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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Insumos farmacêuticos: publicado relatório de inspeções

Documento avalia as inspeções realizadas e o cumprimento de boas práticas de fabricação de insumos farmacêuticos no país.

Por: Ascom/Anvisa

Já está disponível para consulta a Revisão Anual das Inspeções em Farmoquímicas Nacionais. O documento avalia as inspeções realizadas e o cumprimento de boas práticas de fabricação (BPF) de insumos farmacêuticos no Brasil, a partir de inspeções conjuntas realizadas pela Anvisa e pelos entes federados, a fim de que possam ser identificadas oportunidades de aprimoramento na gestão dos processos. 

Apesar de o relatório ser referente ao ano de 2019, são analisadas tendências desde 2015, quando todas as inspeções em farmoquímicas foram realizadas com a participação da Anvisa. Essa mudança teve como objetivo a harmonização das inspeções sanitárias, com a adoção de procedimentos uniformes em todo o país. É importante observar que, desde o ano passado, as inspeções passaram a ser de responsabilidade da Anvisa, conforme a Instrução Normativa 32/2019

Para se ter uma ideia da amplitude das inspeções, atualmente o parque industrial de farmoquímicas é composto por 49 empresas ativas, que estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país. O estado de São Paulo reúne a maioria dos fabricantes: 45%, seguido pelo Rio de Janeiro (19%), Paraná (16%) e Minas Gerais (6%). Depois aparecem os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia, com 4%, e o Piauí, com 2%. 

Tendências e conclusões 

O relatório verifica, entre outras questões, que até o ano passado as empresas estavam em leve tendência para não adequação às boas práticas de fabricação. A partir da alteração da forma de classificação – de “satisfatória”, “em exigência” e “insatisfatória” para “sem ação indicada (SAI)”, “ação voluntária indicada (AVI)” e “ação oficial determinada (AOD)” –, é esperado algum impacto na forma como as empresas passarão a tratar as não conformidades. Isso, porém, somente poderá ser monitorado nos próximos anos.  

Por outro lado, é preciso reconhecer que, desde a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 250/2005, houve no Brasil uma evolução das empresas farmoquímicas quanto à aplicação das boas práticas de fabricação. A RDC 250/2005 criou o Programa de Insumos Farmacêuticos da Anvisa. Uma das diretrizes do programa é a necessidade da verificação do cumprimento das boas práticas de fabricação. 

A publicação de guias e de procedimentos operacionais por parte do órgão regulador vem se mostrando de extrema importância. Esses instrumentos são fundamentais para a harmonização na condução das inspeções sanitárias e na categorização de não conformidades. 

Acesse a íntegra da Revisão Anual das Inspeções em Farmoquímicas Nacionais e fique por dentro do assunto.  

Aberta seleção para cargo comissionado na Anvisa

Os interessados em participar do processo seletivo para o cargo comissionado de Técnico em Licitações na Anvisa já podem se inscrever. Participem!

Por: Ascom/Anvisa

A partir desta terça-feira (14/7), está aberto o prazo para inscrição no processo seletivo destinado a preencher o cargo de Técnico em Licitações – Cargo Comissionado de Assistência CAS II na Anvisa. Os interessados podem inscrever-se até a próxima segunda-feira (20/7). 

O processo visa selecionar um servidor público federal para atuar na Coordenação de Licitações Públicas (Colip) da Gerência Geral de Gestão Administrava e Financeira (GGGAF), na sede da Agência, em Brasília (DF). 

Para participar, basta clicar aqui e preencher o formulário eletrônico. No momento da inscrição, o candidato deverá enviar seu currículo do Banco de Talentos do Sigepe, em formato PDF, para o endereço eletrônico atendimento.ggpes@anvisa.gov.br 

São requisitos obrigatórios: ser ocupante de cargo efetivo da administração pública federal, residir no Distrito Federal, possuir diploma de graduação de nível médio e possuir conhecimento dos procedimentos de contratação pública. A remuneração para o cargo é de R$ 2.386,29. 

O cronograma do processo seletivo contempla ainda as etapas de análise curricular, convocação para entrevistas, realização das entrevistas, publicação e homologação do resultado. Confira a íntegra do edital

Por fim, é importante esclarecer que os prazos poderão ser alterados a qualquer momento, mediante nova publicação.

