Destaques

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Brasil e Uruguai elaboram projetos de cooperação na saúde


Representantes dos dois países participaram da VIII Reunião da Comissão Binacional Assessora em Saúde realizada pelo Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde realizou a VIII Reunião da Comissão Binacional Assessora em Saúde Brasil – Uruguai (CBBU), nos dias 09 e 10 de julho, em Jaraguão – RS. A Comissão é um importante instrumento para o fortalecimento dos sistemas de saúde e busca a melhoria no atendimento à população dos dois países.

Após debater sobre as especificidades das regiões fronteiriças, os presentes encaminharam a criação de um Grupo Executivo para mapeamento de capacidades instaladas dos dois países na região e elevar à consideração da Comissão Binacional Assessora para propor a constituição de uma Rede de Atenção à Saúde. O grupo deverá mapear os serviços de saúde das localidades e consolidar o trabalho para ser apresentado na próxima reunião da Comissão, que deve acontecer entre 6 a 12 meses.

Atualmente, as cidades fronteiriças que fazem parte do acordo são: Chuí, Santa Vitória do Palmar, Balneário do Hermenegildo, Barra do Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana do Livramento, Quaraí e Barra do Quaraí; e pelo lado uruguaio: Chuy, 18 de Julio, Barra de Chuy, La Coronilla, Rio Branco, Aceguá, Rivera, Artigas e Bella Union. Como as duas chancelarias dos países devem aprovar a inclusão de novas cidades no acordo, os representantes foram incumbidos de consultar sobre a possibilidade de inclusão de outras localidades não contempladas por ambos países.

O encontro contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde, do Ministério das Relações Exteriores, da Secretaria Estadual do Rio Grande do Sul, e das Secretarias Municipais de Saúde de Aceguá, Barra de Quaraí, Chuí, Jaguarão e Santa Vitoria do Palmar. O Uruguai contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde Pública, da Administração dos Serviços de Saúde do Estado e do Ministério das Relações Exteriores.

HISTÓRICO COMISSÃO BINACIONAL ASSESSORA EM SAÚDE BRASIL - URUGUAI
O primeiro passo para a criação CBBU aconteceu com o Acordo para Permissão de Estudo, Residência e Trabalho a nacionais Fronteiriços Brasileiros e Uruguaios, assinado em 2002, com o objetivo de elaborar e executar programas e projetos de cooperação técnica e cientifica para o setor saúde.

A Comissão foi criada com base no Artigo IX do Ajuste Complementar ao Acordo para Permissão de Estudo, Residência e Trabalho a nacionais Fronteiriços Brasileiros e Uruguaios, assinado em Montevidéu no dia 31 de julho de 2003. Desde então, a Comissão reuniu-se sete vezes, sendo a primeira, nos dias 25 e 26 de março de 2004, no Chuí -RS.

Entre os objetivos da Comissão estão: promover o levantamento situacional de Saúde da população; propor estratégias de ação, elaboração, avaliação e acompanhamento de Planos de Trabalho; implementar programas de treinamento e capacitação de Recursos Humanos entre ambos os países; assessorar na elaboração e na implementação de Projetos de Cooperação e promover o intercâmbio e a discussão dos Sistemas de Saúde dos países.

GOVERNANÇA DA GESTÃO DO TRABALHO EM SAÚDE
Durante a reunião da CBBU, o Diretor do Departamento de Gestão do Trabalho (DEGTS) da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), Alessandro Vasconcelos, apresentou a nova estrutura da Secretaria e o Projeto de Governança da Gestão do Trabalho em Saúde.

Reconhecendo que região fronteiriça apresenta características particulares para o atendimento à saúde, a temática foi inserida no projeto que tem como objetivo qualificar os gestores do trabalho em saúde no âmbito da governança. O projeto oferece mecanismos para o direcionamento estratégico, o monitoramento, a coordenação entre os setores da saúde, e no caso das localidades de fronteira Brasil-Uruguai, contribuirá para mapear, estruturar e gerir uma rede regional baseada na reciprocidade dos países.

Como parte da estratégia será utilizada a metodologia do Dimensionamento que permite aos gestores responderem questões que subsidiam o planejamento da força de trabalho em saúde. O atendimento ao público é dinâmico e influenciado por todos os fatores da sociedade, por isso a metodologia precisa atender a esta demanda e facilitar o acompanhamento contínuo. O projeto será implementado nos três níveis de atenção à saúde: Atenção primária, Atenção secundária e Atenção terciária.

Entre as vantagens que a metodologia oferece estão a classificação das vulnerabilidades das Unidades de Saúde da Família de acordo com indicadores sociais e epidemiológicos; conhecimento do número real de trabalhadores e o necessário para compor as equipes; realização da previsão orçamentária para planejamento de adequação da força de trabalho. 

