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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

I Conferência Livre de Vigilância em Saúde com ênfase em Hanseníase, em Palmas, no Tocantins nos dias 19 e 20 de outubro


O Ministério da Saúde está apoiando a realização da I Conferência Livre de Vigilância em Saúde com ênfase em Hanseníase que acontecerá nos dias 19 e 20 de outubro, em Palmas/TO, no auditório principal do Centro Universitário Luterano (Ceulp/Ulbra). Os debates realizados durante a Conferência irão servir de base para aprofundamento na I Conferência Nacional de Vigilância em Saúde (CNVS), que será realizada em Brasília de 28 de novembro a primeiro de dezembro.

São esperadas para o evento em Palmas cerca de 300 participantes, entre especialistas em hanseníase de vários estados do país, autoridades e gestores de saúde, trabalhadores e usuários do SUS e estudantes.

A Conferência é organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e conta com o apoio da Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp); do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan); do Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE) e da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (CGPNCT); da Associação Alemã de Assistência aos Hansenianos e Tuberculosos – DAHW Brasil; da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (Sesau) e da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).

De acordo com a coordenadora da CGHDE, Carmelita Ribeiro “a Conferência é uma oportunidade de discussão com os parceiros, movimentos sociais, profissionais de saúde e usuários sobre estratégias para melhoria do cuidado à pessoa acometida pela hanseníase; integração das ações de Vigilância em Saúde e da Atenção à Saúde para a redução da carga da doença no país“.

A I Conferência Livre de Vigilância em Saúde com ênfase em Hanseníase tem como objetivo discutir propostas relativas aos temas como “Direitos das pessoas atingidas pela hanseníase”, “Vigilância e assistência da hanseníase no SUS”, “Saberes, práticas e tecnologias para o cuidado integral na hanseníase” e “Estratégias de mobilização e participação social na hanseníase”, que irão subsidiar a realização da I Conferência Nacional de Vigilância em Saúde (CNVS), em Brasília.

As deliberações apontadas pelos grupos no evento em Palmas serão discutidas em plenária, ocasião em que será redigida a Carta de Palmas e eleitos os delegados que participarão da Conferência Nacional.

Por Fabio Marques, da Agência Saúde


Brasil apresenta experiência no enfrentamento às Doenças Não Transmissíveis

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, participou nesta quarta-feira (18) da Conferência Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Doenças Não Transmissíveis (DNTs).

O evento, realizado em Montevidéu (Uruguai), aborda experiências nacionais dos países em ações multisetoriais relacionadas às DNTs. O objetivo é fornecer orientações aos Estados-Membros sobre como enfrentar essas doenças e lançar um conjunto de iniciativas globais em apoio aos países.

A queda da mortalidade prematura por doenças crônicas no Brasil, nos últimos anos, foi destacada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a Conferência Global
O encontro conta também com a participação do presidente do país, Tabaré Vásquez; do diretor da OMS, Tedros Adhanom; da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, além de Ministros da Saúde de outros países. Durante o encontro, o ministro Ricardo Barros expôs as experiências brasileiras no enfrentamento às DNTs.

“O Brasil é um dos seis países que cumpriu a meta da OMS de organizar um sistema de indicadores para o monitoramento e avaliação de doenças não transmissíveis. Para se ter uma ideia, nos últimos cinco anos, ganhamos seis anos de expectativa de vida. Isso se deve a diversos fatores, como a redução por doença cardiovascular, diminuição do consumo de tabaco, aumento do consumo de frutas e hortaliças, 30% de redução do consumo de refrigerantes e detecção oportuna do câncer de mama, onde 78% das mulheres entre 50 e 69 anos têm acesso ao exame preventivo. Reduzimos, portanto, 4% ao ano as mortes por doenças crônicas não transmissíveis”, destacou Ricardo Barros.

QUEDA DA MORTALIDADE - Um dos exemplos é a queda da mortalidade prematura por doenças crônicas no Brasil, que tem acometido menos a população brasileira com idade entre 30 e 69 anos. A conclusão é de um dos capítulos do Saúde Brasil 2015, levantamento realizado anualmente pelo Ministério da Saúde do Brasil. Em 14 anos, o índice caiu de 449 óbitos por 100 mil habitantes para 347,4 óbitos por 100 mil habitantes, uma redução média de 4,2% ao ano.

Os maiores percentuais de decréscimo ocorreram no Sudeste e no Sul do país, taxa de 5,3% ao ano, para ambas as regiões. As taxas de mortalidade para os homens são superiores as das mulheres durante todo o período analisado. Em 2000, os índices para homens e mulheres eram de 543,9 óbitos por 100 mil e 365,4 óbitos por 100 mil habitantes, respectivamente. Em 2014, os números caíram para 423,1 mortes para eles e 280,9 para elas.

Este é um dos pontos principais da Conferência Global que tenciona auxiliar os Estados-Membros a alcançarem a meta 3.4 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de reduzir, até 2030, em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento e promover a saúde mental e o bem-estar. Em 25 anos, a população brasileira ganhou 6,6 anos de expectativa de vida, 30% desse ganho foi devido à redução da mortalidade por doença cardiovascular (2,3 anos a mais de vida).

