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domingo, 20 de julho de 2014

Grupo avança no conhecimento sobre a caquexia - Os estudos realizados na UMC e na USP têm como foco os pacientes oncológicos

Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e da Universidade de São Paulo (USP) têm promovido avanços na compreensão, diagnóstico e tratamento de uma síndrome complexa conhecida como caquexia.

Caracterizada por uma perda de pelo menos 5% do peso corporal - acompanhada de atrofia do tecido muscular e adiposo, fadiga, fraqueza e, frequentemente, perda de apetite -, a caquexia é uma complicação comum entre portadores de doenças crônicas como câncer, Aids, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os estudos realizados na UMC e na USP têm como foco os pacientes oncológicos.

"O avanço no tratamento da Aids e da insuficiência cardíaca tem conseguido evitar que os pacientes se tornem caquéticos. Mas a síndrome ainda é comum entre portadores de câncer, principalmente de tumores no sistema gastrointestinal. A incidência chega a 80% nos casos de câncer de pâncreas. E, quando o paciente desenvolve caquexia, torna-se refratário aos tratamentos convencionais contra o câncer", contou Miguel Luiz Batista Junior, pesquisador do Laboratório de Biologia do Tecido Adiposo (LaBiTA) da UMC e coordenador do projeto "Bases moleculares da caquexia: adipogênese e remodelagem da matriz extracelular do tecido adiposo branco de pacientes com câncer gastrointestinal", apoiado pela FAPESP.

Segundo Batista Junior, a comunidade científica ainda não sabe ao certo como começa e progride o caos metabólico que resulta na redução progressiva de massa corpórea. Sabe-se que há fatores inflamatórios envolvidos e que quando a perda ultrapassa 10% do peso torna-se praticamente irreversível - sendo muitas vezes a causa da morte dos pacientes oncológicos.

"Partimos da premissa de que o tecido adiposo é afetado precocemente pela caquexia e, por isso, tem um papel fundamental na evolução do quadro. Nosso objetivo é descobrir quais alterações esse tecido sofre durante o desenvolvimento da doença, suas consequências fisiológicas e como elas resultam na redução da massa corporal. Dessa forma, podemos procurar maneiras de detectar a doença em seus estágios iniciais, antes que o quadro esteja, de fato, estabelecido", disse Batista Junior.

Para estudar as transformações do tecido adiposo ao longo do tempo, os pesquisadores induziram um quadro de caquexia em ratos. Os resultados do experimento, realizado em parceria com pesquisadores da Escola de Medicina da Boston University, forampublicados no JournalofEndocrinology.

Células de câncer mamário murino (tumor de Walker) foram inoculadas no dorso dos animais, abaixo da pele. O tumor agressivo se desenvolveu rapidamente e, em cerca de duas semanas, o peso corporal dos roedores já estava 5% menor.

"Avaliamos diversos aspectos do tecido adiposo dos roedores no quarto, no sétimo, no 10º e no 14º dia após a inoculação do tumor, a fim de avaliarmos as alterações temporais durante os diferentes estágios de desenvolvimento da síndrome. Foram avaliados o tecido adiposo mesentérico [entre os intestinos], o retroperitoneal [próximo aos rins], o epididimal [próximo aos órgãos sexuais] e o subcutâneo inguinal [entre a barriga e a pata]", contou Batista Junior.

Além de aspectos morfológicos, como o diâmetro dos adipócitos (células que armazenam gordura), os pesquisadores também analisaram a expressão gênica e proteica e a presença de células de defesa e moléculas inflamatórias. Segundo Batista Junior, o tecido adiposo retroperitoneal foi o que se mostrou mais afetado e o mesentérico foi o mais resistente.

"Embora só tenha sido possível observar mudanças morfológicas [redução no diâmetro do adipócito] e redução na massa corporal no 14º dia, a expressão de uma série de proteínas importantes para o metabolismo do tecido adiposo já estava alterada desde o quarto dia, sendo que a mudança se intensificou no sétimo dia. Também estava reduzida, desde o quarto dia, a expressão de genes relacionados à lipogênese (síntese da gordura) e à adipogênese (criação de novos adipócitos). São alterações silenciosas, em nível molecular, que sinalizam que o animal vai desenvolver caquexia", disse.

O grupo observou ainda que, já a partir do sétimo dia, começa a aumentar progressivamente a presença de células de defesa no tecido adiposo, principalmente de macrófagos, e a liberação de citocinas inflamatórias.

"Atualmente, temos vários alunos com Bolsa da FAPESP estudando cada uma dessas alterações mais profundamente e tentando entender qual é o sinal inicial para que a expressão gênica e proteica se altere e o tecido se inflame. Se conseguirmos descobrir o gatilho do processo, poderemos testar drogas que sejam capazes de revertê-lo", disse o pesquisador.

Os resultados mais recentes do grupo permitem afirmar que, durante o desenvolvimento da síndrome, o tecido adiposo sofre um processo de remodelamento. Ocorre redução no número de adipócitos e aumento na matriz extracelular, que dá sustentação ao tecido. Há ainda aumento da lipólise e de células inflamatórias, além de maior liberação de adipocinas (hormônios produzidos nos adipócitos) e ácidos graxos para o organismo, o que parece ser o gatilho do caos metabólico que acaba resultando na caquexia.

Marcador precoce
Em outro estudo, publicado na revista Cytokine e realizado em parceria com o grupo da professora Marilia Cerqueira Leite Seelaender, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, os cientistas avaliaram o tecido adiposo de 79 pacientes submetidos a cirurgia abdominal no Hospital Universitário (HU-USP).

Os voluntários foram divididos em quatro grupos. Os do grupo controle não tinham câncer nem caquexia, mas foram operados para a retirada de uma hérnia inguinal.

O segundo grupo era de portadores de câncer gastrointestinal, mas sem caquexia. O terceiro, era de pacientes com câncer e com caquexia. O quarto e último tinha apenas caquexia, em decorrência de outras doenças de base, como cirrose hepática.

Por meio de exames de sangue coletado durante a internação pré-cirúgica, os cientistas analisaram diversos marcadores de inflamação, entre eles a interleucina6 (IL-6) e a proteína C reativa (PCR) e ambas estavam mais elevadas nos pacientes com câncer (com e sem caquexia). Após a cirurgia, os pesquisadores coletaram parte do tecido adiposo subcutâneo abdominal retirado para estudar a expressão gênica e proteica e a presença de células de defesa e moléculas inflamatórias.

O passo seguinte foi correlacionar os dados das análises do tecido adiposo com os marcadores de inflamação encontrados no plasma sanguíneo.

