ou volume de mercado.

Nossa população de pacientes e contribuintes não podem ficar reféns de uma política pública mal desenhada, que desconsidera aspectos técnicos. Causa-nos imensa preocupação o Ministério da Saúde ter distribuído etanercepte biossimilar, enquanto já acontecia a falta de originador em vários estados. E a falta de informação em tempo hábil fez com que estados iniciassem uma substituição automática na farmácia pública, do originador pelo biossimilar. Temos relatos de que, pelo menos Goiás, Maranhão, Ceará, Piauí, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Minas Gerais iniciaram tal procedimento de troca automática.

Mesmo os estados que tentaram se estruturar para dar ao médico a condição de avaliar clinicamente a troca, estão pressionados a trocar em vista da falta de produto originador, como é o caso de São Paulo e Santa Catarina. A esses relevantes fatos soma-se uma outra preocupação igualmente relevante e com possíveis efeitos deletérios para a saúde pública: o da prescrição de etanercepte originador na dose de 25 mg para adultos, com receio da perda de efeito pela troca não médica, que pode levar ao desabastecimento de tal apresentação, deixando a população pediátrica sem continuidade de tratamento.

A insegurança gerada pelo processo de troca automática mandatória pelo gestor de saúde, desestruturada do ponto vista técnico e de boas práticas farmacêuticas, pode fazer com que nós médicos evitemos prescrever a molécula etanercepte e passemos a utilizar outros medicamentos, com possíveis prejuízos clínicos ao paciente, pela desestabilização de seu tratamento, prejuízos ao SUS, aumentando as taxas de uso do sistema público e ainda causando prejuízos para o futuro das PDPs, que fornecerão tecnologias que se tornarão obsoletas pelo pouco uso.

Portanto, a Sociedade Brasileira de Reumatologia, entendendo o atual cenário brasileiro, vem respeitosamente solicitar que sejam observados os seguintes princípios para adequação do sistema público de saúde:

- Transparência nas discussões e decisões públicas referentes aos PCDTs e a disponibilidade de medicamentos no SUS.

- Pacientes já em tratamento com biológicos não são elegíveis para troca automática, portanto, também não devem ser objeto de reserva de mercado de nenhuma PDP ou qualquer outro tipo de contrato. Qualquer troca de terapia biológica em andamento, seja de um originador para biossimilar, seja de um biossimilar para originador, deve acontecer somente sob decisão médica em anuência com seu paciente, levando em conta as características clínicas individuais. É preciso que os dispensadores sejam orientados a inserir na ficha de cada paciente qual imunobiológico foi fornecido, originador ou biossimilar, entregando ao mesmo sempre o da mesma marca, evitando a troca não médica e as trocas múltiplas. Também seria salutar a padronização da solicitação de exames, pois habitualmente existem cobranças desnecessárias e que só elevam custos.

- A dispensação de biossimilares pode ser feita pela farmácia dispensadora, para os pacientes ’‘naïve ’’de tratamento. Não devem ser colocados em risco de troca automática os pacientes já em tratamento, sem que haja a avaliação e consentimento médicos. Fluxos adequados e ágeis devem ser instaurados para acolher os pacientes que falharem a troca.

- Sejam criados códigos diferentes para originadores e para cada um de seus biossimilares nos sistemas de dispensação pública, com processos claros que inibam que os pacientes sejam submetidos à troca de seus medicamentos de forma aleatória entre produtos biológicos.

- É direito do consumidor e boa prática farmacêutica que as embalagens de produtos diferentes sejam diferentes. Assim nos orienta o Código do Consumidor. Portanto, que o Ministério iniba imediatamente o uso de caixas praticamente idênticas entre originadores e biossimilares, passando a usar cores e marcas mais destacadas. No caso dos biológicos, conforme recomendação da ANVISA, em seu Fórum de Intercambialidade realizado em 2018, é importante destacar a marca, visto que, no Brasil não serão adotados outros diferenciadores, como o sufixo adotado nos Estados Unidos pela FDA. A ANVISA reforçou que somente a marca permitirá diferenciação entre originadores e diferentes biossimilares, para o paciente, médico e farmacêutico. Porém, no SUS, a marca passa quase despercebida nas embalagens do Ministério da Saúde.

