Segundo
relatório do Ministério da Saúde, número de casos da doença diminuiu 7% na
última década
/ POR
GIULIANA VIGGIANO
MANTER
OS EXAMES EM DIA É ESSENCIAL NA PREVENÇÃO CONTRA HEPATITE (FOTO:
FLICKR/PREFEITURA DE VOTUPORANGA, SP)
Hepatite
nada mais é que a inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus, doenças
autoimunes, metabólicas ou genéticas. Hábitos como uso excessivo de drogas,
álcool e de certos medicamentos também pode abrir brecha para a doença.
No
Brasil, o número total de casos caiu 7% nos últimos dez anos, de acordo com um
novo relatório Ministério da Saúde. Em 2018, fora
notificados 42 mil casos da doença – em 2008, eram 45 mil. Também houve
diminuição de 9% no índice de mortalidade.
As
notícias são boas, mas a doença ainda merece atenção: o governo estipula que
500 mil pessoas não sabem que vivem com o vírus responsável pela hepatite C.
Isso porque, em boa parte dos casos, os sintomas demoram a aparecer. Quando se
manifestam, o indivíduo pode apresentar cansaço, febre, dor abdominal, pele e
olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
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O
diagnóstico pode ser feito por testes rápidos ou exames laboratoriais, todos
disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério
da Saúde, detectar e tratar a inflamação em estado inicial é importante para
prevenir complicações, como cirrose e câncer de fígado.
(FOTO:
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)
Os
tipos de hepatite
Hepatite
A
O
vírus causador da hepatite A está presente em alimentos e bebidas
contaminadas e afeta principalmente crianças. Como é uma doença viral, não há
tratamento específico – só medidas paliativas.
A
vacina é a melhor forma de prevenir o problema. Ela faz parte do Programa
Oficial de Vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde, então está disponível
na rede pública. Recomenda-se a aplicação em crianças maiores de 1 ano e em
pessoas que convivam com quem está infectado.
Apenas
1,7% dos casos de morte por hepatite são do tipo A. Para preveni-la, a
orientação é evitar o consumo de alimentos mal cozidos, não higienizados e com
procedência duvidosa. Também é indicado lavar as mãos antes das refeições e
beber apenas água clorada ou fervida.
Hepatite
B
Dos
casos de morte por hepatite reportados no Brasil, 21,3% são do tipo B, que é
transmitida principalmente pelo contato com sangue contaminado. Isso pode
acontecer por meio do compartilhamento de seringas, agulhas, alicates de unha,
lâminas e outros materiais cortantes. Também pode ser contraída em relações sexuais, mas o maior
número de casos ocorre via transmissão vertical: quando a mãe passa para o bebê
durante a gravidez.
(FOTO:
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)
Também
pode ser prevenida pela vacinação, prevista no Calendário Nacional e aplicada ainda nas
primeiras 12 horas de vida. No caso de mães que têm a doença, a amamentação
pode ocorrer se a criança for vacinada corretamente.
O
tratamento depende da gravidade da doença. Em casos simples, o sistema imunológico
geralmente consegue combater os vírus sozinho em até 6 meses. Já para casos
crônicos não há cura, mas realizar tratamento é essencial para controlar a
inflamação e evitar o agravamento do cenário.
Hepatite
C
A hepatite C
é a forma mais letal da doença: 76% dos 70.671 brasileiros que morreram entre
2000 e 2017 de causas associadas à inflamação tinham essa versão da doença. A
contaminação ocorre pelo contato com sangue, principalmente pelo
compartilhamento de seringas e agulhas por usuários de drogas. Outras formas de
contrair o vírus são via relações sexuais desprotegidas ou de mãe para bebê.
Segundo
o Ministério da Saúde, a chance de cura é de 90% se o tratamento for seguido
corretamente. O Brasil tem a meta de eliminar a hepatite C do país até 2030 e,
para isso, o SUS ofereceu 100 mil medicamentos para tratar a doença só nos
últimos 3 anos. Ainda de acordo com a pasta, as medicações e o suporte
psicológico estão disponíveis para pacientes em qualquer estágio da doença,
independentemente do dano no fígado.
Hepatite
D
Para
sobreviver no corpo humano, o vírus responsável pela hepatite D precisa que o
microrganismo causador do tipo B da doença esteja presente. Sendo assim, sua
ocorrência é menor: é responsável por 1,1% dos óbitos pela enfermidade.
(FOTO:
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - HEPATITES VIRAIS 2019/MINISTÉRIO DA SAÚDE)
Por
conta dessa relação, o problema também pode ser prevenido pela
vacinação contra a hepatite B, prevista no Calendário Nacional. O contágio
também se dá por relações sexuais e contato com sangue infectado.
Hepatite
E
A
modalidade é rara
no Brasil e mais comum na Ásia e na África, por isso quem viaja
para esses locais deve ter cuidado extra com os produtos consumidos. O vírus
afeta quem ingere alimentos e bebidas contaminados com o microrganismo.
A
inflamação costuma ser leve e de curta duração e não requer nenhum tratamento.
Quadros mais graves podem aparecer em pacientes com sistema imunológico
enfraquecido, como em mulheres grávidas.
Hepatite
alcoólica
A
hepatite alcoólica é causada pelo consumo excessivo de álcool durante
muitos anos. Geralmente não causa nenhum sintoma até atingir graus mais
severos. Em algumas pessoas se manifesta por meio de icterícia (pele e olhos
amarelados) e insuficiência hepática.
HEPATITE
ALCOÓLICA EVIDENCIADA POR ALTERAÇÕES CELULARES (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Também
é considerada a primeira fase da doença hepática alcoólica, que resulta em
acúmulo de gordura no fígado e, em estágios mais avançados, pode levar à
cirrose.
Parar
de beber em excesso permite que o órgão de um ex-alcoólatra eventualmente se
recupere. Entidades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio
ministério brasileiro, recomendam que o consumo de álcool não ultrapasse 14
unidades por semana para mulheres e 21 para homens. Vale lembrar que 1 lata de
cerveja equivale a 1,7 dessas unidades; 1 cálice de vinho a 1,1; e 1 dose de
destilado a 2 unidades. Neste
site, é possível saber mais sobre esses números.
Hepatite
autoimune
Essa
inflamação ocorre quando o sistema imunológico se volta contra as células do
fígado. A causa exata da doença não é clara, mas fatores genéticos e ambientais
parecem contribuir para seu desencadeamento.
Eventualmente,
o fígado pode ficar tão danificado que deixa de funcionar adequadamente e um
transplante é necessário. Contudo, tratamentos que controlam o sistema
imunológico e reduzem a inflamação têm se mostrado bem-sucedidos e uma boa
alternativa para alguns casos.
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