Em 2017, número de pessoas
clinicamente aptas para fazer doação representou 1,8% da população estimada do
país.
Dados inéditos da Anvisa
revelam que, em 2017, quase 3,8 milhões de pessoas foram avaliadas pelos
serviços hemoterápicos como aptas para fazer doação de sangue. O número é
referente à quantidade de pessoas submetidas a análises clínicas durante
triagem e corresponde a 80% das 4,7 milhões que procuraram a rede de coleta de
sangue no ano passado.
O total de indivíduos
considerados clinicamente aptos representou uma taxa de 18,1 doadores por mil
habitantes, o que correspondeu a 1,8% do total da população estimada no ano
passado. De acordo com as informações, a maior parte dos doadores é do sexo
masculino (60,1%) e com idade acima dos 29 anos (64,1%).
A análise detalhada dos dados
mostrou que três regiões brasileiras têm taxa de doadores acima da média
nacional, com destaque para o Sudeste (2,28%), seguido do Centro-Oeste (2,17%)
e da região Sul (2,06%). Já o Nordeste (1,27%) e Norte (0,69%) apresentaram
percentuais menores.
De acordo com o levantamento,
os tipos sanguíneos mais comuns identificados durante a etapa de testes
sorológicos são O positivo (43,1%) e A positivo (30,7%). O tipo de sangue AB
negativo é o menos encontrado (0,73%).
Os dados são do 6º Boletim de Produção Hemoterápica, produzido pela
Gerência Geral de Sangue, Tecidos, Células e Órgãos (GSTCO) da Anvisa e
divulgado nesta segunda-feira (17/12). As informações gerais da hemoterapia
compiladas em 2017 não incluem dados dos estados do Amazonas e Rondônia, por
falta de envio ou incompletude de documentos.
Seleção com segurança
A seleção de indivíduos aptos
para a doação de sangue é feita após uma triagem clínica, que começa por uma
entrevista com profissionais de saúde dos serviços de coleta. Nesta etapa, são
avaliados comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis pelo
sangue (DSTs) e detectados problemas como alcoolismo e uso de drogas, entre
outros.
Se a pessoa for avaliada como
apta nessa fase, ela prossegue no processo de doação, seguindo para a
realização de exames de detecção de diversas doenças, tais como anemia, hipertensão,
doença de Chagas, malária, hepatites, HIV, entre outras.
Em 2017, 20% das pessoas que
procuraram serviços para doar sangue estavam clinicamente inaptas a fazer o
procedimento. De acordo com os dados do boletim, os maiores percentuais de
inaptidão entre os candidatos foram associados à presença de anemia (14,8%),
comportamento de risco para DST (13%) e hipertensão (4,5%).
Detecção de doenças
transmitidas pelo sangue
Depois de passar pela
avaliação de aptidão clínica, amostras de sangue das pessoas selecionadas são
submetidas a uma nova bateria de exames laboratoriais. Nesta etapa, que define
a aptidão ou inaptidão sorológica do doador, são identificados os tipos
sanguíneos e se há presença de doenças infecciosas.
Em 2017, o percentual geral de
inaptidão sorológica ficou em 3,1%, índice mais baixo desde 2011. Os dados
mostraram que a hepatite B continua sendo o principal fator de inaptidão de
doadores, seguida da sífilis. Do total de amostras de sangue analisadas, 1,1%
foi positivo para hepatite B e 1% apresentou sífilis.
Novos doadores
Em relação à periodicidade, o doador
de primeira vez, indivíduo que nunca doou sangue antes, representou 42,8% do
total de doações em 2017. Em segundo lugar ficou o doador de repetição, aquele
que realiza duas ou mais doações no período de 12 meses, correspondendo a 42%.
Por último, com 15%, está o doador esporádico, que repete esse ato após um
intervalo superior a 12 meses depois da última doação.
O boletim aponta que as
doações de primeira vez prevaleceram nos serviços privados ou privados
conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto que na rede pública o
destaque são as doações de repetição.
Motivação do doador
A avaliação da motivação do
doador mostra que o percentual de doação de reposição (realizada quando um
familiar ou amigo precisa de sangue) ficou um pouco acima das doações
espontâneas. De acordo com o boletim, o percentual de doação espontânea
continua mais elevado nos serviços públicos, sendo que as taxas de doação de
reposição são mais altas nos serviços de natureza exclusivamente privada.
Esses dados chamam atenção e
podem indicar a necessidade de melhorias nas políticas de captação para atrair
mais doações espontâneas, apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como as mais seguras e sustentáveis.
Serviços públicos, privados e
mistos
O boletim traz também
informações sobre o percentual de pessoas aptas e inaptas para as doações, de
acordo com o vínculo da unidade com o SUS, com a rede mista (estabelecimentos
privados conveniados com o SUS) ou com a rede privada.
De acordo com as informações
da Anvisa, em 2017 o maior percentual de pessoas aptas foi identificado em
serviços da rede privada, correspondendo a 83,5% do total de indivíduos que se
apresentaram para doar sangue nesses estabelecimentos.
Nas unidades de atendimento
privado conveniadas com o SUS, o percentual de doadores aptos ficou em 81,4%.
Já nos serviços exclusivamente públicos, a aptidão clínica das pessoas que
procuraram as unidades para fazer doações foi de 79,2%.
Segundo os dados de 2017, o
Brasil conta com 2.156 serviços de hemoterapia, com alta concentração na região
Sudeste (1.085 ou 50,3% do total). A Anvisa ressalta que as informações sobre
produção hemoterápica apresentadas no boletim representam uma amostragem dos
procedimentos realizados nesses serviços.
A Agência informa, ainda, que
os dados por natureza do serviço não incluem a produção do estado de São Paulo
e nem da hemorrede privada da região Norte.