"No grupo de pacientes com câncer, foi observada correlação entre o aumento na expressão da IL-6 no tecido adiposo subcutâneo e aumento nas dosagens sanguíneas dessa citocina (5 vezes mais elevado). No grupo de pacientes com câncer e caquexia essa correlação foi ainda mais forte (aumento de 11,4 vezes), o que sugere que a IL-6 pode ser um marcador precoce da síndrome. Ou seja, níveis elevados de IL-6 no sangue de um portador de tumor gastrointestinal podem indicar que o paciente está desenvolvendo caquexia antes mesmo que ocorra a perda de massa corporal", disse Batista Junior.

Além disso, acrescentou o pesquisador, no caso de pacientes com câncer e caquexia, a IL-6 apresentou correlação positiva com o estadiamento do tumor, ou seja, quanto mais avançada estava a doença, maiores eram os níveis plasmáticos de IL-6 detectados.

Já o nível plasmático de adiponectina - uma das adipocinas produzidas exclusivamente pelo tecido adiposo que é importante na melhora à sensibilidade à insulina e tem função anti-inflamatória - mostrou correlação com a massa corporal dos pacientes. "Quanto maior era o nível de adiponectina, menor era a massa corporal", contou Batista Junior.

Os pesquisadores agora estão estudando o tecido muscular dos pacientes do HU-USP para ver as alterações provocadas pela síndrome. "Alguns estudos anteriores sugeriam que o tecido muscular seria afetado antes do adiposo, mas nossos dados sugerem o contrário", disse.

Tratamento
Em pesquisas ainda em andamento, os grupos da UMC e da USP testam o efeito de drogas experimentais e de exercícios físicos no controle da caquexia.

No âmbito de um Projeto Temático coordenado por Seelaender, foi testado durante seis semanas o efeito do treinamento de corrida em esteira em pacientes oncológicos do HU-USP que aguardavam pela cirurgia.

"Percebemos que todos os marcadores inflamatórios são reduzidos após o período de treinamento e ficam próximos dos níveis normais. Além disso, há melhora no apetite e o paciente para de perder peso", disse Batista Junior.

Em experimentos com camundongos realizados no LaBiTA-UMC, os pesquisadores investigam por quais vias bioquímicas e gênicas a atividade física modula a inflamação e melhora os sintomas da caquexia.

"O objetivo final é encontrar a chamada "pílula" do exercício. Se conseguimos entender em quais vias os exercícios atuam, podemos sintetizar e testar drogas que mimetizem o efeito", disse Batista Junior.

Os cientistas também estão testando em camundongos o efeito da droga pioglitazona, originalmente indicada para tratar resistência à insulina, mas que tem como efeito colateral o aumento do tecido adiposo.

Dados preliminares sugerem que o tratamento não apenas evita a perda de massa muscular nos animais com câncer induzido, como também reduz a perda de massa gorda, aumenta a sobrevida em mais de 30% e diminui o crescimento do tumor em mais de 45%.

"Estamos propondo a pioglitazona como uma das drogas que podem ter efeito anticaquético, mas ainda são necessários mais testes em animais e em humanos", disse Batista Junior.

(Karina Toledo/ Agência Fapesp)

Além do discurso político, Brics devem provar intenções

Editorial publicado no Valor Econômico

O discurso político predominou na reunião de cúpula dos Brics, realizada em Fortaleza nesta semana. Ao longo dos dois dias de encontro, o grupo anunciou a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês), apresentados como alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial.

Os Brics emitiram uma declaração oficial de 72 parágrafos em que se declaram "desapontados e seriamente preocupados" com o atraso nas reformas do FMI; indicaram tacitamente que a Rússia não está tão isolada quanto desejam os Estados Unidos e a União Europeia e ainda apoiaram explicitamente a Argentina em sua disputa com os fundos abutres.

A presidente Dilma Rousseff reclamou que os Brics concentram 21% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mas têm uma participação de 11% no FMI. A proposta para mudar o sistema de cotas está empacada no Congresso americano desde 2010. "Precisamos trabalhar para a melhoria da governança econômica e aumentar a voz dos países em desenvolvimento", concordou o presidente chinês Xi Jinping.

Ao informar que o Novo Banco de Desenvolvimento nascia com capital de US$ 50 bilhões dividido em partes iguais, Dilma explicou que nenhum dos membros do grupo - África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia - quis se mostrar hegemônico. "Não é um formato do tipo de política tradicional, do tipo de Bretton Woods", disse em referência ao acordo que criou o FMI e o Banco Mundial, selado na Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, realizada em 1944 para reorganizar a economia após a Segunda Guerra Mundial, que reuniu 730 delegados de 44 países. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os Brics foram além de Bretton Woods.

O Novo Banco de Desenvolvimento nasce teoricamente mais poderoso do que o Banco Mundial, cujo capital é de US$ 40 bilhões. Com os US$ 50 bilhões de capital subscrito, o banco dos Brics poderá alavancar US$ 560 bilhões em financiamento, canalizados para a infraestrutura, mais do que os pouco mais de US$ 300 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco Mundial. O capital autorizado vai bem além e chega a US$ 100 bilhões.

Mas os Brics pareceram mais entusiasmados com o Arranjo Contingente de Reservas, este sim mais comparável à função do FMI porque destina-se a ajudar os países membros com dificuldades no balanço de pagamentos. Na verdade, o sistema tem várias semelhanças com o FMI. As contribuições dos países ao fundo variam conforme o volume das reservas de cada um. A China entra com US$ 41 bilhões; Brasil, Índia e Rússia com US$ 18 bilhões cada um; e a África do Sul, com US$ 5 bilhões. O volume que cada país poderá sacar em caso de necessidade é também diferente. Embora haja um multiplicador que suaviza as diferenças, quem depositou mais saca mais: a China terá metade do que depositou, Brasil, Índia e Rússia exatamente o valor depositado; e a África do Sul, duas vezes.

Mas a principal surpresa é que o país só poderá sacar todo o dinheiro a que tem direito se tiver um programa de apoio financeiro com o FMI. Caso contrário, só terá direito a 30% do montante. Na prática, o CRA terceirizou para o Fundo todo o trabalho de verificação das contas do país que está pedindo a ajuda e imposição do ajuste fiscal, cambial e monetário.

Por isso, enquanto a cúpula dos Brics salientava as diferenças das decisões do grupo em relação às tomadas em Bretton Woods, funcionários das áreas mais técnicas se esforçavam em desfazer os ruídos e em explicar que as medidas complementavam o sistema do FMI.

