A renegociação das dívidas dos estados com a União também poderá ser analisada pelos deputados, dentre as quase 30 propostas que aguardam para entrar na pauta do Plenário
Baixar áudio
Nesta semana, a pauta de votação do Plenário da Câmara tem quase 30 propostas que podem ser avaliadas. Mas são assuntos que não estão nesta lista oficial, mas podem entrar, que têm o potencial de gerar os maiores embates: a renegociação das dívidas estaduais e a criação de regras para a terceirização no Brasil.
A renegociação das dívidas dos estados com a União pode permitir que os governadores fiquem sem pagar as parcelas por 3 anos, mas, em troca, precisam aceitar condições como aumentar a contribuição previdenciária dos servidores públicos. A maioria dos deputados já não concordou com essas contrapartidas no ano passado. Alguns, continuam não concordando, como Glauber Braga, líder do Psol:
"Dar 3 anos de carência para pagamento da dívida, você joga a bomba no colo do futuro governo e não resolve o problema dos estados. Renegociar dívidas sim. As contrapartidas que prejudicam os trabalhadores e priorizam a privatização do patrimônio público dos estados, não."
Mas é impossível renegociar dívidas sem impor condições, segundo o líder do governo, Deputado Aguinaldo Ribeiro:
"O Governo Federal não pode simplesmente socorrer os estados que não cumpriram suas responsabilidades porque até seria um desequilíbrio com os demais estados. Acho que até se pode discutir que tipo de contrapartida, mas o governo federal não deve e não pode abrir mão das contrapartidas."
Já a proposta sobre terceirização prevê a permissão desse tipo de contratação para todas as áreas de uma empresa, o que hoje é proibido. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) diz que o projeto é um dos passos necessários para a modernização do mercado de trabalho brasileiro:
"A CLT tem mais de 70 anos. O Brasil está perdendo postos de trabalho não só pela crise, mas também pela complexidade da legislação trabalhista."
Mas o vice-líder do PCdoB, Daniel Almeida, diz que o partido vai trabalhar contra a proposta:
"Uma coisa é regulamentar, regularizar e cuidar da proteção daqueles que já são terceirizados. Outra coisa é estender a terceirização indefinidamente, sem controle, para todos os setores."
Também pode ser votada proposta que aumenta a punição para crimes de pirataria, podendo chegar a 4 anos de prisão mais multa. O líder do Democratas, Efraim Filho, fala o que é, na prática, essa proposta de proteção à propriedade intelectual:
“Mecanismo de combate à sonegação fiscal, de combate à pirataria, à falsificação, ao contrabando, que deteriora o mercado de trabalho, financia o crime organizado, inibe o investimento e representa risco à saúde e integridade do consumidor."
Alguns deputados defendem, ainda, a votação da proposta que estende o prazo para as prefeituras acabarem com os lixões. Era 2014, mas 4 em cada 10 municípios ainda manda rejeitos para os lixões. O projeto estende o prazo até 2021 para as menores cidades. O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) explica porque defende a prorrogação:
“Alguns Municípios fizeram um esforço muito grande e conseguiram se adequar, mas nem todos puderam fazer isso."
Por outro lado, o líder do PSDB, Ricardo Trípoli, é contra:
"Lixão a céu aberto é um vetor de doenças, é um problema de saúde pública. Não há uma alternativa apresentada por quem quer prorrogar."
O Plenário da Câmara ainda pode votar, na quarta-feira, uma proposta que muda a Constituição, permitindo que universidades públicas cobrem pelos cursos de pós-graduação lato sensu, exceto mestrado profissional.
Reportagem – Ginny Morais