Dados
preliminares de 2018 apontam que menos da metade dos municípios brasileiros
estão abaixo da meta de vacinação de 95% do sarampo. O alerta foi feito hoje,
em reunião com os secretários em Brasília
A
baixa cobertura vacinal e a necessidade de ampliar a imunização contra doenças
que já haviam sido eliminadas ou erradicadas, mas que voltaram a circular no
país, como sarampo, levou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a propor
um novo pacto sobre vacinação nesta quinta-feira (14). A proposta foi feita
nesta quinta-feira (14) em reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT),
que conta com representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde,
além do Governo Federal. Atualmente, três estados (Amazonas, Roraima e Pará)
estão com transmissão ativa do vírus por registrarem casos confirmados
recentes. Dados preliminares de 2018 apontam que, dos 5.570 municípios do país,
2.751 (49%) não atingiram a meta de cobertura vacinal de sarampo, que é igual
ou menor de 95%. Os dados são ainda mais preocupantes nos estados com surto: no
Pará 83,3% dos municípios não atingiram a meta; Roraima foram 73,3% e Amazonas,
a metade 50%.
“Nós
vamos ter que refazer o pacto sobre vacina nesse país. O índice de vacinação
está perigosamente baixo. Alguns estados dizem que está muito bom, mas enquanto
todos os estados não estiverem com níveis elevados de vacinação os caminhos
estarão abertos para a disseminação do vírus”, alertou o ministro da Saúde.
A
vacinação é a forma mais eficaz e segura para prevenção de doenças como o
sarampo. Em 2018, o Brasil enfrentou um grande surto de sarampo, envolvendo 11
estados, com 10.302 casos confirmados, sendo 90% dos casos concentrado no
estado do Amazonas. A concentração dos casos ocorreu entre junho, julho e
agosto. A partir de setembro do ano passado já foi possível perceber queda de
casos, observada também em outubro.
Em
2019, no entanto, ainda há registro da circulação do vírus do sarampo no país.
Até o momento, três casos foram confirmados laboratorialmente no município de
Prainha, no Pará. Atento ao cenário, desde o dia 4 de fevereiro, uma equipe do
EpiSUS do Ministério da Saúde, especializada em investigação de surto, está no
Pará auxiliando o estado e municípios na apuração dos casos de sarampo. O
trabalho consiste em investigar em detalhes o surto e identificar a cadeia de
transmissão dos casos, verificando os deslocamentos e contatos com pessoas de
outras regiões. Além disso, os técnicos auxiliam nas estratégias de intensificação
vacinal local, apontando os bolsões de pessoas suscetíveis e áreas de não
vacinados para uma adequada vacinação de bloqueio.
“O
Ministério da Saúde tem agido incansavelmente para interromper o surto de
sarampo no país. É muito importante que todas as pessoas estejam vacinadas e,
portanto, protegidas contra a doença. Em muitos casos, por não terem mais
notícia da circulação de algumas doenças no país, a exemplo da poliomielite
também, pais e responsáveis não as vêm mais como um risco, como é o exemplo do
sarampo. Por isso, é necessário ressaltar a importância da imunização e
desmistificar a ideia de que a vacinação traz malefícios”, disse o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
CERTIFICADO
DE ELIMINAÇÃO
O
ministro da Saúde reforçou ainda a preocupação em relação à perda do
certificado de eliminação de sarampo, concedida ao Brasil pela Organização Pan
Americana de Saúde (OPAS/OMS), em 2016, e a necessidade de fortalecer ações
conjuntas para interromper a transmissão dos surtos e impedir que se estabeleça
a transmissão sustentada (por 12 meses consecutivos) e, desta forma, manter a
sustentabilidade da eliminação do vírus do sarampo no país.
“Com
o baixo índice de vacinação e a reentrada do sarampo no Brasil, há o risco de
perdermos o certificado de área livre da doença. Se o Brasil perde as Américas
perdem. Se as Américas perdem, uma pessoa não pode chegar e nem sair do
continente sem a comprovação de vacina. Tem implicações muito grandes para
todos os ambientes de negócios, para todas a instâncias turísticas, e o que
significa em um mundo globalizado restrições por questão sanitária”, enfatizou
o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
CIRCULAÇÃO
DO SARAMPO
Os
dados mais atualizados de sarampo são do dia 28 de janeiro e contam com
informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde. Atualmente,
três estados ainda apresentam transmissão do vírus: o Amazonas, com 9.803 casos
confirmados, Roraima com 355 casos e o Pará, com 62 casos.
Desde
fevereiro de 2018, até 21 de janeiro deste ano, foram confirmados 10.302 casos
de sarampo no Brasil. Os casos notificados e confirmados de sarampo no
país estão em uma curva decrescente, o que reforça a importância das ações de
bloqueio da doença com intensificação de vacinação nos estados.
Permanecem
em investigação 50 casos de sarampo nos estados de Roraima, Amazonas e Pará,
sendo 33 casos notificados pelos estados em janeiro e início de fevereiro deste
ano. Os estados e municípios estão investigando os casos e aguardam resultado
dos exames laboratoriais para melhor entendimento do cenário de 2019.
VACINAÇÃO
O
Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente duas vacinas que protegem
contra o sarampo: a tetra viral que protege, além do sarampo, contra a rubéola,
caxumba e varicela, e é administrada aos 15 meses, e a tríplice viral (sarampo,
rubéola e caxumba), também aos 15 meses.
Para
os estados que estão abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem
orientado os gestores locais que organizem suas redes, inclusive com a
possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da
população brasileira. Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches
e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por
envolver também o núcleo familiar. Outro alerta constante é para que estados e
municípios mantenham os sistemas de informação devidamente atualizados.
O
Ministério da Saúde ainda reforça que todos os pais e responsáveis têm a
obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial as crianças
menores de cinco anos, que devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de
rotina.
Por
Amanda Mendes, da Agência Saúde