Isso explica porque rapidamente a gerente geral do FMI, Christine Lagarde, soltou uma nota endereçada à presidente Dilma afirmando que a equipe do Fundo gostaria muito de trabalhar com a equipe que estava desenvolvendo o CRA "para reforçar a cooperação de todas as partes da rede internacional de segurança voltada para preservar a estabilidade financeira mundial". Lagarde procurou ainda afagar o grupo dizendo que os Brics são membros importantes do FMI.

Ao lançar o novo banco e o arranjo contingente, os Brics dão o primeiro passo concreto para demonstrar que são mais do que uma sigla criada pelo banqueiro de investimento Jim O'Neill em 2001 para vender mais títulos de mercados emergentes. Mas é necessário deixar o marketing para trás.

(Valor Econômico)

Cerca de 100 pesquisadores de Aids estavam em avião que caiu na Ucrânia

Grupo participava de Conferência Mundial sobre a doença em Melbourne, na Austrália
O Boeing 777 da Malaysia Airlines, que sofreu uma queda no território da Ucrânia, tinha 108 cientistas e pesquisadores que iam assistir à 20ª Conferência Mundial de Aids, em Melbourne, na Austrália, segundo alguns jornais do país. A elite intelectual seria parte majoritária dos 298 tripulantes que morreram no episódio.

Um dos pesquisadores, Joep Lange, foi presidente da Sociedade Internacional de Aids, entre 2002 e 2004, e atualmente atuava como diretor do Departamento de Saúde do Centro Acadêmico de Medicina da Universidade de Amsterdã. Recentemente, o pesquisador divulgou um estudo que demonstra, pela primeira vez, como um composto probiótico poderia atuar no vírus HIV.

Em 2001, Lange criou a PharmAccess, uma fundação sem fins lucrativos cujo objetivo era melhorar o acesso aos medicamentos e tratamentos da Aids em países pobres. O pesquisador contribuiu no desenvolvimento de terapias combinadas a preços acessíveis, e em meios de prevenir a transmissão do vírus da mãe para o bebê.

David Cooper, professor da Universidade de New South Wales, em Sidney, afirmou à agência Reuters que Lange tinha um compromisso absoluto com a pesquisa contra a doença e dava atenção especial aos países da Ásia e África.

- Ele nunca aceitava algo como impossível.

A Sociedade Internacional de Aids, que organizou a conferência, expressou suas condolências pela morte dos pesquisadores e afirmou que irá cooperar com as autoridades.

"Em reconhecimento à dedicação dos nossos parceiros na luta contra o HIV/ Aids, a conferência vai continuar como planejado e vai incluir oportunidades para refletir e lembrar aqueles que perdemos", afirmou em nota.

(O Globo com Agências)

Parceria com laboratórios estrangeiros cresce no país

A visibilidade da indústria farmacêutica brasileira no mercado global tem atraído mais parcerias entre laboratórios nacionais e estrangeiros, interessados em garantir sua entrada no país.

Na Eurofarma, os licenciamentos, uma das modalidades mais frequentes de parceria, respondem por 10% do faturamento das vendas totais da companhia no Brasil.

"A parcela se manteve nos últimos três anos e vem acompanhando a evolução da companhia, que cresce em média 17% ao ano", diz Maria del Pilar, diretora de novos negócios da Eurofarma.

Em alguns casos, uma empresa estrangeira desenvolve uma molécula, mas não está instalada no país.

A extensão territorial e a regulação interna do Brasil exigem investimentos e experiência do mercado, explica Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma (sindicato do setor).

"Às vezes, é preferível ganhar menos [royalties ou participação nos lucros], mas entrar com rapidez no mercado, do que se arriscar."

Apesar de já estar instalada no país, a Eli Lilly fechou uma parceria com a Biolab para a comercialização de um redutor de colesterol.

"A droga foi desenvolvida por um laboratório japonês e registrada pela Eli Lilly Brasil, que, por não atender a área de cardiologia, nos chamou para fazer a comercialização", diz Cleiton Marques, presidente da Biolab.

As parcerias da Pfizer com outras companhias representam 24% do faturamento no Brasil. "Nosso produto mais rentável é resultado de uma parceria", afirma o diretor Glauco Marcondes.

(Coluna Mercado Aberto/ Folha de São Paulo)

Impedindo o Butantan de inovar e produzir

Em artigo na Folha de São Paulo, Isaias Raw fala da importância da vacina no Brasil
Vacinar é a arma mais eficaz e de menor custo para controlar doenças infecciosas. Trazida por imigrantes e turistas ou levadas das escolas para as casas por crianças não vacinadas, tais doenças podem, como em 1918 (influenza) e 1975 (meningite), tornar-se epidêmicas e matar milhares de pessoas.

Desde 1984, não aceito que o Instituto Butantan seja o preposto do grande cartel das multinacionais, oferecendo-se para apenas envasar vacinas importadas à granel -que são rotuladas como feitas no Brasil e fornecidas para o Ministério da Saúde sem licitação. Liderei um grupo que desenvolveu a produção das vacinas de difteria, tétano, coqueluche, hepatite e raiva. Até 2009, produzimos cerca de 700 milhões de doses que se mostraram eficazes e seguras, transformando o Butantan no maior produtor do continente.

Construímos uma fábrica de vacinas contra a influenza (gripe) mas, devido a problemas burocráticos, levamos anos até torná-la operacional. Isso nos obrigou a envasar, durante uma década, 200 milhões de doses importadas à granel. Quando finalmente produzimos as primeiras 20 milhões de vacinas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) objetou que estávamos licenciados para envasar, não para produzir. Tivemos que descartar as doses e importar o granel, gastando cerca de US$ 20 milhões. Finalmente aprovados pela Anvisa em 2013, produzimos 35 milhões de vacinas, mas o Ministério da Saúde decidiu aproveitar apenas 10 milhões e importar o restante.

Em nenhum momento paramos de inovar e de introduzir novas tecnologias de produção. Desenvolvemos uma vacina contra coqueluche mais segura do que a vacina pertussis acelular, que resultou em mais de 50 mil casos da doença por ano só nos Estados Unidos. Ainda assim, seremos, em 2014, o único país a usar a vacina pertussis importada em todas as grávidas! A criada pelo Butantan tem como subproduto um adjuvante que permite economizar 75% das doses de influenza pandêmica, multiplicando a capacidade da fábrica em 400% e reduzindo custos. Nos associamos à agência governamental de pesquisas médicas norte-americana (o NationalInstitutesof Health, NHI), que tinha desenvolvido a dose pentavalente contra o rotavírus. Não conseguimos, porém, completar os testes clínicos, pois um produtor ligado ao ministério passou a envasar uma outra vacina. A um custo de US$ 15 milhões por ano, esse produto demonstrou não proteger do sorotipo de rotavírus prevalente no Brasil.