PLANO DCNTE- Em 2011, o governo brasileiro, sob a coordenação do Ministério da Saúde, construiu o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil 2011-2022, com a definição de metas para o controle das DCNTs e a prevenção dos principais fatores de risco. Entre as ações, estão o programa Academia da Saúde, a política antitabaco, a expansão da atenção básica, incentivo ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável. O plano tem como meta principal a redução das taxas de mortalidade prematura em 2% ao ano até 2022.

No período de 2000 a 2014, foram registradas, no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), 4.265.038 mortes prematuras decorrentes dos quatro grupos de DCNT: doenças do aparelho circulatório (DAC), doenças respiratórias crônicas (DRC), neoplasias e diabetes. A mortalidade prematura por DCNT é um problema mundial. De 1990 a 2013, o número de óbitos por DCNT no mundo aumentou em 42% (de 27 milhões em 1990 para 38,3 milhões em 2013), enquanto houve diminuição do número de óbitos por doenças transmissíveis, causas maternas, neonatais e nutricionais.

 Por Amanda Mendes e Victor Maciel, Fotos: Bruno Rezende/MS da Agência Saúde 


Brasil tem nova opção de tratamento para esclerose múltipla

Anvisa aprova COPAXONE® (acetato de glatirâmer) 40mg/ml, da farmacêutica israelense Teva, que pode melhorar a adesão ao tratamento e o controle da doença.

O Brasil acaba de ganhar um reforço importante no tratamento da esclerose múltipla (EM), doença neurológica, crônica e autoimune que atinge 35 mil pessoas no país. Os principais diferenciais da nova opção terapêutica, aprovada pela Anvisa e que em breve estará disponível em todo o território nacional, envolvem mais praticidade e melhor adesão por parte do paciente, que passa a precisar de apenas três aplicações semanais para controlar a doença, reduzindo em até 60% o número de injeções em comparação à formulação atual de COPAXONE® 20mg/ml, disponível no SUS desde 2002.

A eficácia e segurança do COPAXONE® 40mg/ml foram comprovadas em um amplo estudo chamado GALA, que mostrou uma redução de 34% na taxa de surtos dos portadores da EM submetidos ao medicamento. Com um perfil de segurança e tolerabilidade eficiente, a nova apresentação também mostrou um desempenho de destaque com a diminuição acentuada (36%) no que se refere à incidência de reações no local da aplicação das injeções.

“A aprovação é um marco para o paciente que sofre de esclerose múltipla no Brasil. É muito gratificante e inspirador conseguir trazer uma nova opção terapêutica embasada na tradição de sucesso da Teva em desenvolver e trabalhar programas abrangentes de doenças crônicas, sempre com equipes qualificadas e experientes. Nosso objetivo é sempre oferecer o que há de melhor para impactar positivamente na qualidade de vida das pessoas”, explica Tony Piha, diretor médico da Teva. Nesse contexto, após o processo de aprovação de preço, a companhia dará entrada para a incorporação do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS), respeitando e cumprindo sempre as etapas e os prazos inerentes ao processo.

A Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória neurológica, crônica e autoimune que é caracterizada por um acometimento do sistema nervoso central. Os sinais e sintomas são decorrentes do curso clínico da doença e caracterizado, de maneira mais frequente, por surtos seguidos de períodos de remissões. Em geral, a EM afeta mais os adultos jovens em idade produtiva, principalmente as mulheres entre 20 e 40 anos.



Vacinação de adultos e idosos é insatisfatória, diz entidade de imunização

Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacinação de adultos e idosos ainda é insatisfatória no Brasil. Por causa disso, diz a entidade, muitas doenças que estavam eliminadas do país, como o sarampo, a rubéola e a poliomielite, acabam retornando e trazendo preocupações.

"Além da vacinação permitir a proteção do indivíduo, ela ainda evita uma situação como a que a gente viveu no Ceará: a gente estava para eliminar o sarampo e vimos o sarampo voltar porque quem começou o surto, que conseguimos depois reverter com a vacina, foram os adultos não vacinados. E quem adoeceu em nosso país de febre amarela? O adulto que não estava vacinado e, principalmente, o homem. Se é difícil vacinar o adulto, o adulto homem é ainda mais difícil”, disse Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em entrevista à Agência Brasil durante o III Fórum de Especialistas em Vacinação do Adulto e do Idoso, realizado hoje (18), em São Paulo.

Segundo Isabella, muitas doenças fatais para idosos poderiam ser evitadas. “Adulto morre muito de doença que pode ser evitada com vacina - como a pneumonia, que é uma das principais causas de óbito de idosos; e a hepatite B, que é uma doença sexualmente transmissível e o maior de 60 anos está bombando de doenças sexualmente transmissíveis", disse.

Na avaliação da presidente da entidade, a vacinação de adultos e de idosos no país é “tão baixa" que os números nem são conhecidos. “Enquanto temos um controle bem importante da vacinação dos menores de um ano no Brasil, a gente não sabe – fora as campanhas de gripe e de gestantes contra a coqueluche –  qual a cobertura do brasileiro. Estamos muito longe do que precisamos”.

Já a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, lembra que a vacinação de adolescentes, adultos e idosos ainda é recente no país e por esse motivo, os números ainda são baixos: “A vacinação do adolescente, do idoso e do adulto é muito recente. A do adolescente começamos agora, em 2014. Então, se olharmos o número seco [de pessoas dessas faixas etárias que são vacinadas], ele é baixo. Mas temos que pensar que estamos começando agora. Então temos um longo caminho pela frente”.

