Com o resultado das eleições, agenda do setor fabril continua fortemente atrelada ao noticiário político nesta segunda-feira (27). Confirmando uma tendência já indicada ao longo do fim de semana, jornais centram a maior parte das atenções nos desafios reservados ao governo ao longo do próximo mandato da presidente Dilma Rousseff.
O crescimento econômico é assunto prioritário nas abordagens associadas à conjuntura eleitoral. Veículos reforçam o tom de preocupação quanto ao desânimo do setor produtivo e às expectativas que rondam o mercado.
O GLOBO destaca que a presidente reeleita terá na economia a difícil tarefa de recuperar a confiança para estimular investimentos e tirar o país da estagnação. Texto observa que o segundo mandato de Dilma vai começar com o país estagnado, cuja previsão de crescimento este ano é perto de zero, e com uma inflação de 6,75% no acumulado em 12 meses, acima do teto da meta, e ainda com queda da arrecadação com desonerações e o baixo crescimento.
Um dos principais pontos de tensão do dia está registrado nos jornais, mas evidenciado de forma especial em O GLOBO: a preocupação de empresários e do mercado financeiro é saber quem comandará o Ministério da Fazenda.
O GLOBO cita uma das sugestões lançadas em um documento divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Reportagem relata que o setor produtivo brasileiro quer que Dilma torne flexível o superávit primário, a economia do governo para reduzir o endividamento, para se ajustar ao ciclo econômico em que o país se encontra. Essa seria uma das ideias que constam no documento, informa o jornal.
O GLOBO descreve que a CNI também pede simplificação do sistema tributário e mais investimentos em infraestrutura. "Na área previdenciária, propõe que o reajuste do salário mínimo deve considerar inflação e alta do PIB per capita de dois anos antes e sugere idade mínima para aposentadorias por tempo de contribuição equiparado para homens e mulheres."
Adotando linha semelhante, CORREIO BRAZILIENSE registra que a retomada do crescimento será um dos desafios a ser enfrentado por Dilma Rousseff, que terá a difícil missão de reconquistar a confiança dos agentes econômicos para que voltem a investir no país.
“Isso não será conseguido, no entanto, sem mudanças na política seguida nos seus primeiros quatro anos de governo. O nível de intervencionismo do Executivo durante as concessões de estradas e aeroportos e na renovação de contratos do setor elétrico afugentou empresas interessadas em fazer negócios no Brasil”, expõe o jornal do DF, que lembra que o mercado projeta que, em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) terá expansão de apenas 1%.
Na reportagem, CORREIO reproduz declaração atribuída a JOSÉ AUGUSTO FERNANDES, diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que avalia que o controle da inflação terá peso fundamental para sinalizar ao mercado que o país está apto a receber investimentos, além da atenção devida à agenda de competitividade, com a promoção de reformas estruturais. "A indústria está estagnada desde 2010. Precisamos mudar o sistema tributário e aumentar os investimentos em infraestrutura", afirma FERNANDES.
Como ponto de atenção, coluna PAINEL, na FOLHA DE S. PAULO, afirma que, preocupado com a instabilidade do mercado durante a campanha, o governo quer emitir sinais rápidos para tranquilizar a Bolsa e o setor produtivo. Segundo o texto, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, diz que a presidente Dilma Rousseff vai reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal e o combate à inflação antes da nova posse.
O ESTADO DE S. PAULO afirma que, com a reeleição garantida, a ordem no Palácio do Planalto é tentar resgatar a confiança em torno da economia brasileira, promover um novo ciclo de desenvolvimento e aprofundar conquistas sociais.
VALOR ECONÔMICO acrescenta que uma das primeiras providências do governo Dilma Rousseff será decidir como tratar, legalmente, o descumprimento de todas as metas fiscais deste ano. “Com ganhos de credibilidade, o governo poderia assistir a um aumento dos investimentos e a recuperação do crescimento. Isso, por si só, daria um novo conforto à produção industrial”, resume.
VALOR reforça que, também nessa área, há uma discussão que se divide entre manter a política de conteúdo nacional ou migrar para um modelo mais arejado, onde os incentivos às exportações não penalizem as importações, mas, ao contrário, que haja a compreensão de que ambas – importações e exportações - são complementares e que é a expansão da corrente de comércio que produzirá o desenvolvimento. O discurso da vitória feito por Dilma (leia a íntegra em POLÍTICA) está em destaque nos jornais.