- A farmacovigilância é fundamental e todas as medidas anteriores aqui propostas são base para sua efetividade. Que seja instaurado ostensivo treinamento em âmbito nacional, para todo sistema de dispensação pública, no que tange a boas práticas de farmacovigilância. Que os sistemas de farmacovigilância sejam instaurados e seus relatórios tornados públicos para criar uma evidência científica que embasará a segurança das boas práticas aplicadas pelo SUS.

- A aquisição de medicamentos biológicos e biossimilares no SUS deve privilegiar critérios técnicos e de segurança do paciente. Só depois é que deveriam ser observados aspectos econômicos. Um biossimilar que não gera economia para o sistema, dificilmente agregará algum valor. Tais critérios não podem ser suplantados por interesses comerciais de empresas fornecedoras.

- A se perpetuar o atual cenário, um cenário impensável, inédito em todo o mundo e caótico pode acontecer: múltiplas trocas entre produtos originadores e biossimilares. Por fim, a SBR está a disposição do Ministério da Saúde para dirimir qualquer dúvida, inclusive se propondo a auxiliá-lo em qualquer iniciativa educacional dirigida a médicos, pacientes e gestores, assim como naquelas pertinentes à Farmacovigilancia.

Jose Roberto Provenza
Presidente Sociedade Brasileira de Reumatologia

As autoridades sanitárias, e responsáveis pela assistência farmacêutica, ciência e Tecnologia e logística do Ministério da Saúde, os Parceiros Públicos e Privados detentores das tecnológicas, envolvidos em toda cadeia, aqui provocados por uma sociedade de classe, deverão se posicionar para que documentos como esse possam vir a comprometer a saúde pública, misturado segurança, eficácia do medicamento com questões mercadológicas, criando dúvidas e questionamentos sobre uma das mais importantes Políticas do Estado Brasileiro que contribuem significativamente para que o País receba e absorva tecnologias e busque autossuficiência produtiva, em condições competitivas para o SUS

Os preços e condições mercadológicas citados são públicos e foram obtidos em pregão do MS.

A participação de Instituições públicas sob a égide das PDPs, que com seu parceiro tecnológico poderá atender a demanda nacional, ameaça o produto pioneiro, que não participou nem se qualificou para integrar o processo, quando o MS realizou o chamamento público para possíveis interessados em transferir tecnologias à produtores nacionais.

Sem a PDP, sem ameaça, o detentor do produto inovador não teria qualquer motivação para reduzir seus preços, cuja abaixamento precisa ser observado com algum cuidado, vejamos:
  1. O detentor do produto inovador teve seu monopólio de mercado descontinuado com a entrada do medicamento produzido na égide da PDP
  2. O detentor do produto inovador não transfere qualquer conhecimento ao País
  3. Demanda contratos internacionais firmados em moeda estrangeira
  4. Não gera qualquer emprego no Brasil
  5. Não desenvolve a cadeia tributária e econômica local
  6. Não investe um único centavo em qualquer planta industrial no País
  7. Por não disponibilizar as tecnologias, inibe o aproveitamento e a verticalização da plataforma industrial para a pesquisa, desenvolvimento e produção de novos medicamentos
Falar em reserva ou monopólio de mercado para uma Instituição da REDE pública de produtores oficiais de medicamentos mostra clara desinformação sobre a Política Nacional do Complexo Industrial da Saúde. A Sociedade, também, pretende orientar as autoridades sanitárias sobre as embalagens, mesmo sendo um medicamento de uso interno ao SUS.

Portanto, as questões que não se referem exclusivamente a segurança e eficácia do produto, como o custo abordado no documento podem induzir distorções ao mercado, aspirando o comprometimento das PDPs, sem gerar qualquer, conhecimento, riqueza ou renda ao País.