Carla também alertou para os riscos da baixa imunização dessa faixa etária no país. “O sarampo foi eliminado agora, em 2016, graças a essa vacinação de longa data em crianças e em adultos. No entanto, o sarampo ainda é endêmico em muitos países da Europa e da Ásia. Então, se hoje você for visitar a Itália, está tendo um surto de sarampo lá e, com esse fluxo de pessoas, seja pelo turismo seja pelo comércio, pode reintroduzir essa doença [no Brasil] se nós pararmos de vacinar”.

Entre as doenças que trazem mais preocupação pela falta de vacinação entre as pessoas dessas faixas etárias estão a rubéola, o sarampo, a pneumonia e o HPV. “Precisamos ter a população vacinada para que possamos eliminar e manter controlada muitas doenças”, disse Carla.

Para a representante da Sociedade Brasileira de Imunização, essa baixa vacinação de adultos e de idosos decorre principalmente da falta de informação. Isabella conta que muitos adultos acham que, se tomaram vacinas quando crianças, não precisam mais ser vacinados: “A maioria das vacinas que hoje a gente tem, que a criança toma hoje, nós adultos não tomamos. ‘Eu tomei todas as vacinas, minha mãe sempre me levou ao posto’ [dizem os adultos]. Mas ele tomou três ou quatro vacinas. Hoje são 15. Além disso, tem vacina que não protege para a vida toda. Então é preciso tomar reforços. E tem vacinas que são feitas para o adulto, para doença como herpes-zóster [erupções na pele causada pela reativação do vírus da catapora]”.

Rede pública

Para Isabella, além da falta de algumas vacinas na rede pública, o problema maior é que os adultos e idosos não procuram os postos de saúde. “Tão importante quanto conseguir incluir uma vacina [no calendário de vacinação] é conseguir que essas pessoas procurem a vacinação porque senão podemos ter o que está acontecendo com os adolescentes: a faixa etária do [público alvo] HPV está sendo estendida temporariamente porque a vacina vai vencer e a gente não teve adesão. Vacina na geladeira, sem a pessoa ir lá tomar a vacina, é dinheiro no lixo”, ressaltou.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações nega que as vacinas estejam indisponíveis na rede pública. “Todas as vacinas que estão disponíveis no calendário do Programa Nacional de Imunizações estão disponíveis nas 37 mil salas de vacinação do nosso país e do SUS [Sistema Único de Saúde]”.

Segundo Carla, o adulto ou idoso que deseja atualizar sua caderneta de vacinação, precisa apenas procurar um posto de saúde. “Toda vez em que o adulto for se dirigir a um posto de saúde ou a um médico, deve levar a caderneta de vacinação porque o médico poderá avaliar se há alguma vacina incompleta ou se não tomou alguma dose e vai poder atualizar essa caderneta de vacinação”, disse.

“É importante que a população tenha conhecimento de que vacina hoje não é só uma ação infantil, mas em qualquer fase da sua vida você tem pelo menos uma vacina que diz respeito à sua idade”, alertou Carla.

Segundo Isabella, a Sociedade Brasileira de Imunização pretende criar um grupo para discutir como incentivar a vacinação de adultos e de idosos. Uma ideia, segundo ela, é buscar apoio de empresas para que, assim como ocorre com as crianças nas escolas, os adultos sejam vacinados ou orientados sobre a vacinação em seus locais de trabalho.

“Hoje é um começo. Vai sair um documento de tudo o que a gente discutiu aqui hoje e aí a SBIM vai convocar as sociedades médicas de especialidade, a enfermagem e representantes dessas sociedades para formar grupos que vão se encontrar periodicamente em busca de tarefas como a melhoria do ensino médico e de enfermagem em relação à vacinação e como melhorar o acesso”, disse.

Edição: Denise Griesinger, Elaine Patricia Cruz, Foto Marcello Casal Jr – Agência Brasil



Por "mercado de sangue", agora é a bancada do Paraná que apela a Temer

Deputados federais se reuniram na tarde desta quarta-feira (18) com o presidente da República para cobrar um bloco da Hemobrás para o estado


A bancada de deputados federais do Paraná resolveu entrar na novela sobre o futuro da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), uma estatal pernambucana vinculada ao Ministério da Saúde, e que foi criada em 2004 para reduzir a dependência externa do Brasil no setor de derivados do sangue.

Um grupo de parlamentares da bancada paranaense se reuniu na tarde desta quarta-feira (18) com o presidente da República, Michel Temer, para cobrar do chefe do Executivo um bloco do “mercado de sangue” hoje concentrado na Hemobrás, por meio de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada em 2012 com a empresa Shire Farmacêutica Brasil. 

Em entrevista à Gazeta do Povo, o coordenador da bancada do Paraná, deputado federal Toninho Wandscheer (Pros), disse que o presidente Temer garantiu que “manterá a planta de Pernambuco, mas que também haverá a planta do Paraná, e quem tiver mais capacidade, mais condição, vai vender o seu produto”.

Diante de problemas na evolução da PDP em Pernambuco, os parlamentares paranaenses tentam garantir a transferência de uma parte da produção de hemoderivados para a região Sul. Oficialmente, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), ligado ao governo do Paraná, já fez até uma proposta ao Ministério da Saúde, com o apoio da empresa Octapharma Brasil, mas ainda não há uma definição. 