Como outro ponto de atenção, VALOR ECONÔMICO publica entrevista com Aldo Ferrer, ex-ministro da Economia da Argentina e professor emérito da Universidade de Buenos Aires, que aborda a crise industrial que leva países para periferia da China. Ele avalia que a crise na América Latina não só por terem sido até agora fracos os investimentos em progresso tecnológico, mas também porque não houve e não há uma orientação dos investimentos estrangeiros nesses países, de forma a favorecer o desenvolvimento.
Segundo Ferrer, para a reversão desse quadro é preciso que a América Latina se integre às cadeias globais de produção como fornecedora de itens industriais e não apenas como fornecedora de matérias-primas.
Também merece atenção artigo assinado pelo diretor executiva de Petróleo, Gás Natural, Bienergia e Petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado Neto, publicado no CORREIO BRAZILIENSE. Texto afirma que não existe pais desenvolvido sem uma indústria de transformação desenvolvida. "Dentro da indústria de transformação, a maior contribuição para o desenvolvimento vem da produção de bens de capital que, por ser a fábrica de fábricas, tem maior efeito multiplicador na geração de emprego e renda que os demais segmentos".
A pauta específica ainda expõe itens de relevância com foco no segmento automotivo e nos efeitos da estiagem registrada em alguns estados brasileiros sobre a produção da fabril.
FOLHA DE S. PAULO informa que, com estoques cheios e concessionárias vazias, as montadoras têm buscado alternativas para reverter o fraco desempenho do setor, refletido na diminuição da produção e na adoção de medidas como férias coletivas, suspensão de contratos e demissões.
CORREIO BRAZILIENSE avalia que, com reservatórios de água em níveis críticos e uma crise sem precedentes no setor elétrico, o país precisa de ações emergenciais do governo federal.
Completando a pauta do dia, VALOR ECONÔMICO afirma que, com a proximidade do fim desta legislatura, a Medida Provisória 656, publicada no início do mês, deve se tornar uma "colcha de retalhos" tributária e abarcar as demandas que restam de deputados, senadores e do governo. Jornal informa que, na semana passada foram apresentadas 386 emendas ao texto.
VALOR afirma ter apurado que o governo acordou com os líderes que a MP 651 - também de caráter tributário e que caduca em 6 de novembro - seja votada no Senado sem novas mudanças, para não colocar em risco a reabertura do prazo para as empresas se inscreverem no Refis da Crise, previsto na medida.
As eleições estão no centro do noticiário do dia. A corrida ao Palácio do Planalto domina as manchetes, mas o resultado das urnas que definiu os governos em 13 estados e no Distrito Federal também ocupam espaços importantes.
Os registros são amplos e a cobertura, a mais densa desde o início das campanhas. Jornais trazem apanhados completos sobre a votação pelo Brasil. Análises apontam tendências e há ainda um grande volume de abordagens que tentam antecipar as primeiras medidas dos governantes eleitos ou reeleitos.
Destaque absoluto está na reeleição da presidente Dilma Rousseff. A disputa acirrada e o resultado apertado da votação são alguns dos itens que mais chamam a atenção da mídia nacional.
A petista recebeu 54,5 milhões de votos, o equivalente a 51,6% dos válidos. Já Aécio Neves obteve 51 milhões de votos, 48,4% dos válidos.
FOLHA DE S.PAULO destaca que a diferença entre os dois é a menor observada entre dois finalistas de uma eleição presidencial desde o fim do regime militar e a redemocratização do país. Jornal expõe ainda que a reeleição de Dilma pode ser considerada um triunfo pessoal, uma vez que a petista enfrenta discordância dentro do próprio governo e do partido.
Na mesma linha, O ESTADO DE S.PAULO pontua que a petista venceu Aécio com a menor diferença porcentual de votos no pós-1945, obtendo “pouco mais de 3 milhões a mais que o adversário”.
O discurso feito por Dilma após a confirmação da vitória é uma das referências do noticiário. Acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente adotou um tom de conciliação e falou de união. Dilma declarou que vai aumentar o combate à corrupção e sugeriu a realização de um plebiscito para a reforma política. A petista acenou ainda aos mercados, adiantando que vai promover ações localizadas na economia para que o país retome o crescimento.