Anexo:



Votação sobre Cannabis medicinal é adiada para 15/10


Algumas sugestões dos diretores da Agência aos textos das Resoluções que seriam deliberadas nesta terça-feira (8/10) sobre cultivo e registro de medicamentos à base de Cannabis precisam ser avaliadas. Tema volta à pauta da Diretoria Colegiada da Anvisa na próxima reunião, marcada para o dia 15 de outubro.


A votação das propostas sobre Cannabis medicinal foi adiada para o dia 15 de outubro.

Inicialmente, os temas que discutem critérios para cultivo e registro de medicamentos à base da planta seriam deliberados na reunião da Diretoria Colegiada desta terça-feira (08/10). 

No entanto, foram apresentadas algumas sugestões dos diretores da Agência ao texto. Antes da apreciação pelo colegiado da Agência, as novas considerações serão avaliadas pelas áreas técnicas relacionadas ao tema, bem como pela Procuradoria da Anvisa.



OFICINAS DO VII CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS "DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NA PRÁTICA INTERPROFISSIONAL".


O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF) da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, anuncia a realização do VII Congresso Brasileiro sobre o Uso Racional de Medicamentos (VII CBURM), em Brasília-DF, no período de 10 a 12 de dezembro de 2019.

O tema desta edição é: “Desafios e perspectivas para o uso racional de medicamentos na prática interprofissional”.

O Congresso é organizado pelo Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM) e pretende subsidiar a elaboração de diretrizes e estratégias para a promoção do uso racional de medicamentos.

Serão três dias de atividades entre cursos, oficinas, palestras, mesas redondas, painéis, além de atividades interativas, os quais contarão com a contribuição de personalidades marcantes tanto a nível nacional como internacional.

Esta iniciativa tem por finalidade orientar e propor ações, estratégias e atividades para a promoção do uso racional de medicamentos no âmbito da Política Nacional de Promoção da Saúde, visando ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. Por isso, são aguardados estudantes, professores, gestores, pesquisadores e profissionais de saúde das diversas áreas envolvidas no uso de medicamento como nutricionistas, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e demais atores relacionados à temática.

Dentro das propostas de Oficinas, encontramos:
As oficinas abordam temas estratégicos para a promoção do uso racional de medicamentos. Cada oficina terá produto final relatório com recomendações e estratégias para o SUS, no qual serão publicados posteriormente pelo Ministério da Saúde. Será disponibilizada equipe de relatoria gráfica para cada Oficina.

Oficina 1 (10/12): Papel dos centros de infusão no uso racional de medicamentos biológicos e biossimilares.
Carga horária: 8h.       Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias para realizar diagnóstico situacional dos centros de infusão no país. E identificar os obstáculos para sua implantação, estruturação e acesso dos pacientes nos Estados com base na discussão dos painelistas.
Ementa: Medicamentos biológicos foram incorporados pelo SUS para tratamento de diversas patologias. Com o intuito de envolver a sociedade no processo de identificação das dificuldades e problemas relacionados à pesquisa, desenvolvimento, produção, regulação, disponibilização, monitoramento e uso racional de medicamentos biológicos, o GT de Medicamentos Biológicos gerou uma Enquete Pública. Entre os resultados da Enquete houveram diversas contribuições que indicavam a ausência ou falta de estrutura dos centros de infusão para medicamentos biológicos ofertados pelo SUS.

Oficina 2 (10/12): Assimetrias entre acesso e uso racional de medicamentos.
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias com base em dados da literatura nacional e experiência dos atores os principais problemas quanto a assimetria de acesso no âmbito do uso racional de medicamentos no país.
Ementa: Debater diferentes assimetrias de acesso a medicamentos no Brasil, as quais sinalizam problemas de gestão, da interação da equipe multidisciplinar e de atores institucionais (por, exemplo, o judiciário, a regulação sanitária, os conselhos profissionais) e de dificuldades de grupos específicos de usuários que experimentam alguma situação de vulnerabilidade econômica e /ou social. Tendo em vista a interação dialógica entre o acesso e o uso racional de medicamentos, os problemas de um necessariamente afetam o outro aspecto.