Para a bancada de parlamentares de Pernambuco, que no passado também já se reuniu com o presidente Temer para tratar do mesmo tema, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), tem atuado para “esvaziar” a Hemobrás, com o objetivo de abocanhar para o seu reduto eleitoral, o Paraná, parte do “mercado de sangue”.

Em julho, Ricardo Barros determinou a suspensão da PDP entre a Hemobrás e a Shire Farmacêutica Brasil, alegando que, ao longo de quase cinco anos, a empresa não conseguiu de forma satisfatória transferir para a estatal a tecnologia referente à produção do chamado “fator VIII recombinante”, medicamento essencial para portadores de hemofilia.

Mas a Shire Farmacêutica Brasil protestou contra a suspensão. A empresa reconhece que houve problemas na execução da PDP até aqui, mas sustenta que eles foram decorrentes, principalmente, em função da falta de dinheiro da Hemobrás. Além disso, alega que já fez uma proposta de readequação da PDP, meses antes da suspensão determinada por Ricardo Barros, e que, até agora, ela não foi analisada pela pasta da Saúde. 

Para os políticos de Pernambuco, a proposta de readequação da PDP é mais vantajosa. Já Ricardo Barros, em declarações públicas, já se manifestou favoravelmente à virtual PDP entre Tecpar e Octapharma Brasil. 

Na “guerra” em curso, o Tribunal de Contas da União (TCU) resolveu interferir, determinando no início deste mês que a pasta da Saúde volte atrás na suspensão da PDP da Hemobrás.

Paralelamente ao TCU, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco também entrou com uma ação civil pública, na semana passada, questionando a transferência articulada por Ricardo Barros.

Na mesma peça, que ainda está em análise na 3ª Vara Federal de Pernambuco, o MPF pediu até o afastamento do ministro da Saúde, de forma cautelar, já que o paranaense teria “interesses pessoais” na questão. “Após a prática de advocacia administrativa e de abuso de poder, é justo o receio de que o ministro da Saúde, prosseguindo no exercício das suas funções, pratique novas infrações”, argumentou o MPF.

Na entrevista que concedeu à Gazeta do Povo, o coordenador da bancada do Paraná defendeu o ministro da Saúde. “Ele não está intervindo contra Pernambuco, de forma alguma. O que acontece é que Pernambuco tem hoje o monopólio e isso não é positivo para o País”, disse o deputado federal Toninho Wandscheer, para quem a transferência de parte do “mercado de sangue” para o Paraná pode “baratear” o medicamento no Brasil.

“Uma planta de hemoderivados pode trazer recursos valiosos para o Paraná. Nós temos que defender o Paraná, da mesma forma como os parlamentares de Pernambuco estão defendendo a região deles”, completou Wandscheer.


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Jarbas participa de nova reunião do IACG em Paris

O diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, está em Paris, onde participa do quarto encontro do Interagency Coordination Group on Antimicrobial Resistance (IACG), reunião de especialistas cujo objetivo é elaborar orientações práticas para assegurar uma ação global, eficaz e sustentável de enfrentamento à resistência aos antimicrobianos, levando em consideração o Plano de Ação Global sobre Resistência Antimicrobiana. A reunião ocorre na sede Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), entre esses dias 16 e 17/10.

“Este grupo de especialistas, estabelecido pelo secretário-geral das Nações Unidas, está trabalhando para completar, até o próximo ano, um relatório que aponte que iniciativas as diversas agências do sistema Nações Unidas devem adotar para coordenar melhor seus esforços, apoiar os países e fazer frente, efetivamente, a esta ameaça global que é a resistência aos antibióticos”, destaca Jarbas Barbosa.

“O crescimento da resistência, pelo uso inadequado de antibióticos, seja na saúde humana, seja na saúde animal, tem feito com que se ponha em risco, caso essa tendência não seja revertida, as principais conquistas que nós tivemos na luta contra as doenças infecciosas”, acrescenta.

Entre as atividades deste encontro do IACG, destaca-se uma reunião com representantes do governo francês sobre a atualização do seu plano de ação nacional de resistência antimicrobiana, além de apresentações de representantes do setor pecuário, como a Federação Internacional de Leiteria, Secretaria Internacional de Carne, Comissão Internacional de Ovos e o Conselho Internacional de Avicultura.

Para formar o IACG, uma das deliberações da reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a resistência antimicrobiana, realizada em 21 de setembro de 2016, a Organização das Nações Unidas (ONU) delegou para a Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) a criação desse grupo de peritos. A equipe é presidida conjuntamente pelo Gabinete Executivo do Secretário-Geral da ONU e pela OMS.
Convidado pela ONU, Jarbas Barbosa é o único especialista da América do Sul a integrar o IACG.



Anvisa sedia Diálogos Regulatórios Internacionais

Representantes de empresas, associações e profissionais da Anvisa participaram da IV Sessão dos Diálogos Regulatórios Internacionais. O evento, que ocorreu no dia 9 de outubro, em Brasília, promove o diálogo em temas internacionais, além de apresentar informações sobre a atuação internacional voltada para a vigilância sanitária.