Ainda em parceria com o NHI, desenvolvemos a produção da vacina tetravalente contra a dengue. Testada nos Estados Unidos, ela demonstrou, com apenas uma dose, eficácia de cerca de 90%. A Anvisa não cumpriu o acordo de permitir o ensaio clínico, barrando a autorização por 18 meses, o que permitiu a uma multinacional testar a sua vacina no Brasil. A fórmula estrangeira demonstrou ser ineficaz em 70% daqueles que receberam três doses! Resultado: perdemos dois anos e a dengue tornou-se epidêmica no Brasil.

Obviamente, somos uma ameaça internacional ao inovar, desenvolver tecnologia e produzir. Temos um mercado cativo de grande porte onde todos têm direito a receber vacinas gratuitamente. Exigências impostas como inadiáveis e a falta de financiamento federal adequado impedem nossa produção, enquanto o Brasil volta a ser colônia e importa mais de US$ 1 bilhão em vacinas.

ISAIAS RAW, 87, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. Foi diretor do Instituto Butantan e presidente da Fundação Butantan.
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(Folha de São Paulo) 

Análise de Mídia - REVISTAS

Com a VI Cúpula do BRICS ao centro, revistas nacionais trazem neste fim de semana avanços importantes no debate relacionado a temas como comércio exterior e relações entre emergentes, iniciado pelos jornais durante a semana.

Tom positivo marca a maneira como os veículos registram os acordos firmados entre os chefes de Estado e, principalmente, a criação do banco comum de investimentos patrocinado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul.

Parte da agenda também resgata o clima de pessimismo captado pela imprensa nos últimos dias, em especial diante da divulgação de dados oficiais negativos para o emprego e a produção.