Oficina 3 (10/12): Uso racional de antimicrobianos na Odontologia.
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias quanto ao uso racional de antimicrobianos em Odontologia e aspectos legais da prescrição.
Ementa: Conceitos básicos da terapia antimicrobiana. Indicações do emprego de antibióticos em Odontologia. Diferenças entre os regimes de tratamento e profilático. Riscos individuais e populacionais associados ao uso inadequado de antimicrobianos na odontologia. Aspectos legais da prescrição de antimicrobianos.

Oficina 4 (10/12): Indicadores para implantação e monitoramento do uso racional de medicamentos em serviços de saúde.
Carga horária: 8h.       Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias quanto ao papel da prática interprofissional colaborativa na promoção do uso racional de medicamentos, bem como demonstrar as características de um plano de educação interprofissional (base lógica, metas baseadas em resultados, desenho deliberado e avaliação).
Ementa: Introdução à terminologia consensual da literatura referente à educação interprofissional e práticas colaborativas interprofissionais. Estabelecimento de relações entre a prática interprofissional colaborativa e a promoção do uso racional de medicamentos. Reflexão sobre a necessidade de planos de educação interprofissional. Detalhamento das características de planos de educação interprofissional. Troca de experiências entre os participantes sobre o uso racional de medicamentos em situações comuns na prática da atenção primária à saúde.

Oficina 5 (11/12): Ferramentas e instrumentos intersetoriais para práticas desmedicalizantes.
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias a fim de capacitar os participantes no uso dos conceitos de medicalização e medicamentalização; sensibilizar nos impactos desses termos nas políticas públicas; desenvolver ferramentas e instrumentos intersetoriais para práticas desmedicalizantes.
Ementa: Abordar os conceitos de medicalização e medicamentalização objetivando criar instrumentos de combate à medicalização para serem utilizados de forma intersetorial nos serviços de saúde, educação e assistência social.

Oficina 6 (11/12): Prevenção quaternária no fazer médico: evidências e estratégias.
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Compartilhar experiências em que pacientes foram protegidos de uma intervenção médica invasiva e sugerido procedimentos científica e eticamente aceitáveis.
Ementa: Refletir sobre as quais ações podem ser feitas para identificar um paciente ou população em risco de supermedicalização e o potencial da desprescição como ação de prevenção quaternária.

Oficina 7 (11/12): Enfermagem e a segurança do usuário de medicamentos: protocolos e ferramentas de cuidado.
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Compartilhar impactos de uso de guias de prática clínica ou outras ferramentas de cuidado em diferentes condições clínicas.
Ementa: Solidariedade na gestão do cuidado com demais profissionais; Avaliação da qualidade e eficiência do tratamento em relação à segurança do paciente.

Oficina 8 (11/12): Uso racional de fitoterápicos na Atenção Primária à Saúde (50 vagas).
Carga horária: 8h.        Vagas: 50.
Objetivos: Elaborar recomendações e estratégias quanto à importância do uso racional de fitoterápicos na atenção primária à saúde. Discutir entre os diferentes atores participantes, a atuação junto à comunidade nesta temática.

Ementa: Conceitos gerais sobre fitoterapia; segurança, eficácia e qualidade de fitoterápicos; fitoterapia baseada em evidências. 
Mario Sergio Ramalho


VII CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS NA PRÁTICA INTERPROFISSIONAL


Ministério da Saúde vai reunir profissionais para promoção do Uso Racional de Medicamentos

Congresso abordará as práticas Interprofissionais na prescrição e desprescrição


O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (DAF/SCTIE/MS) realizará o VII Congresso Brasileiro sobre o Uso Racional de Medicamentos (VII CBURM) em Brasília-DF, no período de 10 a 12 de dezembro de 2019.

O tema deste ano será: “Desafios e perspectivas para o uso racional de medicamentos na prática interprofissional”.

O encontro reunirá profissionais da saúde, gestores e usuários de medicamentos no Sistema Único Saúde. Serão três dias de atividades entre cursos, oficinas, palestras, mesas redondas, painéis, além de atividades interativas.

Os congressistas que tiverem interesse em submeter trabalhos científicos relacionados ao Uso Racional de Medicamentos (URM) já podem acessar o regulamento. Clique aqui e confira o regulamento. Em breve estarão abertas as inscrições para congresso.