Processos seletivos 

A Anvisa possui um espaço específico no portal destinado à divulgação dos processos seletivos da Agência. Por lá, é possível conferir a abertura de editais. 

Covid-19: Brasil já tem mais de 1,2 milhão de curados

Número é superior à quantidade de casos ativos, ou seja, pessoas que estão em acompanhamento médico. Informações foram atualizadas até as 18h desta terça-feira (14/7)

Nesta terça-feira (14/7) o Brasil registrou 1.209.208 pessoas recuperadas da doença. No mundo todo, estima-se que cerca de 6,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Covid-19 já se recuperaram. O número de pessoas curadas é superior à quantidade de casos ativos (643.483), que são pacientes que estão em acompanhamento médico. O registro de pessoas curadas já representa mais da metade do total de casos acumulados (62,8%). As informações foram atualizadas até às 18h e foram enviadas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

A doença está presente em 96,4% dos municípios. Contudo, 3.710 cidades (71%) possuem, no máximo, 100 casos. Em relação aos óbitos, 2.840 municípios tiveram registros (51%), sendo que 80% deles têm de 1 até 10 óbitos.

O Governo do Brasil mantém esforço contínuo para garantir o atendimento em saúde à população, em parceria com estados e municípios, desde o início da pandemia. O objetivo é cuidar da saúde de todos e salvar vidas, além de promover e prevenir a saúde da população. Dessa forma, a pasta tem repassado verbas extras e fortalecido a rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), com envio de recursos humanos (médicos e profissionais de saúde), insumos, medicamentos, ventiladores pulmonares, testes de diagnóstico, habilitações de leitos de UTI para casos graves e gravíssimos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIS) para os profissionais de saúde.

Clique para acessar o panorama de casos e óbitos por UF

O Ministério da Saúde já enviou mais de R$ 54,7 bilhões a estados e municípios para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde, sendo R$ 9,9 bilhões voltados exclusivamente para combate ao coronavírus. Também já foram comprados e distribuídos mais de 16 milhões de unidades de medicamentos para auxiliar no tratamento do coronavírus, 163,3 milhões de EPIS, mais de 11,9 milhões de testes de diagnóstico para Covid-19 e 79,9 milhões de doses da vacina contra a gripe, que ajuda a diminuir casos de influenza e demais síndromes respiratórias no meio dos casos de coronavírus.

O Ministério da Saúde, em apoio irrestrito a estados e municípios, também tem ajudado os gestores locais do SUS na compra e distribuição de ventiladores pulmonares, sendo que já entregou 6.549 equipamentos para todos os estados brasileiros.

As iniciativas e ações estratégicas são desenhadas conforme a realidade e necessidade de cada região, junto com estados e municípios, e têm ajudado os gestores locais do SUS a ampliarem e qualificarem os atendimentos, trazendo respostas mais efetivas às demandas da sociedade. Neste momento, o Brasil tem 1.926.824 casos confirmados da doença, sendo 41.857 registrados nos sistemas nacionais nas últimas 24h. 

Em relação aos óbitos, o Brasil possui 74.133 mortes por coronavírus. Nas últimas 24h, foram registradas 1.300 mortes nos sistemas oficiais, a maior parte aconteceu em outros períodos, mas tiveram conclusão das investigações com confirmações das causas por Covid-19 apenas neste período. Assim, 423 óbitos, de fato, ocorreram nos últimos três dias. Outros 3.928 seguem em investigação.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Carga de Ivermectina e Azitromicina sem nota fiscal é retida pela Receita no DF

Foram encontradas 21,9 mil caixas de remédios em uma carreta, em um total de R$ 524 mil em mercadorias

Por

 Redação Jornal de Brasília 

Nesta segunda-feira (13), a Receita Federal apreendeu 21.967 caixas de medicamentos sem nota fiscal que chegavam no Distrito Federal para comercialização. Dentra as caixas, 15.002 eram de ivermectina, 4.145 de azitromicina e 2.820 de leverctin. Ao todo a carreta que levava os remédios transportava R$ 524.759,00. 

O veículo vinha do Amazonas e seguia para Goiânia (GO) quando foi parado, por volta das 9h, pela fiscalização itinerante no Núcleo Rural Engenho das Lajes. Como o documento fiscal apresentado não correspondia ao carregamento, a mercadoria ficou retida no Posto Fiscal da BR 060, próximo a Samambaia, para que um auto de infração fosse lavrado.