O pronunciamento de Aécio Neves reconhecendo a derrota e parabenizando a reeleição de Dilma também está em evidência. O tucano também adotou tom conciliador, relatam os jornais: “Considero que a maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado que dignifique a todos os brasileiros”, declarou tucano, conforme registra o ESTADÃO. Jornal pontua que, apesar de fortalecido, Aécio não é nome certo para a disputa presidencial de 2018.
Entre os itens associados às eleições estaduais, mídia nacional chama a atenção para as vitórias de Luiz Fernando Pezão, no Rio de Janeiro, José Ivo Sartori, no Rio Grande do Sul, Marconi Perillo, em Goiás, e Reinaldo Azambuja, em Mato Grosso do Sul.
FOLHA acentua que o PMDB elegeu sete governadores e manterá a liderança e o número atual de estados governados. “PT e PSDB aparecem em segundo lugar, ambos com cinco governadores eleitos”, justifica o texto.
Bastante pressionada pela cobertura eleitoral, agenda econômica perde espaços e tenta ajustar-se. A opção dos jornais é por reportagens breves e abordagens diretas. No geral, pauta está atrelada a itens com foco no consumo, no crédito e em finanças pessoais.
Os temas mais importantes do dia são influenciados pela pauta política, com projeções sobre possíveis medidas que serão anunciadas pelo governo federal, cobranças em torno de ajustes necessários e a reação dos mercados.
VALOR ECONÔMICO prevê que, com o resultado das eleições presidenciais, esta segunda-feira deve ser de oscilações no setor financeiro. Jornal aponta que os “mercados devem reviver hoje o cenário de 2002 e reagir com forte pessimismo à reeleição da presidente Dilma Rousseff”, quando o dólar esbarrou nos R$ 4 diante de receios do que seria o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
BRASIL ECONÔMICO destaca a divisão política e econômica que terá início o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, com os “investidores expressando claramente a insatisfação em relação aos fundamentos do país”. Segundo o jornal, a dúvida que atormenta o mercado é uma só: que rumo Dilma irá tomar.
“Mais ortodoxia, com ajustes fiscais e monetários, replicando em menor escala as estratégias que sinalizava a equipe do candidato derrotado Aécio Neves, ou a manutenção da estratégia expansionista que vem sendo criticada por boa parte dos economistas”, expõe a reportagem do BRASIL ECONÔMICO, que traz análise de especialistas.
De volta ao VALOR, reportagem relata, como ponto de atenção, as discussões do governo reeleito que já estão em curso, visando reconstruir os canais com o setor privado e como resgatar a indústria. “Uma proposta que já começou a ser considerada, embora ainda não tenha a concordância da presidente, seria enviar projeto de lei ao Congresso conferindo mandato aos diretores do Banco Central.”
FOLHA DE S.PAULO escreve sobre o resultado das eleições presidenciais e afirma que “não serão pequenos os desafios políticos e administrativos que estão à frente”. Segundo o texto, a economia necessita de ajustes. Mais: “as relações com o Congresso e com os poderes regionais se tornam mais delicadas do que nunca”. Pregando a conciliação, FOLHA reforça: “que a presidente Dilma Rousseff, eleita para governar por mais quatro anos, tenha sorte, talento e humildade para levá-la adiante”.
CORREIO BRAZILIENSE adverte que “a presidente não deve esperar janeiro para começar a agir e reanimar a economia, baixar a inflação e reconquistar a confiança de empresários e investidores, passos indispensáveis para manter uma das mais importantes conquistas sociais do país: o emprego e a renda”.
VALOR ECONÔMICO recomenda que a presidente enfrente “de imediato” situações de emergência, como a da seca no Sudeste. Segundo o jornal especializado, Dilma “terá também de reforçar a coordenação política, diante da pulverização de forças no Congresso e perda de força das bancadas majoritárias”. Por fim, acredita o VALOR, a petista terá de “colocar em ordem o sistema tributário e pôr fim à guerra fiscal, duas tarefas quase impossíveis, dependerá muito da determinação com que o governo e sua base de apoio se dedicarem a ela”.