O uso racional de medicamentos está entre os objetivos e diretrizes da Política Nacional de Medicamentos e da Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Essa temática vem ganhando expressão ao longo dos últimos anos tanto na agenda nacional, quanto na internacional. Nesse sentido, se reforça a importância da oferta de informação sobre medicamentos que seja independente, sem conflitos de interesse e pautada na imparcialidade como subsídio para a promoção do uso racional de medicamentos em todas as esferas do governo e da sociedade civil.

COMITÊ DE URM
Uso Racional, Seguro e Responsável de Medicamentos, Acesse aqui Roteiro para criação de Comitês locais para promoção do uso racional de medicamentos.


VACINAS - MS FALA EM COLETIVA DE IMPRENSA SOBRE ORÇAMENTO, PRODUÇÃO E FORNECIMENTO DE VACINAS NO PAÍS E CENÁRIO INTERNACIONAL


Entrevista com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber

Este ano, o Ministério da Saúde alcançou importantes ganhos na área de imunização, como a redução do preço para compra da vacina Meningocócica ACWY de R$ 123 milhões para R$ 87 milhões, ao mesmo tempo em que ampliou a quantidade a ser adquirida, passando de 3,6 milhões de doses para 4,5 milhões. A vacina tríplice viral também deve ter o preço de compra reduzido de R$ 10,62 para R$ 6,07 o valor unitário; e garantiu a maior distribuição da vacina contra sarampo dos últimos dez anos.

Ao longo dos anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem incorporando novas vacinas no Calendário Nacional de Vacina. Hoje são 47 imunobiológicos diferentes, sendo 13 soros, quatro imunoglobulinas e 30 vacinas. Destas vacinas, 19 são ofertadas nos postos de saúde, e 11 são oferecidas em centros de referência de imunobiológicos especiais, para populações que tenham condições especiais para tomar (Ex.: imunodeprimidos, pacientes com HIV/Aids).

Em entrevista, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber, fala sobre fornecimento de vacinas, orçamento, investimento na produção nacional, entre outras questões que envolvem o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.


O Senhor pode afirmar que não haverá falta de vacina no SUS?
Secretário Wanderson: Sim, posso afirmar que não vai faltar vacina para as ações de rotina e para as situações de emergência. Para isso, estamos trabalhando para recompor os estoques estratégicos. O que acontece eventualmente, e que ocorreu este ano, com o sarampo, é o aumento da demanda, em que o número de doses necessárias da vacina tríplice viral foi superior ao planejado em 2018 e não havia estoques estratégicos. Hoje, estamos com surto ativo da doença em 19 estados.


orçamento vacina com todos os tamanhos 1


Para 2020, teremos orçamento e vacinas suficientes para atender a população?
Secretário Wanderson: Este ano, o Ministério da Saúde adquiriu 114% a mais do número de doses da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, para 2019 e 2020 em relação a 2018, passando de 30,6 milhões para 60,2 milhões e 65,4 milhões de doses. A medida garantiu a maior distribuição de vacina contra sarampo dos últimos dez anos.

Para este ano, o orçamento destinado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) corresponde a 53% do orçamento geral da Secretaria de Vigilância em Saúde da pasta. Há previsão de redução desse recurso?
Secretário Wanderson: Não. A vacina é uma ação obrigatória e todos os anos temos que ajustar o quantitativo à população de rotina e também considerar as extra rotinas, para a realização de campanhas, por exemplo, além das emergências, como surtos e epidemias. Portanto, o Ministério da Saúde garante que a vacina continuará sendo prioridade da vigilância e da atenção primária em saúde.  Pela primeira vez o Governo Federal estabeleceu a cobertura vacinal como meta prioritária para a gestão de Saúde no país, por meio do Movimento Vacina Brasil. É certo que teremos muito mais investimento em vacinas que nos anos anteriores. Isso quer dizer que, no mínimo, temos que manter o que executamos no ano anterior. Em 2018 foram R$ 4,9 bilhões. Já neste ano (até setembro), foram executados R$ 3,4 bilhões. Temos negociado com todos os produtores e conseguido redução de preços para a maior parte das vacinas. Assim, é possível comprar mais com menos.

