Cobertura desta terça-feira (13) mantém agenda setorial em segundo plano, movimento que continua a interferir nos espaços destinados à agenda do setor fabril. Parte do noticiário de interesse é exposto em análises sobre a perspectiva de crescimento da economia neste ano, mercado de trabalho e indústria automobilística.
Como um dos destaques do dia, EDITORIAL do VALOR ECONÔMICO aborda a queda de 0,7% na produção industrial em novembro. Segundo o jornal, o fraco desempenho superou as expectativas mais pessimistas e deve causar a revisão das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado do ano e também em 12 meses, a queda é de 3,2% e, segundo o texto, há um indicativo de que a indústria fechará 2014 no mesmo patamar de quatro anos atrás. "Desde o início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, a indústria brasileira registra mais baixas do que altas, sem conseguir manter uma trajetória consistente, e perde espaço no PIB. Todos os estímulos lançados pelo governo, de desonerações tributárias até a redução dos juros e o aumento da oferta de crédito, não tiveram efeito visível."
VALOR registra que, para animar a indústria, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, que comandou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2002 a 2006, defendeu o financiamento para a renovação de máquinas e equipamentos das pequenas e médias empresas a juros favorecidos, e conta com o aumento das exportações, estimulado pela desvalorização cambial. Ele prometeu ainda divulgar em breve um "arrojado" plano de exportação, com medidas para superar entraves no financiamento, garantias, desonerações e outros estímulos, como o Reintegra.
Como ponto de atenção, coluna BRASÍLIA-DF, em CORREIO BRAZILIENSE, publica: “Entre os assuntos que a presidente Dilma Rousseff analisou ontem com Joaquim Levy está a Medida Provisória 656 e a série de exonerações contidas no texto. Vetos virão”.
Em sua coluna quinzenal na FOLHA DE S. PAULO, BENJAMIN STEINBRUCH, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), afirma que o governo realmente precisa de mais disciplina nos gastos públicos, estabilidade regulatória, previsibilidades, incentivo à concorrência, competitividade. "Seria prudente, porém, ir um pouco mais devagar com o andor da ortodoxia quando se trata da promoção do crescimento. O governo não pode jamais abdicar de seu papel de indutor do desenvolvimento, por meio de ações específicas - política industrial, por exemplo - em áreas estratégicas, de pesquisa e desenvolvimento, novas tecnologias, infraestrutura, energias alternativas etc."
STEINBRUCH avalia que, além de cuidar da sobrevivência de setores básicos e estratégicos, cabe ao governo zelar pela capacidade de recuperação da economia, reorientar investimentos, cultivar vocações setoriais, estimular setores dinâmicos, lutar pelo crescimento. "Ignorar olimpicamente a derrocada da indústria, por exemplo, é flertar com o desastre".
MÔNICA BERGAMO, na FOLHA DE S. PAULO, aborda o levantamento de hábitos de consumo, por gênero, feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 15.414 pessoas em todo o país. Texto destaca que, na hora de comprar veículos, os homens comparam mais os preços do que as mulheres, que se mostram mais cautelosas na aquisição de produtos como roupas e eletrodomésticos. Colunista acrescenta que as mulheres pesquisam mais também na compra de alimentos (79% contra 72%), móveis (84% ante 80%) e eletrodomésticos (86% contra 82%).
Mídia nacional também dedica algum espaço para a manifestação de metalúrgicos da Volkswagen, da Ford e da Mercedes-Benz bloquearam os dois sentidos das marginais da rodovia Anchieta, no ABC paulista, na manhã de ontem, em protestos contra a demissão de mais de mil trabalhadores na semana passada. Jornais relatam que, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foram 20 mil, incluindo funcionários das três fabricantes de veículos e oito empresas de autopeças. Segundo a Polícia Militar, participaram 7 mil pessoas.
O ESTADO DE S. PAULO informa que o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, deve se reunir amanhã com representantes do Ministério do Trabalho, provavelmente com o próprio ministro Manoel Dias, para discutir as demissões em montadoras da região e pedir pressa na discussão sobre a criação do Programa Nacional de Proteção ao Emprego. Veículo acrescenta que as centrais sindicais CUT, Força Sindical, CTB, U GT e NCST vão discutir hoje formas de combate ao desemprego. VALOR ECONÔMICO, O GLOBO e CORREIO BRAZILIENSE também registram.