Por NUCOM/SGTES


AUDITORIA SOBRE AQUISIÇÃO DE MEDICAMENTOS NO SUS, TCU APONTA FRAGILIDADES NOS PROCESSOS DE CONTRATAÇÃO


O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou fiscalização sobre os processos de aquisição de medicamentos que ocorreram de forma centralizada pelo Ministério da Saúde e as realizadas pelas secretarias de Saúde selecionadas, mediante transferência de recursos federais. A auditoria avaliou o atendimento aos pressupostos legais das licitações e contratações selecionadas e apontou a necessidade de adoção de medidas para aprimorar os controles internos e promover mais transparência dos gastos públicos.

Foram constatados indícios de direcionamento e montagem de licitações, contratações diretas não justificadas e adoção de modalidade de licitação inadequada. O Tribunal também identificou deficiência no controle de estoque dos medicamentos, sobrepreço e superfaturamento quantitativo, ou seja, quantidade de medicamentos entregue inferior à quantidade contratada.

O ministro Augusto Nardes, relator do processo, destacou, em seu voto, que as inconformidades identificadas se devem “à deficiência de governança, à fragilidade dos controles internos, à omissão da autoridade competente pela homologação do certame licitatório e pela contratação e à omissão dos responsáveis pela fiscalização do contrato”.
Além das irregularidades relacionadas aos procedimentos licitatórios, a auditoria identificou, ainda, ausência de transparência nas contas de estados e municípios que recebem recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) - gestor financeiro dos recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O Tribunal determinou ao Ministério da Saúde que adeque seus normativos referentes aos recursos federais transferidos aos entes federados no âmbito da assistência farmacêutica, de maneira a deixar expressa a necessidade de se utilizar o pregão eletrônico, exceto se houver comprovada inviabilidade. O Ministério também deve orientar aos estados, municípios e ao Distrito Federal quanto à necessidade de adoção preferencial desta modalidade de licitação na aquisição dos fármacos.

A Corte de Contas também fez determinações ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal de forma a garantir a rastreabilidade e transparência dos gastos com recursos oriundos do FNS.

Em dezembro de 2018, o TCU publicou documento com orientações para aquisições públicas de medicamentos. O Guia apresenta um compilado de decisões do Tribunal acerca de temas como modalidades de licitação, pesquisa de preços, critérios de habilitação técnica específicos para os medicamentos e rastreabilidade de notas fiscais. Confira em anexo.

Serviço
Leia a íntegra da decisão: Acórdão no 1691/2019 – TCU – Plenário
Processo: TC 017.572/2017-7
Sessão: 24/7/2019
Secom – VA/PD
O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou fiscalização sobre os processos de aquisição de medicamentos que ocorreram de forma centralizada pelo Ministério da Saúde e as realizadas pelas secretarias de Saúde selecionadas, mediante transferência de recursos federais. A auditoria avaliou o atendimento aos pressupostos legais das licitações e contratações selecionadas e apontou a necessidade de adoção de medidas para aprimorar os controles internos e promover mais transparência dos gastos públicos.
Foram constatados indícios de direcionamento e montagem de licitações, contratações diretas não justificadas e adoção de modalidade de licitação inadequada. O Tribunal também identificou deficiência no controle de estoque dos medicamentos, sobrepreço e superfaturamento quantitativo, ou seja, quantidade de medicamentos entregue inferior à quantidade contratada.

O ministro Augusto Nardes, relator do processo, destacou, em seu voto, que as inconformidades identificadas se devem “à deficiência de governança, à fragilidade dos controles internos, à omissão da autoridade competente pela homologação do certame licitatório e pela contratação e à omissão dos responsáveis pela fiscalização do contrato”.

Além das irregularidades relacionadas aos procedimentos licitatórios, a auditoria identificou, ainda, ausência de transparência nas contas de estados e municípios que recebem recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) - gestor financeiro dos recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O Tribunal determinou ao Ministério da Saúde que adeque seus normativos referentes aos recursos federais transferidos aos entes federados no âmbito da assistência farmacêutica, de maneira a deixar expressa a necessidade de se utilizar o pregão eletrônico, exceto se houver comprovada inviabilidade. O Ministério também deve orientar aos estados, municípios e ao Distrito Federal quanto à necessidade de adoção preferencial desta modalidade de licitação na aquisição dos fármacos.

A Corte de Contas também fez determinações ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal de forma a garantir a rastreabilidade e transparência dos gastos com recursos oriundos do FNS.