É importante destacar que parte das aquisições programadas com o orçamento de 2019 serão entregues no próximo ano, a partir de janeiro. Essas entregas totalizam R$ 426,3 milhões e englobam, por exemplo, vacinas contra a febre amarela, Rotavírus, poliomielite e tetra viral.

orçamento vacina com todos os tamanhos 2

O Senhor pode explicar resumidamente como se dá a destinação dos recursos e o processo de compra das vacinas no SUS?
Secretário Wanderson: O planejamento para o ano seguinte começa a ser feito em meados de junho e julho, e tem como base o orçamento disponível e a necessidade. Eu tenho que garantir o mesmo número de doses do ano anterior. Para calcular os recursos destinados à compra de vacinas e insumos estratégicos, é verificado a eficácia e a efetividade da vacina; em que momento serão aplicadas e quem são os públicos-alvo. Quando a gente fecha esse conjunto de informações, é preciso estabelecer quem produz: laboratório brasileiro público ou da iniciativa privada, ou laboratório internacional. No mercado internacional, eu só posso comprar produtos que são pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e é o mercado que vai dizer quanto que custa cada dose. Porém, quando o governo compra, compra milhões de doses e assim conseguimos negociar preço e temos conseguido muito sucesso gerando maior eficiência da gestão dos insumos. Quem faz essa negociação é o Departamento de Normas e Sistemas de Logística (DELOG), do Ministério da Saúde.

Há falta de vacina no mundo? Quais os entraves que o Ministério da Saúde brasileiro enfrenta para garantir os estoques?
Secretário Wanderson: Quando me perguntam se há falta de vacina no mundo, eu respondo que é preciso especificar sobre qual vacina estamos falando. Mas de modo geral há insuficiência. No Brasil são ofertadas gratuitamente 30 vacinas diferentes. Se procurarmos neste mês de outubro, por exemplo, vacina contra influenza para o Hemisfério Sul, eu posso afirmar que sim, há falta. Isso porque essa vacina é produzida entre setembro e fevereiro. Por isso, nossa campanha se dá entre março, abril, porque existe o tempo de produção e distribuição. Depois que o volume é consumido, acabou. No geral, sempre vamos precisar comprar algum tipo de imunobiológico no mercado interacional. Hoje, nenhum país é totalmente independente do mercado internacional. A demanda é muito maior que a capacidade de produção, inclusive dos laboratórios internacionais. Há produção insuficiente de vacina contra difteria, soros contra animais peçonhentos, entre outros imunobiológicos.

Há investimento na produção nacional vacinas por parte do Governo Federal?
Secretário Wanderson: No Brasil, o Ministério da Saúde tem investido na produção de vacinas e soros. Estamos investindo em uma das maiores fábricas de vacinas contra influenza, no Instituto Butantan. Também com o instituto, estamos desenvolvendo a vacina contra a dengue. Com a Fiocruz, no Rio de Janeiro, encontra-se em desenvolvimento um projeto que vai nos dar autonomia e independência para a produção de uma série de vacinas. Atualmente temos cinco produtores nacionais de vacina públicos, além dos laboratórios privados. Também estamos fomentando pesquisas para inovação em imunobiológicos. Já pensou na possibilidade de termos soros que possam suportar temperaturas mais elevadas? Seria possível ampliar a oferta e colocar o soro mais próximo de onde ocorre o acidente.

O Senhor atribui a quais fatores o retorno de doenças que o país já tinha eliminado, como o sarampo?
Secretário Wanderson: No caso do sarampo, o principal fator é a circulação do vírus, principalmente na Europa, África e Ásia. Nas Américas já tínhamos eliminado o sarampo em 2016. O Brasil foi o último país a receber o certificado de eliminação da doença. Mas à medida em que eu elimino e outros países não, e se há pessoas no Brasil que não estão com o esquema vacinal em dia, ficamos suscetível à doença. Hoje, há 39 milhões de brasileiros, 20% da população, na faixa etária de 1 a 49 anos, que estão suscetíveis à doença porque não tomaram a vacina ou o quantitativo de doses necessárias, na rotina ao longo dos anos. Estamos trabalhando em mecanismos para estimular as pessoas a atualizarem seu cartão de vacinação, na rotina, e não ficar esperando por campanhas ou situações de emergências. O programa Saúde na Hora, por exemplo, tem permitido maior acesso da população trabalhadora aos serviços de saúde.  