A primeira parte do encontro foi dedicada ao debate sobre os temas da próxima reunião do Conselho Internacional para a Harmonização de Requisitos Técnicos de Produtos Farmacêuticos de Uso Humano, o ICH. A Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa (GGMED) abordou aspectos do processo de elaboração de normas no Conselho e realizou atualizações sobre as atividades de cada grupo de trabalho com participação da Agência.

A Gerência-Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON) apresentou o fluxo estabelecido pela Agência para incorporação das normas do ICH relativas à farmacovigilância, no prazo estabelecido pelo Conselho. Já a Gerência-Geral de Regulamentação e Boas Práticas Regulatórias (GGREG) disponibilizou informações sobre o processo de consultas regionais preconizado pelo ICH, esclarecendo o fluxo provisório adotado pela Anvisa e as consultas já realizadas, bem como sobre a nova ferramenta de participação empregada pela Agência, o Limesurvey.

Na segunda parte do encontro, representantes do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) apresentaram informações preliminares sobre o novo sistema de informações sobre barreiras técnicas. O produto será uma ferramenta para apoiar a comunicação, pelo setor privado, de obstáculos ao comércio encontrados na exportação de seus produtos para outros países. O lançamento do sistema está agendado para o último trimestre de 2017, com diversas ações de divulgação pelo Governo Federal.

Anexo:




Ministro da Saúde participa de Conferência Global sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Montevidéu

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, participa, nesta quarta-feira (18/10) da Conferência Global da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Montevidéu (Uruguai). O evento, que conta com a participação de membros da OMS e ministros da saúde de vários países, terá como foco a troca de experiências nacionais em ações multisetoriais relacionadas ao Plano Global de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da OMS.

Conferência Global da OMS sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Data: 18 de outubro (quarta-feira).
Local: Edifício sede do Mercosul (Rambla Presidente Wilson 11200).

Mais informações /Ascom-MS



Encontro em Brasilia debaterá a Saúde do Trabalhador

Acontecerá entre os dias de 18 e 20 de outubro, no Hotel Nacional, em Brasília, a 1ª Jornada Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. O evento engloba dois grandes encontros que ocorriam separadamente: o Encontro Nacional da Renast e o Encontro Nacional das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador. Cerca de 450 pessoas terão uma oportunidade para discutir os desafios na busca de melhorias da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Na cerimônia de abertura, a secretária substituta de Vigilância em Saúde, Sônia Brito, estará presente.

O evento é promovido pela Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde em parceria com o Conselho Nacional de Saúde. Reunirá profissionais de saúde e gestores que atuam na Rede Nacional de Saúde do Trabalhador (Renast), incluindo os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), além das comissões (nacional, estaduais e municipais) compostas pelos segmentos de usuários, gestores, trabalhadores e prestadores de serviço. Estarão presentes, ainda, representantes do Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Secretaria da Previdência.

O objetivo do encontro é tratar de temas de importância para o fortalecimento da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, como a qualificação das ações de vigilância em saúde, a integração entre os componentes da Renast e o planejamento, monitoramento e execução das ações de vigilância e financiamento.

Outra meta é o fortalecimento das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) enquanto atores estratégicos da Renast, considerando seu papel junto aos Cerest e no assessoramento aos conselhos de saúde na temática de Saúde do Trabalhador.

Na programação estão temas como os impactos das reformas trabalhistas na Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora; as pactuações, financiamento e instrumentos de gestão do SUS no âmbito de saúde do trabalhador; e a formação em pesquisa em saúde do trabalhador e o repensar da Renast como uma rede efetiva. Outras questões são o fortalecimento  da participação da sociedade e do controle social e a implementação das diretrizes da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

Por Fabio Marques, da Agência Saúde


Governo Federal condecora 12 médicos em reconhecimento a serviços prestados à saúde brasileira


Ordem do Mérito Médico é honraria concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, por indicação do Ministro da Saúde. Homenagem marca a semana de comemoração do Dia do Médico.

O Governo Federal entregou nesta terça-feira (17/10), a 12 médicos, condecorações da Ordem do Mérito Médico, honraria concedida a profissionais que prestaram serviços notáveis na área médica ao Brasil. A homenagem marca a semana em que se comemora o Dia do Médico. A cerimônia aconteceu no Palácio do Planalto onde os profissionais receberam do Presidente da República, Michel Temer, condecorações nas classes: Grande-Oficial e Comendador. A Ordem do Mérito Médico foi criada em 1950 e é concedida após convite do Ministro da Saúde.

O anúncio é feito por meio de decreto assinado pelo Presidente da República e publicado no Diário Oficial da União. Durante a solenidade, o Presidente Michel Temer, ressaltou a diversidade dos condecorados. “Vejo que esta representação, formatada pelo ministro, foi muito adequada. É um reconhecimento às várias atuações do médico, que exerce um verdadeiro sacerdócio, levando às famílias a esperança da recuperação. Quero agradecer ao ministro Ricardo Barros, não só pelo trabalho à frente da Pasta, mas, particularmente, por cerimônias como essas que reverencia à meritrocacia”, enfatizou o presidente Michel Temer.  

