Novos métodos de prevenção do
HIV, como a injeção semestral de substâncias capazes de impedir a infecção,
foram tema de uma conferência em Madri, na Espanha. Encontro teve a
participação do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS).
Durante o evento,
especialistas apresentaram inovações para conter o estabelecimento do vírus no
corpo humano, mas ressaltaram que técnicas inéditas vão demorar para chegar ao
público.
Anel vaginal que libera medicamentos antirretrovirais pode
ser nova técnica para prevenir o HIV. Novos métodos de prevenção do HIV,
como a injeção semestral de substâncias capazes de impedir a infecção, foram
tema de uma conferência em Madri, na Espanha. Encontro teve a participação do
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Durante o evento, especialistas apresentaram
inovações para conter o estabelecimento do vírus no corpo humano, mas
ressaltaram que técnicas inéditas vão demorar para chegar ao público.
Uma das tecnologias discutidas
foi a profilaxia pré-exposição (PrEP) injetável. A PrEP é o uso de medicamentos
antirretrovirais antes do contato com o HIV, o que impede a infecção pelo
vírus. Atualmente, quem recorre a esse método precisa tomar comprimidos
diariamente. Com o desenvolvimento de uma fórmula capaz de ser consumida via
injeção, em intervalos de seis meses, não seria mais necessário se preocupar em
esquecer de ingerir os remédios todos os dias.
Outra forma de utilizar a PrEP
é por meio de anéis vaginais, que trazem para as mulheres mais controle e
autonomia sobre a prevenção. A técnica garante proteção independentemente das
escolhas do parceiro.
Mas ambas as inovações estão
longe de serem uma realidade concreta na vida das pessoas. Isso porque as
pesquisas sobre a PrEP de longa duração só devem apresentar resultados a partir
de 2021. Já o anel vaginal, embora esteja sendo analisado para aprovação
regulatória pela Agência Europeia de Medicamentos, deverá custar caro quando
tiver suas primeiras versões autorizadas.
Realizada entre 21 e 25 de
outubro, a conferência também discutiu o uso de anticorpos e de moléculas
capazes de imitá-los, atuando como uma barreira ao HIV. Os participantes
explicaram que muito progresso foi feito no desenvolvimento desses anticorpos.
Os resultados dos testes que mostram sua eficácia devem ser publicados em 2020.
“A ciência nos proporcionou
avanços extraordinários em tecnologias para o diagnóstico, tratamento e
monitoramento da infecção pelo HIV. Agora, existe uma empolgação real de que,
nos próximos anos, ela também nos direcione a ferramentas efetivas e acessíveis
de prevenção”, disse o consultor científico, Peter Godfrey-Faussett, durante a
conferência, realizada entre 21 e 25 de outubro.
HIV e outras infecções
sexualmente transmissíveis
Outro tema da conferência foi
a vulnerabilidade de pessoas que não têm HIV, mas vivem com outras infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs) em áreas afetadas pela epidemia do vírus da
AIDS.
As taxas de incidência das
principais ISTs bacterianas tratáveis vêm aumentando regularmente. Os índices
chegam a níveis alarmantes entre homens gays e outros homens que fazem sexo com
homens, bem como entre a juventude das regiões leste e sul da África. O
fenômeno é causado em parte pela diminuição do uso de preservativos.
Muitas ISTs não apresentam
sintomas e só podem ser diagnosticadas com exames diagnósticos modernos — que
são simples, mas ainda muito caros para os países que mais precisam deles. Uma
abordagem integrada de prevenção poderia oferecer PrEP para pessoas que não
possuem o HIV, mas que têm uma IST e moram em locais com prevalência do vírus
da AIDS.
Um dos problemas associados às
novas tecnologias de prevenção é o seu custo. A modelagem matemática mostra que
esses métodos poderão ter um impacto limitado nas porções leste e sul do
continente africano. Isso porque as despesas para evitar uma infecção pelo HIV
por meio do anel vaginal com PrEP oscilariam de 10 mil a 100 mil dólares.
Com essa técnica, uma
proporção pequena — de 1,5 a 2,5% — das infecções pelo HIV seriam evitadas nos
próximos 18 anos no Quênia, Uganda, Zimbábue e África do Sul.
Foto: Flickr (CC)/Instituto
Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) ONU