Em dezembro de 2018, o TCU publicou documento com orientações para aquisições públicas de medicamentos. O Guia apresenta um compilado de decisões do Tribunal acerca de temas como modalidades de licitação, pesquisa de preços, critérios de habilitação técnica específicos para os medicamentos e rastreabilidade de notas fiscais. Confira em anexo.

Serviço
Leia a íntegra da decisão: Acórdão no 1691/2019 – TCU – Plenário
Processo: TC 017.572/2017-7
Sessão: 24/7/2019


HOJE DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AS HEPATITES VIRAIS


As hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que afetam o fígado, ou, em uma explicação mais simples, são inflamações do órgão. O fígado desempenha diversas funções, como a desintoxicação do corpo, o armazenamento de vitaminas e a sintetização do colesterol.

Entre 1999 e 2018, o Ministério da Saúde recebeu 632.814 notificações da doença. No período, a hepatite com mais registros foi a do tipo A (233.027), seguida pelas variedades C (228.695), A (167.108) e D (3.984).

A hepatite C foi o único tipo que teve crescimento, de 2014 para 2018. A taxa de incidência passou de 11,9 para 12,6 casos a cada 100 mil habitantes.

Por iniciativa do Brasil, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu, em 2010, o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Desde então, a data vem sendo celebrada anualmente, em 28 de julho. As hepatites virais são a causa de morte de cerca de 1,7 milhão de pessoas, por ano, no mundo.

Estigma
O preconceito continua sendo uma barreira para as pessoas que têm o diagnóstico confirmado. O tratamento discriminatório faz com que muitas pessoas que têm o diagnóstico sintam vergonha de sua condição, segundo Margô*, que montou uma organização não governamental (ONG) para lutar pela melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Ela contraiu o vírus através de uma transfusão de sangue, procedimento que se apresentou como saída para as sucessivas hemorragias que teve após a realização de uma cirurgia de garganta.

A detecção da hepatite C apareceu inesperadamente, sem suspeitas por parte de Margô. Ao entrar na terceira idade, ela decidiu que deveria fazer um check-up, para verificar se estava com a saúde em dia. Ao comentar com seu médico que havia feito a cirurgia, anos antes, o profissional adicionou à lista o exame que identifica a hepatite. "Quando veio o resultado, não entendi e levei ao medico. Me preocupou."

Certa vez, relata, um oftalmologista a colocou para fora do consultório, por medo de contágio. A mesma atitude foi testemunhada sistematicamente por ela no trabalho à frente da ONG, que existiu por seis anos.

Ao longo dos anos de trabalho na instituição, Margô atuou em várias frentes pela humanização dos pacientes com hepatite, pleiteando, inclusive, acesso a tratamentos para pacientes pelo Sistema Único de Saúde. As demandas vindas de pessoas de baixa renda chegam até hoje, conta Margô, mesmo após encerrar o trabalho da ONG.

Tratamento e prevenção
Lia Lewis, chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), avalia que o "principal gargalo" relativo à hepatite é identificá-la. Para ela, o acesso aos testes que permitem o diagnóstico precoce é fundamental para que haja uma diminuição no índice da doença. O governo federal distribuiu, em 2018, 25 milhões de testes de hepatite B e C.

"A maioria dos portadores dos vírus de hepatite B e C é, geralmente, assintomática. Eis o problema. Como você não sente nada, você não procura um médico, não acredita que tem necessidade de fazer um teste. O problema é que, de cada dez pessoas, uma possa sentir sintomas no momento em que se infecta, mas isso é raro", pontua Lia.

De acordo com a especialista, outro fator preocupante é que muitas pessoas, sem saber que têm a doença, mantêm o hábito de ingerir bebida alcoólica, o que agrava o estado do fígado. "Isso pode acelerar o processo de cirrose e câncer de figado. Então, quanto mais cedo identificar, melhor o prognóstico, porque [o paciente] pode estar com cirrose em fase bem inicial e não sentir ainda", explica.

Ministério da Saúde informou que, desde janeiro deste ano, foram distribuídos, entre os estados e o Distrito Federal, 24 mil tratamentos completos para hepatite C. A expectativa é de que, até dezembro, cerca de 50 mil pessoas com infecção pelo vírus C sejam tratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, existem vacinas para os tipos A e B da hepatite, que podem ser obtidas nos postos da rede pública de saúde. O Ministério da Saúde destaca no site que a hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, de maneira que a evolução para cirrose e câncer pode ser evitada.

A hepatite A é uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso. Normalmente, a melhora ocorre em algumas semanas e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. Apesar disso, a recomendação é de que, independentemente do tipo, as consultas médicas sejam feitas regularmente, já que as infecções podem piorar.

Entre as medidas de prevenção da doença destacam-se uma estrutura adequada de saneamento básico, boas práticas de higiene pessoal, o uso de preservativos em relações sexuais e o uso de agulhas e seringas descartáveis. É importante também que não se compartilhem objetos perfurocortantes, como barbeadores e instrumentos de manicure e pedicure.

