Secretaria da Saúde nega problemas
e diz que as pessoas se confundem com novo aparelho.
Diabéticos que usam um
aparelho para medir a glicose fornecido pela Prefeitura de São Paulo reclamam
que a medição não é confiável. A Secretaria Municipal da Saúde, porém, nega que
os glicosímetros estejam com problema e acrescenta que os aparelhos "estão
em conformidade com os padrões de qualidade estabelecidos pela pasta"
(veja mais abaixo).
Pacientes precisam medir
constantemente o nível de glicose no sangue. Vitória Yumi Nishimura Vieira, de
9 anos, tem diabetes tipo 1 e utiliza oito vezes por dia o aparelho.
O exame consiste em pingar uma
gota de sangue em uma tirinha, que por sua vez é colocada no glicosímetro. O
aparelho da Prefeitura, porém, levanta dúvidas. “É muito ruim, porque ele está
sempre errado, não dá para confiar nele”, disse a menina.
A mãe, Marcia, tem medo de
injetar a quantidade errada de insulina. Por isso, comprou outro aparelho para
comparar os resultados. Só que tem que gastar mais dinheiro com mais fitas
descartáveis para fazer a medição extra. São R$ 400 a mais por mês.
“O da Prefeitura nós somos
obrigados a utilizar. Se a gente não utiliza, eles tiram”, disse Marcia
Nishimura. “Nós, como mães, é uma luta diária para a doença não deixar
sequelas. Esse aparelho ele vai trazer para o futuro sequelas.”
Para a Prefeitura, a confusão
é por conta da nova tecnologia. “As pessoas estavam habituadas com um aparelho
há 10 anos”, disse Marcia Grasso, coordenadora do Programa de Automonitoramento
Glicêmico da Secretaria da Saúde.
“Quando a gente muda de
celular, a gente tem um desconforto e a gente se adapta", exemplificou.
Questionada se as pessoas podem confiar no aparelho, respondeu: “Com certeza.
Nós confiamos nele”.
E-mails
Na terça-feira (8), a
Prefeitura publicou no Diário Oficial um e-mail para empresas interessadas em
fornecer novos aparelhos e tiras de medição de glicose.
Pacientes queriam usar o
endereço para reclamar, só que ele não funciona. "Eu mandei ontem duas
vezes e o e-mail voltou. Hoje de manhã eu mandei de novo. Novamente aconteceu o
mesmo problema", disse. "Eles colocaram no edital um e-mail
inexistente. O que é um absurdo isso."
A reportagem mandou uma
mensagem teste às 9h24. Menos de um minuto depois, recebeu uma mensagem em
inglês que diz: "A entrega do e-mail enviado falhou".
Sem conseguir reclamar com a
Prefeitura, o Marcelo César de Castro, diabético há 28 anos, resolveu ligar
para a fabricante do aparelho. "Eles me informaram que eu estava fazendo a
medição errada. Eu informei que eu sou diabético desde os 4 anos, há 28 anos eu
faço atualização disso. E eles falaram que eu estava fazendo a medição
errada."
Confira a íntegra da nota da
Secretaria da Saúde
"A Secretaria
Municipal da Saúde de São Paulo informa que os glicosímetros distribuídos
atualmente aos pacientes cadastrados no Programa de Automonitoramento Glicêmico
do município de São Paulo estão em conformidade com os padrões de qualidade
estabelecidos pela pasta, com método de leitura atualizado, metodologia
enzimática mais seletiva, melhor método de codificação das tiras reagentes e
padrões de segurança para evitar contaminação cruzada.
É importante reforçar que
todos os aparelhos com relato de não conformidade são recolhidos e substituídos
quando constatado o defeito. Os usuários que tiverem dúvidas com relação ao
funcionamento do glicosímetro devem entrar com contato com a Unidade Básica de
Atendimento (UBS) onde está cadastrado para recebimento de insumos do programa,
para orientação. Cabe esclarecer que de 130 mil glicosímetros adquiridos em
regimento de comodato com a Indústria Química do Estado de Goiás-Iquego S.A.,
foram recolhidos com relatos de não conformidade, até o mês de fevereiro deste
ano, 393 aparelhos - ou seja, 0,3% do total.
O e-mail
1cjlsms@prefeitura.sp.gov.br não é o canal indicado para os pacientes tirarem
dúvidas sobre a utilização do aparelho, mas, sim, para interessados em pedir
esclarecimentos ou apresentar sugestões sobre a minuta do edital de consulta
pública em vigor para o registro de preços para o fornecimento de tiras
reagentes para monitoramento de glicose.
Para os pacientes, é
disponibilizado o programa GlicoSYS WEB, sistema online para monitoramento
contínuo. A tecnologia permite o acesso rápido dos dados clínicos pelo site
www.glicosys.com.br e oferece serviço de “Fale Conosco”, que possibilita o
envio de dúvidas ou reclamações diretamente ao fabricante.
A pasta alerta ainda que não é
recomendada a comparação de medidas entre monitores de glicemia, como o exibido
pela reportagem no caso da paciente Vitória Yumi Nishimura Vieira, pois
distorce a interpretação dos resultados e confunde o usuário da tecnologia. A
paciente, inclusive, já foi atendida pelo fabricante e passou por avaliação
laboratorial, que não apontou qualquer erro na medição do glicosímetro
fornecido pela SMS."