Os doze médicos receberam a condecoração por terem se destacado no decorrer do exercício da profissão, seja no setor público e/ou privado; no magistério da medicina ou ainda com obras relevantes aos estudos médicos. “Amanhã é dia do médico, e agradeço ao Presidente Temer pela decisão de homenagear esses profissionais, com o nosso efetivo reconhecimento de quem quer fazer gestão para dar aos médicos e aos demais profissionais da saúde as melhores condições de equipamentos, insumos e instalações para que possam prestar a melhor qualidade de saúde a todos os brasileiros”, ressaltou o ministro da Saúde. O ministro lembrou que a medicina se faz por um conjunto de profissionais.

Na cerimônia de entrega, quatro, dos doze médicos, foram escolhidos para representar o grupo de homenageados. Ao agradecer a homenagem, a médica, Carmen Luiza Correa Fernandes, ressaltou a importância da atenção básica na resolução dos problemas de saúde da população. “Nós, que acreditamos na atenção básica, que é a porta de entrada no SUS, sendo responsável pela mudança dos indicadores de saúde na atenção primária. Agradeço essa homenagem e amplio a todos que trabalham com essa área”, afirmou.

A diversidade do grupo de homenageados foi exaltada pelo médico Raul Cutait. “Representamos as várias facetas da saúde, do comprometimento dos médicos com a saúde. Somos indivíduos que, em cada área de atuação, procuram dar o melhor de si, mas lembro que, tem uma equipe grande que trabalha junto pela nossa missão”, destacou.

Ao agradecer a homenagem, a médica Vanessa Van Der Linden Mota, uma das pioneiras na identificação do surto de bebês com microcefalia no Nordeste, afirmou que a medicina é um trabalho coletivo. “Medicina não é um trabalho só, mas de equipe, então, quando estamos aqui, estamos representando toda uma equipe que exerce a profissão com amor, com dedicação. Nesse momento, agradeço o reconhecimento pelo trabalho que estamos desenvolvendo há dois anos”, declarou a médica.

O Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, enfatizou a função do médico. “Quero reiterar que o exercício medicina é um exercício da cidadania em tempo integral. Neste momento nacional, tenham certeza que os médicos brasileiros contribuirão com a reconstrução do novo Brasil com afinco, para termos um futuro melhor às nossas gerações”, afirmou o presidente do CFM.

Desde 2004, já foram concedidas 63 medalhas da Ordem para nomes como Adib Jatene, Dráuzio Varela, Zilda Arns, Sérgio Arouca, José Gomes Temporão, Darcy Fontoura de Almeida, Gastão Vagner de Souza Campos e, no ano passado, em homenagem póstuma, o acadêmico e cirurgião plástico, Ivo Pitanguy

Por Alexandre Penido, da Agência Saúde

Confira os doze médicos condecorados com a Ordem do Mérito Médico
Classe Grande- Oficial

Carlos Vital Tavares Corrêa Lima – Atual Presidente do Conselho Federal de Medicina, gestão 2014-2019. É médico e pós-graduado em Medicina Ocupacional pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É membro da Academia Pernambucana de Medicina, sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Bioética (Regional Pernambuco) e da Sociedade Brasileira de Direito Médico. No CFM, contribuiu com as discussões no âmbito das Comissões de Recadastramento, de Revisão Eleitoral e de Revisão do Código de Ética Médica, como representante do Nordeste.

Florentino de Araujo Cardoso Filho - Formado na Universidade Federal do Ceará e especialista em cirurgia geral e oncológica. É Presidente da Associação Médica Brasileira desde 2011, sendo reeleito para a gestão 2014/2017. Assumirá a Presidência da CONFEMEL – Confederação Médica Íbero-Latino-Americana e do Caribe dia 02 de novembro de 2017.

Márcio José de Almeida – Formado na Universidade Estadual de Londrina, é especialista em Medicina do Trabalho, com Mestrado e Doutorado em Saúde Pública. Foi Diretor da Escola de Saúde Pública do Paraná, 2015-2016 e, atualmente, é professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Ensino na Saúde. Atua no projeto de organização da Rede de Pesquisa em Saúde dos Servidores da Secretaria em Londrina. Autor de vários artigos técnicos e científicos publicados em Revistas nacionais e internacionais e de publicações na área de educação médica e saúde.

Maria Inês Pordeus Gadelha – Formada na Universidade Federal da Paraíba,  é especialista em Oncologia Clínica. Dedica-se exclusivamente ao serviço público, tendo progressivamente migrado para a área de gestão no Ministério da Saúde. Foi membro da Câmara Técnica de Oncologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Conselho Diretor, Editoria e Consultoria da Revista Brasileira de Cancerologia/ INCA/Ministério da Saúde. De 1975 a 2016, somou 485 participações em eventos, com trabalhos apresentados ou palestras proferidas de 1980 a 2016, publicou 125 trabalhos e, de 1987 a 2016, revisou 42 teses de mestrado ou doutorado, monografias, projetos e artigos.

Mônica Almeida Neri – Médica Doutoranda em Saúde Pública na área de Planejamento e Gestão de Serviços em Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência em Ginecologia da Infância e da Adolescência com ênfase em Assistência Especializada a Gestantes Adolescentes. Atualmente, é Diretora Geral da Maternidade Climério de Oliveira - Universidade Federal da Bahia. É Presidente da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (ABRAHUE), sendo a primeira mulher a assumir este cargo.