Avanços da ciência
Pesquisadora da área há mais de duas décadas, Lia Lewis considera que houve progressos quanto aos medicamentos usados no tratamento da hepatite. Segundo ela, atualmente, é possível administrar doses de medicação oral durante oito semanas somente, quando o caso é menos grave.

Lia comenta que sua equipe vem trabalhando, em parceria com estudiosos dos Estados Unidos, para compreender o mecanismo de resposta imunológica de pacientes. Ela complementa dizendo que o grau de mutação do vírus da doença é o obstáculo para o desenvolvimento de uma vacina para a hepatite C.

"O vírus muda muito. Às vezes, tem que descobrir qual é a região do vírus, uma proteína ou um antígeno em cima do qual se possa fazer a vacina, que possa abranger todas as cepas de genótipos. É também a historia do HIV.", completa

*O nome da entrevistada é fictício.
Letycia Bond - Repórter da Agência Brasil Brasília


domingo, 28 de julho de 2019

Hepatite: conheça os 7 tipos da inflamação no fígado


Segundo relatório do Ministério da Saúde, número de casos da doença diminuiu 7% na última década

POR GIULIANA VIGGIANO

MANTER OS EXAMES EM DIA É ESSENCIAL NA PREVENÇÃO CONTRA HEPATITE (FOTO: FLICKR/PREFEITURA DE VOTUPORANGA, SP)

Hepatite nada mais é que a inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Hábitos como uso excessivo de drogas, álcool e de certos medicamentos também pode abrir brecha para a doença.

No Brasil, o número total de casos caiu 7% nos últimos dez anos, de acordo com um novo relatório Ministério da Saúde. Em 2018, fora notificados 42 mil casos da doença – em 2008, eram 45 mil. Também houve diminuição de 9% no índice de mortalidade.

As notícias são boas, mas a doença ainda merece atenção: o governo estipula que 500 mil pessoas não sabem que vivem com o vírus responsável pela hepatite C. Isso porque, em boa parte dos casos, os sintomas demoram a aparecer. Quando se manifestam, o indivíduo pode apresentar cansaço, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.  


O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos ou exames laboratoriais, todos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde, detectar e tratar a inflamação em estado inicial é importante para prevenir complicações, como cirrose e câncer de fígado.

(FOTO: BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)

Os tipos de hepatite

Hepatite A
O vírus causador da hepatite A está presente em alimentos e bebidas contaminadas e afeta principalmente crianças. Como é uma doença viral, não há tratamento específico – só medidas paliativas.

A vacina é a melhor forma de prevenir o problema. Ela faz parte do Programa Oficial de Vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde, então está disponível na rede pública. Recomenda-se a aplicação em crianças maiores de 1 ano e em pessoas que convivam com quem está infectado.

Apenas 1,7% dos casos de morte por hepatite são do tipo A. Para preveni-la, a orientação é evitar o consumo de alimentos mal cozidos, não higienizados e com procedência duvidosa. Também é indicado lavar as mãos antes das refeições e beber apenas água clorada ou fervida.

Hepatite B
Dos casos de morte por hepatite reportados no Brasil, 21,3% são do tipo B, que é transmitida principalmente pelo contato com sangue contaminado. Isso pode acontecer por meio do compartilhamento de seringas, agulhas, alicates de unha, lâminas e outros materiais cortantes. Também pode ser contraída em relações sexuais, mas o maior número de casos ocorre via transmissão vertical: quando a mãe passa para o bebê durante a gravidez.

(FOTO: BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)

Também pode ser prevenida pela vacinação, prevista no Calendário Nacional e aplicada ainda nas primeiras 12 horas de vida. No caso de mães que têm a doença, a amamentação pode ocorrer se a criança for vacinada corretamente. 

O tratamento depende da gravidade da doença. Em casos simples, o sistema imunológico geralmente consegue combater os vírus sozinho em até 6 meses. Já para casos crônicos não há cura, mas realizar tratamento é essencial para controlar a inflamação e evitar o agravamento do cenário.

Hepatite C
hepatite C é a forma mais letal da doença: 76% dos 70.671 brasileiros que morreram entre 2000 e 2017 de causas associadas à inflamação tinham essa versão da doença. A contaminação ocorre pelo contato com sangue, principalmente pelo compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas. Outras formas de contrair o vírus são via relações sexuais desprotegidas ou de mãe para bebê.