Com base no valor da carga, foi calculado o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido de R$ 89.209,03 e aplicada multa de R$ 178.418,06. Também foi imposta multa acessória no valor de R$ 2.784,53, por falta de emissão de documento fiscal.

Caso o proprietário da carga apareça e dê ciência da autuação, ele poderá até reaver os produtos, mas depois de procedimentos fixados em lei, com 30 dias para contestar o auto de infração. Se nesse mesmo prazo ninguém se apresentar como dono da mercadoria, o transportador será autuado e os medicamentos serão considerados abandonados – a partir do que os produtos poderão ser incorporados ao patrimônio do GDF, com possibilidade também de que sejam doados ou oferecidos em leilão.

A Receita do Distrito Federal é uma unidade integrante da Secretaria de Economia. A equipe realiza fiscalizações itinerantes, periodicamente, nos postos fixos e em conjunto com outros órgãos governamentais. O objetivo é evitar a sonegação de impostos e impedir que outros crimes tributários sejam cometidos.

Com informações da Agência Brasília 

15h00 - Reunião Técnica - COMISSÃO EXTERNA DE ENFRENTAMENTO À COVID_19

59ª Reunião Técnica por videoconferência

Convidados: a confirmar

- HELIO ANGOTTI NETO, Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde;

- ANTÔNIO CÁSSIO HABICE PRADO, Médico Clínico e Prefeito de Porto Feliz-SP;

- NISE HITOMI YAMAGUCHI, Médica Oncologista e Imunologista;

- ALBERT DICKSON, Médico Oftalmologista e Deputado Estadual pelo Rio Grande do Norte;

- FERNANDO SUASSUNA, Infectologista, Alergologista e Imunologista, Presidente do Comitê Científico de Combate a COVID-19 de Natal-RN;

- RAISSA OLIVEIRA AZEVEDO DE MELO SOARES, Médica Especialista em Clínica Médica;

- CEUCI NUNES, Diretora do Hospital Couto Maia de Salvador-BA;

- DANIEL KNUPP, Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade - SBMFC;

-- CLOVIS CUNHA, Sociedade Brasileira de Infectologia;

- MARGARETH DALCOLMO, Médica Pneumologista, Docente e Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública ENSP/Fiocruz;

- JOÃO VIOLA, membro do Conselho Deliberativo da SBI e chefe da Divisão de Pesquisa Experimental e Translacional do INCA, representando a Sociedade Brasileira de Imunologia - SBI; e

- NATALIA PASTERNAK TASCHNER, Presidente do Instituto Questão de Ciências e Pesquisadora Colaboradora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP

 PARTICIPAR

11h00 - Reunião Técnica - COMISSÃO EXTERNA DE ENFRENTAMENTO À COVID_19

58ª Reunião Técnica por videoconferência

Convidados:

- EULER NICOLAU SAUAIA FILHO - Presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes - ANMR;

- MAYRA ISABEL CORREIA PINHEIRO, Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde;

- SERGIO HENRIQUE S. SANTOS, Diretor de Desenvolvimento da Educação em Saúde da Secretaria de Educação Superior;

- LUIZ CARLOS VON BAHTEN, Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, representando o Instituto Brasil de Medicina - IBDM;

- LUIZ KOITI KIMURA, Presidente da Comissão Estadual de Residência Médica de São Paulo; e

- LINCOLN LOPES FERREIRA, Presidente da Associação Médica Brasileira - AMB

PARTICIPAR

Estudo sugere que tecido adiposo pode servir de reservatório para o novo coronavírus


Karina Toledo | Agência FAPESP – Experimentos conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmam que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode ser capaz de infectar células adiposas humanas e de se manter em seu interior. Esse dado pode ajudar a entender por que indivíduos obesos correm mais risco de desenvolver a forma grave da COVID-19.

Além de serem mais acometidos por doenças crônicas, como diabetes, dislipidemia e hipertensão – que por si só são fatores de risco –, os obesos teriam, segundo a hipótese investigada na Unicamp, um maior reservatório para o vírus em seu organismo.

