ReginaCastro (CCS/Fiocruz)
Realizado pela Fiocruz,
o Boletim InfoGripe mostra que dez capitais
brasileiras apresentam sinal de crescimento moderado (prob. > 75%) ou forte
(prob. > 95%) na tendência de longo prazo (seis semanas) de casos de
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de Covid-19. A análise é referente à
Semana Epidemiológica 43 (que compreende o período de 18 a 24 de outubro) e
tem com base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância
Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 deste mês. Entre os
resultados positivos para os vírus respiratórios, cerca de 97,7% são em
consequência do novo coronavírus.
Além de análises nacionais, o
Boletim traz números de casos e óbitos por estados, regiões, macrorregiões e
capitais. Em relação à SRAG por Covid-19 nas regiões do país, todas
encontram-se com ocorrência de casos muita alta. No cenário nacional, o sinal aponta
que os óbitos notificados SRAG, independentemente de presença de febre,
continuam na zona de risco e com ocorrência de casos muito alta. O pesquisador
Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, observou que 20 das 27 capitais
apresentam sinal de estabilidade ou crescimento na tendência de longo prazo.
Capitais
Aracaju (SE), Florianópolis
(SC), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), e Salvador
(BA) apresentam sinal forte de crescimento no longo prazo. Nas capitais Belém
(PA), São Luís (CE) e São Paulo (SP), observa-se sinal moderado de
crescimento para a tendência de longo prazo, acompanhado de sinal de
estabilização na tendência de curto prazo.
Belém, Florianópolis,
Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Salvador e São Luís já completam ao menos um
mês com manutenção do sinal de crescimento na tendência de longo prazo em todas
as semanas.
Já a capital paulista
apresenta esse sinal pela primeira vez desde o início do processo de queda,
embora já venha dando sinais de possível interrupção da tendência de queda
desde a semana 40, conforme reportado no boletim do InfoGripe correspondente
àquela semana.
Porto Alegre (RS) apresentou
sinal de estabilização tanto na tendência de curto quanto de longo prazo. No
entanto, Marcelo Gomes destacou a necessidade de cautela em relação às próximas
semanas, especialmente em relação a eventuais avanços nas ações de flexibilização
das medidas de mitigação do contágio na capital gaúcha.
Campo Grande (MS) não
confirmou sinal de estabilização na tendência de longo prazo, retornando ao
sinal de queda nesse indicador. Segundo o coordenador do InfoGripe, embora a
tendência de curto prazo tenha mantido sinal de estabilização, ainda é
preciso cautela em relação a ações de flexibilização.
“Como já relatado em boletins
anteriores, identificamos diferença significativa entre as notificações de
síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no estado do Mato Grosso registradas
no sistema nacional Sivep-Gripe e os registros apresentados no sistema próprio
do estado (disponível aqui). Tal diferença se manteve até a presente
atualização”, destacou Marcelo Gomes
Situação nacional
O cenário nacional sugere que
os casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de Covid-19,
independentemente de presença de febre, apresentam tendência de queda mas com
ocorrências muito altas.
Já foram reportados este ano
521.090 casos de SRAG sendo 285.628 (54,8%) com resultado laboratorial positivo
para algum vírus respiratório, 161.303 (31,0%) negativos, e ao menos 42.369
(8,1%) aguardando resultado laboratorial. Levando em conta a oportunidade de
digitação, estima-se que já ocorreram 545.321 casos de SRAG, podendo variar
entre 537.260 e 556.556 até o término da semana 43.
Entre os positivos, 0,4%
Influenza A, 0,2% Influenza B, 0,4% vírus sincicial respiratório (VSR), e
97,7% Sars-CoV-2 (Covid-19). Considerando a presença de febre nos registros, conforme
definição internacional de SRAG, o total de casos notificados foi de 353.905,
com estimativa de 366.949 [362.133 – 372.740]. Para fins de comparação, o total
de registros em todo o ano de 2019 e 2016 foram de 39.429 e 39,871 casos,
respectivamente.
O total de registros de
hospitalizações ou óbitos no Sivep-gripe, independente de sintomas, é de
841.405 casos, com estimativa atual de 887.196 [870.999 – 907.303]. Durante o
surto de Influenza H1N1 em 2009, foram 202.529 casos notificados com os mesmos critérios.
O número de óbitos por SRAG no
país, independentemente de presença de febre, encontra-se na zona e risco com
numeros de casos muito altos. Estima-se que já ocorreram 131.315 óbitos de
SRAG, podendo variar entre 130.449 e 132.545 até o término da semana 43.
Entre os casos positivos, 0,2%
forma Influenza A, 0,1% Influenza B, 0,1% vírus sincicial respiratório
(VSR), e 99,3% Sars-CoV-2 (Covid-19). Considerando a presença de febre nos
registros, conforme definição internacional de SRAG, o total de óbitos
notificados foi de 87.716, com estimativa de 88.053 [87.458 – 89.051]. Para
fins de comparação, o total de registros no em todo o ano de 2019 e 2016 foram
de 3.811 e 4.785 óbitos, respectivamente.
Macrorregiões
Em 12 das 27 unidades
federativas observa-se tendência de longo prazo com sinal de queda ou
estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Nos demais 15
estados, Amapá, Pará e Tocantins (Norte), Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, e Sergipe (Nordeste), Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo
(Sudeste), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Sul), e Mato Grosso do Sul
(Centro-Oeste) há ao menos uma macrorregião estadual com tendência de curto
e/ou longo prazo com sinal moderado (prob. > 75%) ou forte (prob. > 95%)
de crescimento.