Segundo o Ministério da Saúde, a chance de cura é de 90% se o tratamento for seguido corretamente. O Brasil tem a meta de eliminar a hepatite C do país até 2030 e, para isso, o SUS ofereceu 100 mil medicamentos para tratar a doença só nos últimos 3 anos. Ainda de acordo com a pasta, as medicações e o suporte psicológico estão disponíveis para pacientes em qualquer estágio da doença, independentemente do dano no fígado.

Hepatite D

Para sobreviver no corpo humano, o vírus responsável pela hepatite D precisa que o microrganismo causador do tipo B da doença esteja presente. Sendo assim, sua ocorrência é menor: é responsável por 1,1% dos óbitos pela enfermidade.

(FOTO: BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)

Por conta dessa relação, o problema também pode ser prevenido pela vacinação contra a hepatite B, prevista no Calendário Nacional. O contágio também se dá por relações sexuais e contato com sangue infectado. 





Hepatite E
A modalidade é rara no Brasil e mais comum na Ásia e na África, por isso quem viaja para esses locais deve ter cuidado extra com os produtos consumidos. O vírus afeta quem ingere alimentos e bebidas contaminados com o microrganismo.

A inflamação costuma ser leve e de curta duração e não requer nenhum tratamento. Quadros mais graves podem aparecer em pacientes com sistema imunológico enfraquecido, como em mulheres grávidas.

Hepatite alcoólica
A hepatite alcoólica é causada pelo consumo excessivo de álcool durante muitos anos. Geralmente não causa nenhum sintoma até atingir graus mais severos. Em algumas pessoas se manifesta por meio de icterícia (pele e olhos amarelados) e insuficiência hepática.

HEPATITE ALCOÓLICA EVIDENCIADA POR ALTERAÇÕES CELULARES (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)

Também é considerada a primeira fase da doença hepática alcoólica, que resulta em acúmulo de gordura no fígado e, em estágios mais avançados, pode levar à cirrose.

Parar de beber em excesso permite que o órgão de um ex-alcoólatra eventualmente se recupere. Entidades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio ministério brasileiro, recomendam que o consumo de álcool não ultrapasse 14 unidades por semana para mulheres e 21 para homens. Vale lembrar que 1 lata de cerveja equivale a 1,7 dessas unidades; 1 cálice de vinho a 1,1; e 1 dose de destilado a 2 unidades. Neste site, é possível saber mais sobre esses números.

Hepatite autoimune
Essa inflamação ocorre quando o sistema imunológico se volta contra as células do fígado. A causa exata da doença não é clara, mas fatores genéticos e ambientais parecem contribuir para seu desencadeamento.

Eventualmente, o fígado pode ficar tão danificado que deixa de funcionar adequadamente e um transplante é necessário. Contudo, tratamentos que controlam o sistema imunológico e reduzem a inflamação têm se mostrado bem-sucedidos e uma boa alternativa para alguns casos.


Butantan se expande para exportar vacina contra a gripe


Além das 65 milhões de doses por ano para o Ministério da Saúde, o instituto poderá oferecer outras 60 milhões para o Hemisfério Norte já em 2020

Elisa Martins
27/07/2019 - 04:30 / Atualizado em 27/07/2019 - 11:44


Produção de vacina no Instituto Butantan, em São Paulo, vai ganhar investimentos Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO — Canteiros de obras, andaimes, caminhões e guindastes dividem espaço hoje no Instituto Butantan , junto à Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo.




A instituição pública centenária, referência nacional na produção de soros e vacinas , está em expansão. E se prepara, em meio a surtos como o de sarampo e a queda na cobertura vacinal da população , para intensificar a fabricação de imunizações e até exportar vacina — a da gripe , um de seus carros-chefe.

A planta que hoje produz a vacina influenza trivalente sazonal está em obras de ampliação e adequação às exigências da Organização Mundial da Saúde ( OMS ) para se lançar ao mercado internacional. A autorização é esperada para outubro deste ano.

Com a capacidade aumentada, além das 65 milhões de doses contra a gripe que o Butantan já produziu neste ano como único fornecedor para o Ministério da Saúde , o instituto poderá oferecer pelo menos outras 60 milhões de doses para o Hemisfério Norte já no ano que vem.

— Não podemos ficar na dependência exclusiva do dinheiro público — diz o diretor, Dimas Tadeu Covas, à frente do instituto desde 2017. — Triplicamos a capacidade de produção da fábrica da gripe e, no ano passado, já atendíamos integralmente o ministério. A partir deste ano, geramos capacidade adicional. Hoje podemos ter dois períodos de produção no ano, e trabalhamos para que a partir de 2020 nossa vacina esteja disponível para outros países também.

Produção de vacina contra dengue no Butantan, em SP. Planta do instituto será ampliada Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

O Butantan aguarda, ainda, a liberação de um pedido inédito de financiamento ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de US$ 450 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) para a construção de um novo centro de produção de imunizações.