Raul Cutait – Formado pela Faculdade de Medicina da USP, doutor e livre-docente pela mesma instituição, Cutait publicou oito livros, todos na área médica. Também é autor de 110 artigos científicos em revistas nacionais e internacionais e membro da Academia Nacional de Medicina, desde 2005. É integrante de 30 sociedades médicas e científicas nacionais e internacionais ligadas à cirurgia. Conhecido por operar o vice-presidente José Alencar, ocupou diversos cargos no Hospital Sírio-Libanês e assumiu a Secretaria Municipal de Saúde na gestão de Paulo Maluf, na década de 90. É imortal da Academia Paulista de Letras (APL).

Vanessa Van Der Linden Mota – Formada na Universidade Federal de Pernambuco, é especialista em Pediatria e Neurologia infantil. Atualmente realiza projeto de pesquisa na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), Pernambuco, com o seguimento neurológico das crianças portadoras da Síndrome Congênita do Zika vírus. Médica graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (1993), cursou residência em Pediatria pelo Instituto Materno Infantil de Pernambuco e especializou-se em Neurologia Infantil no Instituto da Criança, na Universidade de São Paulo. Vanessa foi uma das primeiras médicas a identificar o surto de bebês com microcefalia no Nordeste. Junto com outros profissionais, alertou as autoridades de saúde sobre o evento inesperado, com o qual se deparou. Atualmente, desenvolve um trabalho de pesquisa com o seguimento dos pacientes com síndrome congênita do Zika vírus na AACD Pernambuco.

Classe Comendador
Aureo Augusto Caribé de Azevedo – Formado na Faculdade de Medicina (UFBA), atua como médico da Unidade de Saúde da Família no povoado de Vale do Capão, na Bahia. O médico tem experiência com a medicina alternativa denominada Neohipocratismo ou Naturopatia. Há 33 anos na comunidade, ele observa a alimentação dos pacientes e atua no processo de reeducação, estimulando o consumo de hortaliças e plantas medicinais no combate a doenças. A outra linha de tratamento em paralelo à reeducação alimentar, é o uso de plantas medicinais. Na horta construída no quintal do posto de saúde, é possível encontrar plantas como a mil-folhas, que possui propriedade anti-inflamatória e malmequer, cujo chá serve para a higienização de ferimentos, além do guaco, utilizado para estimular a expectoração.

Carmen Luiza Correa Fernandes – Formada na Universidade Federal de Pelotas, é especialista em medicina de família e comunidade. A profissional atua como médica de equipe de Saúde da Família em Porto Alegre (RS).

Elisabeto Ribeiro Gonçalves – Formado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, o médico atua como oftalmologista no Instituto de Olhos de Belo Horizonte (MG), nos Departamentos de Retina e Vítreo e do Serviço de Eletrofisiologia Ocular e atua como membro Internacional da American Academy of Ophthalmology. Tem vários livros publicados, dentre eles, “Ensaio sobre a problemática da cegueira”.

José Enio Servilha Duarte – Presidente do COSEMS/SP por três oportunidades seguidas, de 2000 a 2005, defensor assíduo da democracia e da municipalização, Duarte já foi Secretário Municipal de Saúde de Marília (SP) por oito anos e, por muito tempo, foi docente da Faculdade de Medicina de Marília. Duarte dedica sua vida à saúde pública nacional. Interessou-se pela política quando ainda estudava medicina, onde procurou batalhar contra o regime militar de forma democrática, com o objetivo de redemocratizar o Brasil. Dentre tantas contribuições ao SUS e aos municípios brasileiros, foi secretário executivo do Conasems por mais de uma década.

Sildo Gonzaga Tomaz – Médico indígena da etnia Ticuna, o profissional participa do Programa Mais Médico, sendo um dos brasileiros formados em instituição de educação superior estrangeira em Cuba. Ele trabalha há dois anos na saúde indígena e atualmente está no DSEI Alto Rio Solimões (AM), município de Tabatinga (AM), atendendo as comunidades indígenas do Polo Base Filadélfia.






terça-feira, 17 de outubro de 2017

Laboratórios vendem remédios ao SUS acima do preço máximo

Desde 2008, governo aplicou 494 multas, num total de R$ 68 milhões, por essas irregularidades

Gestores citam haver desconhecimento de teto e estratégia de algumas distribuidoras em casos de urgência

NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA

Em dez anos, o governo aplicou R$ 67,9 milhões em multas a laboratórios e distribuidoras por oferta e venda de medicamentos ao SUS acima do preço máximo permitido para esses produtos.

Os dados são de levantamento inédito da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão interministerial que é responsável por estabelecer critérios e fiscalizar esses preços.

O balanço obtido após pedido da Folha aponta que, ao todo, foram aplicadas 494 multas desde 2008, a maioria delas depois de denúncias das secretarias estaduais e municipais de Saúde.

A avaliação entre técnicos do governo, porém, é que são poucos os casos que chegam ao conhecimento da câmara, que obriga a aplicação de descontos nas vendas de determinados remédios ao setor público desde 2007. O volume de irregularidades, assim, pode ser ainda maior.

São casos em que as empresas ofertaram ou venderam medicamentos ao SUS por valores acima do teto de preço definido pela Cmed para esses produtos, chamado de PMVG (preço máximo de venda ao governo).

Em geral, o PMVG é composto pelo teto de preço de fábrica permitido para cada produto, o qual é estipulado depois do registro do medicamento, e um desconto mínimo fixo para as vendas públicas - de 19,28%.