“Temos células adiposas espalhadas por todo o corpo e os obesos as têm em quantidade e tamanho ainda maior. Nossa hipótese é a de que o tecido adiposo serviria como um reservatório para o SARS-CoV-2. Com mais e maiores adipócitos, as pessoas obesas tenderiam a apresentar uma carga viral mais alta. No entanto, ainda precisamos confirmar se, após a replicação, o vírus consegue sair da célula de gordura viável para infectar outras células”, explica à Agência FAPESP Marcelo Mori professor do Instituto de Biologia (IB) e coordenador da investigação.

Os experimentos com adipócitos humanos estão sendo conduzidos in vitro, com apoio da FAPESP, no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve). A unidade tem nível 3 de biossegurança, um dos mais altos, e é administrada por José Luiz Proença Módena, professor do IB e coordenador, ao lado de Mori, da força-tarefa criada pela Unicamp para enfrentar a pandemia (leia mais em agencia.fapesp.br/32861). Os resultados ainda são preliminares e não foram publicados.

Como explica Mori, não é em qualquer tipo de célula humana que o SARS-Cov-2 consegue entrar e se replicar de forma eficiente. Algumas condições favoráveis precisam estar presentes, entre elas uma proteína de membrana chamada ACE-2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês) à qual o vírus se conecta para invadir a célula.

Nas comparações feitas in vitro, os pesquisadores da Unicamp observaram que o novo coronavírus infecta melhor os adipócitos do que, por exemplo, as células epiteliais do intestino ou do pulmão.

E a “dominação” da célula de gordura pelo vírus torna-se ainda mais favorecida quando o processo de envelhecimento celular é acelerado com uso de radiação ultravioleta. Ao medir a carga viral 24 horas após esse procedimento, os pesquisadores observaram que as células adiposas envelhecidas apresentavam uma carga viral três vezes maior do que as células “jovens”.

“Usamos a radiação UV para induzir no adipócito um fenômeno conhecido como senescência, que ocorre naturalmente com o envelhecimento. Ao entrarem em senescência, as células expressam moléculas que recrutam para o local células do sistema imune. É um mecanismo importante para proteger o organismo de tumores, por exemplo”, explica Mori.

O problema, segundo o pesquisador, é que tanto nos indivíduos obesos como nos idosos e nos portadores de doenças crônicas as células senescentes começam a se acumular no tecido adiposo, tornando-o disfuncional. Tal fato pode resultar no desenvolvimento ou no agravamento de distúrbios metabólicos.

Ainda de acordo com Mori, o envelhecimento acelerado do adipócito induzido pela radiação UV mimetiza o que costuma ocorrer no tecido adiposo de indivíduos obesos e nos idosos.

“Recentemente, começaram a ser testados em humanos alguns compostos capazes de matar células senescentes: são as chamadas drogas senolíticas. Nos experimentos com animais, esses compostos se mostraram capazes de prolongar o tempo de vida e reduzir o desenvolvimento de doenças crônicas associadas ao envelhecimento”, conta Mori.

O grupo da Unicamp teve então a ideia de testar o efeito de algumas drogas senolíticas no contexto da infecção pelo SARS-CoV-2. Em experimentos feitos com células epiteliais do intestino humano, observou-se que o tratamento reduziu a carga viral das células submetidas à radiação UV.

“Alguns compostos chegaram a inibir em 95% a presença do vírus. Agora pretendemos repetir o experimento usando adipócitos”, conta Mori.

Até o momento, foram usados nos testes adipócitos diferenciados in vitro a partir de um tipo de célula-tronco mesenquimal (pré-adipócito) isolada de pacientes não infectados e submetidos a cirurgia bariátrica. Após a diferenciação, as células foram expostas a uma linhagem do novo coronavírus isolada de pacientes brasileiros e cultivada em laboratório por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (leia mais em: agencia.fapesp.br/32692).

As etapas seguintes da pesquisa incluem a análise de adipócitos obtidos diretamente de pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19, obtidos por meio de biópsia. “Um dos objetivos é avaliar se essas células encontram-se de fato infectadas pelo SARS-CoV-2 e se o vírus está se replicando em seu interior.

Também serão conduzidas análises de proteômica para descobrir se a infecção pelo SARS-CoV-2 afeta o funcionamento do adipócito e se deixa alguma sequela de longo prazo na célula. Essa etapa da pesquisa será feita em colaboração com o professor do IB-Unicamp Daniel Martins de Souza.

