Na capital, em 41 unidades de
saúde pesquisadas, só 4 tinham doses
Patrícia Pasquini
Mariangela de Castro
A vacina pentavalente, que
protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e haemophilus influenza
B, está em falta na rede pública de saúde.
Funcionários de empresa na
região da avenida Paulista recebem vacina contra o sarampo - Rubens
Cavallari - 5.abr.2019/Folhapress
Ela deve ser ministrada em
três doses, aos dois, aos quatro e aos seis meses de idade. O reforço deve ser
feito com um ano e três meses.
Segundo o Ministério da Saúde,
os lotes mais recentes da vacina recebidos do laboratório indiano Biologicals E
Limeted India foram reprovados pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de
Qualidade em Saúde) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Como não existe laboratório
produtor do insumo no país, a compra da vacina é viabilizada pela Opas
(Organização Pan-Americana da Saúde), que este ano adquiriu 4 milhões de doses
da imunização, de outro laboratório indiano, com embarques previstos para este
mês, agosto, setembro e outubro, mas não há previsão de normalização.
Por conta do problema, o
estoque está baixo na rede pública da cidade de São Paulo. A reportagem ligou
para 41 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todas as regiões, e só quatro ainda
tinham a vacina.
A imunização também começa a
faltar na rede particular. Não há, por exemplo, no laboratório Lavoisier. Já no
Clinivac e no Vacinar, o preço da dose varia entre R$ 300 e R$ 450.
A dona de casa Cristina
Velasco, 66 anos, da Mooca (zona leste), disse que seu neto deveria ter tomado
o reforço da pentavalente há dois meses. “Todos os dias perguntamos sobre a
vacina na UBS Vila Bertioga, mas sempre dizem que não chegou e que a falta é
nacional”, afirma.
Interior
As cidades do interior do
estado, como Bauru (329 km de SP) e Ourinhos (378 km de SP), estão com o
estoque zerado da pentavalente.
Nesta quinta-feira (18), o
secretário municipal de Saúde de Bauru, José Eduardo Fogolin, solicitou à
Secretaria de Estado da Saúde uma cobrança maior junto ao governo federal para
o envio das vacinas pelo Programa Nacional de Imunização. A prefeitura diz
que não pode comprar a vacina, uma vez que é enviada pelo Ministério da
Saúde.
Em Ourinhos, a vacina não é
repassada ao município há 14 dias. A Secretaria de Saúde local está orientando
as mães a evitar locais aglomerados.
Para a infectologista Raquel
Muarrek, na falta é importante que os pais deem separadamente as vacinas que
compõem a pentavalente. São três: a tríplice bacteriana (contra difteria,
tétano e coqueluche), hepatite B e haemophilus influenza B (contra bactéria que
provoca infecção que podem começar no nariz e na garganta).
“A vacinação é importante para
a criança porque ela fica fica desprotegida e pode acabar doente”, diz. “Para a
população em geral porque evita a circulação de vírus”, afirma.
Resposta
O Ministério da Saúde disse
que desde o dia 11 de julho já encaminha aos estados 437,7 mil doses da vacina
pentavalente do laboratório Serum Índian para regularizar os estoques no país.
O órgão disse que não há previsão para receber outros lotes do laboratório
Biologicals E Limeted India.
A Secretaria Estadual da Saúde
afirmou que o envio das doses pelo governo federal está irregular e em
quantidades insuficientes.
A Secretaria Municipal da
Saúde disse que foi informada pela Secretaria Estadual de Saúde que serão
fornecidas 34 mil doses da vacina na próxima semana. A Covisa afirma que
remanejou internamente as doses nas regiões.