No contexto voltado para o setor automotivo, BRASIL ECONÔMICO destaca que o coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva, da Fundação Getulio Vargas (FGV), Antônio Jorge Martins, avalia que a taxa de câmbio é considerada fator essencial para que o Brasil retome o patamar de 1 milhão de carros exportados por ano, registrado ao longo dos anos 2000 e a apreciação da moeda americana, em curso nos últimos meses, é vista como boia de salvação para a indústria nacional. Para ele, o patamar é plenamente alcançável pela indústria automotiva brasileira.
Com relação ao mercado de trabalho, O ESTADO DE S. PAULO informa que, segundo previsões do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), obtidas com exclusividade pelo 'Broadcast', serviço de notícias em tempo real da 'Agência Estado', a taxa média de desemprego deve passar de 4,8% em 2014 para 5,6% em 2015.
Jornal acrescenta que o pesquisador Rodrigo Leandro de Moura, do Departamento de Economia Aplicada do Ibre/FGV, avalia que os ajustes conduzidos pela nova equipe econômica contribuirão para o resultado. Segundo ele, as mudanças já anunciadas nas regras para obtenção do seguro-desemprego obrigarão o trabalhador demitido a tomar providência para arranjar outra vaga logo. De acordo com o texto, o aumento na taxa de desemprego também será pressionado por demissões provocadas por um longo período de economia estagnada.
Já o VALOR ECONÔMICO, em manchete, afirma alerta que a nova regra para acesso ao seguro-desemprego tem potencial para deixar mais da metade dos trabalhadores demitidos sem justa causa sem acesso ao benefício. Citando uma análise feita a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), texto pontua que, entre janeiro e novembro de 2014, 63,4% dos 10,8 milhões dispensados sem justa causa no país tinham menos de um ano e meio de serviço.
Em outra reportagem, VALOR informa que, para se antecipar à pressão dos sindicalistas pro flexibilização das novas regras de acesso ao seguro-desemprego, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, convocou as centrais sindicais para uma reunião no dia 29 com o objetivo de ter um diagnóstico setorial do impacto da medida e, se for preciso, discutir ajustes. Texto relata que técnicos do Ministério do Trabalho estão analisando os efeitos da medida e devem apresentar o impacto no fim do mês.
Informações relacionadas ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 também aparecem com algum destaque na pauta. Mídia registra que as projeções para este ano são desanimadoras. O Relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que a expectativa de expansão para este ano recuou de 0,5% para 0,4%.
O ESTADO DE S. PAULO afirma que "uma perspectiva tão minguada assim só foi vista no ano passado em meados de setembro". Jornal paulista acrescenta que, para 2016, a estimativa é um pouco mais otimista, com expansão de 1,8% em razão de uma recuperação da atividade fabril. Texto relata que, pelos cálculos dos profissionais de mercado ouvidos pelo BC, a produção industrial terá alta de 1,02% este ano e de 2,65% no próximo. O GLOBO também registra.
Atenções do noticiário político estão voltadas para assuntos de ordem partidária, composição do novo governo e a Operação Lava Jato, em um dia em que a pauta econômica é um dos itens de destaque na cobertura dos principais jornais.
Como um dos pontos mais importantes desta terça-feira, mídia nacional registra em peso a posse do novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, assim como os esforços do Planalto de mostrar unidade e isolar a ex-ministra e senadora Marta Suplicy (PT-SP), frente às declarações feitas por ela em uma entrevista ao jornal O ESTADO DE S. PAULO, no último domingo.
FOLHA DE S. PAULO relata que Ferreira usou sua cerimônia de posse, ocorrida ontem, para rebater as críticas feitas a ele pela senadora, sua antecessora no cargo. Ao se referir à entrevista da ex-ministra que o acusou de irregularidades quando comandou a pasta, ele disse que levou “uma bolsada na cabeça de Louis Vuitton” e que Marta “quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma paróquia”.
Em outra reportagem, FOLHA apresenta dados de uma auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre o ano de 2013, que apresentou falhas nas ações de fiscalização do Ministério da Cultura. “Até mesmo o convênio criticado por Marta na gestão Juca, entre a Cinemateca e a Sociedade Amigos da Cinemateca, não foi fiscalizado pela gestão da petista.”
O ESTADO DE S. PAULO, por sua vez, expõe que, em uma ação coordenada pelo Planalto, “11 ministros compareceram à transmissão do cargo para Juca Ferreira” e acrescenta que a determinação é “ignorar publicamente as críticas da senadora petista”. Apesar disso, observa o veículo, Ferreira não deixou de fazer menções à ex-ministro durante sua posse.