“A ideia é comparar todas as proteínas que estão expressas nas células com e sem o vírus. Desse modo, conseguimos identificar as vias de sinalização que são alteradas pela infecção e como isso impacta o funcionamento celular”, explica Mori.

Envelhecimento precoce

No Departamento de Bioquímica e Biologia Tecidual do IB-Unicamp, Mori tem se dedicado nos últimos anos a estudar a biologia do envelhecimento. Em seu projeto atual, o pesquisador investiga por que idosos e pessoas com doenças associadas ao envelhecimento são mais suscetíveis às complicações da COVID-19.

“Esse achado de que adipócitos senescentes apresentam maior carga viral aponta um possível link entre doenças metabólicas, envelhecimento e maior severidade da COVID-19”, avalia o pesquisador.

No entanto, ainda não se sabe se a carga viral é mais elevada nessas células porque elas se tornam mais facilmente infectáveis quando expostas ao SARS-CoV-2 em cultura ou se a quantidade de vírus que entra é a mesma, mas o patógeno consegue se replicar mais. “Precisamos fazer novos experimentos e acompanhar a evolução da carga viral ao longo do tempo”, explica Mori.

Caso se confirme que o vírus causa algum tipo de impacto metabólico no adipócito, afirma Mori, as implicações poderão ser grandes. “As células de gordura têm um papel muito importante na regulação do metabolismo e na comunicação entre vários tecidos. Elas sinalizam para o cérebro quando devemos parar de comer, sinalizam para o músculo quando é preciso captar a glicose presente no sangue e atuam como um termostato metabólico, dizendo quando há necessidade de gastar ou armazenar energia. Pode ser que o vírus interfira nesses processos, mas por enquanto isso é apenas especulação”, diz o pesquisador.

Esses aspectos estão sendo investigados em parceria com o pesquisador Luiz Osório Silveira Leiria, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Peto (FMRP-USP). Leiria coordena um projeto – apoiado pela FAPESP – que tem como objetivo descobrir o papel de determinados lipídeos no controle da inflamação causada no organismo pelo SARS-CoV-2.

“A pesquisa também conta com uma ampla rede de colaboradores que integram a Força-Tarefa Unicamp Contra a COVID-19”, ressalta Mori.
 


Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Pesquisadores validam teste rápido para dengue, zika, febre amarela e outros vírus


José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Os flavivírus compõem uma família de vírus cujos integrantes são responsáveis por várias enfermidades que afetam humanos e animais – entre elas, dengue, zika e febre amarela. Um novo teste, sensível e rápido, para identificar flavivírus foi validado por Mariana Sequetin Cunha e colaboradores no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

O artigo a respeito, Applying a pan-flavivirus RT-qPCR assay in Brazilian public health surveillance, foi publicado no periódico Archives of Virology.

A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio do projeto temático “Estudo epidemiológico da dengue (sorotipos 1 a 4) em coorte prospectiva de São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil, durante 2014 a 2018”, coordenado por Maurício Lacerda Nogueira, e do projeto regular “Estudo de alterações patológicas em situações ligadas à perícia em medicina veterinária”, coordenado por Paulo Cesar Maiorka.

“Nosso objetivo foi melhorar o monitoramento dos flavivírus no Brasil por meio de um método confiável. E, para isso, utilizamos a técnica RT-qPCR (da expressão, em inglês, Real-Time Quantitative Polymerase Chain Reaction), diz Sequetin à Agência FAPESP.

Essa técnica – que pode ser descrita mais extensamente como “transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real” – permite detectar a molécula-alvo de RNA durante a própria realização do exame. E tornou-se agora uma espécie de padrão-ouro para identificação de vírus, uma vez que foi recomendada pela Organização Mundial de Saúde para a testagem do novo coronavíus.

“Até recentemente, o principal método usado no Brasil para identificação dos flavivírus exigia inocular o material suspeito, colhido de pacientes humanos ou animais, nos cérebros de camundongos neonatos. Quando comecei a pesquisar no Instituto Adolfo Lutz em 2012, minha ideia foi estabelecer um método alternativo, que prescindisse dos camundongos, submetendo diretamente as amostras, extraídas do sangue, soro ou vísceras dos pacientes, à PCR quantitativa em tempo real”, afirmou Sequetin.