A planta será dedicada à fabricação de sete vacinas: HPV, hepatite A, hepatite B, difteria, tétano, coqueluche (pertússis) e coqueluche (pertússis) acelular.

— Já fizemos a discussão preliminar do projeto, e o banco avaliou que temos condição de assumir o empréstimo. Agora o projeto depende de detalhamento — explica Covas.

Em agosto, ele acompanhará o governador de São Paulo, João Doria, na comitiva de uma viagem à China. Projetos em saúde ganharam importância nas negociações do grupo previstas no outro lado do mundo.

— Pensamos em complementação das cadeias de produção e, talvez, até em ajuda no projeto do centro de produção de vacinas. A China tem grande capacidade de investimento e pesquisa avançada — diz Covas.

Parque ganhou um macacário
O centro administrativo da instituição, onde fica a direção, é um dos poucos que não passa hoje por remodelação ou obra. Até o parque do instituto, uma área com 80 hectares de verde e três museus, passou por mudanças e ganhou um macacário.

Perto dali, operários aceleram a construção de outra fábrica, para produção de seis anticorpos monoclonais, que são medicamentos de alto custo fornecidos pelo SUS e utilizados no tratamento de câncer e doenças autoimunes. Em uma parceria com a farmacêutica Libbs, a planta deve ficar pronta no ano que vem. 

Atrás dessa planta, mais uma se prepara para acelerar a produção. É a de vacina para dengue, um projeto que está em fase 3 de estudos clínicos, com cerca de 17 mil voluntários vacinados, outro carro-chefe do Butantan. 

— Com tudo pronto, a planta terá capacidade de produzir cerca de 30 milhões de doses por ano — diz Eduardo Adami, gerente de produção e responsável pela fábrica de vacina da dengue.

O produto partiu de um licenciamento do Instituto Nacional de Saúde (NIH), dos Estados Unidos. Os testes já indicaram a segurança da vacina e que ela induz a formação de anticorpos para os quatro sorotipos do vírus da dengue.

Falta avaliar a eficácia, o que quer dizer se os anticorpos produzidos são suficientes para proteger da doença. A previsão é que os resultados sejam anunciados até o início de 2021. 
— Agora dependemos da circulação do vírus entre a população para comprovar a eficácia da vacina — diz a gerente de projetos de vacinas virais Neusa Gallina, responsável pelo desenvolvimento da vacina contra a dengue do Butantan. — Imagine com uma única dose, segundo os testes indicam até agora, poder ter uma imunização eficiente. Não de 100%, porque nem todos respondem, mas que seja de 90%. Isso significa que 90% dos vacinados não terão mais dengue. É um significado importante não só para o Brasil, mas para o mundo. 

A iniciativa chamou a atenção da farmacêutica americana Merck Sharp and Dhome (MSD), que, no ano passado, anunciou um acordo inédito com o Butantan de colaboração tecnológica e pesquisa.

O centro brasileiro já começou a receber parte dos US$ 101 milhões previstos no trato, que serão investidos em pesquisa e na produção de outras vacinas. 

Para além das vacinas, também está nos planos do instituto aumentar a produção de soros e bater centros de produção de China e Índia na liderança da fabricação mundial de remédios para picadas de animais peçonhentos.

A longo prazo, outra aposta é substituir a produção de soros hoje feita em animais para a área de anticorpos monoclonais, o que significaria, na prática, substituir os cavalos pela produção em laboratório. Os investimentos já começaram. 




sábado, 27 de julho de 2019

Congresso é iluminado de amarelo em alerta sobre as hepatites virais



As cúpulas do Congresso Nacional serão iluminadas de amarelo entre domingo (28) e quarta-feira (31) para marcar a passagem do Julho Amarelo, campanha contra as hepatites virais. A iniciativa de alterar a cor do prédio foi adotada a partir de propostas encaminhadas pelo senador Jayme Campos (DEM-MT) e também pelo deputado federal Ricardo Barros (PP-PR).

A campanha Julho Amarelo foi instituída pela Lei 13.802/19 e coincide com o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, 28 de julho, criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2010.

— Uma das prerrogativas do Senado da República é zelar pela qualidade de vida do cidadão brasileiro. Nesse sentido, o Julho Amarelo constitui importante mecanismo de luta no combate às hepatites virais. Manter a população bem informada se torna uma grande arma na prevenção desse terrível mal — disse Jayme Campos.

O Ministério da Saúde estima que há 1,7 milhão de brasileiros portadores do vírus da hepatite C e 756 mil portadores do vírus da hepatite B.

Inflamações
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e E, esse último mais frequente na África e na Ásia. Milhões de pessoas no Brasil são portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Em nosso país, das cerca de 33 mil mortes por hepatites virais por ano, 70%  são decorrentes da hepatite C, seguido da hepatite B (21,8%) e A (1,7%).

