-- Brasília, 8 de setembro
-- Manifestações: O ministro
do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e não uma ruptura
institucional, foi o principal alvo dos discursos que o presidente Jair
Bolsonaro fez ontem em Brasília e São Paulo.
-- Alvo: Em manifestações
consideradas numerosas e pacíficas, o presidente afirmou que ele e seus
apoiadores não admitirão que "pessoas como Alexandre de Moraes açoitem a
democracia e desrespeitem a constituição”.
-- Mensagem: Em rede social, o
senador Flávio Bolsonaro deixou claro o endereçamento do discurso do pai,
dizendo que "não tem absolutamente nada a ver com ataque a STF ou
Congresso, muito pelo contrário" e "que os 10 do STF possam resolver
internamente o único desestabilizador da democracia no momento”.
-- Ruído: Bolsonaro também
disse que não respeitará decisões de Moraes, sugerindo que pode passar a
desobedecer determinações judiciais.
-- Análise: Apesar de ficar
claro que a capacidade de mobilização do bolsonarismo continua muito forte, o
país caminha para um cenário político marcado pelo populismo, a desunião entre
os três Poderes e uma eleição ultrapolarizada, avalia o diretor-geral da Mover,
Guillermo Parra-Bernal.
-- Pauta econômica: O líder do
governo na Câmara, Ricardo Barros, disse que, com os protestos pró-governo de
ontem, "o recado está dado ao Supremo". Segundo Barros, "se o
STF não entender o recado, vamos continuar com a corda esticando". Ele
disse também que "quem está fora do compasso é o Supremo" e que
"manifestações não irão atrapalhar o avanço da agenda econômica",
conforme a Arko Advice.
-- PEC dos precatórios:
O relator na Câmara, Darci de
Matos, disse ao Valor que o tom mais duro de Bolsonaro nos atos de ontem deve
atrapalhar um acordo por meio do Judiciário para solução do pagamento das
dívidas.
-- Reações: O presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, suspendeu as atividades desta semana na Casa. O
presidente do STF, Luiz Fux, fará pronunciamento a partir das 14h00 em resposta
aos discursos.
-- Inelegibilidade: Ministros
de cortes superiores de Justiça, como o STF, ouvidos pela CNN Brasil, avaliaram
que os discursos do presidente agravaram a situação política dele e, tendo em
vista que o Judiciário ainda não aposta que um processo de impeachment, cresce
a tese da inelegibilidade de Bolsonaro.
-- Clima: Na Câmara, o clima é favorável para aprovação das propostas do
governo, mas no Senado a situação é bem mais crítica, reporta o Valor
Econômico.
-- Agenda: A Câmara pode votar
a Reforma Eleitoral, e o STF retoma o julgamento sobre o marco temporal de
terras indígenas.
Edmar
Soares
DRT - 2321