A questão-chave era saber quão sensível poderia ser a RT-qPCR, de modo a identificar na amostra mesmo uma concentração muito baixa de vírus. A pesquisadora conta que havia, no Instituto Adolfo Lutz, uma grande quantidade de camundongos, inoculados na década de 1990 e congelados a 80 graus negativos (-80º C). “O que fiz foi extrair o material genético dos cérebros desses animais e, por meio da titulação de soluções cada vez mais diluídas, avaliar o limite de detecção da RT-qPCR para as diferentes variedades de flavivírus”, diz.

O protocolo estabelecido mostrou-se altamente sensível e específico, podendo ser utilizado para o diagnóstico diferencial dos diferentes flavivírus que ocorrem no Brasil. E também para o monitoramento viral em animais sentinelas e vetores.

“Vamos testar agora em amostras novas que estamos recebendo. Acredito que haja nelas, especialmente em mosquitos, variedades de flavivírus ainda não descritas na literatura”, concluiu Sequetin.

O artigo pode ser acessado em https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00705-020-04680-w.

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Presidente da Fiocruz integra comissão da Lancet sobre Covid-19

JuliaDias (Agência Fiocruz de Notícias)

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, é uma das integrantes da Comissão Covid-19 da revista Lancet. Capitaneada pelo economista americano Jeffrey Sachs, a comissão é uma iniciativa interdisciplinar que inclui líderes de ciências da saúde, negócios, finanças e políticas públicas para formular recomendações para superar os desafios trazidos pela pandemia. 

Para a presidente, o convite demonstra o prestígio internacional da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

"A Comissão foi criada para ajudar a acelerar soluções globais, equitativas e duradouras para a pandemia", afirma o Sachs em comentário publicado na última quinta-feira (9/7) na Lancet

Para a presidente, o convite demonstra o prestígio internacional da Fiocruz. “Minha representação vai levar à comissão uma visão integrada da saúde, destacando os sistemas de saúde e a visão de uma saúde única, que integra aspectos biológicos, ambientais e sociais. Será também uma oportunidade de compartilhar os importantes conhecimentos da Fiocruz e o papel institucional no enfrentamento da pandemia”, afirma Nísia, única brasileira no grupo.

O objetivo da Comissão é fazer recomendações para apoiar o trabalho de organismos internacionais em quatro temas principais. O primeiro busca recomendações para suprimir a pandemia o mais rápida e decisivamente possível. O segundo aborda maneiras de sair da crise humanitária causada pela pandemia, buscando atender às necessidades de grupos vulneráveis, como os mais pobres, minorias e idosos. O terceiro é impedir que a emergência de saúde pública se transforme em uma crise financeira fulminante para governos, empresas e famílias. Por último, o grupo busca soluções para reconstruir um mundo pós-pandemia com mais inclusão justiça e sustentabilidade.

“O trabalho da Comissão será apoiado por várias forças-tarefa, em áreas que vão do desenvolvimento de vacinas a locais de trabalho seguros e recuperação econômica global”, explica o economista americano que preside a Comissão Covid-19 da Lancet.

O grupo pretende apresentar relatórios periodicamente durante toda a pandemia para fornecer atualizações, avaliações e recomendações públicas. A primeira reunião foi realizada no dia 23 de junho e as primeiras sugestões da comissão devem ser apresentadas em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU. Depois disso, estão previstos relatórios parciais para janeiro e julho de 2021 e um relatório final para janeiro de 2022.

Nos próximos 18 meses, a Comissão realizará seminários on-line regionais e globais, abertos ao público em geral e a especialistas, para discutir seu trabalho e gerar contribuições e avaliações.

Além da revista Lancet, uma das principais publicações de saúde do mundo, são parceiros do projeto o Centro de Desenvolvimento Sustentável (Center for Sustainable Development (CSD) e a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UN Sustainable Development Solutions Network - SDSN). A Fundação Rockefeller e Nizami Ganjavi International Center são os financiadores do trabalho do grupo.

Conheça aqui todos os integrantes da comissão.

Descobertos novos lotes falsificados de Soliris

Pacientes e profissionais de saúde que identifiquem lotes falsificados não devem utilizar o produto, além de comunicar o fato imediatamente à Anvisa.

Por: Ascom/Anvisa

Atenção, pacientes e profissionais de saúde! Foram identificados em circulação no país novos lotes falsificados do medicamento Soliris (eculizumabe), indicado para o tratamento de adultos e crianças com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) e síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa), doenças raras que afetam o sistema sanguíneo e os rins.  