Em foco ainda, a continuidade da agenda que avalia os rumos da política econômica. Entrevistas e informações de bastidor reforçam teses cada vez mais consistentes de que o PIB não avançará neste ano como o governo imagina.
  •  ISTO É DINHEIRO indica que o BRICS desafia a velha ordem financeira global e assinala o potencial de negócios para as empresas dos cinco países. Reportagem destaca o encontro organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor produtivo, que teve a participação de mais de 800 empresários. Juntos, os quatro países são o destino de um quarto das exportações brasileiras e origem de 21% de tudo o que o Brasil compra do Exterior. “Temos boas perspectivas de negócios”, diz ROBSON ANDRADE, presidente da CNI.
  • Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, embora a indústria brasileira venha sofrendo hoje com a concorrência dos importados chineses, o presidente da CNI comemora o aumento do relacionamento com a Rússia, onde vê oportunidades para o setor farmacêutico. Conforme a revista, ele reclama, no entanto, da falta de equilíbrio na relação com os chineses. “Eles têm muita facilidade para investir aqui, mas nós temos dificuldades para investir lá”, afirma ANDRADE.
  • CARTA CAPITAL destaca que o Novo Banco de Desenvolvimento pretende aumentar os grandes financiamentos para obras de infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos países do BRICS e outras economias, emergentes ou em desenvolvimento. Segundo a revista, o grupo se consolidou como contraposição ao G-7. Reportagem pontua também que a reunião dos cinco chefes de Estado com os presidentes dos países da América do Sul integrantes da Unasul ampliou o significado político da VI Cúpula.
  • Na mesma reportagem, CARTA CAPITAL aponta que a Declaração de Fortaleza assinada pelos líderes dos BRICS reconhece "o importante papel das empresas estatais na economia", destaca a assinatura do memorando de cooperação entre agências de crédito para exportação dos BRICS e se compromete a desenvolver o mercado de seguros e resseguros e a estimular a participação das pequenas empresas.
  •  Em outra reportagem sobre acordo de cooperação financeira e monetária do BRICS, CARTA CAPITAL assinala que não vai ser fácil para os americanos partilharem a liderança monetária com a China.
  •  Coluna OBSERVADOR DA GEOPOLÍTICA, na revista ÉPOCA, afirma que a criação do banco do Brics é um avanço na consolidação do bloco, “mas sua força na cena global ainda não passa de mera expectativa”. Segundo a coluna, a constituição do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do fundo de reserva emergencial de US$ 100 bilhões “são decisões ainda mais simbólicas que de efeitos concretos e, portanto, insuficientes para garantir para o bloco um papel determinante nas decisões econômicas globais”.
  • Ainda sobre os desdobramentos da cúpula, ISTO É assinala que desde 2012 os BRICS exibem uma taxa média de expansão que é pelo menos o dobro da das nações mais ricas. Texto aponta que a grande unidade do bloco é que são países de desenvolvimento médio, com liderança geopolítica em suas respectivas regiões e que suas economias geram 20% do PIB mundial.
  •  LEONARDO ATTUCH, em sua coluna na revista ISTO É, opina que a cúpula atingiu resultados bem maiores do que os céticos previam. Segundo o colunista, um dos desdobramentos possíveis será o início do comércio entre o BRICs, que já são detentores de grandes reservas internacionais, em suas próprias moedas, enfrentando a hegemonia do dólar. “O encontro de Fortaleza serviu para mostrar que um mundo multipolar já é realidade e que uma nova ordem internacional está nascendo”, destaca.
  • Em entrevista à revista VEJA, a diretora da Human Rights Watch, em Moscou, Tanya Lokshina, afirma que o presidente russo usa o americano Edward Snowden como instrumento de propaganda e agora faz o mesmo com os BRICS.
  •  Como ponto de atenção, ISTO É DINHEIRO destaca em tom de alerta a queda do emprego industrial e afirma que o setor encara seu maior desafio: aumentar a produtividade. Revista exemplifica que o segmento de calçados e couro registra uma das piores quedas no emprego industrial neste ano, de 7,7%, só superada pela do setor de petróleo e coque (-8,2%). No geral da indústria, a ocupação chegou, em maio, ao seu 32º mês seguido de retração, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o IBGE.
  • Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, “enquanto o setor de serviços continua contratando, a indústria demitiu quase 30 mil trabalhadores e levou o governo a reduzir de 1,5 milhão para um milhão a meta de novos postos de trabalho com carteira assinada neste ano”. Um levantamento da Fiesp indica que a produtividade na indústria brasileira caiu 1,7% de 2004 a 2011, enquanto a maioria dos parceiros comerciais do País teve um avanço de 3,4%.
  •  A reforma tributária e alta da inflação também estão em destaque nas revistas. Textos lançam mão de itens associados ao mercado e de opiniões de analistas que, comumente, frequenta as páginas dos jornais diários.
  • Em entrevista à ISTO É DINHEIRO, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, fala sobre reforma tributária, inflação e incentivos à indústria e destaca que o governo deve evitar que a política monetária seja usada de maneira demasiada no debate eleitoral. Sobre a política econômica interna, o ministro afirma que o governo procura “fazer movimentos tributários ou de incentivo de crédito para permitir maior competitividade, sem jogar a conta para a população”. Em outro trecho, ele diz que “é importante ter um olho na inflação e outro na geração de emprego e renda. A inflação incomoda os trabalhadores. Mas, para o trabalhador, pior do que inflação é desemprego alto e arrocho salarial”.
  • Berzoini adverte também sobre problemas no diálogo entre governo e empresariado. “A relação entre o governo e o empresariado é de altos e baixos”, disse. O ministro lembra que a presidenta Dilma Rousseff reuniu o setor industrial para anunciar medidas como a prorrogação do Reintegra, que aumenta a competitividade, “e a reação foi muito boa”. Além disso, “ela tem inaugurado várias obras logísticas que buscam a retomada do crescimento”, pontua Berzoini.
  • Em artigo sobre a reforma tributária na CARTA CAPITAL, ANTONIO DELFIM NETTO põe em xeque a legislação sobre o imposto de “grandes fortunas” e as interpretações sobre ela. Para o ex-ministro, um imposto sobre o patrimônio pode ser um complemento para dar maior Justiça Tributária ao Imposto de Renda. Mas ele pondera que o tributo “apresenta problemas graves e sua implementação é duvidosa”. “Não há nada que uma regulamentação adequada do Imposto de Renda não possa fazer com maior justiça e com maior eficiência”, afirma.
  • DINHEIRO NA SEMANA, na ISTO É DINHEIRO, registra que os senadores aprovaram por unanimidade a universalização do Supersimples, regime que facilita o pagamento de tributos por micro e pequenos empresários. “Não é a tão sonhada reforma tributária, mas pelo menos já se trata de um caminho para a modernização do modelo de arrecadação de impostos no País”, situa a coluna.
  • MAÍLSON DA NÓBREGA, em sua coluna na VEJA, adverte que a inflação, medida pelo IPCA, rompeu o teto da meta (6,5%) e que se não fosse a repressão aos preços de combustíveis, energia elétrica e outros, chegaria pelo menos a 8%. Segundo ele, a partir dos anos 1950, o Brasil se notabilizou como o país mais tolerante à inflação. "É chegada a hora de abandonar a tolerância à inflação. Nada diz que o Brasil não possa caminhar para uma meta anual de 3%. A experiência mundial prova que o desenvolvimento é mais factível com baixa inflação. Não o contrário, como o atual governo parece acreditar", enfatiza.
  • A SEMANA, em ISTO É, registra: “R$ 53,8 bilhões – É o custo da crise que vem desde o ano passado no setor elétrico do País. Desse total, R$ 35,3 bilhões serão pagos pelos consumidores em suas contas de luz. Os R$ 18,5 bilhões restantes se diluirão em impostos. Os dados são da CNI”.
  •  ISTO É entrevista com exclusividade o ex- secretário de Política Econômica do governo Lula, o economista Marcos Lisboa, que avalia o comportamento da economia do país. Segundo ele, as dificuldades dos países desenvolvidos têm contaminado os países emergentes, mas nós temos sofrido mais do que os demais". Vice-presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Lisboa afirma que o velho nacional-desenvolvimentismo dos anos 1950 e 1970, baseado na intervenção na economia, voltou.
  • Lisboa faz uma série de considerações sobre a conjuntura e os rumos da política econômica. Em especial, ressalta o papel da educação no processo de construção de alicerces mais sólidos para o Brasil. “Se compararmos com nossos vizinhos, o Brasil destoa deles pelos baixos indicadores de educação. E não à toa o Brasil apresenta uma realidade desigual de renda. E isso está associado à desigualdade dos indicadores de escolaridade”.
  • Em reportagem sobre novos negócios de robótica, ISTO É DINHEIRO registra que pela primeira vez, o País vai receber um dos mais importantes eventos mundiais do setor: a Robocup 2014, que será realizada entre 19 e 25 de julho em João Pessoa (PB). Reportagem destaca que, no ano passado, a produção e a venda de robôs industriais e domésticos movimentaram US$ 28 bilhões. Até 2020, estima-se que esse mercado alcance US$ 40 bilhões. Texto pontua ainda que os negócios de robótica estão se ampliando para além de sua origem, a automação industrial.
  • Em reportagem de capa, ISTO É adverte que “o antagonismo Brasil/Argentina ganhou cores mais intensas nesta Copa, com direito a confusões generalizadas” e aponta o risco de que esta disputa ultrapasse as quatro linhas e “comprometa a amizade, o turismo e o comércio entre as nações vizinhas”. A historiadora Maria Lígia Coelho Prado, do Laboratório de Estudos de História das Américas da USP, afirma que, apesar dos problemas pontuais, as relações bilaterais são boas e a população de ambos os países não se vê como inimiga, ao contrário. Para ela, os excessos da Copa “não podem contaminar a relação entre os povos e a diplomacia que as duas principais forças do continente compartilham em áreas como a política e a economia”.
  • PODER, coluna na ISTO É DINHEIRO, registra: “Emperrados há um ano no Senado, os pedidos de reestruturação de dívidas de quatro países impedem o Brasil de intensificar os negócios com a África, segundo o Itamaraty. O perdão da dívida de US$ 709,1 milhões, contraída nos anos 1970 por Congo, Zâmbia, Tanzânia c Costa do Marfim, poderia aumentar exportações e obras de empresas brasileiras nesses países”.
  • FELIPE PATURY, em sua coluna na revista ÉPOCA, informa: “os presidenciáveis receberão da CNI 42 estudos sobre economia e propostas para dez áreas. Entre elas, fiscal, trabalhista e de comércio exterior”.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Senado Convida, 7 de agosto

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Convite
Com satisfação convidamos para participar do
I Fórum Nacional de Produtos para a Saúde no Brasil
a acontecer no dia 7 de agosto de 2014 (5ª feira), das 9 às 16 horas no Senado Federal.
No Fórum serão abordados: Cenário Atual e Perspectivas Futuras para ATS de Equipamentos Médicos e Diagnósticos; O Horizonte Tecnológico para o Setor; Políticas de Saúde e Reembolso; Desafios da Inovação e Incorporação aos Sistemas de Saúde; Resultados de Pesquisas sobre Dispositivos Diagnósticos e Terapêuticos; Apresentação do Projeto QALY e; Como Colocar o Paciente no Centro da Decisão.
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A atividade que segue faz parte do PROGRAMA AÇÃO RESPONSÁVEL, assuntos da agenda prioritária do Governo Federal. Este trabalho é feito com 100 participantes presenciais, videoconferência em tempo real com as Assembleias Legislativas e vídeo streaminig. Participem e Divulguem!

