O Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou nesta terça-feira
(30) os vencedores do Prêmio Jovem Cientista 2018, em cerimônia realizada em
Brasília (DF). Em sua 29ª edição, foram contempladas pesquisas relacionadas ao
tema “Inovações para a conservação da natureza e transformação social” nas
categorias mestre e doutor; estudante de graduação; estudante de ensino médio;
mérito institucional; e mérito científico.
João Vitor Campos e Silva,
Juliana Davoglio Estradioto e Célio Henrique Rocha Moura ganharam em suas
respectivas categorias. Foto: Ascom/MCTIC
O Prêmio Jovem Cientista foi
criado em 1981 e tem como objetivo revelar talentos, impulsionar a pesquisa no
país e investir em estudantes e jovens pesquisadores que procuram inovar na
solução de desafios da sociedade brasileira. A premiação é fruto de uma
parceria entre o CNPq e a Fundação Roberto Marinho e tem como patrocinadores o
Banco do Brasil e a Fundação Grupo Boticário.
“Esse prêmio é atraente porque
olha para o futuro e mostra que, com esforço e dedicação, esses jovens podem
virar grandes cientistas. E é isso o que o Brasil precisa, pois o
desenvolvimento de um país é possibilitado por um investimento consistente em
ciência, tecnologia e inovação. Apostamos nesses jovens e são eles que vão nos
levar a ser um grande país”, afirmou o presidente do CNPq, Mário Neto Borges.
Um exemplo claro da capacidade
de estimular os jovens a ingressar no mundo científico é o da ganhadora na
categoria estudante do ensino médio, Juliana Davoglio Estradioto. Aluna do
Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Sul, campus Osório (RS), ela
contou que sequer pensava em desenvolver uma pesquisa até começar a desenvolver
um filme plástico biodegradável a partir do resíduo agroindustrial do maracujá.
Segundo Juliana, o produto tem
duas utilidades. A primeira é dar uma destinação sustentável à casca de
maracujá, principal fonte para a agroindústria local, além de substituir
embalagens plásticas usadas em mudas de plantas.
“Eu nunca havia imaginado que
poderia desenvolver uma pesquisa. Esse foi meu primeiro contato com a
ciência. Eu via muitas cascas de maracujá espalhada pela minha
cidade, em terrenos baldios, e comecei a pensar em como resolver essa questão.
Foi daí que surgiu a minha pesquisa e descobri uma paixão. Ganhar esse prêmio
mostra que nós, mesmo jovens, podemos fazer ciência”, afirmou.
Manejo do pirarucu
O biólogo João Vitor Campos e
Silva desenvolveu um estudo sobre o manejo de pesca do pirarucu em áreas
protegidas na Amazônia. O foco foi na avaliação do uso sustentável dos recursos
naturais e os impactos do manejo sobre as populações locais. Um dos parceiros
da pesquisa foi o Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
“O pirarucu é um peixe
fundamental na cultura dos povos amazônicos e tem alto consumo pelas
comunidades locais. Até por isso, a população de peixes sofreu um descréscimo
perigoso. E o manejo sustentável foi uma resposta a esse desafio. Há mais peixes,
as comunidades conseguem tirar seu sustento da pesca e é garantida a
preservação ambiental. Todos ganham nesse processo”, observou Silva, que é
doutor em ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Ocupação urbana
O aluno de arquitetura e
urbanismo Célio Henrique Rocha Moura, da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), ficou com o primeiro lugar entre os estudantes de graduação do Prêmio
Jovem Cientista, com uma pesquisa que analisou as relações socioepaciais e de
gestão das unidades de conservação do Recife (PE). A ideia é entender como a
ocupação urbana dialoga com os resquícios de Mata Atlântica e áreas de mangue.
“O objeto de estudo é a
cidade, em entender como é possível aumentar a qualidade ambiental do Recife
diante da superpopulação da cidade. Entre 30% e 40% da área urbana é formada
por unidades de conservação que estão pressionadas pela ocupação humana. É
importante entender esse mecanismo para que possamos ter uma cidade
mais sustentável e amigável, tanto para a população, quanto para a vegetação
nativa”, destacou Moura.
A premiação
Neste ano, foram submetidas
1.555 inscrições à premiação. Destas, 392 foram de mestres e doutores, 291 de
estudantes de graduação e 872 de estudantes do ensino médio.
Na categoria mestre e doutor,
o primeiro colocado vai receber R$ 35 mil; o segundo, R$ 25 mil; e o terceiro,
R$ 18 mil. Também recebem bolsas de mestrado ou doutorado, se ainda não tiverem
a titulação de mestre ou doutor. Para os que já têm o grau de doutor, são
oferecidas bolsas de pós-doutorado júnior no país.
Além disso, todos os laureados
vão passar uma semana em visita a universidades e centros de pesquisa do Reino
Unido. A concessão é parte do Ano Brasil-Reino Unido para Ciência e Inovação.
“Nosso intuito é apresentar
nosso rico ecossistema de pesquisa e inovação a esses profissionais. Também
queremos mostrar que nossas instituições estão abertas para receber os
pesquisadores brasileiros e ampliarmos a parceria entre o Brasil e o Reino
Unido”, destacou a primeira secretária da Embaixada do Reino Unido no Brasil,
Cindy Parker.
Entre os estudantes do ensino
superior, as premiações são de R$ 18 mil para o primeiro, R$ 15 mil para o
segundo e R$ 12 mil para o terceiro. Eles também terão acesso a uma bolsa
de iniciação científica ou de mestrado ou de doutorado.
Já os laureados na classe dos
estudantes do ensino médio recebem um laptop, além de bolsa de iniciação
científica júnior ou de iniciação científica.
Os premiados em mérito
científico e em mérito institucional (tanto a instituição de nível superior
quanto a de nível médio) vão receber R$ 40 mil.
Também participaram da
cerimônia o coordenador do Prêmio Jovem Cientista pela Fundação Roberto
Marinho, André Luiz Pinto; a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de
Preservação à Natureza, Maria de Lourdes Nunes; e a superintendente de
Sustentabilidade do Banco do Brasil, Ana Maria Macedo.
Confira abaixo a relação dos
agraciados no Prêmio Jovem Cientista:
- Categoria mestre e doutor
1º - João Vitor Campos e Silva
(pós-doutorando e doutor em ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte)
2º - Carolina Levis (doutora
em biologia e ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia)
3º - Gelson Vanderlei
Weschenfelder (pós-doutorando e doutor em educação pela Universidade La Salle)
- Categoria estudante do
ensino superior:
1º - Célio Henrique Rocha
Moura (estudante de arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de
Pernambuco)
2º - Rafaella Santos Rêda
(graduada em design de produtos pela Universidade Federal de Minas Gerais)
3º - Jeferson Almeida de
Oliveira (estudante de direito pela Universidade Federal do Pará)
- Categoria estudante do
ensino médio
1º - Juliana Davoglio
Estradioto (estudante do Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Sul –
Osório/RS)
2º - Sandro Lucio Nascimento
Rocha (estudante da Escola Estadual Norberto Fernandes – Caculé/BA)
3º - Leonardo Silva de
Oliveira (estudante do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará –
Cedro/CE)
- Categoria mérito
institucional
Ensino Médio: Escola Técnica
Polivalente de Americana (SP)
Ensino Superior: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- Categoria mérito científico
Vera Lúcia Imperatriz-Fonseca,
do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento, de Belém (PA)
ASCOM