Para o deputado Ricardo Barros, o grande desafio no que se refere às hepatites virais é a falta de conhecimento, uma vez que a doença nem sempre apresenta sintomas.

— Muitas pessoas não sabem que estão infectadas e, além de não realizarem o devido tratamento, acabam disseminando a doença. Por isso recomenda-se a realização do teste para hepatite C pelo menos uma vez na vida com o objetivo de diagnosticar e tratar o mais precocemente — aconselhou o parlamentar, que também já foi ministro da Saúde.

A falta de sintomas aumenta os riscos de a doença evoluir e se tornar crônica, causando danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer. O SUS oferece tratamento para todos independente do grau de lesão do fígado.



sexta-feira, 26 de julho de 2019

Apresentação Alfob - VIII Assembleia do CONASS

Vacina contra o HIV será testada em humanos pela primeira vez no Brasil


Uma vacina contra o HIV será testada pela primeira vez no Brasil e em mais sete países da América e Europa em 2019. A equipe responsável por estes estudos, que integra o Projeto Mosaico, anunciou nesta terça-feira (23) que testará a vacina nos EUA, Argentina, Brasil, Itália, México, Peru, Polônia e Espanha.

“Os testes devem começar no final deste ano e vai envolver 3.800 voluntários de oito países da América do Norte, América do Sul e Europa”, disse em coletiva de imprensa a cientista holandesa Hanneke Schuitemaker.

A especialista apresentou os próximos passos do projeto na 10ª Conferência da Sociedade Internacional da Aids sobre a Ciência do HIV (IAS 2019), que terminou nesta quarta (24) na Cidade do México.

“Quando tivermos os resultados sobre esta fase do projeto, vamos juntá-los ao anterior Imbokodo, realizado no continente africano. Esperamos poder consolidar todos os dados dentro de dois anos. Os resultados iniciais do Imbokodo devem ser liberados no final de 2021 e os do Mosaico, que esperamos começar ainda este ano, serão divulgados em 2023.”

Testes em escala mundial
A pesquisa trabalha com um conceito de vacinas desenvolvidas a partir de um “mosaico” de antígenos. A imunização comprime uma seleção de subtipos do HIV para induzir respostas imunológicas contra a maior parte das variações do vírus presentes no mundo.

Os subtipos são mais ou menos predominantes de acordo com as separações geográficas. No sul do continente africano, o mais presente é o subtipo C, já na Europa e nas Américas o vírus do subtipo B predomina.

Participantes desta fase de testes receberão, além das quatro doses da imunização, um pacote de prevenção contra o HIV que inclui o acesso a medicamentos de Profilaxia pré-exposição (PrEP).

Público alvo dos estudos
Os testes se concentram em populações de risco. Nos experimentos em território africano, foram as mulheres que receberam a vacina. De acordo com a Agência das Nações Unidas de Luta contra a Aids (Unaids), naqueles países, elas representam quase 60% dos casos de incidência da doença.

Na Europa e nas Américas o perfil é outro. Entre o grupo de risco estão, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, que representam dois terços dos novos diagnósticos. Receberão a vacina de teste indivíduos com idades entre 18 e 60 anos.

A pesquisadora norte-americana Susan Buchbinder, responsável pela Rede de Testes de Vacinas contra o HIV (HVTN), comentou em nota que este é um passo importante para o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz.

“Homens que fazem sexo com homens e mulheres transexuais podem se beneficiar enormemente de uma vacina preventiva contra o HIV”, disse.


Fonte: Zero83


Fiocruz Rondônia avança na pesquisa de vetores da leishmaniose



Pesquisadores do Laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia identificaram a presença do parasito causador da leishmaniose em pelo menos três espécies de flebotomíneos consideradas abundantes em unidades de conservação e em áreas rurais do estado. Os resultados encontrados serão apresentados durante o 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (de 29 a 31 de julho), na cidade de Belo Horizonte (MG), e podem direcionar novas pesquisas envolvendo os flebotomíneos na região, uma vez que são poucos os estudos desenvolvidos em Rondônia sobre essas espécies. A pesquisa pode contribuir para um melhor entendimento do ciclo de transmissão e da epidemiologia da leishmaniose. 

Pesquisa pode contribuir para um melhor entendimento do ciclo de transmissão e da epidemiologia da leishmaniose (foto: Fiocruz Rondônia)

Algumas espécies de flebotomíneos têm importância na transmissão de parasitas, pois são vetores de protozoários que causam as leishmanioses. Entre os principais resultados das pesquisas realizadas pelo grupo, foi verificada maior diversidade desses insetos no ambiente de unidades de conservação. Também foi observada a presença das espécies coletadas em áreas com animais de criação e próximas a ambientes de mata, em regiões não preservadas nos municípios de Cacaulândia, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Monte Negro, Porto Velho e Vilhena.