Em junho foram detectados frascos falsificados de Soliris com número de lote 1003254. A falsificação foi descoberta a partir de uma ação de fiscalização sanitária realizada pela Anvisa na cidade de São Paulo, em parceria com a Coordenação de Vigilância Sanitária da cidade de São Paulo (Covisa) e a Polícia Civil do estado. A Agência prosseguiu com as investigações e identificou outras falsificações.  

Confira os lotes falsificados e identificados de Soliris até o momento: 

  • 1003254 (validade 05/2021). 
  • 1000706 (validade 07/2021), cuja validade original é 06/2020. 
  • 1000736 (validade 07/2022), cuja validade original é 07/2021. 
  • 1000584 (validade 03/2021), com embalagens em inglês (a embalagem original é em turco). 
  • 1000602 (validade 02/2021), com embalagens em inglês (a embalagem original é em italiano). 

Denuncie 

Caso você se depare com um desses lotes falsificados de Soliris, não utilize o medicamento e comunique o fato imediatamente à Anvisa, por meio do Anvis@atende ou do e-mail gimed@anvisa.gov.br. Em caso de dúvidas sobre a originalidade do medicamento, entre em contato com a empresa detentora do registro no país, a Alexion Pharma Brasil, por meio do Serviço de Atendimento ao Cliente (+55 11 0800 7725007).  

Leia também: Descoberto lote falsificado do medicamento Soliris  

Superintendências Estaduais de Saúde reforçam combate à Covid-19

São elas que acompanham de perto o cenário local, apoiam as ações e entregas do Governo do Brasil em assistência aos estados e municípios no atendimento da população brasileira

Desde o início da pandemia do coronavírus, o Ministério da Saúde acompanha de perto a situação em todo o país e tem atuado em conjunto com as secretarias estaduais e municipais apoiando as ações de enfrentamento à Covid-19. Neste apoio, as Superintendências Estaduais do Ministério da Saúde (SEMS) têm exercido papel fundamental. São elas que acompanham de perto o cenário local e apoiam as ações e entregas do Governo do Brasil em auxílio aos estados e municípios no atendimento da população brasileira.

Este acompanhamento faz parte de uma articulação constante e visa potencializar as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) em cada território. As Superintendências têm acompanhado o recebimento de insumos estratégicos e materiais enviados aos estados pelo Ministério da Saúde. São medicamentos, ventiladores pulmonares, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testes de diagnóstico e outros insumos que são utilizados pelos profissionais de saúde nos hospitais, Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).

“As Superintendências atuam fortemente desde a chegada do material até o apoio na implementação das ações que contribuem para a organização da Rede de Atenção à Saúde local. Com as SEMS, o Ministério da Saúde se faz presente e assertivo, reforçando as parcerias com os gestores nos territórios”, destaca o Superintendente Estadual do Ministério da Saúde em Goiás, Sebastião Donizete.

Para a superintendente Estadual em Minas Gerais, Lilinquiel Souza, o acompanhamento das entregas possibilita o compartilhamento das ações do Ministério da Saúde com diversos atores do estado e, com isso, melhorar as políticas públicas locais. “Minas Gerais atravessa o momento mais crítico da pandemia do coronavírus e contribuir para o abastecimento de insumos e equipamentos considerados fundamentais, atenua os efeitos no estado”, explica a superintendente.

Já o superintendente Estadual no Amapá, Roberto Bauer, afirma que, sem o apoio do Ministério da Saúde, o estado do Amapá não conseguiria dar conta dos atendimentos e proporcionar a entrega de insumos estratégicos para os municípios. “O apoio da superintendência ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Amapá foi fundamental. Nós temos estado juntos em todas as tomadas de decisões”, ressalta Bauer.  

Cabe esclarecer que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, ou seja, compete à União, aos estados e aos municípios a prestação de ações e serviços de saúde. A aquisição destes equipamentos, materiais e insumos é de responsabilidade dos estados e municípios. Entretanto, diante da pandemia da Covid-19 e da escassez de matéria-prima e fornecedores para alguns dos itens essenciais, o Ministério da Saúde passou a realizar, excepcionalmente, a aquisição centralizada de alguns itens e insumos para adequação da distribuição, de acordo com a evolução da doença em cada local.

