Revistas de circulam neste fim de semana acompanham de perto as crises nos setores elétrico e hídrico. Assunto divide espaço com as novidades em torno da Operação Lava Jato, tema que continua em evidência.
Abordagens fazem prognósticos dos impactos negativos para a indústria em um provável racionamento de energia e água e, conforme cobertura observada nos jornais diários nos últimos dias, advertem para futuros reajustes nas contas de energia.
- Em ISTOÉ DINHEIRO, prognóstico é pessimista e prevê que o aumento na tarifa pode passar de 70%.
- Reportagem lembra que em maio de 2014, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não haveria tarifaço em 2015, referindo-se à gasolina e à energia. “Quase dois meses depois, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ela ressaltou: Eu acho essa história de tarifaço prima-irmã da tempestade perfeita, do racionamento de energia e das profecias que não aconteceram”.
- Texto ressalta que, a um mês do primeiro turno, a presidente-candidata negou novamente a possibilidade de ocorrer um tarifaço. “Era bravata eleitoral”, afirma a reportagem, em tom crítico.
- Segundo DINHEIRO, além de pressionar a inflação, o tarifaço energético significa mais custos e perda de competitividade para as empresas. “A elevação dos valores é um obstáculo adicional para a recuperação da atividade industrial, principalmente no curto prazo”, diz Mônica Messenberg, diretora de relações institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Fala da representante da CNI também é reproduzida em ISTOÉ.
- Reportagem de DINHEIRO acrescenta que “o IBGE divulgou que o setor industrial encolheu 3,2% no ano passado, o pior desempenho desde a crise internacional, em 2009. Classificadas de grandes consumidoras, as indústrias consomem 41% de toda a energia produzida no País”.
- Nesse contexto, ISTOÉ noticia que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou um reajuste salgado para seis distribuidoras de energia. “A atividade industrial, que já sofre com o esfriamento da economia, deve ser ainda mais atingida pelos reajustes”, afirma a revista.
- Abordagem da CARTA CAPITAL adverte que o racionamento de água é inevitável e o de energia, cada vez mais provável. “O cenário é realmente desolador. Há tempos o Brasil sofre com o desaquecimento do comércio internacional. Em 2014, a produção industrial recuou 3,2%, puxada pela retração no consumo. O preço das commodities está em queda. A crise hídrica no Sudeste é o empurrão que faltava para a economia descer a ladeira”, indica.
- Segundo a reportagem, a LCA Consultores estima que um corte de 10% no fornecimento de energia poderia gerar uma queda de 0,3% a 0,5% do PIB.
- CARTA lembra ainda que, como a lei garante prioridade ao abastecimento humano, “a agricultura e a indústria tendem a ser duramente afetadas”. “Responsável por 60% do PIB do estado [de São Paulo], a indústria prevê queda na produção, redução de investimentos e demissões”, alerta.
As crises energética e hídrica também são temas de colunas que fazem avaliação pessimista do cenário atual.
- BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, afirma que “no governo Lula, a aposta em grandes hidrelétricas ofuscou o crescimento do setor independente de produção de energia. Com a crise atual, o governo procura empresários para garantir um plano B em caso de apagão. Com isso, o setor pode ser um dos poucos a lucrar em 2015”.
- Coluna pontua que “a crise hídrica transformou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em especialista em meteorologia. Todos os dias ele lê cinco boletins sobre o assunto. Braga torce muito pela formação de uma zona de convergência no Atlântico Sul para reabastecer os reservatórios”.
- FELIPE PATURY, na ÉPOCA, assinala que “o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, perguntou ao marqueteiro Lula Guimarães que postura deveria assumir frente à crise energética. Lula disse: ‘Fale menos’”.
- PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, posiciona que "o aumento de energia deverá pesar no bolso dos brasileiros e na popularidade da presidenta Dilma Rousseff. Mas é uma vitória do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que sempre defendeu que a conta seja paga pelos consumidores, e não pelos contribuintes".
Abordagem de capa da CARTA CAPITAL adverte para riscos políticos e econômicos da atual conjuntura do país.
- “A economia caminha para a recessão, graças à opção do governo pela austeridade fiscal e à estagnação global. A seca ameaça piorar as coisas com a falta de água em São Paulo e um risco galopante de racionamento de energia no País inteiro”, adverte a reportagem.
- CARTA continua sua avaliação sobre o atual cenário do país: “Embora aliadas do Palácio do Planalto, as centrais sindicais andam furiosas com o pacote restritivo de direitos trabalhistas. Um declarado inimigo presidencial assumiu o comando da Câmara dos Deputados e não esperou nem uma semana para dizer a que veio. No PT, crescem as brigas internas e, especula-se, a distância entre a presidenta e Lula. A Procuradoria-Geral da República prepara-se para processar cerca de três dezenas de parlamentares por causa do escândalo na Petrobras, motivo de alvoroço em Brasília. Animado com o cenário e entusiasta do ‘quanto pior melhor’, o PSDB fala abertamente em impeachment. Se o Circo Brasil ainda não pegou fogo, está bem perto”, alerta.
