Pamela Lang (Agencia Fiocruzde Noticias)
Em comunicado técnico publicado nesta quinta-feira
(4/3) pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, pesquisadores alertam para a
dispersão geográfica no território de ‘variantes de preocupação’, assim como
sua alta prevalência nas três regiões do Brasil avaliadas (Sul, Sudeste e
Nordeste).
O novo protocolo de RT-PCR,
desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, foi utilizado nas unidades de apoio ao
diagnóstico e centrais analíticas da Fiocruz para avaliação de cerca de mil
amostras dos estados de Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O protocolo detecta a mutação
comum em três das ‘variantes de preocupação’ (P1, identificada inicialmente no
Amazonas, B.1.1.7, no Reino Unido e B.1.351, na África do Sul), que são
potencialmente mais transmissíveis. A avaliação contou com o apoio do
Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da
Coordenação Geral de laboratórios de Saúde Pública.
De acordo com o Observatório,
a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2 tem
favorecido o surgimento de ‘variantes de preocupação’ no Brasil, como é o caso
da variante P1, identificada no Amazonas. O comunicado alerta para um cenário
preocupante que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas
variantes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e
circulação do vírus.
Dos oito estados avaliados
neste recorte apenas dois não tiveram prevalência da mutação associada às
variantes de preocupação superior a 50 %: caso de Minas Gerais, com 30,3% das
amostras testadas como positivo para a mutação e, Alagoas, com 42,6%. Nos demais
estados, mais de 50% das amostras foram identificadas com a mutação associada
às ‘variantes de preocupação’, conforme o mapa abaixo.
Frentes aos desafios impostos pela alta dispersão e prevalência das ‘variantes de preocupação’, o Observatório reforça as diretrizes apontadas pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), bem como a necessidade de aceleração da disponibilização de vacinas para ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), visando contribuir para a redução de casos e a probabilidade de aparecimento de novas variantes.
O Comunicado destaca ainda
como fundamental a adoção das medidas já apontadas em Boletim extraordinário
publicado, nesta quarta-feira (3/3), com foco para as medidas
não-farmacológicas que possam reduzir a velocidade da propagação e o
crescimento do número de casos, a exemplo de medidas mais rigorosas de
restrição da circulação e das atividades não essenciais e a implementação
imediata de planos e campanhas de comunicação, o fortalecimento do sistema de
saúde, e a necessidade de constituição de um pacto nacional para o
enfrentamento da pandemia no país.
Novo protocolo oferece
monitoramento massivo das ‘variantes de preocupação’
Para o vice-presidente de
Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, a vigilância genômica e
o monitoramento dessas variantes será fundamental para o enfrentamento da
pandemia. “O novo protocolo de RT-PCR oferece um retrato rápido da circulação
das variantes para tomada de decisão no enfrentamento à pandemia”, destaca
Krieger.
A avaliação com esse protocolo
será ampliada e repetida de forma sistemática para um monitoramento massivo das
variantes e a vigilância genômica será complementada com o sequenciamento de
amostras na Rede Genômica Fiocruz.
Até o momento, não têm sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspectos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19.