Para saber tudo que já foi entregue aos estados acesse o link https://covid-insumos.saude.gov.br/paineis/insumos/painel.php

Lídia Maia, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa

(61) 3315-3580 / 2745 / 2351

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Fiocruz identifica nova variante do vírus influenza no Brasil

MaíraMenezes (IOC/Fiocruz)

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) identificaram uma nova variante do vírus influenza, causador da gripe, em uma paciente da cidade de Ibiporã, no Paraná. As análises apontaram a presença do vírus influenza A(H1N2)v, que provoca infecção em porcos. O caso foi informado ao Ministério da Saúde, que notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS), seguindo o regulamento sanitário internacional. Todos os registros de infecção humana por novos subtipos virais precisam ser notificados já que mutações nestes microrganismos podem levar à disseminação de pessoa a pessoa, com potencial pandêmico.

Um alerta emitido pela OMS informa que 26 casos de infecção por vírus influenza A(H1N2)v foram registrados desde 2005, e a maioria dos pacientes apresentou quadros leves. No Brasil, um registro já tinha sido realizado em 2016. Não há evidências de transmissão dessas variantes virais entre pessoas. A virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC, referência para vírus respiratórios no Brasil e responsável pela identificação das variantes do influenza no país, afirma que o novo achado não é motivo de preocupação. “Essas detecções ocorrem, ao longo dos anos, em diversos países. Não significa que isso vai se transformar em uma pandemia. As medidas de controle são as mesmas para infecções de transmissão respiratória em geral, como lavar as mãos e, em caso de sintomas respiratórios, procurar atendimento médico para fazer análise melhor do quadro clínico”, esclarece a pesquisadora.

A paciente de Ibiporã, que já está recuperada e não precisou ser hospitalizada, apresentou sintomas de gripe em meados de abril. Ao procurar atendimento médico, ela teve uma amostra do trato respiratório coletada como parte das ações de rotina do sistema nacional de vigilância da influenza. O Laboratório Central de Saúde Pública do Paraná (Lacen-PR) identificou um vírus influenza A de subtipo desconhecido e encaminhou a amostra ao Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC, onde a caracterização do microrganismo foi realizada. Marilda destaca que o achado realizado em meio à pandemia de Covid-19, que sobrecarrega os serviços de saúde e a rede de laboratórios do país, demonstra a capacidade de resposta brasileira.

“No meio de uma pandemia de coronavírus, que está impactando todos os níveis de atenção à saúde, trabalhamos dentro dos protocolos e fomos capazes de identificar uma nova variante do vírus influenza. Isso mostra a capacidade de resposta rápida que o nosso país, através de um esforço grande do Ministério da Saúde, das Secretarias de Saúde, dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública(Lacens) e de institutos como IOC/Fiocruz, Instituto Evandro Chagas (IEC) e Instituto Adolfo Lutz (IAL), é capaz de dar para o controle da influenza”, avalia Marilda.

Uma vez que os vírus influenza ocorrem em diversas espécies de animais, o surgimento de novas variantes pode ocorrer tanto por mutações do genoma viral quanto pela recombinação entre microrganismos de diferentes espécies. Através do sequenciamento genético, os pesquisadores identificaram que a nova variante viral apresentava segmentos do RNA associados a vírus detectados em porcos e humanos.

“O vírus identificado no Paraná é caracterizado como uma nova variante porque apresenta configurações genéticas diferentes de outros vírus influenza A (H1N2), incluindo a cepa detectada no Brasil em 2016. Realizando o sequenciamento genômico, observamos que os segmentos H e N da nova variante viral estavam associadas a vírus que circularam anteriormente em humanos e suínos. Além disso, detectamos genes internos associados ao vírus influenza A (H1N1), que circulam desde 2009”, relata Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz.

Segundo a OMS, as infecções humanas por vírus de gripe de suínos ocorrem principalmente pelo contato com animais infectados ou ambientes contaminados. No caso de Ibiporã, as investigações ainda estão em curso, mas é possível que a paciente tenha sido infectada no frigorífico de suínos onde trabalha. No mesmo período, outro funcionário do local apresentou sintomas de gripe, mas não foram coletadas amostras na ocasião. A investigação epidemiológica e laboratorial em andamento não encontrou indícios de outros casos de infecção. “Vamos continuar as análises, mas, até o momento, não há evidências de que tenha acontecido transmissão”, reforça Marilda.

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