- Ainda em CARTA, editorial adverte que o Brasil vive um momento “sombrio de extrema gravidade” e que a presidente Dilma “tem de agir depressa para evitar o pior”.
Outras abordagens de interesse do setor produtivo também mantém a tendência e fazem avaliações pessimista.
- A SEMANA, na CARTA CAPITAL, noticia que “um estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforça os argumentos contrários ao pacote fiscal decretado pelo governo e seus prováveis efeitos recessivos na economia”. Segundo a coluna, na hipótese de um crescimento moderado da indústria, de 2% anuais em média, entre 2011 e 2014, e de uma participação do setor de 16% no PIB, o governo teria arrecadado 72 bilhões a mais em 2015. “O valor corresponde a 1,3% do PIB e supera a meta de superávit fiscal, de 1,2%”.
- Mas, segundo A SEMANA, “o setor caminhou no rumo oposto durante o primeiro governo Dilma. Sob efeito de uma estagnação da economia mundial, da interrupção do ciclo longo de valorização das commodities exportadas pelo País e da valorização do real, entre outras causas, a manufatura regrediu 0,73% ao ano. A taxa presumida de 2% de crescimento anual da indústria utilizada no trabalho corresponde àquela verificada entre 1995 e 2010 (o número exato é 2,01%). A Fiesp prevê uma retração do setor de 1% neste ano”.
- De volta a PODER, destaque é que “o fórum empresarial dos BRICS vai propor, nesta semana, que Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul criem espaços dentro do governo para auxiliar empresários dos demais países. A principal reclamação, em relação ao Brasil, é a complexidade do sistema tributário”.
- PODER afirma ainda que “a presidenta Dilma Rousseff encampou, pelo menos no discurso, a necessidade de ampliar as exportações brasileiras para manter a atividade econômica. No primeiro mandato, o bom desempenho do agronegócio mascarou a falta de competitividade da indústria”.
O debate sobre a legislação trabalhista também pauta as colunas de opinião das revistas deste fim de semana.
- RICARDO BOECHAT, na ISTOÉ, assinala: “Presidente da Força Sindical, Miguel Torres encontrará Eduardo Cunha na terça-feira 10. Ao recém-eleito xerife da Câmara dos Deputados pedirá rapidez no trâmite de matérias trabalhistas. A PEC da redução da jornada, por exemplo, está parada faz 20 anos. Também bombardeará as medidas provisórias que afrontem direitos como o seguro-desemprego, o abono salarial e o auxílio-doença. ‘Não aceitamos conversa para boi dormir’, diz Miguel Torres, presidente da Força, ao lembrar que Dilma Rousseff na campanha eleitoral jurou não mexer em direitos trabalhistas, ‘nem que a vaca tussa’”.
- BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, registra: “As centrais sindicais brigam com o governo por causa das medidas que mexem na legislação trabalhista, mas o maior medo dessas entidades tem a ver com o que pode acontecer no Congresso. Na avaliação dos sindicalistas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai aproveitar a discussão aberta com a apresentação do pacote trabalhista e agir para facilitar a contratação de funcionários como pessoa jurídica. Esse tipo de terceirização de mão de obra é defendido por amplos setores do empresariado”.
- Em nota complementar, BRASIL CONFIDENCIAL posiciona: “Embora se oponham à pessoa jurídica individual, as centrais e muitos sindicatos adotam essa prática na contratação de seus funcionários. Se as entidades que representam os trabalhadores fossem coerentes nas propostas que defendem, certamente estariam mais fortalecidas nas negociações em torno do pacote do governo. Só no gogó, fica difícil”.
Encerrando cobertura associada, revistas repercutem a indicação do novo presidente da Petrobras, Adelmir Bendine. Em comum, textos sinalizam os desafios do executivo no comando da estatal e afirmam que ele tem a missão de “salvar” a companhia de uma crise financeira e de escândalos de corrupção.
- Destaque está em reportagem de capa da ISTOÉ DINHEIRO, que aponta que o executivo Aldemir Bendine aceitou a missão de "resgatar a credibilidade e as finanças da companhia". Reportagem aponta que a reação inicial do mercado financeiro foi de ceticismo.
- Em movimento contrário às avaliações expressas nos jornais diários, contudo, DINHEIRO avalia a escolha como “acertada para equilibrar os interesses do mercado financeiro, do PT, da base aliada no Congresso e dos funcionários da Petrobras – uma equação dificílima, mas necessária para tirar a empresa da crise deflagrada nos últimos meses pela operação Lava Jato”.
- "Competente e diplomático, ele [Bendine] tem chances reais de surpreender os mercados e virar a página da crise", completa a revista.