Hoje, esse desconto é obrigatório, entre outros, para medicamentos de alto custo, hemoderivados ou para tratamento de DST/Aids e câncer.

Além das cobranças extras em vendas ao SUS, levantamento da Cmed aponta ainda R$ 16,4 milhões em multas por irregularidades no setor privado - quando há descumprimento de preços máximos para vendas a farmácias e consumidores.

Somado, o total de multas chega a R$ 84,3 milhões. O órgão não informou quanto já foi pago até agora. Afirma apenas que, entre 2012 e 2016, foram recebidos R$ 2,1 milhões - ou 2,5% do total.

O valor é destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, administrado pelo Ministério da Justiça e aplicado em ações de reparação de danos causados após infrações.
Atualmente, sete empresas respondem por 286 processos de infrações na Cmed, a maioria por descumprimento de preço máximo em vendas ao setor público. Juntas, elas respondem por 60% do valor total em multas do órgão.

A primeira da lista é a Hospfar, que responde por 51 processos, com multa de R$ 13,7 milhões. Em seguida, está a Help Farma, multada em R$ 12 milhões, e a Medcomerce, com R$ 8 milhões.

A maioria atribui o problema à falta de informação e orientação sobre as regras da Cmed ou às falhas de editais das secretarias de saúde.
Já representantes das secretarias locais apontam pressão judicial e alta rotatividade de técnicos e gestores como fatores que levam a compras acima do preço.

PREJUÍZOS
A situação tem sido alvo de análise dos órgãos de controle, como CGU (Controladoria-Geral da União) e TCU (Tribunal de Contas da União).

Relatório divulgado em agosto pela CGU, por exemplo, encontrou preços até 20% acima do limite máximo em cinco Estados (Amapá, Piauí, Santa Catarina, Roraima e Rio Grande do Norte). O trabalho analisou as verbas destinadas ao Componente Especializado de Assistência Farmacêutica, programa do Ministério da Saúde.

Para a controladoria, o descumprimento do preço-teto para venda ao governo "não se trata apenas de problema financeiro, mas também implica em volume menor de medicamentos que pode vir a ser adquirido para o SUS".

Em Santa Catarina, o órgão verificou que, só na compra de 180 mil cápsulas de dois tipos de pancreatina, remédio indicado para fibrose cística e problemas no pâncreas, o valor cobrado estava 20% acima do limite máximo. Resultado: prejuízo de R$ 43,7 mil.

No Amapá, ao analisar a compra de 29 medicamentos, a equipe de fiscalização viu que seis deles estavam acima do PMVG. Um deles era Leuprorrelina, indicado para câncer de próstata.

Ao todo, foram adquiridos 50 frascos-ampola do produto, no valor de R$ 1.122,65 cada. O preço máximo de venda ao governo, porém, era de R$ 931,17 - R$ 191,48 a menos.
Em alguns casos, a demora ao verificar o descumprimento do preço máximo gera prejuízo ainda maior.

Em Minas Gerais, por exemplo, uma auditoria em compras feitas pela secretaria estadual de saúde entre 2008 e 2012 apontou prejuízo de R$ 28 milhões por valores acima do PMVG.

ALÉM DO PREÇO
Mas o que leva à compra de medicamentos acima do preço máximo permitido?
Segundo secretarias de saúde e técnicos ouvidos pela Folha, a hipótese é que isso ocorra tanto por desconhecerem a lista de preços máximos válidos para alguns medicamentos, disponibilizada no site e em resoluções da Cmed, quanto por estratégia de algumas empresas, sobretudo em casos de urgência na compra - caso de ações judiciais, por exemplo. Prefeituras, assim, estariam mais vulneráveis ao problema por realizarem compras menores.

Elton Chaves, assessor técnico do Conasems (conselho que reúne secretários municipais de saúde), diz que a distribuição irregular do mercado faz com que o preço máximo seja frequentemente usado não como um limite, mas como valor de referência pelas distribuidoras.

"Os municípios ficam reféns dessa situação de mercado. Alguns consideram o preço da Cmed, mas têm licitação deserta. Vira uma realidade imposta", afirma.

Ainda de acordo com Chaves, muitas secretarias deixam de denunciar cobranças acima do preço por medo de não encontrar outro distribuidor para obter os remédios.

A falta de atenção ao valor máximo, no entanto, eleva os gastos do SUS. "Sem um preço justo, o poder de compra do município diminui, e também o acesso aos medicamentos", afirma.

O governo federal chegou a se envolver num embate com empresas e associações da indústria farmacêutica ao concentrar em apenas três laboratórios, sem licitação, um mercado de seis medicamentos usados no SUS, num montante de R$ 1,44 bilhão.

Conforme antecipado nesta segunda-feira (16) pela coluna "Mercado Aberto", da Folha, o ministro da SaúdeRicardo Barros, planeja implementar algumas mudanças ainda neste ano, com a ideia de fixar prazos mais rígidos e alterar a forma de pagamento às farmacêuticas.
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Os municípios ficam reféns dessa situação de mercado. Alguns consideram o preço da Cmed [órgão interministerial], mas têm licitação deserta. Vira uma realidade imposta.

ELTON CHAVES
assessor do Conasems (conselho de secretários municipais de saúde)


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