Se há vacinas disponíveis gratuitamente no SUS, por que a população não se vacina. O que o Governo Federal está fazendo para ampliar as coberturas vacinais?
Secretário Wanderson: As baixas coberturas vacinais têm se dado por causa de um conjunto de problemas. O primeiro é a desinformação da população. As pessoas precisam saber que a vacina está disponível e que deve ser tomada. Outro problema é o acesso aos serviços de saúde. Muitas vezes, o horário dos postos de saúde não está compatível com a rotina corrida das pessoas. Há também as fake news. Pior que a desinformação é ter acesso a informação incorreta, distorcida.  Por fim, temos a responsabilidade pessoal e a parte que compete ao governo, que é de não deixar faltar vacina.

Para buscar resolver essas questões, o Ministério da Saúde tem investido em importantes ações. Na parte da informação, temos utilizado vários canais para chegar à população, como as redes sociais, coletivas de imprensa, videoconferências e teleconferências com os estados, palestras, ação de vacinação nas fronteiras, entre outras. Como resposta à questão do acesso, o Governo Federal lançou, em maio deste ano, o programa Saúde na Hora. O programa superou a meta de habilitar até mil Unidades de Saúde da Família (USF) ainda em 2019. Até o momento, 1.034 unidades em 175 municípios já se comprometeram a ficar de portas abertas por mais tempo para atender à população. O Ministério também tem feito todos os esforços para não deixar faltar vacina. Como já informei, temos comprado vacinas para garantir o suprimento e regularizar os estoques. Em uma ação integrada da Vigilância em Saúde e da Atenção Primária em Saúde, estamos fomentando a vacinação por meio de um adicional de R$ 206 milhões. Para isso, os municípios devem garantir o cumprimento de apenas duas metas, mas que são muito importantes, além de adotar os ‘Dez passos para ampliação das coberturas vacinais’. É a atenção primária e vigilância em saúde atuando integradas.

Quais campanhas de vacinação devem ocorrer ainda este ano?
Secretário Wanderson: Para este ano temos a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que ocorrerá de forma seletiva e em duas etapas: de 7 a 25 de outubro, para crianças de seis meses a menores de 5 anos. O dia D – dia de mobilização nacional - acontecerá em 19 de outubro (sábado). Essa é a faixa etária que pode ocorrer complicações mais graves, podendo evoluir para óbito. Até o momento, foram registrados seis óbitos pela doença, sendo quatro crianças menores de 1 ano.

A segunda etapa da campanha acontece de 18 a 30 de novembro, e terá como foco a população de 20 a 29 anos. O dia D ocorrerá em 30 de novembro. Para esta data, a mobilização será por adesão. Os municípios que necessitarem intensificar a vacinação, o Ministério da Saúde está enviando doses extras. Outras etapas ocorrerão em 2020, visando as demais faixas etárias, incluindo a ampliação da vacinação para as pessoas de 50 a 59 anos de idade. 

Para um programa eficiente de imunização, é necessário o esforço de todos (União, estados, municípios e população)? Como cada um pode ajudar?
Secretário Wanderson: Ao governo (União, estados e municípios) cabe manter os estoques e fornecer a vacina em tempo oportuno à população, e dar de volta ao cidadão o registro da informação eletrônica. O profissional de saúde deve registrar nominalmente quem foi vacinado, o tipo de vacina dada, data de validade e número do lote da vacina. Por fim, ao cidadão cabe ir à unidade de saúde e se vacinar. Com isso, cada um se protege e cuida de sua comunidade, pois a vacinação é um ato cívico também.

Regina Xeyla, da Agência Saúde


Calendário Agenda