terça-feira, 15 de julho de 2014

Convite III Workshop Alfob - RDC 54/2013

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Falta de medicamentos contra TB afeta cidades = A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA REDE DE LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS PÚBLICOS

Da mesma forma como ocorreu no Rio de Janeiro, agora é a vez de São Paulo sofrer com a falta de remédios contra tuberculose que só são distribuídos pela rede pública. Este desabastecimento põe em risco o tratamento dos pacientes. A doença é o tipo infectocontagioso que mais mata no Brasil. O coordenador técnico da área de tecnologia social do Observatório Tuberculose Brasil (OTB/ENSP/Fiocruz), Carlos Basília, ressalta que falta vontade política para que o Brasil passe a produzir o remédio contra a doença. Segundo ele, com a produção nacional, a qualidade dos produtos também ficará resguardada.

No município de São Paulo, o número de casos novos de tuberculose descobertos anualmente varia entre seis e tese mil casos. Morrem cerca de 500 doentes de tuberculose por ano. O país gasta por ano R$ 3,6 milhões com a produção do quatro em um. Por mês, são 2,2 milhões de comprimidos para o combate à tuberculose, cuja incidência é 37 casos por 100 mil habitantes. O medicamento quatro em um reúne quatro princípios ativos em um comprimido e é considerado o mais eficaz pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, para o remédio ser fornecido, o país precisa alterar uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Um dos laboratórios com condições de produzi-lo imediatamente, é o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além de Farmanguinhos – que desde 2010 tem um acordo com o laboratório indiano Lupin para a transferência de tecnologia do quatro em um – podem produzir o comprimido o Núcleo de Pesquisa em Medicamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército.

Carlos Basilia lembra que, em 2010, o estado do Rio – que tem o maior índice de casos no país – devolveu, por má qualidade, um lote inteiro importado da Índia. “A tuberculose não é uma doença que dá lucro, não há interesse de grandes indústrias, o Brasil acaba refém dos laboratórios, enquanto tem tecnologia para fazer isso aqui.”, afirmou.

De acordo com Alexandre Milagres, médico pneumologista/tisiologista, “sabemos como é péssimo para os pacientes. O desabastecimento gera desconfiança no sistema e, o que é mais importante, prejudica a adesão, pois o discurso de que a medicação não pode ser interrompida cai por terra.”

Segundo Germano Gerhardt Filho, médico pneumologista, presidente da Fundação Ataulpho de Paiva, “ O país mereceria uma política de produção de insumos básicos farmacêuticos. Nós importamos a matéria-prima dos outros países, somos dependentes de países como a Índia e a China. Nós não produzimos a matéria-prima no nosso meio. Essa é uma questão de soberania nacional, essa é uma questão que precisa ser discutida em termos de política de Governo.”

A produção em território nacional do quatro em um é fundamental para dar autonomia ao Brasil no tratamento da doença, defende o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Draurio Barreira. Atualmente, o medicamento é distribuído gratuitamente para cerca de 80 mil pacientes da rede pública. “O mundo inteiro usa, nós usamos [importado], mas não podemos produzir”, disse. “É uma questão burocrática que vem nos prejudicando”.

Dados sobre tuberculose no mundo
- Um terço da população mundial está infectada;
- 5,8 milhões de casos notificados em 2011;
- 80% dos casos em 22 países;
- 1 milhão de mortes por ano (HIV negativo);
- 430 mil óbitos TB/HIV/Aids;
- 630 mil casos de MDR;
- 10 milhões de crianças órfãs como resultado da morte dos pais por TB.

O Brasil compõe a lista dos 22 países que concentram 80% do total da carga de tuberculose no mundo com:
- 70 mil casos novos de TB notificados em 2012;
- Taxa de incidência 35,4 por 100 mil habitantes;
- Cerca de 4,6 mil mortes em 2011;
- 17º país em número de casos entre os 22 países de alta carga;
- 22º país em taxa de incidência, prevalência e mortalidade entre os 22 países de alta carga;
- 4ª causa de mortes por doenças infecciosas;
- 1ª causa de mortes dentre as doenças infecciosas definidas dos pacientes com AIDS.

* Com informações do Observatório Tuberculose Brasil (OTB/ENSP/Fiocruz)


domingo, 13 de julho de 2014

Teste com vacina contra dengue da Sanofi tem resultados promissores

A candidata a vacina contra a dengue mais avançada do mundo, desenvolvida pela farmacêutica francesa Sanofi Pasteur, confirma os resultados promissores em um longo teste de eficácia, publicado nesta sexta-feira na revista médica The Lancet.

Os resultados detalhados do teste de eficácia, conhecido como de fase 3, realizado em cinco países da Ásia com crianças entre os 2 e os 14 anos que receberam três doses da vacina, confirmou uma redução significativa de 56,5% dos casos de dengue.

Uma redução de mais de dois terços (67%) dos riscos de internação na duração do estudo deve ser observada, afirmaram os pesquisadores, assim como a redução consequente (88,5%) dos casos de dengue hemorrágico, forma severa da doença potencialmente mortal, que provoca a cada ano mais de meio milhão de internações (essencialmente de crianças).
A dengue é uma infecção viral transmitida pelo mosquito 'Aedes aegypti'.

O desenvolvimento de uma vacina contra a doença é complexo porque existem quatro subtipos do vírus.

O teste, realizado entre 2011 e 2013 em Indonésia, Malásia, Filipinas, Vietnã e Tailândia, foi realizado com mais de 10 mil crianças, algumas das quais receberam a vacina e outras, um placebo.

Durante o período do estudo, 117 casos de dengue foram registrados no grupo, mais numeroso daqueles que foram vacinados, e 133 no outro grupo, demonstrando uma eficácia de 56,5%.

A proteção, entretanto, varia segundo o subtipo, mais de 75% contra os vírus de tipo 3 e 4, de 50% contra aqueles de tipo 1, mas de 35% contra o vírus de tipo 2.

Em um comentário publicado na revista, o professor Annelies Wilder-Smith, de Cingapura, estima que uma vacina que reduz à metade os casos anuais de dengue representará uma "vantagem importante no campo da saúde pública", sem ser, portanto, uma solução milagrosa.
O acompanhamento dos participantes do estudo se manterá até 2017.
A incidência mundial da dengue avançou de forma espetacular ao curso das últimas décadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que calcula em 100 milhões o número anual de casos de dengue no mundo. Segundo a OMS, atualmente, a metade da população mundial está exposta ao risco da doença.

