Pesquisadores do Laboratório
de Entomologia da Fiocruz Rondônia identificaram a presença do parasito
causador da leishmaniose em pelo menos três espécies de flebotomíneos consideradas
abundantes em unidades de conservação e em áreas rurais do estado. Os
resultados encontrados serão apresentados durante o 55º
Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (de 29 a 31
de julho), na cidade de Belo Horizonte (MG), e podem direcionar novas pesquisas
envolvendo os flebotomíneos na região, uma vez que são poucos os estudos
desenvolvidos em Rondônia sobre essas espécies. A pesquisa pode contribuir para
um melhor entendimento do ciclo de transmissão e da epidemiologia da
leishmaniose.
Pesquisa pode contribuir para
um melhor entendimento do ciclo de transmissão e da epidemiologia da
leishmaniose (foto: Fiocruz Rondônia)
Algumas espécies de
flebotomíneos têm importância na transmissão de parasitas, pois são vetores de
protozoários que causam as leishmanioses. Entre os principais resultados das
pesquisas realizadas pelo grupo, foi verificada maior diversidade desses
insetos no ambiente de unidades de conservação. Também foi observada a presença
das espécies coletadas em áreas com animais de criação e próximas a ambientes
de mata, em regiões não preservadas nos municípios de Cacaulândia, Cacoal,
Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Monte Negro, Porto Velho e Vilhena.
"A presença do DNA do
parasito causador da leishmaniose, mais especificamente as espécies Leishmania
braziliensis e Leishmania guyanensis, foram observadas em alguns exemplares,
sendo que a espécie do parasito Leishmania brasiliensis é predominante nos
casos humanos de leishmaniose tegumentar", explica o pesquisador Antonio
Marques Pereira Júnior.
O registro ainda demonstra a
circulação do parasito no ambiente pesquisado, o que requer continuidade nos
estudos com flebotomíneos na Amazônia Ocidental. “Dadas as dificuldades de se
realizar pesquisas com esses insetos, como falta de especialistas, e o tempo
que cada estudo demanda, pode-se concluir que certamente qualquer pessoa ao
acessar regiões de mata e áreas de conservação estará exposta ao contato com o
vetor causador da leishmaniose”, alerta o pesquisador.
Ainda segundo Antonio, também
foi detectada no intestino de fêmeas de flebotomíneos, por meio de
procedimentos de biologia molecular, a presença do DNA de alguns organismos,
como Bos taurus (boi) e Homo sapiens (humano), e de animais silvestres, como
Dasypus novemcinctus (tatu), Pecari tajacu (porco do mato) e Tamanduá
Tetradacyla (tamanduá), evidenciando que esses insetos podem se alimentar do
sangue de variados animais no ambiente.
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