"A presença do DNA do parasito causador da leishmaniose, mais especificamente as espécies Leishmania braziliensis e Leishmania guyanensis, foram observadas em alguns exemplares, sendo que a espécie do parasito Leishmania brasiliensis é predominante nos casos humanos de leishmaniose tegumentar", explica o pesquisador Antonio Marques Pereira Júnior. 

O registro ainda demonstra a circulação do parasito no ambiente pesquisado, o que requer continuidade nos estudos com flebotomíneos na Amazônia Ocidental. “Dadas as dificuldades de se realizar pesquisas com esses insetos, como falta de especialistas, e o tempo que cada estudo demanda, pode-se concluir que certamente qualquer pessoa ao acessar regiões de mata e áreas de conservação estará exposta ao contato com o vetor causador da leishmaniose”, alerta o pesquisador.

Ainda segundo Antonio, também foi detectada no intestino de fêmeas de flebotomíneos, por meio de procedimentos de biologia molecular, a presença do DNA de alguns organismos, como Bos taurus (boi) e Homo sapiens (humano), e de animais silvestres, como Dasypus novemcinctus (tatu), Pecari tajacu (porco do mato) e Tamanduá Tetradacyla (tamanduá), evidenciando que esses insetos podem se alimentar do sangue de variados animais no ambiente. 


Manual pode contribuir para combate à doença de Chagas



O lançamento do Manual Técnico das Atividades de Controle dos Triatomíneos será um dos destaques da 55ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de MedicinaTropical, que acontecerá entre os dias 28 e 31 de julho. A publicação foi elaborada com base na experiência da autora, Janice Borba, que, por mais de 30 anos, esteve à frente da Vigilância Entomológica da Doença de Chagas na Regional de Divinópolis (MG), área endêmica para a doença. O manual recebeu aporte financeiro da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, que compreendeu a importância do compartilhamento dessa experiência.

Material poderá ser adaptado e servir de guia para as diversas regiões do estado e do país (foto: Fiocruz Minas)
“Há muito tempo já pensava em elaborar algo parecido. Quando decidi que me aposentaria, nasceu o desejo de deixar uma ferramenta de trabalho de fácil compreensão, prática, útil e que permitisse dar continuidade às atividades desenvolvidas”, afirmou Janice, que participou do Programa de Controle da Doença de Chagas desde seu ingresso na extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), em 1984, e acompanhou todo o processo de implementação do serviço de Vigilância Entomológica nos municípios.

O manual traz informações detalhadas acerca da metodologia empregada no controle dos vetores e poderá atuar como norteador do trabalho dos diferentes atores envolvidos na missão de vigilância da doença de Chagas, como agentes de saúde, coordenadores municipais de endemia, vigilância em saúde, epidemiológica, entre outros. São mais de 100 páginas, em que são descritas cada uma das etapas componentes das ações de controle, disponibilizando até mesmo o modelo de fichas de visita domiciliar e formulário de registro das atividades.

“Fiz uma busca por documentos produzidos na Regional de Saúde no decorrer dos anos trabalhados. Para facilitar, elaborei uma relação constando as etapas do trabalho, visando sistematizar o assunto. Foram muitas idas e vindas no texto, buscando sempre interpretá-lo com o olhar dos profissionais envolvidos com vistas a melhorá-lo e organizá-lo de forma mais estruturada e pedagógica possível”, contou a autora. Segundo ela, a ideia inicial era disponibilizar o material apenas em plataforma digital para livre e fácil acesso aos interessados, mas, com o apoio recebido, foi possível fazer também uma versão impressa.
“A publicação vem legitimada pela Fiocruz, por meio da Dra. Lileia Diotaiuti e Dr. Rivaldo Venâncio, e também da SES-MG. Acredito que causará uma boa repercussão nos municípios e que seu alcance ultrapassará as fronteiras de Minas Gerais”, disse.

De acordo com a pesquisadora Liléia Diotaiuti, coordenadora do Laboratório de Referência em Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas da Fiocruz Minas, não existe nenhuma outra publicação contemplando essas informações, com destaque para os formulários de acompanhamento do trabalho, permitindo a análise dos resultados e adequações metodológicas. Dessa forma, o material poderá ser adaptado e servir de guia para as diversas regiões do estado e do país. “Trata-se de um conteúdo muito rico, elaborado pela Janice com muito cuidado; certamente, contribuirá para o fortalecimento das ações de controle da doença de Chagas”, declarou Lileia.


Calendário Agenda