Os países da Ásia e da América Latina, como o Brasil, são os mais afetados. Mas o mosquito vetor da doença tem se disseminado e a Europa, que já registrou uma série de casos de dengue, não foi poupada.

Um outro teste de eficácia foi conduzido pela Sanofi em cinco países (Brasil, Colômbia, Honduras e Porto Rico) com 20 mil voluntários.

A empresa francesa revelou no fim de abril passado o resultado global do teste asiático, indicando esperar poder comercializar sua vacina em 2015.
Por Por Brigitte CASTELNAU | AFP

Análise de Mídia - REVISTAS

Temas macroeconômicos que têm relação direta com a indústria, inflação e itens que guardam relação com a Copa do Mundo predominam na cobertura das revistas que circulam neste fim de semana.  Expectativas em torno da cúpula dos Brics e a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil também aparecem em evidência.

ISTOÉ DINHEIRO aponta  que "o agronegócio já percebeu há muito tempo a importância da China, a economia que mais cresce no mundo há três décadas, para o seu próprio desempenho" e "boa parte do aumento de preço das commodities no mercado internacional deve-se ao apetite dos chineses".

Mesma reportagem detalha que na quarta-feira, 16, enquanto os dois presidentes (Dilma Rousseff e Xi Jinping) se encontram no Palácio do Planalto para a assinatura de cerca de 30 acordos bilaterais, o grupo de empresários chineses e brasileiros se reúne na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para tratar das parcerias empresariais. "A indústria brasileira, que já teve a China como inimiga, agora quer fazer negócios. Hoje vemos que não há o que temer, temos que nos comportar como um ator global", afirma à DINHEIRO Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

No mesmo contexto, CARTA CAPITAL assinala que "a indústria da China ataca e o Brasil se defende com commodities". "O problema não é tanto o predomínio das commodities nas vendas brasileiras, ou o dos manufaturados nas da China, mas a quase inexistência de exportações da diversificada indústria nacional. Há uma especialização radical e crescente das pautas, com clara desvantagem para o País", pontua reportagem. Entre 2012 e 2013, lembra, a exportação de aeronaves brasileiras caiu 64,8% enquanto a de automóveis de passageiros chineses aumentou 146,2% no comércio bilateral.

De volta à ISTOÉ DINHEIRO, informação é que os líderes do Brics se reúnem em Fortaleza e Brasília para formalizar a criação de um mini-FMI em busca de ampliar sua influência mundial. Conforme revista, os Brics "dão um passo decisivo para ganhar musculatura econômica". Reportagem relata que um grupo de 602 executivos participa de outro evento, na noite da terça-feira 15, um business networking: "O maior interesse envolveu os grupos que vão discutir projetos em infraestrutura. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que organiza o evento, estima que podem ser fechados negócios num total de R$ 68 milhões. "

ANTONIO DELFIM NETTO, na coluna que assina em CARTA CAPITAL, aborda a criação de um Banco de Desenvolvimento com capital de 100 bilhões de dólares para financiar investimentos nos países dos BRICS. "Não se deve exagerar a importância que o Banco dos BRICS poderá desempenhar nas atividades de fomento do desenvolvimento econômico de cada um dos países do bloco. Sua criação não é uma necessidade premente, uma questão vital, mas faz parte de um processo de confrontação com organismos como o FMI e o Banco Mundial, que têm falhado muito no seu relacionamento com as economias emergentes", adverte.

VEJA também registra o encontro dos Brics e sinaliza que 13 anos depois da formação do bloco, os países que o integram já não têm nenhuma similaridade entre si. "China e Índia continuam crescendo, mas a Rússia está estagnada e o Brasil deve ter um incremento no PIB de apenas 1% neste ano", compara reportagem.

Coluna SEMANA, na ISTOÉ, também destaca o encontro dos cinco presidentes e pontua: "Vai prevalecer na pauta não mais a obrigação de esses países auxiliarem na solução da crise econômica global, mas, isso sim, a criação de estratégias para combinar crescimento com redução das desigualdades sociais". Na mesma nota, registro de que será criado o Banco dos Brics (visa atuar como o Banco Mundial e o FMI) e o Brasil se compromete com US$ 28 bilhões nessa formação.

BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, registra: "Nos dias que antecederam as reuniões dos Brics, a diplomacia chinesa não se limitou a informar sobre investimentos e projetos para o país. Deixou claro que faz questão de uma pausa para fotografias ao lado de Dilma Rousseff".

Na agenda políticacoluna BRASIL CONFIDENCIAL, informa: "Órgão máximo do patronato brasileiro, aConfederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou uma lista de 100 candidatos a vários cargos eletivos, entre deputados, senadores e governadores que terão uma mãozinha financeira do setor na campanha".

Também em BRASIL CONFIDENCIAL: "Com apoio do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará Jorge Parente, a Alusa acaba de abocanhar sem licitação contrato de R$ 23 milhões para fazer a iluminação pública da Prefeitura de Fortaleza. A Alusa teve seu nome envolvido em diferentes escândalos em São Paulo e Pernambuco".

Sobre os impactos econômicos da Copa do Mundo e legados do megaevento, reportagem de capa da ISTOÉ DINHEIRO afirma que a Copa do Mundo criou milhares de oportunidades de negócios fora dos gramados e modernizou a infraestrutura. Um estudo da Fipe/USP indica que a Copa movimentou R$ 30 bilhões, o triplo gerado pela Copa das Confederações, pontua: "A parte mais relevante, 88% do valor gerado, veio dos investimentos em infraestrutura, que envolveram R$ 25 bilhões. O mercado de trabalho também se beneficiou.
"Considerando a contratação de temporários e as horas extras pagas, foi gerado o equivalente a 900 mil empregos durante a Copa", diz o economista Wilson Rabahy, responsável pelo estudo.

Também em reportagem de capa, VEJA destaca que, fora de campo, a derrota do Brasil para a Alemanha foi o mais duro golpe no plano de Dilma Rousseff de transformar a competição numa importante bandeira da campanha à reeleição: "Com a divulgação de dados negativos na economia, como a previsão de nova goleada da inflação (6% ao ano) sobre o crescimento econômico (1% ao ano), a presidente apostava na satisfação com a Copa e no sucesso do Brasil no torneio para neutralizar o clima de mau humor reinante na população e crescer nas pesquisas de intenção de voto.

