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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O novo mandato do Governo começa com uma serie de desencontros que podem impor duros reflexos ao Sistema Único de Saúde

Conflitos que foram danosos ao País, em passado recente, estão se reeditando, como: Palocci x Dilma – na casa civil, Mantega x Henrique Meirelles. Agora teremos: 
- Levy que em seu discurso de posse disse à plateia empresarial que iniciamos um período que ficará marcado por um ajuste das contas públicas. “O equilíbrio fiscal é a chave para a confiança e o desenvolvimento do crédito, que permite a mais empreendedores levarem à frente seus projetos e, com isso, contribuírem para a geração de emprego, o bem-estar geral e a riqueza da nação” em contraponto ao discurso de posse de Armando Monteiro;
Armando Monteiro que propõem uma agenda positiva aborda as principais questões que preocupam a indústria, como comércio exterior, ambiente tributário, renovação do parque fabril, estímulo à inovação e competitividade, promovendo o desenvolvimento, a reorganização da cadeia de fomento, mas discordando da criação de novos tributos, inclusive da recriação da CPMF ou outros assemelhados para financiar a saúde, contrariando a premente necessidade de viabilização econômica para sustentação do SUS
- Nelson Barbosa em episódio constrangedor, “interpelado pela presidente, precisou se desmentir”
- Kátia Abreu, e do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias com posicionamentos ideológicos sobre os latifúndios e a reforma agraria se posicionam em “rota de colisão frontal”
- Cid Gomes e Helder Barbalho não foram considerados por seus partidos como cotas partidárias, debitados na conta da presidenta.
- O ministro dos esportes confessa ser especialista em pessoas, mas que não entende das atribuições da pasta
- Mercadante tentando ocupar um espaço desenvolvimentista que tradicionalmente é ocupado pelo ministro do planejamento
O Senado, também, já se posicionou contrário a novos encargos, e, em especial, a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ou a criação de tributo assemelhado.  Waldemir Moka (PMDB-MS) diz que dificilmente o Congresso aprovará a ideia. A proposta é criticada com vigor pelo oposicionista José Agripino (DEM-RN). Já o senador João Capiberibe (PSB-AP) sugere maior fiscalização sobre os recursos aplicados na saúde.
Todo cenário expõe a dificuldade de se “encontrar a dose certa do remédio”, especialmente neste momento em que a economia está praticamente estagnada e conseguir designar suficientes recursos para que as prioridades estratégicas de governo como Educação, Segurança e Saúde não sejam comprometidas.
O Brasil é um dos países que menos investe em saúde: menos de 490 dólares por habitante em 2012. Referências como o Canadá ou a Inglaterra investiram, respectivamente, mais de 4 mil dólares e mais de 3 mil dólares por habitante no ano. Entre os países da América do Sul, a Argentina investe quase 700 dólares por pessoa e o Chile, quase 550.
Votamos aos tradicionais motes sobre a gestão do SUS, que em pesquisa recente sobre a qualidade dos serviços prestados ganhou nota 5,5 em uma escala de 0 a 10. O direito constitucional que obriga o País a atender equanimemente todos os brasileiros gerou a obrigação, mas não garantiu o financiamento, especialmente nas mesmas condições, facilidades, equipamentos, qualificação dos profissionais, disponibilização de medicamentos, vacinas, kit diagnósticos e produtos para a saúde.
A sociedade junto com a classe política e o governo precisa encontrar uma forma permanente de assegurar o crescente financiamento do SUS, estamos longe de cumprir o preceito legal de cobrir 100% da população.  Apenas Piauí e Paraíba cobrem mais de 90%, 7 Estados tem atendimento abaixo da metade: Amazonas, Rio de Janeiro, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal na Capital do País, com 20%.
Com a extinção da CPMF em 2007 a saúde passou a contar com A Emenda Constitucional 29 promulgada em setembro de 2000 que determinou aos municípios o investimento mínimo de 15% do que arrecadam em saúde, e aos estados, 12%. Já o governo federal ficou obrigado a manter no mínimo o mesmo valor do ano anterior reajustado pela inflação.
O corte de cerca de 30% nas despesas dos ministérios, embora não fique explicito quanto deverá ser a redução na área de saúde, leva a todos a aplicação da regra de 1/18 avos do orçamento do ano anterior, pelo menos até a aprovação definitiva do orçamento é apenas o primeiro passo para o ajuste fiscal anunciado pelo Levy.


O projeto de Lei Complementar 321/13 - “Chamado de Saúde + 10”, proposto pela iniciativa popular e que se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados”, tenta perpetuar a fonte de recursos para a sustentação do SUS, onde o Governo Federal deveria destinar pelo menos 10% das receitas correntes brutas (composta por arrecadação tributária, contribuições patrimoniais, agropecuárias, industriais e serviços e transferências correntes e outras) para saúde. Se aplicado no exercício de 2014 poderíamos ter disponibilizados mais de 40 Bilhões de Reais para o segmento.
Embora muito se discuta a qualidade da gestão no SUS, as fraudes, a corrupção, os recentes escândalos publicados pelos meios de comunicação em órteses, próteses e outros produtos de saúde é imperativo que se traga para uma pauta prioritária a questão do financiamento. Gerenciamento se resolve com competência, medição e remuneração correspondente, penalizando adequadamente os eventuais desvios, como defendido pela maioria das Instituições envolvidas em toda cadeia do SUS.
Com infográfico da folha

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