Noticiário político também reserva espaço privilegiado para novas informações associadas à Petrobras e as investigações da Polícia Federal.
Entre os destaques, O GLOBO noticia que a “casa citada pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, como destino do dinheiro da propina paga pelo doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava-Jato, pertence ao advogado Francisco José Reis, aliado do deputado estadual eleito Jorge Picciani, atual presidente do PMDB do Rio”. Texto lembra que Careca, um dos entregadores da propina distribuída por Youssef, revelou a investigadores “que o doleiro teria lhe dito que a casa pertencia ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”.
Jornais registram também as declarações do advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto. Conforme as reportagens, Basto negou que o doleiro tenha negócios com o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) e nem com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara. Segundo a FOLHA, o advogado afirmou que estão ocorrendo vazamentos “frutos de interesses políticos para tumultuar investigações”.
A expectativa sobre um novo aumento da tarifa de energia é um dos temas que monopoliza o noticiário econômico de hoje. Abordagens pontuam que o governo decidiu suspender os aportes do Tesouro ao setor elétrico, que seriam de R$ 9 bilhões conforme previsto no Orçamento deste ano, medida que deve gerar dois reajustes na conta de luz.
O GLOBO, em manchete, informa que as medidas para repassar o ônus ao consumidor, que estão sendo chamadas de “realismo tarifário”, foram acertadas entre a presidente Dilma Rousseff e os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e de Minas e Energia, Eduardo Braga. “Caso as distribuidoras não consigam cobrir seus custos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai autorizar revisão extraordinária das tarifas”, acrescenta o jornal.
VALOR ECONÔMICO destaca que, mesmo sem subsídio, outras ações devem ser propostas em apoio às companhias de distribuição. Texto assinala que a presidente “não deixou que o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, perdesse completamente a disputa com a equipe econômica e a possibilidade de um empréstimo para as empresas pagarem a conta de R$ 2,5 bilhões que vence até fevereiro continua no horizonte, como queria Braga”.
Reportagem do CORREIO BRAZILIENSE afirma que “rombo estimando a curto prazo é de R$ 5,5 bilhões, montante considerado muito grande para ser repassado integralmente às tarifas”. Nas contas, R$ 3 bilhões são referentes ao déficit na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - fundo que cobre as principais despesas e subsídios do setor, que sustentou o desconto de 20% imposto por Dilma na conta em 2013 – e que agora podem ser arcados por meio do aumento das tarifas. O restante seria alvo de renegociação com os bancos.
Ainda dentro da pauta do setor elétrico, manchete do BRASIL ECONÔMICO destaca que o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já avisou “que a redução de atrasos em obras será um dos principais objetivos de sua gestão”. Em reunião realizada na última sexta-feira com 16 entidades de classe reunidas no Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), Braga teria afirmado que “não faltará dinheiro para bons projetos no setor”.
Reinaldo Garcia, presidente e CEO da GE para a América Latina, assina texto opinativo no BRASIL ECONÔMICO. Ele fala sobre a necessidade de adotar processos inovadores, mesmo em períodos de crise. “Ao olhar para o passado recente, enalteço a consolidação da inovação no país, uma clara evolução na ‘disciplina da inovação’.”
Garcia cita dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de 2008 a 2011, indicando o crescimento das matrículas em Engenharia em 67% - número cinco vezes maior que a média nos demais cursos; e do BNDES mostrando, entre 2007 e 2012, o número de profissionais nas famílias de profissões de pesquisa e desenvolvimento (P&D) cresceu 5,5%. “De maneira sustentável, os novos profissionais contarão com ótimas oportunidades de trabalho.”
O ESTADO DE S. PAULO comenta a reação da sociedade francesa aos atentados de semana passada, pontuando que “não deixa de ser positivo que a maior manifestação pública da história da França tenha sido em prol da liberdade” e que as reações aos ataques “mostram que o mundo contemporâneo sabe onde buscar forças para resistir” e que, portanto, “há espaço para a esperança”.
O GLOBO aponta para uma guinada conservadora do governo federal na política de descriminalização das drogas no Brasil. Segundo o jornal, o país “hoje parece mais próximo de retroceder (ou no mínimo estacionar, o que daria no mesmo) do que de avançar no tratamento da questão”, e cita declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista recente ao jornal, quando disse que “a liberação das drogas ‘não está na pauta’ do governo”.
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