Em outra abordagem, VEJA registra que a Copa fez o preço de alguns produtos e serviços aumentar nos últimos meses, principalmente de hotéis e passagens aéreas. Conforme a reportagem, esse efeito contribuiu para que a inflação oficial, medida pelo IPCA, do IBGE, atingisse 6,52% no período de doze meses acumulados. "Assim, mais uma vez o índice superou a meta oficial, cujo centro é de 4,5%, com tolerância até 6,5%", resume.

Com foco em infraestrutura, ISTOÉ DINHEIRO aponta que o seguro contra grandes riscos de engenharia cresceu exponencialmente durante as obras do PAC e enfrenta momento de retração no mercado. "Acionadas apenas quando ocorrem as catástrofes, as seguradoras que cobrem os grandes riscos de engenharia viram essas apólices tornarem-se suas meninas dos olhos quando o Brasil transformou-se num canteiro de obras com projetos de Copa, PAC e Minha Casa Minha Vida".

Mesma reportagem indica que o volume de incorporações, obras ou serviços de construção cresceu 206% em nove anos, passando de R$ 76,9 bilhões em 2002 para R$ 235,5 bilhões em 2011, segundo o IBGE. "O total de construções de pontes, vias elevadas e túneis teve um avanço ainda maior, de 250%, ao saltar de R$ 1,24 bilhão para R$ 4,34 bilhões. Com isso, o faturamento das seguradoras, medido pelos prêmios relacionados a riscos de engenharia, também subiu estrondosamente", aponta DINHEIRO.

CARTA CAPITAL destaca que a inserção das pequenas e micro nas cadeias produtivas das grandes empresas permite aproveitar o alto potencial de investimentos da infraestrutura. Reportagem mostra que as recentes concessões de rodovias, aeroportos, terminais portuários e o leilão do megacampo de Libra, na camada do pré-sal, deverão resultar em investimentos superiores a 80 bilhões de reais em 20 a 35 anos, com oportunidades para as PME.

Com viés pessimistas, reportagens exploram o resultado do IPCA, que atingiu 6,52% em junho - ultrapassando o teto da meta pela 11ª vez no governo Dilma Rousseff.  
  
De acordo com ISTOÉ DINHEIRO, a inflação acumulada em 12 meses estoura o teto da meta e detona uma queda de braço entre a indústria e o varejo. "De um lado, pressão de custos com o encarecimento de matéria-prima, mão de obra e transporte. Do outro, a difícil negociação com o varejo, que não aceita reajuste na tabela de preços com receio de perder vendas. Essa tem sido a rotina constante de muitos empresários do setor industrial num ambiente de inflação elevada", reforça reportagem.

Coluna PRIMEIRO PLANO, na ÉPOCA, registra que, em junho, a inflação oficial atingiu 6,52% em 12 meses e ultrapassou mais uma vez o teto da meta (6,5% ao ano) definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN):"Mesmo com o represamento artificial dos preços administrados pelo governo na economia, como combustíveis, energia elétrica e transportes públicos, a inflação mostra-se renitente. Texto expõe que "quem quer que vença a eleição terá pela frente a difícil tarefa de enfrentar o problema para recuperar a credibilidade da política econômica e recolocar o Brasil nos trilhos do crescimento".

Com foco em finanças, ISTOÉ DINHEIRO registra que os empresários brasileiros são os mais propensos do mundo a terceirizar os departamentos contábil e fiscal de suas companhias. "Segundo uma pesquisa da empresa de consultoria britânica Grant Thornton, obtida com exclusividade pela DINHEIRO, 53% dos executivos brasileiros têm intenção de terceirizar a área contábil", destaca. Reportagem afirma que o número chama a atenção, principalmente por ter ficado acima da média mundial, de 40%: "Entre as justificativas estão aumento da eficiência, redução de custos, acesso a profissionais mais especializados e maiores possibilidades de perenidade da companhia."

PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, assinala: "A presidenta Dilma Rousseff já decidiu que irá vetar uma emenda que estende para a indústria o desconto nas tarifas de eletricidade dado às residências e ao comércio em 2013. O impacto ao Tesouro seria bilionário. A emenda foi acrescentada pelos congressistas na Medida Provisória 641, que autoriza um leilão emergencial para compra de energia pelas distribuidoras".

A SEMANA, na CARTA CAPITAL, registra que, por medida provisória, o governo cumpriu a promessa feita a empresários em junho e anunciou uma nova safra de benesses tributárias. "O pacote incentiva, sobretudo, a indústria, cuja produção, soube-se no mesmo dia, recuou 1,6% de janeiro a maio", pontua.

DINHEIRO EM NÚMEROS, na ISTOÉ DINHEIRO, destaca que a balança comercial brasileira iniciou julho com superávit de US$ 1,2 bilhão. "O resultado está relacionado a um saldo de US$ 4,1 bilhões em exportações e US$ 2,9 bilhões em importações. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com o saldo positivo, o déficit acumulado no ano caiu de U$S 2,4 bilhões para US$ 1,2 bilhão", afirma.

Na cena eleitoralRICARDO BOECHAT, na ISTOÉ, registra: "Paulo Maluf bate recorde nessa campanha eleitoral. Em 2013 estava fechado com a reeleição de Geraldo Alckmin, que em troca lhe deu as chaves da Secretaria de Habitação. O ano começou, ele abraçou Alexandre Padilha e agora está com Paulo Skaf. Onde estará o ex-governador daqui a dois meses? Resposta incerta quando se trata de Paulo Maluf".

RADAR, na VEJA: "Paulo Skaf é o candidato a governador que mais vai gastar na campanha. Declarou que estima custos de 95 milhões de reais para exibir-se aos 32 milhões de eleitores paulistas. A divisão do dinheiro pelo número de eleitores, entretanto, mostra que cada voto 'custaria' 2,97 reais, o terceiro menor valor nas eleições aos governos estaduais".

Projeto obriga exames que detectem hanseníase e tuberculose em presos

A Câmara dos Deputados analisa projeto que obriga a realização de exames em presos para detectar hanseníase e tuberculose nos momentos de recolhimento e de liberdade (PL 7069/14).
Segundo o autor da proposta, deputado Antonio Brito (PTB-BA), as duas moléstias são facilmente encontradas na população carcerária, devido às condições precárias do sistema prisional brasileiro. Para ele, a disseminação dessas doenças pode alcançar todos que tenham tido contato com os presos, como familiares e servidores dos estabelecimentos prisionais.
Atualmente, a Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) não obriga a realização de exames para identificação dessas doenças.
Segundo o deputado, com obrigatoriedade de realização de exames pode-se chegar a um “diagnóstico de pelo menos 90% dos casos nos presídios e a cura de pelo menos 85%”.
Tramitação: O projeto tramita em caráter conclusivo e apensando ao PL 1163/99. Os dois serão analisados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: Agência Câmara

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